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A Protegida

Estrutura Hierárquica

...Família Denaro...

DON: No topo da hierarquia está o chefão (coloquialmente conhecido como Don), considerado o todo-poderoso por todos os membros. Por ele passam todas as decisões acerca da família e para ele devem chegar uma percentagem dos lucros de todas as operações de seus membros.

SUBCHEFE (segundo-em-comando): Logo abaixo do Don, está o Subchefe. É o assistente direto do chefão, tendo como principal função chefiar no lugar do DON quando este estiver impossibilitado, além de chefiar um determinado número de "caporegimes" (capitães). O cargo também lhe permite chefiar alguns soldados diretamente, podendo ser a sua antiga equipe ou apenas homens de sua inteira confiança.

CONSIGLIERE (conselheiro): Figura que, dependendo da Família, pode ser mais ou menos importante que o subchefe, ou de igual valor, cuja função é, obviamente, aconselhar o chefe nas decisões, resolver conflitos internos, dar notícias dos acontecimentos internos da organização para o chefe, e contabilizar todos os lucros e relatar ao chefe. O "consigliere" raramente tem soldados a seu dispor, nunca é mais de um e normalmente é um posto ocupado por alguém de muita experiência e perícia.

CAPOS (capitães): São subordinados diretos do Subchefe. Chefiam um determinado número de soldados e um pequeno território sob influência da Família e eles têm como principal objetivo gerenciar negócios da organização. Um percentual de todo lucro obtido pelas equipes é passado diretamente ao chefe da Família em forma de tributo.

SOLDATI (soldados): É o posto básico da hierarquia. São membros efetivos da organização, conhecidos como homens feitos. São eles os responsáveis por conduzir as operações nas ruas e executar os serviços de maior importância. São, também, homens protegidos pela Família e que devem total devoção aos seus superiores, nunca podendo contestar uma ordem dada. Nas ruas, são amplamente respeitados pela comunidade e pelos criminosos (são quase "intocáveis"), e apenas podem ser mortos com uma ordem do próprio chefão.

ASSOCIADOS: Membros externos da organização. Mesmo não fazendo parte oficialmente da Família, atuam como colaboradores de seus membros efetivos. Dependendo da influência e poder, podem atuar junto aos postos mais altos da hierarquia de uma Família.

...ATENÇAO!...

...ALGUNS AVISOS IMPORTANTES:...

1. A Protegida é o primeiro livro da Série Herdeiros da Máfia, que conta a história de Mariano Denaro, um Chefe da Máfia centrado e que sempre soube que se casaria com a sua prometida, e de Beatriz Suarez, uma mulher atormentada buscando uma chance de viver após passar dez anos em cárcere privado.

2. Herdeiros da Máfia é uma série que será composta de 06 (seis) livros, que poderão ser lidos separadamente, porém a leitura na sequência é recomendada.

3. Obra de ficção destinada a maiores de 18 (dezoito) anos.

4. Este é um romance ‘Dark’ contemporâneo e nada tradicional. Nele contém assuntos polêmicos, incluindo temas de consentimento questionável, cenas de agressão física e verbal, linguagem imprópria e conteúdo sexual. Por isso, não leia se você não se sente confortável.

5. Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação desta autora que vos escreve. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência e/ou inspiração.

6. Caso esteja procurando um ‘príncipe encantado’, essa leitura não é pra você.

Prólogo

Mariano Denaro (Dez anos Antes)

Observo a quantidade exorbitante de garotas pelo canto do salão de festas. Dentre elas eis de estar a minha nova noiva, ou melhor, minha futura esposa. Colocando minha mão no bolso, puxo o maço de cigarros, abro a latinha de metal e, estou prestes a tirar um, quando ouço um som de reprimenda ao meu lado, que me faz abaixar os olhos sem virar o rosto, observando a estatura mediana da minha mãe.

“Mariano Denaro, não quero saber de nicotina aqui dentro” sua voz preenche meus ouvidos.

“Sem problemas, vou lá pra fora, então” sinto sua mão segurar o meu braço, me impedindo de seguir em frente.

“Não. Todos o querem aqui dentro” Serena Denaro semicerra os olhos na minha direção.

Abaixo o rosto, analisando as feições da minha mãe: cabelos castanhos escuros presos num penteado, os olhos azuis marcantes com uma maquiagem suave, a pele morena que, mesmo morando na Itália, onde praticamente faz frio boa parte do ano, ainda tem essa tonalidade de dar inveja a qualquer mulher que fica fazendo essas coisas de bronzeamento artificial.

