Os anjos estavam todos reunidos no convento olhando os noticiários.
- É um Milagre, sim milagre é como estão chamando o fenômeno que atingiu todo o globo terrestre. – Dizia o repórter anunciando a notícia no tele jornal.
- Essa são imagens filmadas por cinegrafistas amadores, por algumas câmeras de reportagem e de segurança. – As Imagens mostravam a enorme luz que invadiu a terra. Em algumas imagens eram mostradas pessoas correndo tentado escapar da luz, em outra conseguiram filmar algumas pessoas sendo curadas não apenas da gripe do século, mas outros tipos de enfermidades.
Em outra imagem mostravam grupos religiosos orando e agradecendo a Deus.
- Está em todos os jornais. – Disse Gabriel com calma e todos no recinto assentiram.
- E agora uma notícia de última hora acaba de chegar. – Todos olharam atenciosos para a televisão esperando a notícia.
- Uma imagem rara gravada por um satélite norte americano acaba de ser divulgada. – A imagem mostrava um par de asas brancas, o corpo da imagem estava envolvido por uma grande que luz que iluminou tudo, a câmera não conseguia filmar mais nada apenas a luz que ao se dissipar apenas uma imagem era vista e ficou congelada a imagem "de uma pena branca flutuando pelo espaço".
- Ainda conseguiram gravar esse momento... – Sussurrou Gabriel com calma e todos novamente assentiram.
- Senhores Arcanjos... – Disse a Madre com a voz baixa Gabriel e Miguel a olharam. – Poderiam explicar melhor o que está acontecendo? Ainda não entendemos nada.
Gabriel e Miguel se olharam mostrando que estavam tendo uma rápida conversa. Os dois olharam para Juriciel que entendeu do que se tratavam e assentiu. Logos os arcanjos e Miguel se levantou.
- Muito bem vamos explicar tudo.
***
Todos se reuniram no grande salão do convento, as irmãs se sentaram e os arcanjos ficaram de pé junto com Juriciel, Rafael, Gabriel e Miguel, o arcanjo deu um passo à frente e começou a falar.
- Irmãs como dissemos antes esse jovem aqui. – Miguel apontou para Rafael que olhou para o arcanjo. – Ele não é mais Rafael e sim é um Nefilin.
- Nefilin? – Perguntou a Madre devagar e Miguel assentiu.
- Nefilins irmãs são Híbridos. – Disse Juriciel e agora todos olhavam para o caído. – Eles são metade humanos e metade anjos. – A revelação chocou a todas, que agora olhavam confusas e até com o certo medo para Rafael que ficou com a face corada.
- Eles...- Juriciel chamou a atenção novamente. – São filhos de humanos com um anjo normalmente com anjos caídos como eu.
- Poderia ser um pouco mais claro irmão Juriciel?
- Bem Madre...
- Quando um anjo se apaixona por um humano em alguns casos ele se relaciona. – Miguel novamente chamou a atenção para si. – Lembre-se o amor não é algo permito para nós e sim para vocês humanos, o anjo que faz isso como o exemplo de Juriciel ele perde as asas, mas são poucos os anjos que se relacionam antes de perder as asas e tem um filho, esses filhos são os Nefilins que na verdade são "seres proibidos!" – As palavras ditas por Miguel surpreenderam novamente as irmãs e não apenas elas, mas também o jovem Rafael.
- Proibidos? – Perguntou a irmã Cecilia.
- Sim irmãs, pelo fato de não podemos procriar. No começo eu dei a ordem aos querubins para matar tanto os Nefilins como os caídos. – Novamente as irmãs ficaram chocadas e Miguel mordeu os lábios.
- Miguel... – O príncipe ergueu a mão pedindo para que seu irmão continuasse a falar.
- Sim irmãs no começo eu fiz isso, mas logo meu pai ordenou que os querubins retornassem pelo fato de que mesmo eles sendo um fruto proibido eles possuem uma parte humana, e matar um humano seria como se matasse o próprio Deus, e então eu entendi que os meus atos não estavam corretos e pedi perdão ao meu pai que me perdoou. Os Nefilins continuam sendo um fruto proibido, muitos anjos ao caírem procriam e criam uma família, já outros quando caem e se revoltam contra o céu e infelizmente apenas engravidam para nos provocar.
