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A Morte e a Julietta

Capítulo I - Gato e o Passarinho

Um ceifador alto de cabelos longos e azuis estava a perambular na floresta procurando por animais místicos para matar e se alimentar da sua essência, quando o céu abriu-se com um estrondo alto e o chão tremeu aos seus pés. Sentindo isso, o ceifador olhou para cima e viu uma forte luz parecida com uma bola de fogo indo em direção à terra.

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–Um anjo...?–Ele perguntou, um anjo foi jogado do céu? Quando a explosão cessou logo à frente trazendo consigo uma rajada de vento pela floresta, o ceifador não se importou muito e continuou a caminhar contra a forte corrente da explosão. A poeira baixou depois de um tempo de caminhada, ele aproximou-se do enorme buraco que havia se formado da explosão no meio da floresta–Quem foi a criatura que deu uma de Lúcifer para ser expurgado do céu, huh?–O ceifador analisou o buraco vendo que o anjo caído não estava mais lá, ele sentiu uma presença de alguém atrás dele e sentiu um ataque sendo transferido por um galho grosso de uma árvore, ele imediatamente escondeu o rosto na máscara de caveira e se defendeu agarrando o galho com uma mão, fazendo com que o galho apodrecesse instantaneamente e virasse pó.

–Você pensa que é quem, para bater com um pedaço de madeira?–Disse o ceifador com uma voz rude olhando profundamente para mim.

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Ele é rápido, ele se virou imediatamente, mesmo estando de costas. Eu estava olhando para ele, ou melhor, para a máscara de caveira, fiquei surpreso e ainda mais quando meu olhar caiu para baixo, onde vi seu torso exposto sob a longa capa preta rasgada nas pontas com penas nos ombros. Ele estava usando calças largas e botas com um bico feito de algum ferro ou aço do terceiro reino. Tudo nele era preto, cinza escuro e cinza. Menos, as pupilas roxas por causa de seu poder, seu cabelo azulado como o céu e sua pele pálida.

–E você é...?–Perguntei inclinando a cabeça para o lado até que ele se abaixasse na altura dos meus olhos para se aproximar, eu poderia jurar que eu estava cerrando os olhos por de baixo da minha máscara de raposa para lembrar quem ele era, e quando me lembrei dei um passo para trás em surpresa- Você é um ceifador?!

–E se eu for? Tem medo de mim?–Ele perguntou em um tom de zombaria rindo de mim e da minha ingenuidade. Eu afastei-me para trás, todos os ceifadores têm a maldição de tocar em algo vivo e matar o indivíduo instantaneamente com um simples toque. Pessoas do terceiro reino são evitadas por causa disso e é o reino mais isolado de todos os outros. Além disso, como eu sou um anjo, princesa do reino da primavera... Eu posso lidar com isso, por enquanto. Pude sentir os olhos profundos do ceifador me analisar, isso deixou correr um frio na espinha–Você é um anjo?

–Eu nunca conheci um anjo. Você deveria ter sorte de eu não te matar na hora.

–De qualquer forma, nós deveríamos estar lutando... por causa da rivalidade de raças–Falei com uma voz suave, ouvindo o assobio rouco da risada soando do peito daquele ceifador.

–Sim. Mas você é interessante, princesa. Eu não me importo se você é um anjo, você me interessa e isso é o suficiente para eu não querer consumir sua alma patética–Os olhos do ceifador vagaram para cima e para baixo pelo o meu corpo, estudando cada detalhe.

–Princesa?–Eu disse confusa-Como você sabe?–Vejo ele dar de ombros em uma expressão arrogante, ele aproxima a passos de gato como se quisesse cercar uma presa, ou melhor um pássaro.

–Eu vivo há milhares de anos, princesa. Eu sei mais do que você pensa. A questão é... Por que você está aqui?–O ceifador continuou a caminhar lentamente até ficar alguns metros de distância, elevando-se sobre mim com uma presença intimidadora. Eu engoli em seco, ele quer me encurralar como uma presa para comer minha essência? Estou fora! Eu me afasto dele e com o movimento repentino uma dor aguda sobrecarrega a minha asa esquerda.

-Argh... Deixa pra lá... não importa o motivo...–Eu sinto ficar encurralada contra um tronco de uma

árvore, minha asa machucada tocando o casco e

nas farpas da madeira. Vejo ele levantar os

braços e colocar as mãos na árvore acima da

minha cabeça, prendendo entre seus braços

fazendo eu não mexer um músculo para que nada

aconteça e eu morrer aqui do jeito mais idiota

possível–P-por favor, não me toque...–Comecei a

tremer, a árvore estava começando a apodrecer

com o toque mortal dele.

Capítulo II - Gaiola

O ceifador se aproxima, ele está tão perto que eu pude sentir a sua respiração tocar meu rosto, eu tentei me afastar mas era impossível com uma árvore atrás de mim.

