Era uma tarde bonança de verão, o ar quente soprava pelos campos de um verde amarelado, infiltrando-se entre as rochas densas responsáveis por formar os morros altos que cercavam aquela campina.
Acometidos pelo sol escaldante, marchava um vasto exército de homens encapados por armaduras negras e brilhantes. Cavalos de raça pura desfilavam, selados e domados por homens grandes e fortes que carregavam orgulhosamente seu estandarte. Há muito tempo, aquela campina não encontrava um exército tão grande e tão terrível como aquele. Era um aspecto atípico para a região silenciosa e quase inabitada.
Comumente, um exército de tal magnitude seria barulhento e descontrolado, especialmente considerando a ansiedade por uma batalha. Não era esse o caso. Eram atípcamente quietos e sincronizados como milhares de sombras de uma única pessoa, apenas repetindo o gesto. E de fato, o eram. A frente daquele enorme batalhão, havia um cavaleiro. O que o diferenciava dos demais era o manto azul-claro sobre a armadura negra como piche. Ao seu lado, doze homens de grande confiança o acompanhavam. Eram figuras grandes e amendrontadoras, um olhar rápido dificilmente poderia distingui-los como seres humanos.
O líder, o mais destemido de todos e motivo de admiração e respeito incondicional ddos seus guerreiros, olhou para a campina a qual atravessava num gesto imperceptível, que apenas olhos treinados poderiam identificar o movimento singelo e soturno.
Avistou colinas verdejantes e no topo muros altos o suficiente para atrair a atenção. Há muito que não passeava pela região e tais muros lhe eram uma novidade. Ele se virou para um dos homens que o acompanhavam.
— O que existe ali? — perguntou, apontando vagamente para a construção, erguendo-se junto com as colinas que a ladeavam.
— O reino de Guinness. Muito pequeno para nos atrair a atenção - o cavaleiro ao seu lado respondeu de prontidão.
— Soube que adquiriram terras com minas — um de seus cavaleiros adentrou na conversa. O líder estreitou os olhos.
— Por qual razão não fui informado? — um silêncio aterrador se seguiu. Ele prosseguiu — sabem a dimensão dessas minas?
— Pelo que soube, o suficiente para o rei Guilhermino reformar o castelo e construir um cais na cidade — o líder ficou em silêncio, refletindo nas palavras que acabara de ouvir. Não havia uma única emoção esboçando seu rosto ou sua voz.
— Foram recolhidos impostos sobre Guilhermino? — prosseguiu com o seu interrogatório e, novamente, o silêncio. Mesmo que não tivessem proferido uma única palavra, ele obteve sua resposta. Com um suspiro profundo, levantou a mão. O exército parou.
— Já que estamos aqui, devemos fazer uma visita rápida a Guilhermino. Vocês me acompanham, o restante deve se acomodar nas sombras e aguardar o nosso retorno — proferidas as suas ordens, um de seus homens iniciou um rápido galope, anunciando aos berros a intenção de seu líder. Não houve protestos contra a sua decisão, ninguém ousaria contestá-lo.
Assim, o exército se dissolveu como a sombra é desfeita quando luz lhe desferida. Destacando-se sob a relva verde, doze cavaleiros iniciaram sua curta jornada ao pequeno, mas próspero reino de Guinness.
O som dos cascos sobre a ardósia ecoava pelo pátio principal. Quarenta e oito cascos de cavalo sobre o piso duro. Doze lindos corcéis, ofegantes e retesados e, sob eles, doze homens cobertos de um metal negro profundo. Elizabeth olhou com grande curiosidade a aproximação dos visitantes. Era incomum receber visitas, especialmente não ser comunicada sobre elas.
Por um momento, ela comprimiu seus lábios. Seria um novo pretendente? Ela esperava que não, o último não lhe deixou boas lembranças e lhe rendeu um castigo que poderia ter durado séculos se não soubesse amaciar os ânimos do pai.
Usando a cortina de renda branca para se cobrir, ela espiou com grande curiosidade os visitantes se aproximando, até puxarem as rédeas dos cavalos, forçando-os a parar. Eram homens definitivamente muito grandes. Pareciam dotados de uma força descomunal. O rosto coberto pelo elmo apenas atiçava em Elizabeth a curiosidade.
