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^^^Para os corações que amam sem saber a quem, que carregam o mistério e a esperança de um sentimento ainda sem nome.^^^
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...𝔸𝕘𝕟𝕖𝕤 ℂ𝕒𝕤𝕥𝕚𝕝𝕙𝕠...
A chuva caía incessante, seus ecos suaves e ritmados reverberando pela noite.
O frio era meramente um detalhe, suavizado pela proximidade calorosa do corpo de Adam.
A um passo de nós, o jardim dos Antonelli permanecia iluminado pelas luzes da casa, criando uma aura quase etérea ao redor de nós dois.
- Estão olhando? - perguntei, a voz quase um sussurro, com um gesto furtivo, olhei para a fachada iluminada da casa dos Antonelli, sentindo o peso da situação.
Os olhos de Adam seguiram o meu gesto, avaliando a fachada da casa com uma calma calculada, que chegava a ser dolorosa.
Lentamente, ele desviou o olhar para mim, seus lábios curvando-se em um sorriso que exibia aquela covinha indesejadamente sedutora.
Muito sedutora.
- Claro que estão. Não iriam perder isso por nada - respondeu Adam, a confiança em suas palavras quase tangível.
A cena, que havíamos planejado com tanto cuidado, estava agora em plena exibição.
Ele se aproximou, seus passos quase inaudíveis sobre a grama molhada.
Com um gesto delicado, colocou a mão em meu rosto, sua pele quente contrastando intensamente com o frio da chuva.
Meu coração começou a bater com uma força descontrolada, seu ritmo acelerado ressoando em meus ouvidos.
Os cabelos claros de Adam, agora tingidos de um tom marrom profundo pela luz refletida, emolduravam seu rosto com uma intensidade inesperada.
Seus olhos azul-escuros, profundos e penetrantes, fixavam-se em mim com uma intensidade que parecia perfurar meu próprio desespero.
Diante dele, eu me sentia minúscula, uma figura frágil e pequena frente à montanha de força e presença que ele era.
O contraste entre o tamanho dele e a minha estatura nunca foi tão evidente; talvez eu fosse realmente muito baixa, ou talvez a enormidade de Adam fosse um novo e aterrorizante reconhecimento.
A pergunta ecoava em minha mente, cada vez mais insistente: aonde havia me metido?
A cena era um jogo, uma encenação calculada, mas o que exatamente eu estava prestes a perder?
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𝔸𝕘𝕟𝕖𝕤 ℂ𝕒𝕤𝕥𝕚𝕝𝕙𝕠
● Alguns dias antes
Estudar na cidade era uma oportunidade que a minha família, sabia ser valiosa.
Minha mãe sempre dizia que o meu nome me levaria a lugares que jamais imaginava.
Família Castilho, dona de umas das maiores fazendas produtora de algodão, famoso ouro branco da nossa região, ficando empatada apenas com os Antonellis, produtores de soja.
Contudo, por trás das paredes de cimento e as luzes artificiais, o meu coração mantinha-se ancorado na fazenda.
As férias eram a época mais aguardada, um intervalo dourado onde o ritmo frenético da cidade dava lugar ao compasso sereno do campo.
Retornar à fazenda era mais que uma simples viagem; era um retorno às minhas raízes, uma reconexão com o que fazia meu espírito vibrar.
As memórias de infância se misturavam com o presente, e a cada passo no chão batido, sentia a alegria pulsar novamente, como o primeiro raio de sol que ilumina um novo dia.
Foi ali que passei a minha infância e adolescência, rodeada pela liberdade de andar a cavalo, subir em árvores e ordenhar vacas. Nunca tive talento para a cozinha ou para o bordado, atividades que deixavam minha irmã mais velha, Katarina, ainda mais próxima do ideal de perfeição em nossa casa.
Ela sempre foi delicada e habilidosa nas artes culinárias.
Totalmente o meu oposto, tudo bem, não gosto mesmo de cozinhar.
Nossa fazenda que sempre foi vizinha dos Antonelli, foi o cenário onde construí uma amizade especial, particularmente com Liam.
Apesar da distância que nos separava, nossa conexão se manteve firme.
...
- Agnes! - exclamou minha mãe, visivelmente surpresa ao me ver entrar pela porta com a grande mala.
- Oi mãe! - abri os braços para um abraço caloroso.
- Agnes Castilho! Devia ter me avisado que viria. - ela protestou, abafada pelo meu abraço.
- Não teria graça.
- Que saudade, filha.
O abraço apertado foi finalmente desfeito, deixando minha mãe ainda em estado de estase.
Pego minha mala e subi para meu antigo quarto, que permanecia inalterado desde a última vez que fui embora, como nos últimos cinco verões em que retornava à fazenda.
A cômoda ainda exibia fotos, desenhos colados no espelho e ursinhos de pelúcia sobre a cama.
A parede ainda ostentava aquele rosa pastel que eu tanto adorava.
- AAAH! - respirei fundo e soltei o ar ao me atirar sobre a cama.
Como é bom estar em casa.
...
Desci para a sala de jantar, onde a mesa estava abundantemente coberta de frutas e iguarias, e o aroma envolvia a casa com uma presença quase palpável.
- Pra quem é tudo isso? - perguntei, perplexa.
- Para você. Está muito magrinha, filha. - respondeu minha mãe com um tom preocupante.
- Não estou, mãe. - resmunguei com uma careta.
Era um discurso que conhecia bem, e que, invariavelmente, acabava resultando em alguns quilos a mais a cada visita.
A porta da sala se abriu e os passos de Katarina se fizeram ouvir.
Ela entrou, delicada em seu vestido que realçava suas curvas.
