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Entre o Amor e a Razão

Capítulo 01 - Coração em Chamas

O sol se punha sobre o reino de Royaume lançando um brilho dourado sobre as torres do castelo e tingindo o horizonte com uma mistura de laranja e púrpura. No alto das muralhas, Lucius observava a paisagem, seu coração apertado com o peso de sua decisão iminente. A brisa noturna trazia o perfume das flores do campo, lembrando-o de Ariana, a única pessoa que conseguia acalmar a tempestade dentro de si.

Com o casamento se aproximando, o castelo estava em frenética preparação. Os servos corriam de um lado para o outro, adornando os corredores com tapeçarias e preparando o grande salão para a celebração. Entretanto, enquanto o reino se alegrava com a futura união entre Lucius e Sofia, o príncipe sentia um nó se formar em sua garganta. A lembrança de Ariana, de seus olhos brilhantes e sorriso sincero, era a única coisa que ainda lhe trazia conforto.

Lucius sabia que o dever o chamava, que seu casamento com Sofia garantiria a aliança entre Royaume e os reinos vizinhos. Mas a ideia de viver uma vida sem amor, de trair seu coração e o de Ariana, era uma dor que ele não estava certo de poder suportar. Perdido em seus pensamentos, ele mal notou quando Sofia se aproximou, sua presença graciosa interrompendo sua solidão.

— "Lucius," ela disse suavemente, a sua voz carregada de uma mistura de doçura e determinação.

— "O que o preocupa tanto que mesmo em um momento de tanta alegria para o reino, seu semblante está tão sombrio?"

Lucius forçou um sorriso, escondendo a verdade por trás de palavras cuidadosas.

— "Nada que o tempo não resolva, minha princesa. Apenas os fardos de um futuro rei."

Sofia o observou, seus olhos perspicazes não deixando escapar as nuances de suas emoções. Ela havia notado há semanas a distância entre eles, o olhar vazio que ele lhe dirigia quando pensava que ela não estava atenta. E embora Lucius fosse um mestre em ocultar seus sentimentos, Sofia não era uma tola.

— Você pode me confiar seus pensamentos, Lucius. Sei que nossa união não foi uma escolha sua, mas juro que farei de tudo para que você seja feliz ao meu lado," ela continuou, aproximando-se mais, buscando seu olhar.

Lucius hesitou, sentindo o peso das palavras de Sofia. Ela era, de fato, uma mulher formidável, e em outras circunstâncias, ele talvez pudesse aprender a admirar. Mas seu coração estava enraizado em outro lugar, em outra pessoa.

— "Eu agradeço, Sofia," ele respondeu, "mas há coisas que um príncipe deve carregar sozinho."

Antes que Sofia pudesse responder, um servo apareceu à distância, chamando Lucius para uma reunião urgente com o rei. Lucius viu nisso uma oportunidade para escapar daquela conversa que se tornava cada vez mais insuportável. Ele se despediu de Sofia com um leve aceno de cabeça e desceu rapidamente as escadas de pedra, seu coração martelando em seu peito.

À medida que as horas avançavam, Lucius se encontrava no estábulo real, onde um cavalo já estava selado e à espera. Ele sabia que Ariana estaria na clareira, onde eles sempre se encontravam. Era um risco grande, maior do que qualquer outro que já havia corrido, mas ele precisava vê-la, precisava sentir seus braços em torno de si, mesmo que fosse pela última vez.

Os galopes do cavalo ecoavam pela floresta enquanto Lucius cavalgava sob a luz da lua crescente. Cada batida de seu coração o levava mais longe do dever e mais perto do amor, até que finalmente avistou a figura de Ariana à beira do rio, sua silhueta iluminada pela prata da lua. Ao vê-lo, ela correu para ele, e por um breve momento, tudo parecia certo no mundo.

— Lucius," ela murmurou, enquanto ele a segurava firme, "Não podemos continuar assim. É perigoso demais."

— "Eu sei," ele respondeu, a sua voz entrecortada pela emoção.

— "Mas o que somos nós se não arriscarmos tudo pelo que sentimos? O que sou eu, Ariana, sem você?"

Ela olhou-o, os seus olhos refletindo a dor e a paixão que os uniam.

— "E se formos descobertos? Você sabe o que isso significa."

— "Prefiro morrer te amando do que viver sem jamais ter experimentado o que é realmente viver", Lucius disse, com a certeza de um homem que já havia feito a sua escolha.