Quem eram? De onde vinham? O que queriam? Era impossível dizer, especialmente quando não carregavam consigo uma bandeira ou uma insígnia qualquer. Ela teria de descobrir por si só.
Elizabeth estava pronta para sair de seus aposentos quando a aparição de sua empregada a pegou de surpresa, fazendo-a ficar estática em frente a porta. Karine e Elizabeth se encararam por longos minutos. A princesa abriu um sorriso agradável e ciciou à empregada:
— Que bom que chegou Karine! Estava saindo à sua procura — apesar de tentar mascarar da melhor maneira possível as suas verdadeiras intenções, aquilo não foi o suficiente para enganar a empregada que há muito se acostumou com as artimanhas da jovem princesa. Com os olhos semicerrados, indagou:
— O que está aprontando?
— Absolutamente nada, só estou com fome e esses quitutes chegaram na hora certa — respondeu inocentemente, preparando-se para pescar um pequeno e delicado quindim que reluzia sob a bandeja de prata. Antes que pudesse concluir o ato, Karine se desvencilhou com destreza e colocou alguns metros de distância contra a princesa — Karine! Os meus doces! — protestou.
— Não sem antes me falar o que estava aprontando.
— Por que pensa que planejava algo? — retorquiu, batendo as pestanas ingenuamente.
— Elizabeth, não tente me enganar. Já deve saber que temos visitas.
— Então sabe de quem se trata! — concluiu animadamente — quem são? Nunca vi homens tão altos e grandes como esses.
— Não sei, estão se reunindo com o seu pai no grande salão e você deve ficar aqui. Ordens de seu pai — Elizabeth comprimiu os lábios, contrariada. Estava entediada com dias sucessivamente iguais aos outros e a ideia de ter visitantes no castelo lhe empolgava os ânimos. Era injusto que tivesse de ficar presa em seu quarto ignorante ao que acontecia.
— Tudo bem, você venceu. Deixe-me saborear esse delicioso quindim — ela disse se aproximando da guloseima. Com uma delicada mordida, saboreou a sobremesa que desmanchava em seus lábios. Enquanto mastigava, olhou ao redor do quarto e uma pequena ideia surgiu na sua mente — Karine, está sentindo esse cheiro? — perguntou, fungando teatralmente o ar.
— Que cheiro? — a empregada repetiu o gesto, não encontrando nada de anormal.
— Veja! Fogo! — a princesa exclamou, apontando para um canto qualquer.
— Não vejo nada…
— Irei chamar por ajuda — em segundos, Elizabeth passava pela soleira da porta, não sem antes garantir que carregava consigo a bandeja de doces. Karine não teve tempo de reagir, só deu falta da princesa quando esta se encontrava a metros de distância.
Elizabeth caminhou apressadamente em direção aos jardins do lado sul, que faziam frente ao salão principal, o lugar onde seu pai fazia reuniões importantes, onde comemorações eram feitas e tudo o que se julgasse importante. Em muitos outros lugares, seria o salão da coroa, mas como o castelo não era muito grande, tornou-se habitual chamá-lo de salão principal.
Assim que chegou aos jardins, Elizabeth se dirigiu ao local que julgou ser perfeito para espiar e ouvir as reuniões a qual nunca era convidada. Aproximando-se com grande cuidado para não ser pega, ela apurou os ouvidos e se esforçou ao máximo para escutar:
— …. Não me parece correto — ela conseguiu distinguir a voz do rei, seu pai. Parecia exaltado.
— …. Deve considerar…. Paciência…… Perigoso — Elizabeth conseguiu captar com grande dificuldade as palavras proferidas por um dos homens, mas o elmo, que permanecia cobrindo sua cabeça, dificultava a compreensão. Ela se esforçou para entender o que parecia um longo discurso, mas se cansou. Não estava tendo resultado.
Ela observou uma vez mais os cavaleiros misteriosos quando por fim notou que havia apenas onze. Um deles não estava presente no recinto, o que a deixou momentaneamente confusa. Onde ele estaria?
Resignada a descobrir o que acontecia de outra maneira, ela se levantou, pegou sua bandeja de doces e saboreou mais um quitute para acalmar os ânimos. Ela observou o recipiente quase vazio, resultado de ter oferecido os doces aos guardas e empregados com quem se encontrava a caminho de sua missão fracassada.
