Capítulo 1: O Encontro do Destino
A cidade de Orta era pequena, cercada por montanhas que escondiam antigos mistérios. Mariana vivia lá desde que se lembrava. Ela era uma jovem comum, trabalhava em uma pequena biblioteca e tinha uma vida tranquila, embora, às vezes, sentisse que algo em seu destino esperava para acontecer. Seus dias se repetiam, mas ela gostava da simplicidade de sua rotina. Entre livros e caminhadas pela praça central, o mundo parecia estável, e ela não esperava grandes surpresas.
Certo dia, uma tempestade desabou de repente sobre Orta, uma força inusitada para a estação. Mariana estava fechando a biblioteca quando, ao sair, foi surpreendida pela ventania. Correu para se abrigar sob a marquise de um prédio antigo, mas a chuva caía com tanta força que quase a cegava. Foi nesse momento que ela viu um homem estranho parado no meio da praça.
Ele estava completamente seco, mesmo sob a tempestade furiosa. Sua aparência era incomum. Alto, de feições perfeitas, e seus olhos brilhavam como relâmpagos. Mariana sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Havia algo nele que era ao mesmo tempo fascinante e assustador.
Curiosa, ela se aproximou, e assim que seus pés tocaram a borda da praça, a tempestade cessou abruptamente. Um silêncio incomum tomou conta do lugar. O homem virou-se lentamente, e quando seus olhos se encontraram, Mariana sentiu uma onda de poder invisível ao seu redor.
“Você está bem?”, ela perguntou, apesar da estranheza da situação. Sua voz soou mais frágil do que esperava.
Ele sorriu levemente, como se já soubesse quem ela era. "Você não sabe quem sou, Mariana?" A maneira como ele pronunciou seu nome fez o coração dela bater mais rápido. Como ele sabia seu nome?
“Eu sou Evander,” ele continuou, “deus dos ventos e das tempestades, e estive esperando por você.”
Mariana riu nervosamente. "Isso deve ser uma piada, certo?" disse ela, ainda incerta sobre o que estava acontecendo.
Evander deu um passo à frente, e o chão sob seus pés pareceu vibrar levemente. “Eu não brinco, Mariana. Sua vida sempre esteve destinada a se cruzar com a minha. Você foi escolhida pelos deuses há muito tempo, e agora chegou o momento.”
Ela deu um passo para trás, o coração disparado, sem saber se deveria fugir ou ouvir o que ele tinha a dizer. Mas algo na voz de Evander era irresistível, como se ele estivesse puxando uma corda invisível que ligava suas almas.
“Escolhida? Escolhida para o quê?” Ela conseguiu perguntar, apesar do nó em sua garganta.
“Para se tornar minha esposa,” ele disse calmamente, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Mariana congelou. Aquelas palavras giravam em sua mente, mas não faziam sentido. Como uma pessoa comum poderia ser esposa de um deus? No entanto, no fundo de sua alma, algo parecia reconhecer aquelas palavras, como se uma memória antiga e esquecida estivesse sendo trazida de volta à superfície.
“Eu não sou especial,” ela murmurou, quase como um protesto. "Sou só uma bibliotecária."
Evander se aproximou ainda mais, sua presença esmagadora. “Você é muito mais do que isso, Mariana. Acredite em mim, sua verdadeira natureza será revelada com o tempo. Mas agora, precisamos partir. Sua vida está prestes a mudar para sempre.”
A mente de Mariana estava em turbilhão, mas antes que ela pudesse responder, o vento voltou a soprar ao redor deles, formando uma espécie de vórtice. Evander estendeu a mão para ela. "Venha comigo, Mariana. Não há como voltar atrás agora. O destino já foi selado."
Olhando para a mão dele, Mariana soube que sua vida nunca mais seria a mesma. Ela tinha uma escolha a fazer: permanecer em sua vida comum ou mergulhar no desconhecido ao lado de um deus.
Com um último suspiro de hesitação, ela pegou a mão dele.
E então, o vento os levou.
Mariana não sabia o que pensar. A mão de Evander, quente e firme, segurava a dela com um toque ao mesmo tempo reconfortante e assustador. O vórtice de vento ao redor deles crescia, e o mundo que ela conhecia parecia se dissolver. As luzes da praça e as construções de Orta ficaram distantes, como se estivessem sendo engolidos por um turbilhão. O ar ao seu redor era espesso e, por um breve momento, tudo ao seu redor parou.
Ela fechou os olhos, o coração disparado. Quando os abriu novamente, já não estava mais na pequena cidade que conhecia. O cenário ao redor era completamente diferente.
Mariana agora se encontrava em um vasto campo de colinas ondulantes, o céu acima de um azul tão profundo que quase doía aos olhos. As nuvens se moviam com uma velocidade estranha, como se fossem seres vivos. O ar era puro, e uma brisa suave, muito diferente do vento feroz que a trouxera ali, acariciava seu rosto. Ao longe, montanhas imponentes cortavam o horizonte, e sobre elas pairavam nuvens densas que relampejavam silenciosamente, como se estivessem sempre à beira de uma tempestade.
Ela olhou para Evander, que agora parecia ainda mais imponente. Sua figura resplandecia sob a luz do sol, e seu semblante tranquilo não mostrava nenhuma dúvida. Ele observava Mariana atentamente, esperando que ela processasse o que estava acontecendo.
"Que lugar é esse?" ela perguntou, com a voz trêmula.
"Você está no meu domínio agora", respondeu Evander. "Este é o Reino dos Ventos, meu lar. Aqui, o tempo obedece à minha vontade, e os céus respondem aos meus desejos."
Mariana respirou fundo, tentando encontrar algum sentido no que ele dizia. Seu lar? Deus dos ventos? Aquilo parecia impossível. Era como estar em um sonho, mas tudo era absurdamente real — o cheiro da grama, o toque suave da brisa, o calor do sol em sua pele.
"Por que eu?" perguntou, sentindo uma pontada de angústia. "Por que fui escolhida?"
Evander se aproximou, seus olhos brilhando com uma mistura de intensidade e gentileza. "Há muito mais em você do que pode imaginar, Mariana. Seu destino está entrelaçado com o meu. Há tempos, os deuses vislumbraram uma ligação entre nós, algo que transcende o tempo. Você tem uma força interior, uma conexão com o equilíbrio natural que nem você mesma conhece."
Ela franziu o cenho. "Conexão? Eu sou apenas uma bibliotecária, vivo uma vida normal..."
"Normal?" Evander sorriu, mas não era um sorriso de zombaria. "A normalidade é apenas uma percepção limitada do que você conhece. Há muito mais além disso. A partir do momento em que você tocou minha mão, sua vida antiga ficou para trás."
Mariana sentiu um frio na espinha. "Então, eu nunca mais vou voltar?"
Ele ficou em silêncio por um momento. "Você ainda pode voltar, se realmente desejar. Mas saiba que, se o fizer, as forças que já foram colocadas em movimento não poderão ser desfeitas. Algo maior está em jogo, algo que você ainda não compreende. Você tem um papel a desempenhar entre os deuses."
"Eu? Entre os deuses?" Ela mal conseguia acreditar nas palavras que saíam da boca dele. Tudo o que sabia sobre mitos e lendas agora parecia estar se desdobrando diante de seus olhos. "E se eu não quiser isso?"