–É verdade... Eu posso facilmente te matar aqui–Disse sua voz amarga e debochada enquanto ele contempla pela a possibilidade de me matar–Mas eu não vou... Você tem minha palavra, princesa. Seria uma pena consumir a alma de alguém tão bonito com apenas um simples toque.

Eu o vejo colocar a mão na máscara e levantar um pouco, me permitindo ver os seus lábios e mandíbulas.

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O ceifador sorriu de forma travessa e sombria gostando de ver a minha expressão assustada e surpresa. Ele poderia me massacrar aqui, ele poderia fazer tantas coisas comigo, por que ele está sendo tão racional? E principalmente comigo, porém ele desafia, ele me desafia tocar nele sem querer de uma forma bem besta.

–Por que tão surpreso? Você nunca viu o rosto de um ceifador antes?–Eu pude ver os seus dentes quando ele falava, por algum acaso eram brancos, mas seu hálito era a pura podridão de carne podre e decomposição. Uma grande controvérsia, ou será apenas ilusão? Poderia ao menos disfarçar o hálito também.

–Ah... você é o primeiro que eu observo a metade do rosto.–Eu disse a desviar o olhar da sua boca.

Baixinho, mas não alto o suficiente, ele recita alguma feitiçaria antiga, eu entendo algumas palavras pois minha mãe me fez praticar um pouco de magia e feitiços antigos. Eu vejo também a pele dele ser coberta por runas de proteção, era algo como inibição e selamento temporário. Olhei para ele surpreso, ele pode reverter a própria maldição para um selamento temporário? Todos os seres nunca encontram esse tipo de magia, ele deve ser muito velho para saber algo assim. Ele também estava focado em estudar meu corpo, examinando cada detalhe sob minhas roupas. Era como se ele estivesse me analisando como uma presa a ser devorada enquanto ele termina o feitiço.

–Você é mais especial do que eu pensava, princesa... Estou surpreso que você tenha chegado tão perto de mim.–Ele disse em um tom zombeteiro e rude.

–Quem é você para dizer isso?–Eu resmunguei, ele se mexeu um pouco na minha frente inclinando a cabeça.

–Acima de mim? Eu sou uma princesa! Você é um mero ceifador–Resmunguei vendo o sorriso dele ficar mais sombrio.

–Você é uma princesa... uma princesa ferida que nem consegue voar por causa de sua asa quebrada. Não se esqueça disso, passarinho.–Ele fez uma pausa enquanto olhava para a minha asas.

Ele inclinou seu rosto ainda mais perto do meu, nossos narizes quase se tocando. Fiquei surpresa com sua proximidade, embora eu não pudesse ver seu rosto por causa da máscara e ele também não pudesse ver o meu. Era impressionante que seus olhos profundos e o contraste das pupilas roxas de seus olhos brilhassem como fogo intenso.

–Eu sei que não sou nada mais do que um mortal agora sem minhas asas e meu poder–Cruzei meus braços na frente do peito, ainda bravo com ele.

–Sim... Você não é nada mais que uma mortal agora... e ainda assim, passarinho, você está preso em uma armadilha–Ele disse sua voz distorcendo para uma horripilante, causando arrepios na minha espinha–E ainda... apesar de todas essas circunstâncias... você tem sorte que algo dentro de você me interessou–Ele tira a mão da árvore e aproximou ela da minha bochecha, eu imediatamente dou um tapa forte contra a mão dele. Não vou temer seu toque agora, já que ele está com um selamento temporário da sua maldição.

–Você é um ser desprezível e oportunista, agora eu entendo toda a rivalidade entre nossas raças–Retruquei ouvindo um assovio rouco vindo do peito dele.

–Eu nunca me aleguei ser um santo, princesa. Eu sou um ceifador. Nós não somos exatamente conhecidos por sermos bons ou gentis–Ainda mantendo a voz distorcida e rude, sua aura avassaladora emana me deixando sem ar e com um pouco de ansiedade–E não pense que são só os anjos crítica... todas as outras raças, e até mesmo os humanos, desprezam os ceifadores. Eles nos chamam de nomes e nos tratam como lixo–Ele fez uma pausa, olhando em meus olhos enquanto cuspia as palavras–Embora eu tenha que admitir, você é o primeiro a realmente chegar tão perto de mim sem tentar me matar toda hora–Ele riu em um gesto de querer me humilhar–Tirando a parte do tronco que você tentou transferir em uma tentativa falha e inútil.

–Idiota, você mesmo vê que eu nem tenho essência para usar contra você.

–É verdade, você é fraco, vulnerável e indefeso... Você é um alvo fácil para eu aproveitar. Mas mesmo assim, eu não te matei–Ele levou a mão até minha bochecha novamente, lentamente, e gentilmente traçou minha pele com seus dedos frios na borda da minha máscara e transfiro outro tapa forte em sua mão novamente para afastar. Até parecia que eu era um bichinho de estimação para ele, de me humilhar, repreender e dar carinho a hora que ele quer.