Elizabeth estava pronta para retornar ao quarto e ouvir as broncas de Karine quando avistou uma figura parada há não muitos metros de distância. Era o cavaleiro que faltava! Olhando uma vez mais para a bandeja em suas mãos, uma ideia percorreu sua cabeça. Elizabeth agrupou os doces cuidadosamente para que ficassem com uma aparência agradável e com o seu melhor sorriso se aproximou do cavaleiro que até então não pareceu notar sua presença.
— Uma boa tarde para o senhor, cavaleiro — a princesa disse num tom cordial, atraindo a atenção do homem — eu sou a princesa Elizabeth de Guinness e gostaria de oferecer alguns quitutes — ela estendeu a bandeja ao visitante, que apenas a encarou em silêncio. Foi um tanto constrangedor o silêncio que se seguiu e ela recuou com a bandeja — Imagino que não esteja com apetite no momento, o que é uma pena, os doces daqui são muito saborosos — comentou pescando um da bandeja e o mordendo suavemente — imagino que em seu país tenha doces tão deliciosos quanto aqui… Ou o senhor cavaleiro é de Guinness? — o silêncio prosseguiu. Elizabeth cerrou os olhos, descontente, mas rapidamente voltou para a aparência alegre
“O senhor cavaleiro me parece um homem muito tímido, se estiver muito envergonhado para falar, basta acenar e compreenderei suas respostas — pela primeira vez, ele acenou e Elizabeth abriu um sorriso ainda maior. Estava finalmente conseguindo alguma coisa — Por que não fazemos um breve passeio? — ele lançou um olhar de dúvida ao salão e ela compreendeu seus receios — podemos fazer aqui por perto, não iremos muito longe, prometo — após longos minutos de silêncio, ele assentiu — perfeito! — exclamou alegre, oferecendo o seu braço ao qual ele enlaçou após alguns minutos exitantes.
Os dois iniciaram uma curta caminhada pelos graciosos jardins que se desdobravam ao seu redor. A relva verde e sempre bem cuidada resplandecia naquela tarde moderavelmente quente. Ao observar o elmo do homem que brilhava sobre o sol, sentiu pena dele, pois o simples contato de seu braço desnudo com o braço metálico a incomodava devido ao calor.
— Pobrezinho de você, deve estar suando muito debaixo dessa armadura, deveria tirá-la — sugeriu com uma voz doce, mas ele negou — compreendo, por que não nos refugiamos em uma sombra? Não quero que meu querido convidado derreta sobre o sol — brincou. Ela podia jurar que através da armadura, escutou uma risada baixa e aveludada. Ambos se encaminharam em direção a uma árvore de copas largas que produzia uma sombra refrescante e agradável. Ela colocou a bandeja de lado, não sem oferecê-la uma última vez ao seu acompanhante — tem certeza de que não quer? Preparei especialmente para você — ele negou uma vez mais — pelo visto o meu convidado não gosta de doces — observou, os colocando de lado definitivamente. Ela se virou para o homem:
— vi que seus amigos estão conversando com o meu pai, parece ser algo muito importante — ela iniciou a conversa, o analisando cuidadosamente, ele não fez nenhum gesto que lhe indicasse algo — admito que fui pega de surpresa com a chegada de todos vocês, se soubesse estaria na porta para recebê-los, uma pena que nem sempre estou a par do que acontece no palácio — o cavaleiro se mexeu, parecia inquieto — oh! Me desculpe se lhe incomodei com minhas palavras… — rapidamente ele negou com a cabeça — não foi isso? Então… — antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, ele se levantou dando início a uma caminhada veloz.
— Ei, me espere — Elizabeth tentou alcançá-lo, mas sem sucesso. Mesmo com toda a armadura, ele ainda era mais rápido do que a princesa. Frustrada pelos seus planos terem ido por água abaixo, ela se recostou no banco, encarando o último doce. Ela o apanhou e devorou silenciosamente.