- Agnes! - exclamou, surpresa.
- Katarinaa. - fui em sua direção para um abraço caloroso.
- Por que não me avisou? AAH! VOU TE MATAR! - ela declarou, enquanto me envolvia em um abraço apertado.
Seus olhos caramelo estavam brilhando com uma mistura de saudade e raiva, o que fez meu sorriso se alargar.
- Não teria graça, irmã. - respondi, enquanto tentava me libertar um pouco do seu aperto.
**𝔸𝕘𝕟𝕖𝕤** **ℂ𝕒𝕤𝕥𝕚𝕝𝕙𝕠**
A luz do sol, filtrada pela fresta da janela, tocava suavemente meu rosto, acordando-me de um sono profundo. Abri os olhos e, com um leve sobressalto, me lembrei onde estava.
Reclinei-me novamente, olhando para o teto enquanto o canto do galo anunciava que o dia começara, trazendo uma onda de nostalgia.
O aroma do café fresco me puxou da cama.
Depois de me arrumar, desço sentindo o aroma do café permear a casa, e o som familiar do relógio na sala, com seu tique-taque regular, marcava a manhã ainda cedo.
- Bom dia! - chamei ao entrar na cozinha.
- Bom dia, querida. - respondeu minha mãe com um sorriso caloroso.
- Pai! - exclamei ao vê-lo.
Sempre atento e exemplar, meu pai tinha estado ocupado no dia anterior com a plantação.
Era o meu exemplo.
- Como está minha princesa? - perguntou ele ao me abraçar.
- Estou ótima, pai. - respondi, sentindo-me profundamente em casa.
A presença da minha família sempre me proporcionava um sentimento reconfortante, como se eu pudesse voltar sempre que o mundo se desmoronasse ao meu redor.
- E como andam as coisas na cidade grande? - ele perguntou, enquanto tomava um gole de café.
- Tudo bem. - respondi. - Uma correria como sempre.
Menti, ou talvez não.
A verdade era que as coisas estavam incrivelmente estressantes e sobrecarregadas.
O trabalho de quem opta por se formar em agronomia não é fácil, e atualmente estava provisoriamente ensinando na Universidade de Agronomia onde havia me formado.
Era um sonho realizado, mas não o de ser professora; este era apenas um desvio na estrada dos meus próprios anseios.
Eu sabia que era capaz de mais, e que um dia retornaria à fazenda para realmente exercer minha paixão pela agronomia, a área onde meus verdadeiros talentos poderiam brilhar.
...
- Katarinaa. - gritei da sala.
- O que foi?
- Por que não vamos à fonte?
A fonte estava em nossas terras, de onde surgia o rio que passava pelas demais propriedades. O local era um pouco afastado e exigia atravessar um pasto de vacas.
- Agora? Não vai dar, temos que ajudar a Flora com a comida.
- Sério? Quem vem almoçar aqui hoje? - perguntei, sabendo que isso significava ajudar.
- Os Antonellis.
- Não me diga que ainda fazem isso todo mês?
Era uma tradição familiar: todos os meses, nos reuníamos para almoçar juntos, alternando as casas.
Flora, a cozinheira e amiga de longa data, apareceu na porta da cozinha.
- Meninas, não precisam me ajudar.
- A gente quer, Flora. - Katarina estreitou os olhos para mim, indicando que eu ajudaria.
- Ela não quer ir comigo à fonte, Flora, então eu vou e quando voltar ajudo vocês. Pode ser?
- Claro, querida. - respondeu Flora com um sorriso carinhoso.
Flora era um amor de pessoa, e eu a apreciava profundamente.
- Fugindo, né? - ouvi Katarina comentar enquanto saía apressada pela porta da sala.
...
Caminho um pouco até passar pelo pasto, que estava vazio, o que foi um alívio.
Segui pela trilha e, pouco tempo depois, cheguei à fonte. O lugar quase não havia mudado; parecia ainda mais bonito.
A água cristalina fluía calmamente, rodeada por árvores verdes que davam acesso à mata. O som suave da correnteza e a visibilidade dos pequenos peixes na água criavam uma cena mágica.
Mergulhei de corpo inteiro na água fria, sentindo o frescor envolver minha pele. Fiquei ali por alguns minutos, imersa na tranquilidade e na beleza do lugar, antes de voltar.
Retornei pelo mesmo caminho até o pasto.
Quando passei pela cerca e caminhei até a metade, avistei uma vaca sozinha me observando com curiosidade.
O frio na espinha foi imediato.
- Calma, garota! - falei, tentando acalmar a vaca com passos largos em minha direção.
Balançando os braços em uma tentativa inútil de afastá-la, comecei a correr. A cerca estava próxima, e eu precisava atravessá-la sem me ferir.
O som do chocalho de metal no pescoço da vaca aumentava, indicando que ela também corria atrás de mim. Ao tentar passar pela cerca em desespero, minha blusa se engancha no arame farpado, e eu caí ao chão.
- Não, não... - murmuro, tentando continuar apesar do emaranhado.
- Ou, ou, calma.
De repente, uma voz forte e grave interrompeu a situação.
Ao olhar vejo um homem com um chapéu, parado diante de mim com os braços abertos, impedindo a vaca de se aproximar.
Ele passou uma corda ao redor da cabeça do animal, fazendo carinho para acalmá-lo.
A vaca, ainda desconfiada, se afastou lentamente, presa pela corda que ele havia colocado.
Soltei a respiração que havia prendido sem perceber.
- Perdida? - o homem perguntou, arqueando as sobrancelhas enquanto me ajudava a levantar com um gesto de mão estendida.
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