“Escolha qualquer uma, mãe. Pra mim, é indiferente. Desde que seja gosto...” sou freado pelo meu pai, Fausto Denaro, que aparece sabe-se lá de onde.

“Mariano, olha a boca pra falar com sua mãe” seu timbre sempre imponente de reprimenda me faz revirar meus olhos.

“Já falei que não me importo com quem vocês escolhem. Vou precisar de uma mulher apenas pra procriar e colocar um herdeiro no mundo” declaro, fechando meu maço de cigarro e voltando a guarda-lo no meu bolso.

“Mariano, estamos falando de uma mulher e não de um objeto que você vai apenas usar. É uma mulher!” Minha mãe só falta segurar na minha orelha e puxar, como se eu ainda tivesse oito anos de idade.

Serena sempre foi contra os métodos do meu pai de se escolher uma esposa. Minha mãe queria que eu me casasse por amor. Mas, se tem uma coisa que aprendi com a minha Famiglia, é de que o amor está interligado a catástrofes.

Digo isso, porque o primeiro ano de casamento dos meus pais terminou com Serena fugindo dele. O casamento do meu Tio Klaus foi a única exceção. Meu outro Tio, Otto, teve sua esposa sequestrada. E Tia Verena passou o pão que o diabo amassou com seu marido, Tommaso, e, ainda, como se não bastasse, quase mataram a filha recém-nascida deles.

Tenho exemplos o suficiente dentro da minha própria Famiglia pra não querer um casamento por amor. Se eu mantiver o meu coração blindado, não correrei nenhum tipo de riscos. Se alguém sequestrar minha esposa ou se ela resolver fugir, estarei preparado pra matá-la quando a encontrar.

Simples e prático. Esse é o meu bordão.

“Relaxa, Serena, que eu serei o marido que toda mulher desejará ter ao seu lado” deixo escapar um meio sorriso, vendo-a semicerrar os olhos na minha direção. Ela odeia que eu a chame pelo primeiro nome, ainda mais quando sou irônico.

“Mariano, será que é tão difícil simplificar as coisas?” Serena cruza seus braços.

“Vamos simplificar, então” balanço a cabeça olhando por cima da cabeça dela.

Volto meus olhos pras meninas, muitas delas com olhares assustados, outras com olhares felinos, deixando claro que estão ali pra ser minha nova esposa. Mas tem um porém, tenho apenas dezoito anos e não quero me casar agora, ainda tenho muito pra viver com a minha solteirice.

Então, usando da lógica, quanto mais nova a garota, mais vai retardar pro casamento se concretizar. Com isso em mente, passo a observar as meninas mais novas, buscando pela que tem menos estatura, sem me importar direito com as suas feições, apenas tendo como objetivo: escolher a minha esposa.

Meu pai realizou esse baile apenas com um propósito: reunir todas as garotas solteiras, filhas de membros da ‘Ndrangheta e meninas vindas de fora, pois soube que tem uma menina russa aqui.

Fausto Denaro quer que eu escolha a minha esposa assim, pois o risco de me apaixonar é menor dessa forma, assim me poupa de me aprofundar antes de conhece-la. Esse não foi o caso do meu pai, ele colocou os olhos na minha mãe numa boate e, no momento em que botou os olhos nela, ele foi sentenciado a esse sentimento que só deixa o homem vulnerável.

“Mariano? Alguma menina atraiu sua atenção?” minha mãe pergunta e, quando viro o rosto pra encará-la, avisto uma garota loira, de baixa estatura. Ela está de costas, mas, ao que tudo indica, é praticamente uma criança.

“Quem é ela?” faço um movimento com a cabeça na direção da menina loira.

“A menina de cabelos loiros e vestido azul?” meu pai pergunta e eu concordo. “Aquela é Alina Usoian, filha de Sergei Usoian, Pakhan da Bratva.”

“Qual é a idade dela?” franzo meus olhos na direção do meu pai e, nesse momento, a menina se vira, me permitindo visualizar o seu rosto com clareza.

Ela tem a pele clara, olhos esverdeados e tímidos, ao que tudo indica ela se tornará uma linda mulher, o que já é o suficiente pra mim.

“Ela tem onze anos” meu pai falou, convicto.

“Ela é uma boa escolha pra nossa Famiglia?”