Evander deu mais um passo em sua direção, seus olhos fixos nos dela. "O destino é uma força poderosa, Mariana, mas o livre-arbítrio também. Você ainda pode escolher. Mas se decidir ficar, precisará aprender a viver entre os imortais."
Ela o encarou, as palavras dele se repetindo em sua mente. O peso da escolha que tinha nas mãos era imenso. Seu coração batia forte, como se soubesse que algo mais profundo estava em jogo.
"Se eu ficar, o que isso significa para mim?" ela perguntou, a voz quase um sussurro.
Evander sorriu suavemente. "Significa que você se tornará minha esposa. E juntos, vamos governar os ventos e tempestades, equilibrar o caos e a ordem do mundo natural. Você descobrirá que não é uma mera humana. Há um poder adormecido dentro de você, esperando para ser despertado."
As palavras dele ressoavam como trovões distantes. Ela olhou para o vasto céu acima e sentiu, pela primeira vez, uma curiosidade ardente sobre esse novo mundo. Havia tanto que ela não entendia, mas, ao mesmo tempo, sentia uma estranha familiaridade, como se já pertencesse àquele lugar.
"Eu... eu não sei se estou pronta para isso," ela murmurou.
Evander inclinou a cabeça, sua expressão compreensiva. "Ninguém nunca está realmente pronto, Mariana. Mas às vezes, é no inesperado que encontramos nosso verdadeiro caminho."
O vento soprou ao redor deles, suave e constante, e pela primeira vez, Mariana não se sentiu perdida, mas conectada a algo maior. Ao lado daquele deus enigmático, ela se via diante de uma escolha que não podia mais ignorar.
"Então... o que você decide?"
O silêncio que se seguiu à pergunta de Evander parecia durar uma eternidade. Mariana olhava para o horizonte, onde o céu se misturava com as montanhas ao longe, tentando encontrar respostas em meio ao caos em sua mente. Parte de si gritava para correr de volta à sua vida tranquila, mas outra parte—uma que ela mal conhecia—sentia uma estranha conexão com aquele lugar, com aquele deus.
"Eu não sei se estou pronta para abrir mão de tudo o que conheço," ela disse, sua voz baixa, mas firme. "Mas, ao mesmo tempo, há algo aqui... algo que me atrai."
Evander a observava em silêncio, seus olhos como tempestades controladas. Ele não a pressionava, apenas esperava, paciente, como o vento que sempre está presente, mesmo quando imperceptível. Mariana respirou fundo. As palavras dele ecoavam em sua mente: destino, força interior, conexão com o equilíbrio natural. Ela nunca tinha se visto como alguém especial, mas havia algo na presença de Evander que fazia com que ela questionasse isso.
"Se eu decidir ficar, o que acontece comigo?" ela perguntou, finalmente reunindo coragem para encarar aquela escolha.
"O que acontece depende de você," respondeu Evander, sua voz grave e suave ao mesmo tempo. "Se você aceitar seu papel ao meu lado, será muito mais do que imagina. A vida mortal que você conhece ficará para trás, mas em troca, você descobrirá o poder dentro de você, uma força que ressoa com a natureza, com o próprio vento."
Mariana sentiu o peso das palavras. O que ele estava oferecendo não era apenas um destino compartilhado, mas a possibilidade de descobrir algo novo dentro de si mesma. Um poder que, até aquele momento, ela jamais imaginara possuir.
"Eu ainda não entendo por que eu, entre tantas pessoas," ela sussurrou, sentindo a necessidade de respostas mais claras.
Evander deu um passo à frente, sua presença forte e imponente, mas havia uma ternura em seus olhos que a surpreendeu. "Os deuses são antigos, Mariana. O tempo deles não segue as mesmas regras que você conhece. Há eras, seu espírito foi marcado, destinado a se juntar a mim. O que você vê como uma vida comum é apenas uma fração do que realmente é."
Ela franziu a testa. "E o que sou, então?"
Ele ergueu uma das mãos, e um vento suave começou a circular ao redor dela, como se respondesse ao simples gesto dele. "Você é alguém que tem uma ligação natural com o fluxo do universo. Os ventos, a natureza, as forças invisíveis que moldam o mundo... elas reconhecem em você uma harmonia que poucos possuem. E é por isso que os deuses a escolheram."
As palavras de Evander eram incrivelmente profundas, e Mariana sentia um misto de medo e excitação. Havia algo de assustador em deixar sua vida para trás, mas a perspectiva de descobrir mais sobre si mesma, de tocar um mundo que ela mal conhecia, era igualmente tentadora.
Ela olhou para Evander novamente, e de repente, percebeu que, apesar de tudo, ele não a tratava como alguém inferior. Havia respeito em seu olhar, como se ele estivesse falando com uma igual.
"O que significa ser sua esposa?" ela perguntou, hesitante.
Evander sorriu, um sorriso que não tinha arrogância, mas sim uma calma serena. "Significa estar ao meu lado, governando os ventos e tempestades. Significa ser parte de algo maior, equilibrando as forças da natureza. Mas também significa liberdade. No meu mundo, você terá a liberdade de descobrir quem realmente é."
Ela ficou em silêncio, absorvendo aquilo. Seu coração batia acelerado, mas havia uma clareza crescente em sua mente. Mariana sempre fora uma mulher pragmática, alguém que gostava de respostas diretas. No entanto, aquele novo mundo que Evander oferecia era tudo, menos simples. Era vasto, misterioso, mas também parecia prometer um sentido mais profundo de vida.
Finalmente, Mariana tomou uma decisão. Olhando diretamente nos olhos de Evander, ela disse com firmeza: "Eu vou ficar. Quero descobrir quem sou e o que isso tudo significa."
Evander a encarou, e por um momento, ela achou que viu um relâmpago refletido em seus olhos. "Então, Mariana," ele disse suavemente, "seja bem-vinda ao Reino dos Ventos."
De repente, o vento ao redor dela começou a aumentar, mas dessa vez, não era violento. Era como uma dança, envolvendo seu corpo e seus sentidos, quase como se as próprias correntes de ar estivessem celebrando sua decisão. Ela sentiu o solo tremer levemente sob seus pés, e o céu acima parecia pulsar com energia.
Enquanto o vento girava ao redor dela, Mariana sentiu algo novo despertar dentro de si. Era uma sensação de poder, de força. Ela olhou para suas mãos e, por um momento, sentiu como se pudesse controlar o próprio ar ao seu redor.
Evander estendeu a mão novamente, e dessa vez, Mariana a pegou sem hesitação.
"Agora, começamos a verdadeira jornada," ele disse.
E assim, ao lado do deus dos ventos, Mariana deu o primeiro passo em direção a um futuro que ela nunca poderia ter imaginado.
O vento ao redor de Mariana começou a se dissipar lentamente, deixando-a com uma sensação de leveza e poder que jamais havia sentido antes. Ao seu lado, Evander a observava em silêncio, como se estivesse esperando algo. Seus olhos, com a profundidade de um céu tempestuoso, seguiam cada movimento dela, enquanto o ar ao redor deles voltava a ficar calmo, mas carregado de expectativa.