— "Mas nós ainda temos uma chance. Vou falar com meu pai, vou implorar que nos deixe partir juntos. Se não puder fazer isso por mim como príncipe, ele talvez faça por mim como seu filho."

Ariana sabia que essa era uma esperança frágil, quase impossível, mas não tinha forças para negar a si mesmo o sonho que compartilhavam.

— "Se isso falhar, Lucius...?"

Lucius segurou o seu rosto com ambas as mãos, olhando profundamente nos seus olhos.

— "Se isso falhar, então que sejamos nós dois contra o mundo. Que o destino nos julgue como quiser, mas eu não abandonarei o que sinto por você."

O peso das palavras pairava sobre eles enquanto se abraçavam sob a luz da lua. A decisão estava tomada, e o que viesse depois seria enfrentado juntos, seja o trono ou a forca. Lucius sabia que o momento da verdade se aproximava, e com isso, o destino de todos em Royaume .

Mas naquela noite, pelo menos, o amor prevalecia, e no calor daquele abraço, os dois amantes encontraram a coragem que precisariam para desafiar o mundo.

Lucius voltou para o castelo antes do dia amanhecer para não ser pego pelos guardas ou por seu pai descobrindo que o filho não havia dormido nos seus aposentos.

O dia amanhecia com uma neblina densa que cobria os campos de Royaume, como um véu escondendo segredos sombrios. Nas aldeias, os camponeses começavam suas rotinas diárias, enquanto o castelo permanecia em silêncio, como se sentisse a tensão crescente que pairava no ar.

No entanto, Sofia, a princesa prometida ao príncipe Lucius, já estava acordada há horas, preparando-se para o que seria um dos encontros mais difíceis de sua vida. Ela havia descoberto o nome da camponesa que ocupava os pensamentos de Lucius: Ariana. E hoje, Sofia não deixaria essa questão sem resposta. Ela estava determinada a confrontar a mulher que ameaçava destruir sua união e o destino do reino.

Sofia vestiu um manto simples, dispensando os trajes luxuosos da realeza, para não atrair atenção enquanto saía do castelo. Ordenou que sua carruagem a levasse até o vilarejo onde Ariana morava, mas a uma distância segura para que pudesse caminhar sozinha até o destino final. Sofia não queria que ninguém testemunhasse o que estava prestes a acontecer.

Caminhando pela floresta, Sofia sentiu a umidade das folhas sob seus pés, o silêncio da natureza sendo quebrado apenas pelo som ocasional dos pássaros. Seu coração batia mais rápido a cada passo, mas ela mantinha sua expressão fria e determinada. Não era medo que a motivava, mas a necessidade de proteger seu futuro, o futuro de Royaume.

A clareira finalmente apareceu à sua frente, um espaço aberto e tranquilo, onde Ariana costumava recolher ervas e flores. Sofia a avistou, ajoelhada ao lado de um pequeno riacho, sua cesta já cheia de flores silvestres. A visão da jovem camponesa, tão simples e serena, acendeu algo dentro de Sofia – não raiva, mas uma compreensão sombria de que essa mulher tinha o que ela, com todo seu poder e riqueza, talvez nunca tivesse: o coração de Lucius.

Ariana sentiu uma presença se aproximar e ergueu o olhar, surpresa ao ver uma mulher tão bem vestida e, ao mesmo tempo, desconhecida. Levantou-se lentamente, segurando a cesta contra o peito, enquanto o olhar de Sofia permanecia fixo nela.

— "Você é Ariana, não é?" A voz de Sofia era firme, mas carregava uma tensão subjacente.

Ariana hesitou antes de responder, os seus olhos buscando alguma pista de quem era aquela mulher.

— "Sim, sou eu. Quem é você?"

Sofia respirou fundo, revelando a verdade sem rodeios.

— "Eu sou Sofia, a noiva prometida de Lucius."

Ariana sentiu o chão tremer sob os seus pés, como se o mundo tivesse parado por um momento. O nome que ela temia ouvir, a mulher que ela sabia existir, mas que até então era apenas uma sombra distante, estava ali, em carne e osso, diante dela.

— "O que você quer comigo?"

Sofia deu alguns passos à frente, sua postura imponente, mas sem qualquer hostilidade visível.

— "Eu vim porque sei o que há entre você e Lucius. Eu não sou cega, Ariana. Vejo como ele muda quando está longe de mim, como seu olhar se perde em algo que está além do meu alcance. E esse algo... é você."