–Pare!

Capítulo III - Caçoar

Você é uma coisinha tão agressiva, não é...?–Ele fez uma pausa–Ou é porque você não está acostumado a ser tocado tão intimamente pelos outros?

–Aaaaaah! Vou te mostrar que você não deve invadir o espaço pessoal de outras pessoas!–Comecei a socar seu peito, e isso nem fez cócegas nele. Ele poderia facilmente me impedir de bater nele, mas ele não fez isso, em vez disso, ele apenas ficou lá rindo da minha tentativa falha de socar ele. O ceifador dá um leve suspiro, olhando para os lados e depois para mim parecendo entediado.

–É só isso que você tem, princesa?–Ele disse caçoando da minha fraqueza.

–Idiota!–Ele está realmente tirando sarro de mim? Continuei batendo nele, seu peito apenas roncando com sua risada.

–Vamos, princesa... Eu sei que você bate melhor do que isso–Ele provoca novamente, implicando mais e mais, gostando de me ver frustrada e brava com minhas tentativas fracassadas de machucá-lo.

–Deixe-me me recuperar da minha asa quebrada Em alguns meses, e eu vou te mostrar a fera dentro de mim, seu bastardo–Escuto ele soltar uma gargalhada alta, ouvindo a minha tentativa de ameaçar com ousadia, sendo que nem mesmo consigo machucar.

–Ah, então você planeja se recuperar do seu ferimento e então me mostrar a chamada 'fera'?–Retrucou–Eu gostaria de ver você tentar, princesa. Embora algo me diz que mesmo você em seu melhor estado não poderia fazer muito contra mim.Meu corpo congelou vendo seu olhar se tornar sombrio e desafiador como se ele tivesse me dando uma indireta de alguma ameaça, eu me afastei novamente, pressionando minhas costas contra a árvore novamente. Ele solta um suspiro, o sorriso no canto da boca com a minha tentativa de deixar outro espaço, a sua aura parece se fechar em torno de mim como se uma gaiola tivesse se fechado de uma vez nos meus pés–Qual é o problema, princesa? Com medo de chegar muito perto?–Ele ronrona, sua voz em advertência me desafiando a retrucar, seus passos eram lentos como um lobo pronto para um ataque, diminuindo lentamente a distância entre nós dois novamente. A sua altura provoca uma sombra pairando sobre mim, ele me prende entre seus braços novamente–Minha presença a intimida, huh? Cade aquela princesa destemida–Ele continuou, inclinando seu rosto a centímetros do meu, seus olhos roxos fixos em minha máscara de raposa, ele provocou novamente.

–Intimidada?!–Eu o esbofeteei com força suficiente para que sua máscara se movesse um pouco em seu rosto, revelando um pouco mais de suas feições. E isso pareceu irritar ele, eu imediatamente me encolhi contra a árvore.O sorriso irônico dele desapareceu, mas por alguns segundos, retornou à sua expressão calma e zombeteira de sempre.

–Então você quer jogar duro, hein...passarinho?–Ele notou que eu me encolhi um pouco mais contra a árvore e isso o fez gargalhar roucamente zombando da submissão que estou agora, comparado com a bravura e ousadia de antes–Parece que toda a sua coragem evaporou depois daquele tapa, princesa...–Ele continuou a debochar novamente, os seus olhos fixos na minha máscara. O ceifador levou a mão para a corda vermelha da minha máscara brincando com o sino dourado pendurado ao lado do meu rosto, ele aproveitou a chance e moveu a mão para a minha mandíbula traçando tanto a pele quanto a madeira fina da máscara de raposa, a mão dele pousou no meu queixo levantando lentamente para olhar para ele

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–Sabe, princesa... Você tem uma boca bem grande para alguém tão fraco e vulnerável como você–Ele continuou a acariciar a borda da máscara, os seus dedos frios contra a minha pele, o seu olhar profundo tentando observar pela a brecha fina dos olhos da minha máscara–Você tem sorte que eu esteja curioso sobre você, caso contrário eu já teria consumido sua alma e despedaçado esse seu traseiro angelical–Ele sibilou entre dentes, sua irritação e sua mandíbula trincada ficando evidente–Você continua tentando me ameaçar, me amaldiçoar, me atacar... e ainda assim, aqui está você, encolhida contra a árvore... à minha mercê.

–Você tem dois metros de altura, sua criatura desprovida de inteligência! Além de dois metros você é puro músculo e força! Acabei de cair do céu, estou ferida pela queda e aqui está você se aproveitando da minha fragilidade, me insultando, me humilhando–Eu empurrei a mão dele novamente muito rudemente.

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