Mariana soltou a mão de Evander, ainda processando o que havia acabado de acontecer. Olhou para o vasto campo ao seu redor e para as montanhas que se erguiam à distância, sentindo-se pequena, mas ao mesmo tempo, parte de algo infinitamente maior. Havia uma estranha conexão entre ela e aquele lugar, como se cada rajada de vento, cada nuvem no céu, estivesse em sintonia com seus pensamentos.
"Então, o que acontece agora?" ela perguntou, quebrando o silêncio. "Eu disse que ficaria, mas ainda me sinto perdida. Não sei o que fazer."
Evander a observou por um momento antes de responder, sua voz calma, mas carregada de significado. "Agora, Mariana, você começará a compreender seu verdadeiro papel. O poder dentro de você não será despertado de uma só vez. Ele precisa ser cultivado, controlado. E é por isso que estamos aqui."
Ela franziu a testa. "Aqui? Esse lugar... é onde vou aprender?"
Ele acenou com a cabeça. "Este é apenas o início. O Reino dos Ventos é vasto e repleto de mistérios, muitos dos quais você terá que descobrir por conta própria. Mas primeiro, você precisa entender a força que reside em você."
Antes que Mariana pudesse responder, Evander fez um gesto suave com a mão, e o vento ao redor deles começou a mudar. De súbito, o céu escureceu levemente, nuvens se acumulando de forma rápida e precisa sobre suas cabeças. Mariana podia sentir o poder no ar, a eletricidade estática dançando em sua pele, e soube instantaneamente que não era uma tempestade comum.
"O vento, Mariana, é muito mais do que apenas uma brisa ou uma tempestade. Ele é uma manifestação de forças invisíveis, conectadas ao equilíbrio do mundo. E agora, você está ligada a ele," disse Evander, enquanto uma leve corrente de ar começava a se formar ao redor dela.
Mariana respirou fundo, tentando se concentrar. Ela podia sentir o vento ao seu redor, não apenas como algo externo, mas como uma extensão de si mesma. Era estranho, quase instintivo, como se algo em seu interior respondesse à energia que Evander estava desencadeando.
"Concentre-se," disse ele suavemente. "Deixe o vento responder a você. Não o force, apenas sinta sua presença e guie-o."
Mariana fechou os olhos, tentando fazer o que ele dizia. Por um momento, sentiu apenas o ar comum ao seu redor, mas então, algo mudou. Uma corrente suave começou a girar em torno de seu corpo, como uma dança invisível. Ela não sabia exatamente como, mas podia sentir que estava, de alguma forma, controlando aquela força.
Quando abriu os olhos novamente, viu que o vento havia respondido ao seu comando. A leve brisa que girava ao redor dela era suave, mas presente, como se estivesse à espera de suas ordens. Mariana sentiu uma onda de excitação e medo ao mesmo tempo.
"Eu... eu fiz isso?" ela perguntou, surpresa com o que tinha acabado de acontecer.
Evander sorriu levemente. "Sim, você fez. O vento respondeu ao seu chamado. Mas isso é apenas o começo, Mariana. Você está começando a entender sua conexão com as forças naturais. E esse poder que você sentiu agora? Ele pode se tornar infinitamente mais forte."
Mariana ficou em silêncio, absorvendo tudo. O vento ao seu redor estava sob seu controle, mas ela ainda mal compreendia a profundidade daquele poder. Se aquilo era apenas o começo, o que mais estaria por vir? E mais importante, quem ela se tornaria no processo?
Evander continuou, agora mais sério. "Há muito o que aprender, e o tempo não está ao nosso favor. Existem forças no mundo que não aceitarão sua ascensão tão facilmente. Outros deuses, outras entidades, podem ver você como uma ameaça. Precisamos estar prontos."
"Uma ameaça?" Mariana piscou, surpresa. "Por que eu seria uma ameaça?"
"Porque, ao lado de um deus, você não é mais uma simples mortal. Seu poder influencia o equilíbrio das forças do universo. E isso pode alterar o curso de muitas coisas. Aqueles que buscam poder absoluto sempre verão os novos como rivais."
Mariana sentiu uma nova onda de incerteza. A ideia de ser alvo de algo maior era apavorante. Ela estava apenas começando a entender seu lugar naquele novo mundo, e agora precisava enfrentar desafios que não imaginava.
"Eu não pedi por isso," ela murmurou, sentindo o peso da responsabilidade que começava a crescer sobre seus ombros.
Evander assentiu, sua expressão suave, mas resoluta. "Eu sei. Mas, muitas vezes, os maiores destinos são aqueles que não escolhemos. Você pode não ter pedido por isso, mas agora que aceitou, precisa abraçá-lo completamente. E eu estarei ao seu lado."
Mariana olhou para ele, sentindo uma mistura de gratidão e medo. Havia muito que ela ainda não entendia, muito a descobrir sobre aquele novo mundo e sobre si mesma. Mas, por ora, ela sabia que estava pronta para o próximo passo.
"Então, por onde começamos?" perguntou, com uma determinação recém-descoberta em sua voz.
Evander sorriu, como se estivesse esperando aquela pergunta. "Agora, começamos a sua verdadeira jornada. Você irá aprender a dominar o vento, a controlar as tempestades e a descobrir os segredos que o tempo esconde. Mas, para isso, precisaremos viajar ainda mais fundo no Reino dos Ventos."
E com isso, o deus dos ventos estendeu a mão mais uma vez, e Mariana, sem hesitar, pegou-a.
Enquanto o vento ao redor deles começava a crescer novamente, carregando-os para longe, Mariana soube que estava apenas começando a desvendar o mistério de sua nova vida — e que, ao lado de Evander, o desconhecido era seu novo destino.
O vento que carregava Mariana e Evander parecia diferente dessa vez. Não era apenas uma força invisível que os transportava, mas uma sensação profunda de propósito. Enquanto eles flutuavam pelo céu, as paisagens abaixo passavam em uma névoa de cores e formas, montanhas se misturando com rios e florestas, tudo se fundindo em um borrão hipnótico. Mariana apertava a mão de Evander, tentando absorver tudo o que estava acontecendo.
Depois de um tempo que ela não soube medir, começaram a descer lentamente. O ar ao redor deles se acalmou, e ela percebeu que estavam pousando em um lugar que, à primeira vista, parecia um campo vasto e desolado. No entanto, à medida que seus pés tocavam o chão, Mariana sentiu o poder sob a terra, uma energia pulsante que parecia estar escondida ali, esperando para ser descoberta.
O lugar era cercado por rochas imponentes, e no centro havia uma antiga construção de pedra, parcialmente coberta por vinhas. Não era grandiosa, mas tinha uma presença inegável, como se aquele local tivesse testemunhado eras inteiras de história.
"Bem-vinda ao Coração dos Ventos," disse Evander, sua voz calma, mas carregada de respeito. "Este é o ponto onde todas as correntes de ar do mundo se encontram. Um lugar de poder antigo, onde os deuses dos ventos vieram para aprender e se conectar com as forças que moldam o universo."
Mariana olhou ao redor, sentindo a grandiosidade invisível daquele lugar. Mesmo sem ver nenhum sinal óbvio de magia ou mistério, ela sabia que algo profundo estava presente ali. Cada rajada de vento parecia sussurrar segredos em seus ouvidos, como se o ar carregasse as vozes de espíritos antigos.
"É aqui que eu vou aprender?" ela perguntou, com um tom de reverência em sua voz.