Ariana sentiu o seu coração disparar, mas manteve a calma.

— "Lucius é um bom homem, mas ele tem deveres para com o reino. Você sabe disso."

— "Sei, respondeu Sofia, sua voz agora mais suave, mas ainda carregada de uma força interior.

— "Mas o que eu quero saber é... você realmente acha que pode amá-lo, sabendo o que ele deve sacrificar por estar com você? Você pode lidar com o fato de que, ao escolher você, ele pode destruir tudo pelo que ele nasceu para lutar?"

As palavras de Sofia eram uma faca afiada, cortando diretamente através das dúvidas que Ariana já carregava. O amor que ela sentia por Lucius era inegável, mas as implicações desse amor... essas eram as correntes que pesavam sobre seu coração todos os dias.

— "Eu amo-o," respondeu Ariana, sem hesitar, mas com a voz trêmula.

— "E esse amor não é algo que escolhi. Ele cresceu em mim, e agora faz parte de quem eu sou. Mas eu sei o que está em jogo. Sei que, se ele escolher a mim, não haverá um final feliz para nós dois."

Sofia observou-a em silêncio, admirada pela honestidade crua nas palavras de Ariana. Ela havia esperado encontrar uma rival obstinada, uma mulher determinada a lutar por Lucius a qualquer custo. Mas o que viu foi alguém tão presa às suas próprias correntes quanto ela mesma.

— "Eu não vim aqui para ameaçar, . Ariana disse Sofia, a sua voz suavizando-se ainda mais.

— "Eu vim para entender. Eu vim para saber se o que há entre você e Lucius é realmente tão forte que vale a pena destruir tudo pelo que ele foi criado. E se for... então talvez eu precise reconsiderar meu próprio papel nesta história."

Ariana ficou em silêncio, sem saber como responder. Havia verdade nas palavras de Sofia, uma verdade que ela mesma temia admitir. Ela sabia que, por mais que amasse Lucius, esse amor poderia trazer a ruína para todos.

— "Você o ama?" Ariana finalmente perguntou, sua voz pequena, quase inaudível.

Sofia respirou fundo, a pergunta atingindo-a como um golpe inesperado. Ela pensou nas muitas noites em que ficou acordada, tentando imaginar um futuro ao lado de Lucius. Ela admirava sua força, sua inteligência, e sim, havia um sentimento crescendo dentro dela, algo que poderia se transformar em amor, se o tempo permitisse.

— "Estou a aprender a amá-lo," Sofia admitiu, com uma franqueza que surpreendeu a ambas.

— "Mas o que mais importa agora é que eu o respeito. E respeito o reino que ele está destinado a governar. Se você realmente o ama, então você entenderá que há momentos em que o amor deve se sacrificar pelo bem maior."

Ariana fechou os olhos por um momento, sentindo o peso dessas palavras. Quando os abriu novamente, havia lágrimas ali, mas também uma resolução.

— "Se ele escolher você, Sofia... se ele escolher o reino, eu aceitarei isso. Não é o que meu coração deseja, mas é o que precisa ser feito."

Sofia assentiu, reconhecendo a força daquela jovem camponesa. Ela não tinha vindo ali para vencer uma batalha, mas para compreender a guerra que estava sendo travada dentro do coração de Lucius. Agora, ela sabia que, independentemente de quem Lucius escolhesse, as correntes que os prendiam seriam difíceis de quebrar.

Elas se separaram na clareira, cada uma voltando ao seu respectivo destino. Sofia, ao castelo, onde o peso de suas responsabilidades a aguardava. Ariana, à sua vida simples, onde o amor proibido continuaria a arder como uma chama que, mesmo na escuridão, nunca se apagaria completamente.

O sol havia subido, dissipando a neblina, mas para Sofia e Ariana, o caminho à frente permanecia envolto em sombras.

Capítulo 02: A Revelação de Sofia

A sala do trono estava silenciosa, preenchida apenas pelo leve crepitar das tochas que iluminavam as paredes de pedra. Lucius, o príncipe de Royaume , estava perdido em pensamentos, o peso do reino já pressionava seus ombros jovens. O casamento com a princesa Sofia estava se aproximando rapidamente, e cada vez mais ele sentia a distância entre o que o dever exigia e o que seu coração verdadeiramente desejava.