Novamente as irmãs ficaram surpresas nãos penas surpresas, mas também sem palavras.
- Não somos perfeitos irmãs. – Disse Gabriel com calma. – Podemos ser anjos, mas nós também cometemos erros, nunca se esqueçam o único que é perfeito nesse mundo é apenas Deus somente ele. – As irmãs assentiram e Gabriel sorrio.
- Vocês disseram que ele é metade humano e metade anjo não é mesmo? – Perguntou uma das irmãs a irmã Ariana e todos assentiram.
- E ele pode fazer algo especial quero dizer... você tem poderes? – A irmã olhava para o Nefilin junto com as demais, Rafael novamente ficou com a face corada e respirando fundo balançou a cabeça negando.
- Se eu tenho eu não sei como usa-los, em meu cento e dezesseis anos de idade eu nunca vi nada de anormal em mim só algumas coisas básicas.
- Cento e dezesseis? – Disseram as irmãs em uníssono.
- Isso mesmo irmãs os Nefilins ele tem uma parte angélica então a juventude deles é prolongada, ou seja um ano equivale a um dia para eles e não sabemos dizer quanto tempo eles podem viver, muitos morrem no decorrer de sua vida e sempre é por causa de um demônio ou por encontrar algum outro caído.
- Essa nem eu sabia. – Disse Rafael surpreso.
- Eu sei sobre a sua história Rafael conte a elas.
O jovem olhou para as irmãs que sorriram dando apoio moral ao jovem. Rafael se sentiu mais relaxado e começou a contar de seu passado, contou sobre sua mãe, do que passaram, a época da gripe espanhola, como conheceu Rafael e como ele salvou a vida de sua mãe, a morte dela, a promessa que fez em ajuda-lo quando precisasse depois, o jovem resumiu sua vida contando que já viveu em quase todo o mundo se tornando um viajante, ao retornar aos Estados Unidos viveu mais três anos antes da aparição de Rafael.
- E depois disso eu não lembro de mais nada só quando acordei nos braços do arcanjo Miguel.
- Você estava em um sono profundo.
- Sono profundo?
- Isso mesmo meu jovem.
- Irmãs e Rafael...como sabem os anjos possuem um avatar quando vem para terra. – As irmãs assentiram e Miguel continuou a falar. – Nós arcanjos também possuímos, mas pelo fato de sermos quem somos nossa presença é muito fácil de ser percebida então...nós fizemos um acordo com alguns Nefilins
- Acordo? – Perguntou a irmã Cecilia.
- Isso mesmo.
- Igual a mim e Rafael? – Perguntou o jovem e Miguel assentiu.
- Possuir um humano é contra a lei de Deus. O mesmo é como um Nefilin por causa da parte humana, mas pela parte angélica temos essa permissão, mas só se o usuário concordar como foi o seu caso.
- Entendo...
- Um dos motivos da ordem que eu dei para matar todos os Nefilins e os caídos é pelo fato de no começo alguns caídos os usavam para nos atacar.
- Como assim senhor Miguel? – Perguntou novamente a irmã.
- Todo anjo é capaz de possuir qualquer ser igual a um espírito maligno, mesmo que ele tenha perdido as suas asas um caído tem esse poder, mas somente em determinado momento.
- E que momento seria esse?
- O Cheshvan!
- Cheshvan? – Perguntou a irmã com dificuldades em pronunciar a frase.
- É um período irmãs de duas semanas que no calendário Judaico que equivale ao mês de outubro, esse tempo não possuí qualquer feriado ou jejum o que o torna o mês profano, então os caídos só podem possuir um humano ou Nefilin nesse período de duas semanas. – Disse Gabriel com calma.
- É por isso que eu mandei os querubins irmãs pelo fato de os primeiros caídos ao descobrirem sobre esse período em que podem possuir um corpo eles possuíram humanos. Um humano morre ao ter o eu corpo tomado por um espírito, não apenas pelo fato do espírito o ferir, mas sim pelo fato de que seu corpo não é capaz de sustentar duas almas e em alguns dias o humano morre. Os caídos ao perceberem isso quando um humano morria eles se apossaram de outros e assim muitos humanos morreram.