Evander assentiu. "Sim. Aqui você começará seu treinamento. O vento, como você já começou a perceber, não é apenas uma força física. Ele responde às emoções, às intenções e à essência de quem o comanda. Mas para dominá-lo verdadeiramente, você precisará se fundir com ele. Deixar que ele flua através de você, como uma extensão de sua própria vontade."
Mariana sentiu um frio percorrer sua espinha. O que ele estava dizendo parecia simples, mas ao mesmo tempo, ela sabia que seria muito mais difícil do que apenas controlar o vento com gestos ou pensamentos. Era uma questão de se conectar profundamente com algo que, até então, sempre fora visto como uma força externa.
"Então, como eu começo?" ela perguntou, sua voz firme, mas cheia de incertezas.
Evander fez um gesto para a construção de pedra no centro do campo. "Lá dentro, você encontrará o primeiro teste. Não vou interferir, pois essa parte da jornada é só sua. O que você encontrar lá será um reflexo de sua própria força interior, de suas dúvidas e medos. Enfrente o que está por vir com coragem, e você começará a entender o que significa ser parte dos ventos."
Mariana olhou para a construção. A entrada estava aberta, mas a escuridão lá dentro parecia chamá-la, como se algo profundo e misterioso esperasse por ela do outro lado. Seu coração acelerou, e por um momento, ela sentiu o impulso de recuar. Mas algo dentro dela a empurrou para frente — talvez fosse curiosidade, talvez fosse a necessidade de provar a si mesma que pertencia àquele novo mundo.
"Eu vou," disse ela, com mais confiança do que realmente sentia.
Evander não disse nada, apenas deu um leve aceno de cabeça, seus olhos fixos nela com uma intensidade que a fez sentir como se estivesse sendo analisada a cada passo.
Mariana se aproximou da entrada. O ar ao redor parecia mais pesado, como se estivesse cheio de expectativas. Quando ela atravessou o limiar, a escuridão a envolveu, e por um momento, tudo ao seu redor desapareceu.
Dentro, o ambiente era frio e silencioso. As paredes de pedra eram lisas, e o chão parecia ser feito de algum tipo de material antigo, quase vivo. Conforme ela avançava, a escuridão começou a se dissipar, revelando uma grande sala iluminada por uma luz suave que não parecia vir de uma fonte específica.
No centro da sala, flutuando no ar, havia uma pequena esfera de luz — brilhante e pulsante, como um coração batendo em um ritmo lento e constante. Mariana se aproximou, sentindo a energia vibrar ao seu redor. Aquela luz parecia estar conectada a ela de alguma forma. Havia algo familiar naquela sensação, como se ela já tivesse encontrado aquilo antes, em algum lugar nas profundezas de sua alma.
De repente, uma voz ecoou pela sala, profunda e etérea.
"Você que busca o poder dos ventos... está pronta para encarar a verdade dentro de si mesma?"
Mariana congelou. A voz parecia vir de todos os lados, uma presença invisível que a rodeava. Ela respirou fundo, tentando controlar o medo que subia em sua garganta.
"Eu estou pronta," respondeu, sua voz firme, embora suas mãos estivessem suadas.
A luz diante dela começou a pulsar mais rapidamente, e o ar ao redor ficou denso, como se algo estivesse prestes a acontecer. A sala começou a tremer levemente, e de repente, uma rajada de vento surgiu do nada, circulando ao redor de Mariana com força crescente. A luz à sua frente explodiu em centenas de pequenos fragmentos brilhantes que se espalharam pela sala, girando em uma tempestade controlada.
Cada partícula de luz parecia se conectar ao vento, e Mariana sentiu a força aumentar ao seu redor. Seus cabelos voavam descontroladamente, e o ar parecia querer derrubá-la. Mas, ao invés de se encolher, ela fechou os olhos e estendeu as mãos, tentando sentir o fluxo ao seu redor, tentando se conectar com aquilo.
E então, algo aconteceu.
Ela sentiu uma corrente suave, uma presença quase imperceptível dentro de si, que começou a responder ao caos ao seu redor. Era como se o vento dentro dela reconhecesse o vento externo, e por um momento, tudo parou. O ar ao redor se acalmou, e a luz que girava pela sala começou a se juntar novamente, flutuando até ela.
Mariana abriu os olhos e viu a esfera de luz agora pairando sobre sua mão, como se estivesse esperando por seu comando.
Ela sorriu, sabendo que aquele era apenas o primeiro de muitos passos em sua nova jornada.
Capítulo 2: O Despertar dos Ventos
Mariana saiu da construção de pedra sentindo o peso da experiência que acabara de vivenciar. O ar ao seu redor estava tranquilo, mas dentro dela, algo havia mudado. A esfera de luz que antes flutuava na sala agora parecia estar presente em sua alma, uma parte de si mesma que havia despertado. Cada passo que ela dava era acompanhado por uma nova consciência — o vento não era mais apenas uma força externa, mas algo que respondia aos seus sentimentos e intenções.
Evander a aguardava do lado de fora, os braços cruzados e o olhar atento. Ele não disse nada imediatamente, permitindo que ela se aproximasse em silêncio. Quando ela finalmente parou diante dele, sentiu-se diferente, mais conectada ao mundo ao seu redor.
"Você passou pelo primeiro teste," ele disse, sem surpresa. "Agora você entende melhor o que carrega dentro de si."
Mariana assentiu. "Eu senti o vento de um jeito que nunca imaginei antes. Ele não é apenas uma força que eu controlo, mas algo que faz parte de mim, como se estivesse vivo."
Evander sorriu, um sorriso suave que mostrava aprovação. "Você começou a compreender. O vento é tanto uma manifestação do universo quanto uma extensão da sua própria essência. Ele se molda à sua vontade, mas também à sua emoção. No entanto, este é apenas o começo. Há muito mais que precisa ser revelado."
Mariana sentiu um misto de empolgação e nervosismo. Se aquilo que experimentara era só o começo, o que mais estaria à sua espera? Ela percebeu que estava sedenta por mais conhecimento, mais poder. Pela primeira vez, não sentia medo do desconhecido, mas sim uma curiosidade incontrolável para descobrir o que mais ela era capaz de fazer.
"Então, o que acontece agora?" ela perguntou, seus olhos brilhando com uma nova determinação.
"Agora começamos o verdadeiro treinamento," disse Evander, virando-se e caminhando em direção a uma colina próxima. "Seu primeiro teste foi entender o básico, sentir o vento como parte de você. O próximo passo será aprender a moldá-lo, a guiá-lo com precisão e intenção."
Mariana o seguiu até o topo da colina, onde a vista era deslumbrante. Do alto, ela podia ver o Reino dos Ventos se estendendo em todas as direções — vastos campos, montanhas distantes e rios sinuosos que brilhavam sob o sol. Acima, o céu estava claro, mas havia uma presença constante de movimento nas nuvens, como se o ar estivesse sempre em transformação.
"Neste reino, o vento nunca é estático," explicou Evander, olhando para o horizonte. "Ele muda constantemente, respondendo às forças invisíveis que o guiam. Você deve aprender a fazer o mesmo. O vento pode ser suave e acolhedor, mas também pode ser uma tempestade furiosa. E, como minha esposa, você deve dominar ambas as formas."