A porta se abriu suavemente, e Sofia entrou, seu vestido azul escuro, realçando sua presença imponente. Lucius levantou a cabeça ao vê-la, sua expressão se suavizou um pouco ao notar a serenidade no rosto dela. Havia algo diferente em Sofia naquele dia, uma determinação tranquila que ele não havia visto antes.

— “Sofia,” ele a cumprimentou, fazendo um leve aceno com a cabeça.

— “Lucius,” ela respondeu, aproximando-se com passos elegantes. “Precisamos conversar.”

O príncipe franziu a testa, um sentimento de inquietação tomando conta dele.

— “Sobre o quê?”

Sofia hesitou por um momento, escolhendo cuidadosamente as palavras antes de falar. Ela sabia que o que estava prestes a dizer poderia mudar tudo entre eles, mas estava disposta a arriscar.

— “Eu sei sobre Ariana.”

A simples menção do nome de Ariana fez o coração de Lucius pular uma batida. Ele manteve a compostura, mas não pôde evitar que os seus olhos revelassem uma breve centelha de preocupação.

— “O que... o que você quer dizer com isso?”

— “Não se preocupe, Sofia respondeu rapidamente, levantando uma mão num gesto de paz.

— “Eu não estou aqui para te acusar ou para ameaçar. Eu simplesmente... eu precisava ser honesta com você.”

Lucius ficou em silêncio, os seus pensamentos girando enquanto tentava processar o que isso significava.

**Sofia sabia sobre Ariana? E ainda assim, ela não parecia estar com raiva ou querer usar essa informação contra ele.**

 Isso era algo que ele não esperava.

— “Como você soube?” Lucius finalmente perguntou, sua voz baixa.

Sofia suspirou, sentindo o peso da conversa.

— “Eu prestei atenção. Vi como você mudava quando falávamos sobre o nosso casamento, como seu olhar se perdia, como se estivesse em outro lugar. Então, investiguei discretamente, e soube da sua ligação com Ariana.”

Lucius olhou para o chão, sentindo uma mistura de vergonha e culpa.

— “Eu... eu não queria que isso acontecesse. Mas meus sentimentos por ela... são reais.”

— “Eu sei,” Sofia disse, a sua voz suavizando.

— “E é por isso que estou aqui, para te dizer que entendo. Entendo o que você sente por ela, mas também preciso que você entenda o que está em jogo.”

Lucius levantou o olhar, encontrando os olhos de Sofia. Ele viu a sinceridade neles, e isso o desconcertou. Ele esperava raiva, ressentimento, qualquer coisa, menos essa compreensão.

— “Você não vai contar a ninguém?” Lucius perguntou, ainda incerto sobre onde Sofia estava indo com essa conversa.

— “Não,” respondeu ela, balançando a cabeça.

— “Não vou contar nada a ninguém. Não quero destruir você, Lucius, ou colocar Ariana em perigo. Mas preciso pedir algo de você.”

O príncipe respirou fundo, antecipando o que seguiria.

— “O que você quer de mim?”

Sofia deu um passo à frente, aproximando-se de Lucius.

— “Eu quero uma chance. Sei que nosso casamento foi arranjado, que nossas famílias nos colocaram nesta posição por razões políticas. Mas estamos prestes a nos casar, e antes que isso aconteça, eu quero a oportunidade de lutar pelo seu amor, da mesma forma que você tem lutado contra seus próprios sentimentos.”

Lucius ficou surpreso com a franqueza dela. Sofia estava pedindo algo que ele não esperava, não apenas aceitação, mas uma verdadeira chance de se conectar com ele.

— “Você está disposta a fazer isso... mesmo sabendo sobre Ariana?” Ele perguntou, sua voz carregada de incredulidade.

Sofia assentiu.

— “Sim. Porque acredito que, se formos honestos um com o outro, se dermos a nós mesmos a oportunidade de nos conhecer verdadeiramente, há uma chance de construirmos algo real. Algo que pode não ser o amor à primeira vista, mas que pode crescer com o tempo. E se depois disso, você ainda escolher Ariana, então terei que aceitar. Mas não quero que você entre nesse casamento com ressentimentos ou arrependimentos.”

O silêncio pairou sobre eles, carregado com o peso das decisões que teriam que ser feitas. Lucius viu a força de Sofia, sua determinação, e uma nova luz começou a se formar dentro dele. Ele sempre a havia visto como uma escolha política, uma obrigação, mas naquele momento, ele percebeu que Sofia era mais do que isso. Ela era uma mulher disposta a lutar pelo que queria, mesmo que isso significasse abrir mão do que mais desejava.