E nesse período eles aproveitavam que estavam em um corpo e então eles se relacionavam, a mulher humana ao engravidar dava a luz a um Nefilin que diferente dos humanos é capaz de aguentar por um período maior, mas os caídos só podem possuir os Nefilins somente nas duas semanas dos Cheshvan, em alguns momentos no passado os corpos possuídos eles os usaram para nos atacar.
- Que horrível... – A irmã Cecilia levou a boca a cobrindo.
- Então cada um de vocês os seus corpos são de um Nefilin nesse exato momento não é mesmo? – Perguntou a Madre e Gabriel e Miguel assentiram. – Então vocês na realidade não tem essa aparência certo?
Miguel iria responder mas Rafael respondeu em seu lugar.
- Na verdade eles tem sim irmãs essas sãos a verdadeiras formas deles! – Todos olharam surpreso para ele.
- Como sabe disso? – Perguntou Juriciel e Rafael novamente voltou a ficar corado.
- Bom... quando eu vi Rafael pela primeira vez ele parecia muito comigo, eu até fiquei surpreso e.. como eles disseram que foram atrás de Nefilins então eu imaginei que eles fizeram o mesmo que Rafael, encontraram alguém que é semelhante a eles.
Gabriel e Miguel assentiram e Gabriel sorrindo disse.
- É isso mesmo você é bem esperto e bem observador Rafael. – O jovem sorrio com a face corada e as irmãs começaram a rir.
- Então realmente o senhor Rafael se foi? – Disse a Madre e clima ficou pesado.
- Infelizmente...- Respondeu Miguel.
- E agora?
- Ainda temos um trabalho a fazer irmãs, nada mudou e Rafael fez a parte dele agora cabe a nós fazer a nossa!
Os anjos retornaram para a casa de seu irmão o Arcanjo Rafael ao lado do convento junto com Rafael o Nefilin. Ao chegarem Miguel e Gabriel tiveram uma longa conversa com o jovem Nefilin.
Eles preencheram as lacunas que Rafael deixou vazia, explicaram ao Nefilin sua missão inicial de descobrir o que está matando os anjos na terra, depois explicaram que descobriram que Metatron seu irmão e o primeiro de todos os anjos era o responsável pelas mortes de seus irmãos. Explicaram também que descobriram que alguém está manipulando Metatron, mas que ainda não descobriam quem teria tal poder, e por fim explicaram sobre a gripe do século e como Rafael se sacrificou salvando a humanidade dessa terrível doença.
- Realmente eu perdi muita coisa. – Comentou o jovem Nefilin.
- Sim você perdeu meu jovem. – Respondeu Gabriel com gentileza.
- E agora o que pretendem fazer?
- Ainda estamos pensando nisso Rafael.
- Se precisarem da minha ajuda podem contar comigo, sei que...eu prometi a Rafael que o ajudaria, mas a missão dele ainda não terminou e eu prometi ajudar ele até o fim, então se eu puder fazer algo nem que seja polir suas armaduras podem contar comigo arcanjos.
Miguel olhou admirado e surpreso para o jovem Nefilin.
- Que saudades da época que Rafael era assim. – Pensou Miguel.
- Irmão deveria pensar mais baixo. – Sussurrou Gabriel em sua mente.
- Mas eu tenho saudades e confesso que por pouco pensei que Rafael tinha voltado ao normal.
Gabriel sorrio e tocando no ombro do irmão, ele assentiu e mais uma noite se passou.
No dia seguinte os anjos se reuniram junto com Rafael no convento. Miguel estava usando uma camiseta branca com calça jeans e sapatos preto.
Gabriel estava usando agasalho preto da Nike, sua blusa estava aberta mostrando que estava usando uma camiseta branca e usava também tênis da mesma cor. Rafael estava usando uma bermuda jeans preta com tênis e sem meia da mesma cor, blusa de capuz azul escuro e em seu pescoço era visível uma corrente de Metal.
Juriciel se uniu ao grupo usando um macacão jeans com tênis preto e camiseta da mesma cor, seu macacão estava um pouco sujo e as irmãs informaram que o caído estava limpando as calhas do canil que estavam entupidas com folhas. Todos se reuniram no salão e quando a última irmã entrou a reunião começou.