Mariana respirou fundo, sentindo o desafio que aquilo representava. Desde que chegara, havia sentido a intensidade da presença do vento, mas nunca imaginara o quanto ele podia ser complexo.
"Como eu faço isso?" ela perguntou. "Como eu posso controlar algo que parece tão... imprevisível?"
Evander virou-se para ela, seus olhos brilhando com uma mistura de sabedoria e poder. "Você não pode controlar o vento da maneira que está pensando. Não se trata de domá-lo como se fosse uma criatura selvagem. O segredo está em se harmonizar com ele, em encontrar o equilíbrio entre o caos e a calma. Apenas quando você aprender a ouvir o vento e a senti-lo profundamente, poderá direcioná-lo com verdadeira maestria."
Ele então estendeu a mão para o céu. Mariana observou atentamente enquanto uma leve brisa começava a girar ao redor dele. A princípio, parecia um simples movimento do ar, mas logo percebeu que havia algo mais acontecendo. O vento estava respondendo diretamente a Evander, moldando-se ao seu desejo. Ele o fez girar em espirais sutis, quase como se estivesse dançando.
"Veja," disse ele. "O vento não é algo que se domina com força bruta. Ele responde à intenção, à emoção e à conexão. Agora é sua vez. Sinta o ar ao seu redor e peça que ele o siga."
Mariana respirou fundo, estendendo suas mãos como Evander havia feito. Fechou os olhos e tentou se concentrar na sensação do vento contra sua pele, no som suave que ele fazia ao passar pelas folhas próximas. Por um momento, nada aconteceu. Ela sentiu a frustração começar a surgir, mas lembrou-se das palavras de Evander: não se trata de controle, mas de conexão.
Ela relaxou, permitindo que suas emoções se acalmassem, e então algo mudou. O vento ao seu redor começou a responder, de forma sutil no início, mas logo ela pôde sentir a leve brisa ao seu redor girar e se moldar conforme sua intenção.
"Isso..." sussurrou, abrindo os olhos e vendo a corrente de ar suave que formara ao seu redor. Ela ainda não era tão forte quanto a de Evander, mas estava lá. Ela tinha feito isso.
Evander assentiu com aprovação. "Muito bem. Você está começando a entender."
Mas antes que Mariana pudesse responder, o ar ao redor deles mudou de repente. Uma rajada mais forte de vento soprou, trazendo consigo uma sensação de alerta. Evander imediatamente se virou para o horizonte, seus olhos estreitando.
"Algo está errado," disse ele em tom baixo, mas firme.
Mariana olhou na mesma direção, mas não viu nada além do horizonte distante. "O que está acontecendo?"
"Não estamos sozinhos," ele respondeu, sua voz carregada de gravidade. "Há uma presença... algo antigo e poderoso se aproxima. Prepare-se, Mariana. Seu treinamento pode estar começando mais rápido do que esperávamos."
O coração de Mariana acelerou. O ar ao redor parecia mais denso, carregado de uma tensão que ela não conseguia identificar. O que quer que fosse, algo estava vindo, algo que não fazia parte da harmonia do Reino dos Ventos.
E naquele momento, Mariana soube que o verdadeiro teste estava apenas começando.
O vento ao redor de Mariana começou a aumentar, chicoteando seus cabelos e levantando a poeira ao redor. O ar carregava uma tensão quase palpável, como se algo invisível estivesse prestes a emergir das profundezas do céu. Ao lado dela, Evander estava imóvel, com os olhos fixos no horizonte, como se estivesse esperando — ou, pior, se preparando.
Mariana tentou controlar a respiração, sentindo o peso da incerteza crescer em seu peito. “O que está vindo?” ela perguntou, sua voz baixa, mas firme, apesar da agitação crescente ao seu redor.
Evander não respondeu imediatamente, mas sua postura endurecida falava mais do que suas palavras. “Uma antiga força do vento,” ele disse finalmente, sem desviar os olhos. “Algo que deveria estar adormecido.”
“Adormecido?” Ela tentou decifrar o que aquilo significava, mas o tom em sua voz indicava que o perigo era real e iminente. A cada segundo que passava, o vento ao seu redor ficava mais selvagem, como se estivesse respondendo ao que se aproximava.
De repente, o céu começou a escurecer, nuvens densas se formando com rapidez assustadora. Mariana sentiu uma onda de pavor tomar conta dela — aquilo não era uma simples tempestade. Havia algo maligno naqueles ventos, algo que parecia antinatural.
Evander finalmente se moveu, colocando-se entre Mariana e o horizonte. “Escute, Mariana,” disse ele, sua voz firme, mas com uma urgência que ela não havia visto antes. “O que quer que venha, você precisa estar preparada para enfrentar. Este será o seu verdadeiro teste.”
“O que está vindo?” ela perguntou novamente, agora com um tom de desespero. “Eu não estou pronta!”
“Você está mais pronta do que pensa,” respondeu Evander, virando-se para ela com uma intensidade nos olhos que a fez congelar. “Lembre-se do que você acabou de aprender. O vento é uma parte de você agora. Não deixe o medo obscurecer essa conexão.”
Antes que ela pudesse responder, um estrondo cortou o ar, um som tão profundo e primitivo que Mariana sentiu os ossos vibrando. O céu acima deles se partiu, e de dentro das nuvens escuras, uma figura começou a emergir — uma figura feita de vento e sombras, uma entidade colossal cujas formas pareciam mudar a cada segundo, como se fosse uma tempestade viva.
Mariana ofegou ao ver a criatura se materializar completamente. Seus "olhos", se é que podiam ser chamados assim, brilhavam com uma luz azulada intensa, e seus contornos pareciam se mover como as nuvens em um céu tempestuoso. A criatura não tocava o chão, flutuando acima deles com uma presença esmagadora. O vento ao seu redor era cortante, e cada rajada trazia um grito distante, como se centenas de vozes estivessem presas dentro de seus ventos.
“Essa é uma Ventariana,” disse Evander, sua voz baixa, mas com uma ponta de respeito e temor. “Uma antiga guardiã dos ventos. Ela não deveria estar desperta, a menos que algo tenha perturbado o equilíbrio.”
“Perturbado?” Mariana mal conseguia entender a gravidade da situação, seus olhos presos na criatura à frente. “Você está dizendo que... eu a acordei?”
Evander a olhou brevemente, sua expressão difícil de decifrar. “Não diretamente. Mas sua presença, sua ascensão ao poder, pode ter desencadeado algo. E agora, ela está aqui para testar se você realmente merece o poder que está despertando.”
O coração de Mariana disparou. A Ventariana começou a descer lentamente, o vento ao seu redor girando com fúria. Ela sentia a pressão no ar, como se o próprio mundo estivesse observando aquele momento, aguardando o que aconteceria em seguida.
Evander deu um passo à frente. “Você não pode lutar contra ela da maneira tradicional, Mariana. Não pode enfrentar uma tempestade como enfrentaria um inimigo físico. Precisa usar o que aprendeu.”
Mariana sentiu o pânico se apoderar dela. “Mas eu mal comecei a entender isso! Como posso...?”
“Confie em si mesma,” interrompeu Evander, sua voz séria, mas com um tom encorajador. “O vento é parte de você agora. A Ventariana é uma prova, um teste que todos nós, os deuses do vento, enfrentamos em algum momento. Mas você é especial. Você tem a capacidade de não só controlar, mas de se unir ao vento de formas que nem mesmo eu consigo.”