— “Sofia...” Lucius começou, mas as palavras lhe faltaram. Ele não sabia como responder à generosidade dela, à coragem que ela estava demonstrando.

— “Tudo o que eu peço,” Sofia interrompe suavemente, “é que você me dê uma chance. Não posso prometer que tudo será fácil, mas posso prometer que tentarei com tudo o que tenho. Eu só preciso saber que você está disposto a tentar também.”

Lucius olhou para ela, vendo a honestidade em seus olhos. Ele sabia que o caminho à frente seria difícil, mas também sabia que Sofia merecia essa chance. E talvez, apenas talvez, houvesse uma possibilidade de que algo genuíno pudesse nascer entre eles.

— “Eu vou tentar, Sofia,” ele finalmente disse, sua voz firme.

— “Vou te dar essa chance.”

Sofia sorriu, um sorriso pequeno mas cheio de esperança. Ela estendeu a mão, e Lucius a pegou, um pacto silencioso entre os dois, um compromisso de dar ao futuro uma chance, independentemente do que o destino lhes reservasse.

Enquanto eles se olhavam, Lucius sentiu que, pela primeira vez, algo novo estava começando a se formar entre eles. Algo que poderia mudar o curso de suas vidas e, talvez, do próprio reino de Royaume .

A partir daquele momento, o futuro parecia um pouco menos sombrio e um pouco mais cheio de possibilidades.

Apesar dos sentimentos de Lucius por Ariana, ele não descartava a possibilidade de se tornar amigo de Sofia. Ele contava com isso para caso ele escolhesse Ariana, ela não o destruísse, e nem tentasse acabar com o reino de Royaume por vingança.

O tempo iria dizer como os sentimentos desses três personagens seriam efetivados em suas histórias, mas somente a escolha de Lucius determinaria o futuro do reino.

Capítulo 03: Laços Entrelaçados

Lucius concordou com Sofia tentar conquistar o seu coração. Ele constatou que a princesa, embora delicada, era de uma determinação tão grande que chegava o encantar. Mesmo que ela não conseguisse conquistar o coração de Lucius num amor romântico, a amizade dele já começara a alcançar.

Lucius viu o nascer do sol do seu quarto no palácio e propôs-se a passar um tempo com Sofia, enviando um mensageiro até os aposentos dela, para lhe convidar que fosse com ele num passeio.

Sofia, radiante de alegria, aceitou prontamente o convite, e se arrumou para ir ao encontro do seu ( talvez) futuro marido.

A manhã estava radiante, com o sol brilhando alto no céu azul, sem nuvens à vista. A leve brisa trazia o perfume das flores silvestres, e os campos ao redor do castelo estavam em plena floração, como se a natureza soubesse que um novo capítulo estava sendo escrito na vida de Lucius e Sofia.

Lucius ajustou as rédeas do cavalo enquanto esperava por Sofia no pátio do castelo. Ele estava vestido de maneira simples, sem as formalidades da realeza, tentando se sentir mais à vontade. Um piquenique parecia uma boa oportunidade.

Sofia apareceu logo depois, montada em seu cavalo branco, com um sorriso iluminado no rosto. Ela usava um vestido leve e confortável, perfeito para um dia ao ar livre. Quando ela se aproximou, Lucius notou o brilho em seus olhos, uma mistura de expectativa e alegria que ele não via nela com frequência.

— "Pronta para a aventura?" Lucius perguntou com um sorriso, tentando injetar leveza na situação.

— "Mais do que pronta," respondeu Sofia, sua voz suave, mas cheia de entusiasmo.

Eles partiram a galope pelos campos, o vento acariciando seus rostos e os cabelos esvoaçando. Lucius percebeu que, apesar das circunstâncias que os uniram, Sofia era uma excelente cavaleira, controlando seu cavalo com confiança e graça. Ela estava à vontade ali, na natureza, longe das intrigas do castelo, e sentiu uma pontada de admiração por ela.

Após algum tempo cavalgando, chegaram a um prado tranquilo, onde uma grande árvore oferecia sombra. Um pequeno lago cintilava próximo, refletindo o céu azul como um espelho. Era o lugar perfeito para o piquenique. Servos já haviam preparado o local, com uma toalha estendida na grama e cestas de comida dispostas.