Era início da noite. O sol já tinha se posto há alguns minutos e Elizabeth estava pronta para um sono reparador. Após desfrutar da bandeja farta de doces durante a tarde, não se sentiu inclinada a participar do jantar, embora que pelas informações pescadas durante o dia, ela não seria convidada a se fazer presente no banquete que seu pai organizou às pressas para os visitantes.
A princesa se sentou em frente à penteadeira e começou a pentear os seus longos cabelos.
— Deveria pedir por minha ajuda — Karine disse, surgindo ao lado de Elizabeth.
— Com esse seu mau-humor, tenho medo que me deixe careca — retrucou, passando a contragosto o pente a Karine. Ao contrário do que esperava, a criada penteou os seus cabelos com a mesma delicadeza de sempre.
— Quem sabe assim aprendesse algo.
— Não pode me julgar por ser curiosa.
— Curiosidade de mais só traz problemas — Elizabeth deu de ombros.
— Para mim traz diversão, por exemplo, esta tarde encontrei uma companhia muito agradável… Ai! — Elizabeth sentiu um puxão em seus cabelos momentaneamente — você me prometeu!
— Não prometi nada… Mas como assim companhia agradável?
— Um dos visitantes… Ai, tudo bem, pode cessar fogo — Elizabeth se levantou bruscamente, massageando o couro cabeludo que doía devido aos puxões.
— Cessar fogo?
— Sim, eu sei que não segui as ordens de meu pai.
— E me enganou .
— Eu não te enganei, eu realmente pensei ter visto fogo, acho que é o tédio me dando alucinações — Karine bufou, irritada.
— Por favor, guarde suas artimanhas para outros. Crescemos juntas, conheço cada pedacinho dessa sua mente maliciosa.
— Não acredito do que está me acusando! — Elizabeth fez ar de ofendida, mas Karine pouco se importou.
— Por favor, estamos só nós duas, não precisa ser dissimulada comigo.
— Dissimulada? — Elizabeth exclamou — é melhor que peça desculpas.
— Sem chance — Karine cruzou os braços. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, sentiu um impacto macio em seu rosto e algumas penas de ganso voando pelo quarto — ora sua… — rapidamente, Karine pegou outro travesseiro e jogou na princesa.
Em questão de minutos, o quarto se transformou num verdadeiro campo de batalha com penas voando por todos os lados. Em algum momento, a briga se expandiu para os corredores e Elizabeth se viu correndo atrás de Karine com um travesseiro, espalhando um bocado de penas nos corredores.
— Você não pode fugir de mim para sempre, Karine !— ela gritou a plenos pulmões, deixando escapar uma gargalhada.
— Mas eu posso te retardar — Karine gritou de volta.
Ambas estavam tão imersas em sua brincadeira que não perceberam por onde se embrenhavam. Elizabeth começou a cansar da correria até que decidiu fazer um ultimato. Ela mirou o travesseiro em Karine que continuava correndo, se distanciando cada vez mais, até que o atirou com toda a força possível. Ele voou por alguns metros e… Ele não atingiu Karine, que já tinha desaparecido pelos corredores. O travesseiro havia caído no rosto de um estranho. Elizabeth colocou as mãos sobre a boca ao avistar o homem empapado de penas.
— Minha nossa! Me desculpe, senhor, eu não tinha te visto — ela iniciou suas desculpas se aproximando do homem que permanecia estático, parecia incrédulo com o que acabava de acontecer.
— Elizabeth! — ao ouvir a voz de seu pai chamar por seu nome, a princesa se escondeu atrás do estranho que continuava perplexo — Elizabeth, o que você… Ah, majestade, o que lhe aconteceu? — ela sabia que seu pai estava alguns metros de distância e seu coração se acelerou.
— Ainda estou tentando compreender — o homem disse, olhando de soslaio para Elizabeth que continuava escondida.
— Irei chamar por algumas criadas para lhe ajudar e… Elizabeth? O que faz escondida?
— Ahm, oi pai! — ela disse acenando com um pequeno sorriso e, ao avistar a expressão severa do rei, começou a explicar — eu… eu estava ajudando esse senhor, o pobrezinho ficou todo empenado…
— E como isso aconteceu? — ele perguntou, ressabiado.