As palavras de Evander ecoaram em sua mente enquanto a criatura descia ainda mais, sua presença tornando o ar quase insuportável de tão pesado. Mariana fechou os olhos por um momento, tentando acalmar seus pensamentos, tentando sentir o vento novamente, como tinha feito antes.
Ela sentiu a brisa ao seu redor, mas desta vez havia algo diferente. O vento estava inquieto, como se estivesse hesitante. Mariana percebeu que o medo dentro dela estava interferindo na conexão, e entendeu o que Evander quis dizer. Não se tratava de forçar o vento a obedecê-la, mas de confiar em sua própria capacidade de se unir a ele.
Respirando fundo, Mariana abriu os olhos e ergueu as mãos, permitindo que o vento passasse por seus dedos. Ela tentou não pensar na criatura imensa que pairava diante dela, mas sim no que estava ao seu alcance — o vento que respondia ao seu chamado, que estava ali com ela.
A Ventariana parou de descer, como se estivesse observando, esperando. O silêncio que se seguiu foi cortado apenas pelo som do vento, que agora começava a girar suavemente ao redor de Mariana, como se estivesse aguardando suas ordens.
Ela fechou os olhos novamente, sentindo o vento aumentar ao seu redor, desta vez com mais confiança. Ao invés de lutar contra o medo, ela o aceitou, deixando que a emoção fluísse através dela. O vento começou a responder com mais intensidade, e ela o moldou, permitindo que sua energia se fundisse com a brisa crescente.
Quando abriu os olhos, viu que a Ventariana estava imóvel, observando-a. O vento ao redor de Mariana agora girava com força, formando uma pequena tempestade controlada. Ela sentiu o poder dentro de si crescendo, não como algo externo, mas como uma parte intrínseca de quem ela era.
“Você está pronta,” disse Evander suavemente, mas sua voz carregava um orgulho silencioso.
Mariana olhou para a Ventariana, que começou a se mover novamente, agora mais lentamente. O teste estava apenas começando, mas Mariana sabia que, desta vez, ela estava pronta para enfrentá-lo.
O vento, agora parte de sua própria essência, estava ao seu lado.
Mariana manteve os olhos fixos na Ventariana, sentindo o vento girar ao seu redor com uma energia crescente. A criatura continuava a flutuar à sua frente, sua forma incerta e mutável, como uma tempestade prestes a desabar. A tensão no ar era quase palpável, e, apesar da sensação de conexão com o vento, Mariana sabia que estava diante de um desafio colossal.
Evander permaneceu em silêncio ao lado dela, observando, mas sem interferir. Aquilo era mais do que um teste de poder — era uma prova de que Mariana poderia se harmonizar completamente com as forças elementais que agora faziam parte de sua alma. Ela sentia a responsabilidade pesar em seus ombros, mas também uma crescente determinação de não falhar.
A Ventariana deu o primeiro movimento. Um braço feito de pura tempestade se estendeu em direção a Mariana, e a rajada de vento que se seguiu foi devastadora. O solo ao redor dela tremeu, e pedras começaram a se levantar do chão, rodopiando no ar como se fossem penas em um tornado. O poder bruto da Ventariana era incomensurável, e Mariana precisou de toda a sua concentração para não ser arrastada pela força da criatura.
Ela respirou fundo, lembrando-se das palavras de Evander. O vento é parte de você. Harmonize-se com ele, não lute contra ele.
Em vez de tentar bloquear ou resistir à tempestade que a atacava, Mariana deixou o vento passar por ela, como se estivesse se movendo com a corrente, e não contra. Ela relaxou seu corpo e sua mente, permitindo que o fluxo de ar a envolvesse. Quando a rajada atingiu seu corpo, ao invés de ser jogada para trás, Mariana se tornou parte do movimento, deslizando pelo vento com uma fluidez que a surpreendeu.
A Ventariana hesitou por um momento, como se estivesse estudando a reação de Mariana. A criatura girou, e outra rajada mais intensa foi enviada na direção dela. Mas dessa vez, Mariana estava pronta. Com um gesto suave de suas mãos, ela guiou o vento ao seu redor, moldando-o para desviar o ataque da criatura. O ar em torno dela respondeu ao seu comando, criando um escudo invisível que se adaptava à força da tempestade.
A Ventariana rugiu, um som que parecia o eco de trovões distantes. Seus contornos tornaram-se mais definidos, e sua fúria era evidente. A entidade lançou uma sequência de rajadas violentas, ventos cortantes que rasgavam o chão e giravam como lâminas ao redor de Mariana. Mas, ao invés de recuar, ela enfrentou cada um dos ataques com uma calma recém-descoberta, permitindo que o vento fluísse ao seu redor como uma dança sincronizada.
Ela começava a entender o que Evander queria dizer sobre harmonia. Não se tratava de dominar o vento com força ou de tentar controlá-lo rigidamente. O segredo estava em fluir com ele, sentir seu ritmo e responder com confiança. Ela não estava apenas desviando dos ataques da Ventariana — estava se tornando uma com a tempestade.
Cada movimento que Mariana fazia parecia mais natural, como se estivesse redescobrindo uma parte de si mesma. As rajadas de vento, antes imprevisíveis, agora seguiam seus gestos como se fossem extensões de seu corpo. Ela se movia com a leveza do ar, seus pés quase não tocando o chão, enquanto o vento a carregava em uma dança graciosa entre os ataques da criatura.
A Ventariana rugiu novamente, frustrada com a resiliência de Mariana. Sua forma turva começou a se expandir, a tempestade em seu interior crescendo até que seu corpo inteiro se transformou em uma massa de vento e raios. A terra ao redor começou a tremer, e as nuvens acima se tornaram negras como carvão, indicando que a Ventariana estava prestes a liberar todo o seu poder destrutivo.
Mariana sentiu o coração acelerar, mas não recuou. Ela sabia que não podia permitir que o medo a controlasse naquele momento crucial. A tempestade estava prestes a desabar sobre ela, mas, em vez de temer o caos iminente, Mariana sentiu a serenidade do vento ao seu redor. Ela fechou os olhos por um breve segundo, deixando que o ar se tornasse parte de sua respiração, como se cada corrente fosse uma batida do seu próprio coração.
Quando abriu os olhos novamente, viu a criatura desabar em sua direção, uma avalanche de vento e energia. Mas Mariana, agora em perfeita harmonia com o elemento ao seu redor, ergueu as mãos e, com um gesto firme, guiou o vento em sua direção. Uma corrente de ar poderosa se formou ao seu redor, espelhando o poder da Ventariana. As duas forças colidiram, o céu acima delas tremendo com a intensidade do confronto.
O vento girava em torno de Mariana, seus cabelos flutuando como se fossem parte do próprio ar. Ela sentiu o poder dentro de si crescendo, não apenas como uma força bruta, mas como uma extensão de sua vontade. O vento não a obedecia por medo ou por comando forçado, mas porque ela era o vento, em sintonia com sua essência.
A Ventariana rugiu uma última vez antes de começar a se desfazer. Sua forma gigante e tempestuosa foi lentamente se dissipando, voltando a se fundir com o ar ao seu redor. O poder que antes a ameaçava agora se dispersava em pequenas correntes de brisa, como se a própria criatura reconhecesse a vitória de Mariana.