“É a melhor escolha” meu pai responde, sem conseguir conter seu entusiasmo.

“A escolha precisa ser sua, Mariano. Lembre-se: essa garota ainda é uma criança.” Posso ver minha mãe dando uma cotovelada nas costelas do meu pai, a fim de que ele não venha me persuadir, mas ela chegou tarde, porque eu acabara de perceber que essa menina era a que ele queria que eu escolhesse.

Fausto ainda é o Don da nossa Famiglia e, se tem um homem que eu admiro, é ele. Se ele quer que eu escolha essa menina para ser minha esposa, é porque ele busca por uma aliança entre a Bratva e a ‘Ndrangheta.

Eu sou o futuro da nossa Famiglia e preciso seguir o mesmo caminho pra manter nossos membros sãos e salvos. Nesse momento, sou um mero capitão da nossa Famiglia e meu futuro é me tornar o próximo Don. E, por isso, eu sei das minhas obrigações como tal. Por isso, acabo tomando a escolha mais óbvia.

“O fato de ela ter onze anos apenas facilita as coisas. Terei alguns anos de liberdade, por isso Alina Usoian é a minha escolhida” dou um passo de distância deles. “Se me derem licença, agora que escolhi minha futura esposa, vou lá fora fumar. Isso sim é mais importante do que um casamento.” Serena tenta puxar meu braço, mas consigo me desvencilhar dela.

“Não vai nem ao menos conhecer a menina?” minha mãe fala, me repreendendo.

“Vocês dois podem conhece-la por mim. Isso é tudo. Não quero conhecer a garota, apenas a esperarei no altar daqui a sete anos.” Dou de ombros, ouvindo a risada contida do meu pai enquanto minha mãe briga com ele.

Capítulo 01

Beatriz Suarez (Dias Atuais)

Por mais que eu force minha vista, não consigo enxergar nada. Está tudo escuro e eu não sei onde estou.

“Beatriz, pra onde estamos indo?” a voz apavorada de Maria me atinge em cheio e eu vou tateando o chão em busca da mão dela, encontrando-a e apertando com força.

“Não tenho ideia, Maria” sussurro. Faz dez dias que saímos do esconderijo onde passei os últimos dez anos da minha vida.

“Victor não falou nada” Maria sussurra num sopro de voz.

Ao longe desses dez anos, tivemos vários homens cuidando da gente, mas os últimos foram os mais marcantes. Victor e Jairo são, de longe, os piores que passaram por aqui. Eles nos deixavam sem alimento, sem poder usar o banheiro, precisando até mesmo nos aliviar na própria calça quando não aguentávamos mais segurar. Tomar banho? Apenas nos deixaram pra sair nessa viagem.

Tudo que eu sei sobre nossos sequestradores é que se chamam de Victor e Jairo, sem sobrenome e sem rosto, pois eles sempre aparecem usando uma máscara escondendo suas identidades.

Eu e Maria vivíamos num esconderijo juntamente com outras meninas, até sermos vendidas. É isso que eles fazem: sequestram as garotas e as mantém em cárcere privado até encontrar um comprador. Mas, no meu caso, sempre foi diferente.

Eu os vi tirando a vida dos meus pais. Aos prantos, me tiraram de casa, me levaram pra um lugar abandonado e depois pro primeiro esconderijo. Me lembro como se fosse hoje, com nove anos, me tiraram minha casa, meus pais e tudo o que eu tinha.

Nunca fui capaz de entender, porque era a garota mais nova. As outras meninas chegavam já com dezesseis ou dezoito anos e logo eram vendidas. Mas comigo, nada. Me mantiveram no cativeiro até que eu completasse meus dezenove anos.

“Coloquem as toucas” ouço uma batida ecoar no metal do caminhão que nos transportava. Seguro o tecido na minha mão, levo à minha cabeça tampando meu rosto, incluindo olhos, nariz e boca.

Ouço um barulho estridente, como se estivessem abrindo uma maçaneta. Sinto a mão de Maria voltar a segurar a minha.

“Beatriz, me promete que, se algo acontecer comigo, você vai fugir... foge pra bem longe...”

“Do que você está falando, Maria?” perguntei, apavorada, com nossas vozes abafadas pelo tecido em nossa boca.

“Elza tinha veneno e eu tomei. Não vou viver uma vida de escrava sexual” imediatamente, tiro minha touca e olho pra ela.