- Muito bem... – Miguel começou a falar e todos olharam para ele. – Gabriel e eu iremos ficar fora o dia todo exceto aos domingos, não queremos chamar a atenção dos demais então sairemos de dia e só retornaremos a noite.
- Entendemos perfeitamente Arcanjo Miguel. – Disse a Madre e todas as irmãs assentiram.
- Rafael. – O jovem olhou para Miguel o arcanjo que o olhava atentamente, com a voz calma continuou a falar. – Você ficará no convento ajudando as irmãs e Juriciel.
- Entendido.
- E Juriciel. – Agora era o caído quem olhava para Miguel. – Enquanto estivermos fora você será a defesa todos.
O caído assentiu concordando com a cabeça.
- Perdão arcanjo Miguel. – Disse uma das irmãs erguendo a mão. Miguel olhou para ela e, percebeu que quem falava era a irmã Ariana uma das mais jovens irmãs.
- Pois não irmã?
- Estou em dúvida em relação a Rafael.
- E qual seria a sua dúvida irmã?
- Bem ele se parece muito com o Dr. Rafael, entendemos isso sobre avatar e Nefilin, mas se ele se parece com ele então ele terá que ir ao hospital trabalhar em seu lugar, se faltar viram atrás dele afinal todos sabem onde ele mora.
- Eu sabia que estava esquecendo de revelar uma coisa. – Disse Gabriel levando a mão a nuca e mostrando que estava envergonhado.
- Do que se esqueceu senhor Gabriel? – Perguntou a irmã.
- Irmãs vejam só ninguém irá se lembrar de Rafael. – As irmãs olharam confusas para Gabriel, o arcanjo não precisou sondar a mente das irmãs para descobrir que todas não haviam entendido suas últimas palavras.
- Irmãs no momento em que Rafael se sacrificou ele não apenas salvou a humanidade da gripe, mas ele também apagou a sua existência aqui na terra, somente nós reunidos aqui sabemos de Rafael, as demais pessoas nem se lembraram dele e o mesmo acontecerá comigo e Miguel se formos mortos, somente vocês iram se lembrar de nós.
- Minha nossa.
- Iremos também sair para averiguar isso. – Miguel tornou a falar chamando a atenção para si. - Queremos saber o que as pessoas estão pensando, por isso irmãs peçamos que por hoje não comentem nada sobre a casa ao lado, apenas se alguma família perguntar o que acho difícil.
- Entendemos e pode confiar em nós arcanjo Miguel. – Comentou a Madre e todas as irmãs assentiram confiante.
Miguel e Gabriel sorriam e a reunião se encerrou. Como tinham comentado os arcanjos se dividiram, Gabriel ficou na cidade com a dolorosa missão de tentar descobrir como as pessoas estavam se comportando após o famoso "milagre".
Miguel se dirigiu a divisa da cidade entrando na floresta e caminhou até o local onde enfrentou Metatron pela primeira vez.
O arcanjo parou de caminhar e expandiu sua aura sondado todo o local a sua volta. Miguel sentiu que muitos animais estavam pela floresta, alguns comiam, outros dormiam ou estavam caminhando, ao perceber que nenhum humano estava próximo o príncipe abriu suas asas.
Um par de asas brancas como a neve surgiu sobre as costas de Miguel, o arcanjo sentiu um pouco de dor em suas asas ao abri-las pelo fato deixa-las recolhidas dentro de seu corpo por tanto tempo.
No céu as asas dos anjos ficam dobradas e visíveis em suas costas os celestiais, ele só as recolhem completamente quando se materializam na terra para que os humanos não descubram sua verdadeira identidade.
Miguel ainda sentia suas asas um pouco doloridas e começou a balança-las. Alguns estalos podiam ser ouvidos enquanto o arcanjo agitava suas asas, mas com o tempo a dor começou a desaparecer e um sorriso era visível na face de Miguel. O arcanjo começou a voar sobrevoando toda a mata, Miguel voava perto das nuvens para não ser visto por nenhuma pessoa, enquanto voava um grupo de andorinhas voavam atrás do arcanjo formando um grande V no céu. Miguel era o líder do grupo e o arcanjo novamente voltou a sorrir. Miguel estava amando ficar na terra, essa era segunda vez que arcanjo vinha a terra e ficava por um período maior, ele sempre a observou de "Acheron o 4º Céu" a algumas coisas que se passavam na terra principalmente a ação de alguns demônios que se materializavam na terra.