— "É lindo aqui," disse Sofia enquanto desmontava do cavalo, os seus olhos percorrendo o cenário ao redor.

— "Obrigada por me trazer."

— "Eu pensei que você pudesse gostar," respondeu Lucius, observando-a enquanto ela caminhava até a toalha e se sentava, ajeitando o vestido com graça. Ele se juntou a ela, sentando-se ao seu lado.

A atmosfera era leve, e logo estavam desfrutando das frutas frescas, queijos e pães que os servos haviam preparado. A conversa fluiu de maneira inesperada, começando com tópicos triviais sobre o reino, mas logo se transformando em algo mais pessoal.

— "Você sempre gostou de cavalgar?" perguntou Lucius, curioso para saber mais sobre a mulher que estava destinada a ser sua esposa.

— "Desde que era pequena," respondeu Sofia, sorrindo com a lembrança.

— "Meu pai dizia que eu era mais feliz sobre um cavalo do que em qualquer outro lugar. Era a única vez que eu sentia que podia ser livre, sem as expectativas e responsabilidades que sempre pesaram sobre mim."

Lucius assentiu, entendendo-a melhor do que esperava.

— "Eu sei como é. Ser livre é algo que sempre parece estar fora de alcance para nós."

— "Mas, às vezes, pequenos momentos como este fazem valer a pena," Sofia disse, olhando diretamente nos olhos de Lucius.

— "Podemos não ter a liberdade que desejamos, mas podemos encontrar pequenas alegrias no que temos."

Lucius sorriu, surpreso pela profundidade das palavras dela.

— "Você é mais sábia do que muitos percebem, Sofia."

Ela corou levemente, mas manteve o olhar firme.

— "Eu só aprendi a ver as coisas de uma maneira diferente, Lucius. Às vezes, é preciso aceitar o que não podemos mudar e encontrar felicidade nas pequenas coisas."

O dia continuou, e eles passaram horas conversando, rindo e compartilhando histórias de suas infâncias e sonhos. Lucius começou a ver Sofia de uma nova maneira, não apenas como a princesa que estava sendo forçada a se casar com ele, mas como uma mulher forte, inteligente e com um coração generoso. Ele percebeu que, mesmo que não houvesse amor romântico entre eles, havia algo se formando, uma amizade genuína, baseada em respeito e compreensão.

Depois do piquenique, decidiram explorar os arredores a pé, andando lado a lado ao longo do lago. Sofia, para surpresa de Lucius, sugeriu que eles tirassem os sapatos e caminhassem descalços na beira da água. Ele riu, um som que parecia raro para ele ultimamente, mas seguiu a sugestão dela, sentindo a água fria nos pés e a areia macia sob os dedos.

— "Sabe," disse Sofia enquanto caminhavam.

— "eu temo que nosso casamento seja um vazio. Uma obrigação que ambos teremos que suportar."

— "Eu também," confessou Lucius, olhando para ela.

— "Hoje percebi que podemos, de fato, ser amigos."

Sofia parou e olhou para ele, a sinceridade nos olhos dela tocando profundamente.

— "Eu adoraria isso, Lucius. Ser sua amiga é algo que eu sempre quis, mesmo que nunca tenha dito."

Ele pegou a mão dela, apertando-a levemente.

— "Então, vamos ser amigos. E, quem sabe, com o tempo, esse laço pode crescer."

Sofia sorriu, um sorriso cheio de esperança.

— "Estou feliz por estarmos começando a construir algo, Lucius. E, mesmo que não saibamos onde isso nos levará, estou disposta a descobrir ao seu lado."

Eles passaram o resto do dia juntos, explorando a paisagem, rindo e conversando como velhos amigos. Quando o sol começou a se pôr, tingindo o céu de laranja e rosa, Lucius percebeu que, pela primeira vez desde a aliança de seu pai com o pai de Sofia, ele se sentia em paz.

Na volta ao castelo, enquanto cavalgavam lado a lado, Lucius percebeu que, embora seu coração ainda carregasse o peso das escolhas que teria que fazer, ele começava a abrir espaço para Sofia. Talvez o futuro que ele temia não fosse tão sombrio quanto imaginava.

E, enquanto observava o sorriso contente de Sofia, ele soube que, pelo menos naquele dia, havia dado um passo importante. Um passo que não só fortaleceria o reino, mas que poderia, eventualmente, trazer uma nova forma de felicidade para ambos.

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