— Como aconteceu? — os dois homens a observavam com grande interesse, esperando pela sua explicação. Naquele momento sua mente havia ficado em branco. Ela olhou rapidamente para a janela e viu um vulto bater as asas do lado de fora, uma ideia surgiu — eu estava tentando atingir um morcego.
— Um morcego? — os dois homens exclamaram ao mesmo tempo.
— Sim, um morcego. Ele entrou voando no meu quarto pela janela e eu comecei a persegui-lo. Detesto morcegos.
— Você perseguiu o morcego com um travesseiro? — seu pai perguntou, estupefato.
— Era a única arma que tinha em mãos e eu fiquei assustada — defendeu-se, recolhendo a carcaça do travesseiro.
— Poderia ter chamado pelos guardas — o homem retorquiu.
— E atarefá-los com uma besteira? Claro que não! Agora que as coisas se esclareceram, eu vou para o meu quarto — Elizabeth disse, mas antes de partir, se virou para o homem empenado. Ela estendeu a mão e tirou uma grande quantidade de penas presas sobre os cabelos negros do homem — prontinho, está um pouco melhor do que antes.
Elizabeth estava pronta para ir, quando ele a chamou:
— Não vai se juntar a nós? Seu pai me disse que estava indisposta, mas como vi agora há pouco, me parece muito melhor — Elizabeth abriu um largo sorriso e respondeu:
— Já que insiste, irei com grande prazer! — o homem ofereceu o seu braço a qual a princesa enlaçou prontamente. Ela não avistou o semblante preocupado de seu pai, que assistia a cena com grandes tremores. Sabendo que não poderia fazer nada para impedir o que quer que pudesse acontecer, ele seguiu o casal.
— A propósito, obrigada por me ajudar — ela sussurrou no sopé do ouvido do homem. Um pequeno sorriso estampava seus lábios.
— Não poderia deixar uma dama em apuros, agora me diga a verdade, estava mesmo perseguindo um morcego?
— E o que lhe faz pensar que não?
— Acredito ter lhe ouvido gritar “você não pode fugir de mim para sempre, Karine” — Elizabeth engoliu em seco e o homem lhe encarava como se a tivesse pego.
— Karine é uma espécie de morcego, o senhor não sabia?
— Karine, que bom encontrá-la, precisamos conversar mais tarde… — Elizabeth olhou para trás e se deparou com a amiga que conversava rapidamente com o rei. O homem que a acompanhava lhe lançou um sorriso afetado.
— O que foi? — perguntou, inocentemente.
— É uma grande coincidência, não acha?
— Eu sei que nesse exato momento pareço-me com uma grande mentirosa, mas isso é apenas um mal entendido — Elizabeth tentou encontrar uma maneira de ludibriá-lo, mas a expressão que ele lhe lançava deixava claro que não adiantaria continuar com suas explicações — porque não mudamos um pouco de assunto? Ainda não me disse seu nome — sugeriu rapidamente. Ele riu.
— Não se preocupe, princesa, não contarei a ninguém sobre a sua guerra de travesseiros com a empregada — instantaneamente, Elizabeth sentiu sua face corar de vergonha.
— Agradeço a discrição. A propósito, o que veio fazer no reino de Guiness? — novamente, tentou mudar o rumo da conversa.
— Eu poderia ser um de seus pretendentes — após a sua sugestão, Elizabeth arqueou uma de suas sobrancelhas.
— Seria muito tolo se considerasse pedir minha mão em casamento.
— E por quê? — Elizabeth espiou por cima de seu ombro, seu pai parecia concentrado ao ouvir Karine que falava num tom muito baixo.
— Não sou herdeira de muitas posses, como bem deve saber e certamente não sou a mais indicada para um matrimônio.
— E por que não seria? — a princesa abriu um sorriso travesso.
— Não preciso dizer muito depois do pequeno incidente.
— Eu… — antes que ele pudesse concluir sua fala, Elizabeth o interrompeu ao avistar o salão de banquetes, que naquele pequeno castelo era uma nomenclatura gentil para se referir a uma pequena sala de jantar.
— Já chegamos! — disse, apontando para a porta entreaberta que revelava muito pouco do cômodo. Ao adentrarem, ela avistou ao todo onze homens corpulentos sentados sobre a mesa. Pela expressão carrascosa, pareciam impacientes pela demora dos anfitriões.
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