Miguel voou o dia todo sobrevoando toda a floresta e por mais quatro cidades vizinha, com os seus sentidos super apurados não encontrou nenhuma anomalia.
***
Por volta das 21 horas Gabriel retornou ao convento e foi recebido pelas irmãs. O arcanjo parou no meio do caminho olhando para cima.
- Algo errado arcanjo Gabriel? – Perguntou a irmã Cecília e algumas irmãs ergueram a cabeça tentando observar o que o arcanjo estava olhando.
- Não verdade não irmãs peço que se afastem um pouco.
- Se afastar por que? – Perguntou Rafael que chegava junto com as demais irmãs e Juriciel.
As roupas de Rafael estavam sujas percebeu Gabriel e o arcanjo também percebeu que estavam tão sujas como as do caído, o jovem Nefilin percebeu o olhar de Gabriel e sem jeito tentou se explicar.
- Bom ele estava limpando a calha, e eu fazia isso em minha antiga casa e resolvi ajudar ele.
Gabriel sorrio e balançou a cabeça em negação.
- Tudo bem não precisa se explicar gostou de ajudar?
- Na verdade eu gostei muito eu admito. – Respondeu o jovem agora sorrindo.
- Ele está vindo. – Disse Juriciel e todos olharam para ele.
- Quem está vindo? – Perguntou Rafael.
- Miguel. – Gabriel respondeu pelo caído e se afastou ficando próximo das irmãs.
No local onde Gabriel estava Miguel pousou apoiando uma das mãos no chão. Suas asas estavam abertas e voltadas para cima. Elas eram quase do tamanho dos muros do convento.
Miguel lentamente se levantou e enquanto se levantava suas asas começaram a diminuir, todos perceberam que o arcanjo estava guardando suas asas e ao guarda-las completamente Miguel percebeu que todos com exceção de Gabriel e Juriciel o olhavam com uma certa admiração.
- O que aconteceu? – Perguntou o arcanjo tentando não demonstrar que estava sem jeito. Miguel também percebeu que aos poucos suas atitudes começavam a mudar. Ele ainda era sério e focado em seu trabalho, mas aos poucos o arcanjo percebeu que outros sentimentos começavam a serem despertados como por exemplo "a timidez, e a vergonha" não a vergonha de quem ele era, mas de ser o centro das atenções pelo menos entre as irmãs.
- Não foi nada de mais meu irmão, todos não imaginavam que fosse retornar dessa maneira todos ficaram admirados apenas isso.
- A sim entendo. – Respondeu Miguel continuando a lutar para não mostrar que estava sem jeito.
- Descobriu algo? – Perguntou Gabriel e Miguel intimamente agradeceu ao irmão pela pergunta, isso o ajudaria a relaxar e também a não deixa-lo mais constrangido do que estava.
- Nada, voei o dia todo até para as cidades vizinha e não encontrei nada e você descobriu algo?
- Bom descobri que na mente de todos na cidade o milagre é a sensação do momento. Passei também no hospital e sondei a mente de todos e ninguém realmente se lembra de Rafael.
- Ótimo então nada de anormal no dia de hoje. – Comentou Miguel e Gabriel assentiu.
- Eu não diria isso, eu acho depende do que você chama de anormal.
Ao escutarem essa voz o ambiente ficou pesado. As irmãs por algum motivo ficaram alarmadas e não apenas elas, mas também os anjos.
Um rapaz estava na entrada do convento, ele estava trajando um terno de prata com camiseta branca com luvas e sapatos da mesma cor e sua gravata era preta, o jovem tinha a pele branca no mesmo tom da de Gabriel, seus cabelos eram negros e seus olhos eram verdes. Algumas irmãs ficaram hipnotizadas pela beleza do rapaz.
Ele tinha mais ou menos a altura e Miguel e seu corpo mostrava que estava em forma que tinha a mesma massa corporal do arcanjo.