Quando tudo se acalmou, o vento ao redor diminuiu até que restasse apenas uma leve brisa acariciando a pele de Mariana. Ela se manteve imóvel por alguns instantes, respirando profundamente, ainda processando o que acabara de acontecer.
Evander se aproximou silenciosamente. Seu rosto, antes marcado pela preocupação, agora exibia um leve sorriso de aprovação. “Você fez mais do que passar no teste, Mariana. Você se provou digna dos ventos.”
Ela olhou para ele, ofegante, mas com um brilho de realização nos olhos. “Eu... eu consegui.”
“Sim, conseguiu,” disse ele, com uma voz suave e orgulhosa. “A Ventariana era uma prova da sua habilidade, mas também do seu coração. Agora, você não é apenas uma mortal que possui poder. Você é parte dos ventos, e eles reconheceram isso.”
Mariana sorriu, ainda tentando processar tudo. Ela sentia o vento ao seu redor com uma clareza que nunca experimentara antes, como se cada corrente fosse uma extensão de si mesma. Aquela era uma nova etapa de sua jornada, e, por mais que soubesse que havia muito mais a aprender, ela não tinha mais dúvidas de que era digna daquele destino.
“E agora?” ela perguntou, sua voz calma, mas cheia de curiosidade.
Evander olhou para o horizonte, onde o céu começava a clarear novamente. “Agora, você está pronta para os verdadeiros desafios. O poder dos ventos é apenas o começo. Haverá outras forças, outros deuses, e outras responsabilidades que virão com o seu novo papel. Mas, acima de tudo, você não está mais sozinha. Juntos, enfrentaremos o que vier.”
Mariana assentiu, sentindo a verdade das palavras dele. Por mais que o caminho à frente fosse incerto, ela sabia que, com o vento ao seu lado — e com Evander — estava pronta para o que quer que o destino reservasse.
Capítulo 3: O Eco das Tempestades
O céu estava sereno acima do Reino dos Ventos, e o silêncio era profundo, quase acolhedor, após o confronto com a Ventariana. Mariana estava sentada à beira de uma colina, contemplando o vasto horizonte diante dela. A brisa suave acariciava seu rosto, e cada vez mais, ela sentia o vento como uma extensão de si mesma, uma presença reconfortante que jamais a deixaria.
Apesar da calma ao redor, sua mente ainda estava agitada. A batalha com a Ventariana havia sido um divisor de águas. Ela havia descoberto uma parte de si que antes desconhecia, uma força que, embora poderosa, ainda parecia estranha. O fato de ser agora esposa de um deus, de carregar dentro de si o poder dos ventos, era algo que ainda não conseguia entender completamente.
Evander estava um pouco distante, observando as nuvens enquanto elas se moviam suavemente pelo céu. Mesmo quando estava em silêncio, ele emanava uma aura de força e sabedoria que Mariana começava a entender melhor a cada dia. Ele era uma parte inseparável desse reino, e, de certa forma, agora ela também era.
Mariana se levantou e foi até ele. “Evander, eu sinto que algo está errado,” disse ela, quebrando o silêncio que os envolvia. “Mesmo após a batalha com a Ventariana, há uma sensação de inquietação no ar. Como se algo ainda estivesse... se aproximando.”
Evander manteve os olhos no horizonte por mais alguns segundos antes de se virar para ela. “Você está certa, Mariana. O despertar da Ventariana foi apenas o começo. O equilíbrio dos ventos foi perturbado, e forças que estavam adormecidas há muito tempo estão começando a se agitar.”
“Então, há outros como a Ventariana?” perguntou Mariana, seu coração começando a acelerar com a possibilidade de mais desafios iminentes.
“Sim,” respondeu ele, seu tom grave. “Existem outros guardiões, forças elementares que protegem o Reino dos Ventos. Mas há também forças externas que podem ser atraídas pelo despertar do poder dentro de você. O equilíbrio que antes mantínhamos está mais frágil agora. E aqueles que desejam esse poder certamente tentarão tomá-lo.”
Mariana sentiu uma pontada de preocupação. “E se eu não estiver pronta? A Ventariana foi um teste, mas e se o próximo desafio for maior?”
Evander sorriu, um sorriso tranquilizador, mas firme. “Você está pronta, Mariana. O poder dos ventos dentro de você cresce a cada dia, mas não se trata apenas de poder. Trata-se de sua conexão com o que você agora representa. O vento é uma força de liberdade, de mudança. E essa força está em você.”
Antes que Mariana pudesse responder, uma sombra passou pelo céu acima deles. Ela olhou para cima rapidamente e viu algo se movendo nas nuvens — algo grande, rápido e predatório. A silhueta desapareceu tão rápido quanto apareceu, mas o breve vislumbre foi o suficiente para fazer o ar ao redor deles ficar mais denso, carregado de tensão.
Evander franziu a testa. “Parece que nossos inimigos estão se movendo mais rápido do que eu esperava.”
“Quem são eles?” perguntou Mariana, sua voz carregada de urgência.
“Os Filhos da Tempestade,” respondeu ele, com um tom sombrio. “Criaturas que vivem nas fronteiras do Reino dos Ventos. Eles são como predadores, alimentando-se das tempestades, das energias mais selvagens do vento. E agora, sentindo o despertar do seu poder, eles virão.”
Mariana engoliu em seco. “Então eles estão atrás de mim?”
“Não só de você,” disse Evander, olhando para as nuvens novamente. “Eles são atraídos por desequilíbrios, por oportunidades de tomar o poder para si. E, com o despertar da Ventariana e o seu próprio crescimento, o Reino dos Ventos tornou-se uma zona de interesse para eles.”
Sem esperar mais, Evander começou a caminhar em direção a um campo aberto, sua postura firme e decidida. Mariana o seguiu rapidamente, sentindo a urgência do momento. Quando chegaram ao topo da colina, puderam ver ao longe, nas bordas do reino, nuvens negras se formando. No horizonte, uma tempestade começava a ganhar forma, mas essa era diferente — mais densa, com relâmpagos que dançavam entre as nuvens com uma fúria descontrolada.
“Eles estão vindo,” disse Evander, os olhos fixos na tempestade distante. “Os Filhos da Tempestade estão se preparando para atacar.”
“Como podemos pará-los?” perguntou Mariana, sentindo uma onda de adrenalina subir por seu corpo.
Evander virou-se para ela, seu olhar sério. “Os Filhos da Tempestade não podem ser enfrentados como a Ventariana. Eles não têm uma forma física que possa ser derrotada. Eles são pura tempestade, caóticos e implacáveis. A única maneira de enfrentá-los é com uma tempestade igual ou maior.”
“Então, você quer que eu... crie uma tempestade?” Mariana piscou, surpresa. “Eu mal consigo controlar o vento ao meu redor! Como vou...”
“Você consegue,” disse Evander com firmeza. “Lembre-se, você não controla o vento. Você é parte dele. Para criar uma tempestade, você não precisa forçá-la. Precisa senti-la, permitir que ela surja de dentro de você e se manifeste. A tempestade é uma expressão da sua vontade.”
Mariana respirou fundo. Criar uma tempestade parecia impossível. O que ela havia feito até agora era controlar pequenas correntes de ar, moldá-las, mas uma tempestade? Uma força capaz de enfrentar os Filhos da Tempestade?