“Do que você está falando?”

“Beatriz, se puder, foge. Não vai demorar muito pro veneno fazer efeito. Uma de nós precisa ser livre” Maria não tira a sua touca. “Se você tirou a touca, a coloque. Ninguém pode perceber, por favor...”

Sua voz some quando o barulho da porta volta a se fazer presente. Rapidamente abaixo a minha touca, meu coração batendo tão rápido em meu peito. O que está acontecendo?

“O maldito do Sheik já deu o aval?” ouço a voz de Jairo.

Com o passar dos anos, consegui identificar a voz deles. A touca que uso na minha vista me impede de ver tudo e, toda vez que ouço eles falando desse Sheik, fico com o estômago embrulhado, mesmo não comendo nada, tudo revira.

Desde que saímos do cativeiro, o nome desse Sheik tem se tornado mais frequente na conversa dos nossos sequestradores.

“Vamos, putinhas, levantem-se desse chão imundo” meu corpo começa a tremer por inteiro e coloco minhas duas mãos no chão, apoiando meu corpo, sentindo algo molhar minha calça, sabendo que deve ser xixi da Maria, pois eu sempre me seguro até o ultimo minuto.

Tropeço nos meus próprios pés e minha amiga volta a segurar minha mão. Seu aperto é forte. Vou tateando com o pé que dá o passo pra frente, com medo de cair. Até que sinto que chegamos no fim do caminhão.

Me preparo pra pular, sem saber a altura que estamos, apenas ouvindo as vozes abafadas de Jairo e Victor. Sou pega de surpresa quando o corpo da minha amiga pende pra frente, puxando o meu junto, fazendo com que caíssemos no chão. Apoio minha mão no chão que me parece ser um asfalto.

“O que está acontecendo?” Victor esbraveja e as palavras da minha amiga voltam à tona na minha cabeça.

Sem nem pensar duas vezes, tiro minha touca. Está escuro. É noite. Puxo a touca de Maria e a vejo engasgada com o próprio sangue. Arregalando meus olhos, forço minha vista, tentando virá-la de lado. Mas, de repente, ela cospe uma alta quantidade de sangue, atingindo minha roupa e minhas mãos.

“Foge...” é tudo o que ela fala até sua mão aliviar o aperto.

“Porra, o que está acontecendo aqui?” Jairo me chuta pra longe.

Victor e Jairo se ajoelham ao lado de Maria, tentando entender o que está acontecendo com ela. Olho em volta, apavorada, sem reconhecer o lugar que se parece com uma fábrica abandonada.

Volto minha atenção aos meus sequestradores, que se encontram distraídos. Apoio meu corpo nas minhas mãos e levanto-me em silêncio. Sem pensar nas consequências, apenas começo a correr, passando ao lado do caminhão e indo em direção a uma trilha que parecia um mato. Logo percebo que ela apenas dava pra outra rua.

“DESGRAÇADA!” ouço os gritos de Jairo e logo um farol ilumina meu corpo, me cegando brevemente, pois olho na direção dele.

“Corre, Beatriz, corre...” falo pra mim mesma.

Fecho meus olhos um momento antes de começar a correr novamente. O incômodo com a luz forte vai passando aos poucos. Olho pra trás e vejo o reflexo da luz atrás de mim. Viro pra outra rua, passando por um onde tem muitos prédios de tijolos, sem reparar direito, sem saber que lugar é aquele, pois a minha experiencia de vida se resume apenas numa cidade da Colômbia.

Meus pulmões começam a falhar e eu não consigo mais puxar a respiração com facilidade. Meus pés descalços estão doloridos, como se pisassem em brasas no meio daquele asfalto. Essa é a minha primeira tentativa de fuga e não sei o que pode acontecer comigo, caso eles me peguem de volta.

Mesmo sentindo dor, meu corpo começa a indicar que não aguenta mais. Minha mente vai me guiando. Vejo que à minha frente tem uma rua que eu precisarei atravessar. Apertando minhas mãos, concentrando a minha dor toda ali, não olho quando me aproximo da rua que terei de atravessar correndo.

Apenas vou. Preciso pensar, preciso encontrar um lugar pra despistar meus sequestradores. Estou correndo pra atravessar a rua, sem olhar, apenas seguindo os meus instintos, até que meu corpo trava quando vejo um farol vindo em minha direção. Meus pés se fixam no chão de tal modo que sei que aquele seria o meu fim.

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