Gabriel e Juriciel ficaram à frente das irmãs que despertaram sua "hipnose".
Miguel estava frente a frente com o rapaz que o olhava com calma e um pequeno sorriso era visível em seus lábios. Miguel por sua vez o encarava, o ódio era visível em seus olhos mostrando que o arcanjo não estava gostando da presença do rapaz pelo local.
- Não acredito... o que ele faz aqui na terra? – Perguntou Gabriel.
As irmãs e Rafael o olharam. Rafael por sua vez sentia algo ao olhar para aquele rapaz, algo sombrio, algo que o deixava com medo só de olhar para ele. O rapaz o olhou e o jovem Nefilin prendeu a respiração.
O rapaz tornou a sorrir com a reação do jovem e caminhou um passo. Miguel fechou firme as mãos e suas asas voltaram a aparecer, agora sua camiseta foi completamente rasgada com a brutalidade pela qual suas asas apareceram. O jovem parou e olhava atentamente para Miguel que ainda o encarava. Ele andou outro passo e o arcanjo ergueu o braço direito. O rapaz o olhou com curiosidade esperando para saber o que Miguel iria fazer.
Uma das irmãs olhou para o céu e soltou um gemido baixo atraindo a atenção das demais para o local onde olhava.
Algo brilhante se dirigia na direção de Miguel. Abrindo a mão a luz brilhante era vista pelas irmãs que logo perceberam que na verdade era um objeto um pouco longo e de prata. Devagar Miguel abaixou sua mão e com a mão esquerda segurou a outra ponta do objeto.
Puxando a mão direta o objeto parecia ficar maior e mais longo e logo foi revelado a todos que o objeto era na verdade uma espada.
Miguel a segurava firme e a apontou na direção do rapaz que desafiadoramente avançou mais um passo.
- O que faz aqui? – Perguntou o arcanjo.
- Fiquei curioso para saber o que estava acontecendo por aqui Miguel. – Respondeu o rapaz.
- Afinal quem é ele? – Perguntou a Madre.
- "A Estrela do Amanhecer"! – Respondeu Juriciel.
- A... Estrela... do... Amanhecer? – Disse a Madre devagar.
- Sim. – Disse Gabriel e todas voltaram a olhar para ele.
- Vocês o conhecem melhor como "Lúcifer o Primeiro Caído" e o "Rei do Inferno"!
- Lúcifer? – Disse a Madre surpresa e o medo era visível no rosto das irmãs e de Rafael.
A Estrela do Amanhecer olhava para todos com um sorriso no rosto, como se fosse bem vindo no local. Lúcifer caminhou mais um passo e Miguel segurou firme sua espada se preparado para o combate.
Outro objeto caiu do céu diretamente na mão de Gabriel. O objeto era dourado e longo parecendo um bastão. Gabriel segurou a parte inferior com a mão esquerda e com a direita segurou a parte superior e lentamente começou a erguer sua mão.
O objeto começou a exibir um pequeno brilho e logo começou a se intensificar. Gabriel terminou de retirar o objeto, era uma espada com o cabo dourado, mas a lamina era de fogo. O fogo queimava intensamente tomando lugar onde deveria estar a lamina.
– O Flagelo de Fogo? Vai usá-lo contra mim Gabriel? – Disse Lúcifer com a voz calma.
- Se der mais um passo sim eu irei usa-la Estrela do Amanhecer!
- Não tem coragem de me chamar pelo meu verdadeiro nome irmão?
- Você não é o meu irmão!
- Então eu fui realmente deserdado? – Lúcifer levou a mão ao peito mostrando estar ofendido e magoado com as palavras de Gabriel.
Juriciel levou uma das mãos as costas e retirou um objeto de prata, era uma adaga com o cabo e a lamina de prata, o cabo da adaga tinha o formado das asas de um anjo. O caído se posicionou para a batalha ficando na defensiva, mostrando que seu objetivo era proteger as irmãs e Rafael.
- Agora fiquei magoado irmãos. – Disse Lúcifer olhando diretamente para o caído. – Dizem que eu não sou mais o seu irmão pelo fato de eu ter caído. Anjos não se misturam com caídos, mas vocês estão andando com um. O que os outros iram dizer quando voltarem?
- Pare de falar bobagem! – Disse Miguel atraindo a atenção do Arcanjo sombrio.
- Bobagem? O que eu falo é a verdade meu irmão.
- Mais uma palavra e eu arranco a sua língua.
- A verdade dói não dói? Mas como eu disse não vim aqui para batalhar, mas sim por que eu estava curioso. A energia de Rafael pode ser sentida até no inferno, e soube que ele morava por aqui já que um dos meus pelotões foram destruídos por vocês, assim como eu sei que... não existem mais anjos na terra além de vocês, então meus servos podem trabalhar tranquilamente.
Miguel e Gabriel morderam os lábios. Realmente ele estava certo, os dois eram os únicos anjos na terra a serviço de Deus. Lúcifer agora poderia iniciar um ataque em qualquer ponto da terra, os arcanjos levariam um tempo para chegar até algum local afetado pelos demônios de Lúcifer.
- Rafael se foi, agora que suas suspeitas foram comprovadas dê meia volta e volte para o seu buraco!
- Meu buraco? Deveria ter mais respeito ao falar sobre a minha casa... Miguel.
- Juriciel prepare-se. Se um combate se iniciar leve as irmãs e Rafael para um local seguro por favor. – Disse Gabriel na mente do caído.
- Pode deixar Gabriel conte comigo!
- Obrigado.
Miguel continuava a encarar o arcanjo sombrio. A vontade do anjo guerreiro era partir para o ataque e acabar com Lúcifer, mas Miguel sabia que não poderia fazer isso, não agora. Se iniciasse uma luta com ele a cidade inteira sentiria esse combate.
Muitos locais seriam destruídos, muitas pessoas iriam se ferir e até morrer. Miguel não gostava da presença do arcanjo sombrio no convento próximo das irmãs. Não apenas no convento, ele não gostava da presença do arcanjo sobre a terra.
- Hum? – Lúcifer olhou para a esquerda, ele olhava para o muro como se pudesse olhar através dele. Ele continuou olhando por mais um minuto e um sorriso voltou a aparecer em seu rosto. – Acho que temos companhia irmãos!
Miguel, Gabriel e Juriciel olharam para o lado na direção em que Lúcifer estava olhando e ficaram surpresos. Lúcifer voltou a olhar para os anjos com um sorriso travesso mostrando que aquela situação o estava agradando e muito.
- Gabriel consegue dar um jeito nisso sozinho? – Perguntou Miguel trazendo o seu irmão de volta a realidade.
- Sim irmão, é claro que eu posso dar conta disso sem problemas.
- Ótimo, vá e deixe as coisas aqui comigo e Juriciel.
- Entendido estou indo! – Gabriel abriu suas asas, elas eram brancas e longas como as de Miguel. Batendo suas asas o Arcanjo começou a voar para o leste. Lúcifer o observava e quando Gabriel sumiu de vista, ele voltou a olhar para Miguel que não havia desgrudado os olhos do caído
- Não acha que deveria ajuda-lo irmão? – Miguel não respondeu apenas continuava o encarando. – Gabriel pode ser poderoso, mas sei que você também sentiu eles são muitos.
- Gabriel dará um jeito!
- Tem certeza disso?
- Tenho!
- Miguel meu irmão se acalme.
- Só vou me acalmar quando você sumir daqui!
- Já disse que não iremos lutar hoje meu irmão, eu apenas vim para ver o que tinha acontecido com Rafael apenas isso nada mais.
- Ótimo agora que viu de o fora daqui!
- Vejo que não sou bem vindo aqui. – Suspirando Lúcifer olhou para Miguel com um olhar triste. O arcanjo não se abalou com a tristeza do seu antigo irmão e continuava o encarando, ao mesmo tempo estava pronto para qualquer tipo de truque vindo do caído.
Lúcifer novamente voltou a olhar a Juriciel, o caído tinha o olhar parecido com o de Miguel. Ele o encarava pronto para o combate mostrando não estar com medo do arcanjo sombrio.
O olhar de Lúcifer passou por cada uma das irmãs, algumas o olhavam com medo, outras fecharam os olhos e começaram a orar pedindo a proteção de Deus. Uma cena curiosa chamou a atenção de Lúcifer, algumas irmãs o olhavam atentamente com um olhar parecido com o de Miguel e Juriciel.
Mesmo sabendo quem ele era essas irmãs mostravam que não estavam com medo, e o seu olhar mostrava que elas confiavam cegamente em Miguel, uma cena que o fez lembrar dos anjos a maneira como olhavam ou se comportavam quando Miguel estava presente. Essa cena irritou Lúcifer, ele pensou por um momento em partir por ataque, atacar a todos não se importando com Miguel, mas mudou de ideia e relaxando voltou a sorrir. Seu olhar agora estava em Rafael.
- Meu jovem Nefilin... – Rafael arregalou os olhos e engoliu seco. – Na próxima vez quero ter uma conversinha em particular com você.
- Não irá falar e nem se aproximar dele! – Disse Miguel e Lúcifer voltou a olha-lo e o seu sorriso apenas aumentou.
- Você não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo irmão, nem você e nem Gabriel sabe disso.
- Sim eu sei, mas mesmo assim não irá se aproximar dele, Juriciel estará com ele em nossa ausência.
- Você bota muita fé nesse caído irmão! – Lúcifer voltou a olhar para Juriciel que tinha o olhar fixo no arcanjo sombrio. – Será que tem planos para que ele volte a ganhar suas asas?
O caído e as irmãs arregalaram os olhos, Juriciel mordeu os lábios e continuava olhando para Lúcifer. As irmãs olhavam para Miguel esperando sua resposta e Lúcifer também aguardava ansioso pela resposta do arcanjo.
- Ele resolveu cair foi uma decisão dele!
- Então realmente não pretende recruta-lo de volta? É uma pena... está vendo meu irmão querubim você só tem valor para Miguel enquanto ele estiver nessa missão, quando ele retornar ao céu as coisas serão como antes, ele é um príncipe e você um caído nada mais do que i... – Lúcifer parou de falar e todos o olhavam surpreso não para ele, mas para Miguel.
O arcanjo estava próximo a ele com a lamina de sua espada a centímetros de seu pescoço. Como ele chegou ali? Todos se perguntavam e até Lúcifer fazia a mesma pergunta. A surpresa em seu olhar revelava isso.
- Realmente não tenho a intenção recruta-lo. – Disse Miguel com calma. – Torno a dizer ele resolveu cair foi uma decisão dele... se ele quiser voltar a ter suas asas deve tomar a mesma decisão que tomou quando resolveu cair. Todo anjo sabe disso Lúcifer, as portas sempre estão abertas e todos tem uma segunda chance tanto humanos como anjos.
As palavras de Miguel surpreenderam a todos inclusive ao próprio Lúcifer.
- Miguel falando como um humano? Ficar aqui embaixo está mexendo com você não é meu irmão?
- Realmente eu nunca me imaginei dizendo essas palavras, mas você sabe que o que eu digo é verdade.
- Sim eu sei que é e bom já está tarde hora de ir, mas antes... – Lúcifer voltou a olhar para Juriciel. – E você Juriciel "A Fecha Divina" também iremos conversar uma outra hora!
As irmãs o olharam chocadas para o caído, Juriciel apertou firme o cabo de sua adaga. Lúcifer sorriu e voltou a olhar para Miguel.
- Obrigado por me receber meu irmão, e até uma outra vez. – O corpo de Lúcifer começou a queimar criando uma grande chama negra, Miguel com um movimento rápido de sua espada criou um grande vento que apagou as chamas imediatamente.
O local onde estava Lúcifer agora estava vazio, lentamente Miguel guardou a espada na bainha. O arcanjo virou-se lentamente e olhou para todos.
- Juriciel cuide de todos, irei dar um apoio a Gabriel. – O caído apenas assentiu e Miguel abriu suas asas e logo começou a voar seguindo a direção que Gabriel havia tomado.
- Acabou irmãs! – Disse o caído guardando sua adaga em suas costas a colocando dentro de sua camisa.
As irmãs e Rafael respiravam aliviados, Juriciel olhou atentamente na direção na qual Gabriel e Miguel se dirigiram e tornou a falar.
- Acabou...finalmente acabou!
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