Ela fechou os olhos, tentando acalmar seus pensamentos. O vento ao redor estava começando a mudar, respondendo à crescente tensão no ar. Mariana concentrou-se nas sensações ao seu redor, nas pequenas correntes de ar que tocavam sua pele, na energia que pulsava dentro de seu peito.
Evander se aproximou e colocou uma mão suave em seu ombro. “Lembre-se, Mariana, a tempestade não é sua inimiga. Ela é sua aliada. Permita que ela venha até você.”
Ela assentiu, sentindo a verdade em suas palavras. O vento era parte de si agora. Não era algo a ser controlado, mas algo a ser libertado. Com uma nova onda de determinação, Mariana ergueu as mãos e deixou que o vento ao seu redor se intensificasse. As correntes de ar que antes eram suaves agora começavam a se agitar, girando em torno dela com uma força crescente.
A tempestade que se formava ao longe parecia responder ao seu chamado. O ar ficou mais pesado, e as nuvens acima de suas cabeças começaram a escurecer. Mariana sentiu o vento aumentar, cada vez mais forte, como se uma energia bruta estivesse prestes a ser liberada.
Evander deu um passo para trás, observando-a. “É isso, Mariana. Sinta o poder. Deixe a tempestade vir.”
E então, em um momento de pura clareza, ela sentiu. A tempestade não era algo que vinha de fora, mas de dentro. Ela era o vento, era o trovão, e quando abriu os olhos, relâmpagos dançaram ao seu redor, iluminando o céu.
Os Filhos da Tempestade estavam próximos, mas Mariana estava pronta. A verdadeira tempestade estava apenas começando.
Mariana sentia o poder crescendo dentro de si enquanto a tempestade ganhava vida ao seu redor. Relâmpagos cortavam o céu, e o vento rugia como um animal selvagem. Cada respiração que ela dava parecia trazer mais força ao seu corpo, conectando-a ainda mais profundamente com o reino que agora fazia parte de sua essência.
No horizonte, a tempestade dos Filhos da Tempestade avançava, e sua presença era avassaladora. Eles vinham como uma força da natureza, uma massa de escuridão e trovões, e ela sabia que não havia como fugir. Era enfrentá-los ou deixar que devorassem tudo.
Evander estava parado a alguns metros dela, observando-a com olhos firmes. Mesmo com a proximidade da ameaça, ele não parecia alarmado — sua confiança nela era inabalável, e Mariana sentia a pressão desse olhar. Ele acreditava no poder que ela poderia manifestar, mas seria ela capaz de liberar tal força no momento certo?
“Lembre-se, Mariana,” a voz de Evander cortou o rugido do vento. “Você não é apenas uma espectadora do vento. Você é parte dele. Não lute contra a tempestade, torne-se ela.”
As palavras dele ecoavam em sua mente enquanto ela fechava os olhos e se concentrava. Sentiu o vento girando ao seu redor, as correntes de ar se entrelaçando como se fossem uma extensão de seus próprios braços. O poder que havia despertado nela durante o confronto com a Ventariana parecia agora crescer, como uma chama que finalmente tinha combustível para queimar intensamente.
Ela inspirou fundo, sentindo o vento preencher seus pulmões. Cada corrente de ar, cada impulso da natureza ao seu redor, era como um eco de sua própria alma. Quando abriu os olhos novamente, a tempestade que se formava dentro dela se conectou com a que avançava no horizonte. Era como se as duas forças se reconhecessem, preparando-se para um embate.
“Você está pronta,” disse Evander, caminhando em sua direção. “O destino do Reino dos Ventos está em suas mãos agora.”
Mariana olhou para ele, sentindo o peso daquelas palavras. Ela não era mais uma simples mortal, alguém alheia ao poder ao seu redor. Estava se tornando parte de algo muito maior, e aquela era sua primeira prova de fogo.
Os Filhos da Tempestade avançaram. Suas formas nebulosas eram visíveis agora, criaturas sem forma definida, mas com uma energia caótica e destrutiva. Cada uma delas parecia carregar a fúria de mil tempestades, e elas vinham para destruir tudo em seu caminho.
Mariana sentiu o vento ao seu redor se agitar, respondendo ao perigo iminente. O ar ficou mais pesado, e os trovões começaram a ressoar acima de sua cabeça. Seu coração batia mais rápido, mas, ao invés de sentir medo, ela sentiu algo diferente: uma calma intensa. Ela sabia o que precisava ser feito.
Sem hesitar, ergueu as mãos, e o vento ao seu redor começou a se intensificar. O ar girava como um vórtice, cada vez mais rápido, e Mariana se tornou o centro de uma tempestade crescente. Ela podia sentir a energia pulsando através dela, o poder que a conectava diretamente aos ventos. Cada movimento seu moldava a tempestade, e cada batida de seu coração fazia o céu ao seu redor vibrar com mais força.
A primeira das criaturas chegou até ela, uma massa disforme de nuvens escuras e relâmpagos. O rugido da criatura era como o de um tornado furioso, mas Mariana não recuou. Ao invés disso, ela canalizou o poder da tempestade que havia criado, liberando uma onda de vento devastadora em sua direção.
O impacto foi colossal. As correntes de ar se chocaram com a criatura, e Mariana sentiu o poder reverberar pelo ar. Por um momento, parecia que a criatura iria resistir, mas então ela começou a se desfazer, suas nuvens escuras sendo despedaçadas pela força do vento de Mariana. Em poucos segundos, a primeira das entidades desapareceu, dissolvendo-se no ar.
Mariana mal teve tempo de processar a vitória antes que as outras criaturas atacassem ao mesmo tempo. Elas vinham de todas as direções, cada uma carregando um pedaço da tempestade que destruía tudo ao seu redor. Mas Mariana, agora em perfeita harmonia com os ventos, não hesitou. Ela girou no lugar, suas mãos guiando o fluxo de ar ao seu redor, e uma nova tempestade surgiu de sua vontade.
O vento girava em círculos, criando um escudo ao redor dela e de Evander. Os Filhos da Tempestade investiram contra o redemoinho de vento, mas cada vez que se aproximavam, eram repelidos pela força que Mariana controlava. Relâmpagos explodiam no céu, e o trovão reverberava pela terra, mas a tempestade de Mariana era inabalável.
“Você está conseguindo!” gritou Evander, sua voz cheia de orgulho. “Continue, Mariana! Eles não podem vencer você!”
Mariana sentiu o poder dentro de si atingir seu auge. Ela não estava mais apenas comandando a tempestade — ela era a tempestade. Cada batida de seu coração fazia o vento girar mais rápido, e cada pensamento seu moldava o curso da batalha. As criaturas restantes tentaram avançar, mas uma última explosão de vento varreu o campo, dissipando-as completamente.
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. As nuvens escuras começaram a se dissipar, e a tempestade ao redor de Mariana acalmou-se lentamente. Ela respirava pesadamente, ainda sentindo o eco do poder dentro de si, mas sabia que o perigo havia passado.
Evander se aproximou, o olhar dele refletindo um misto de admiração e respeito. “Você fez isso, Mariana. Você derrotou os Filhos da Tempestade.”
Ela olhou para ele, ainda tentando processar o que havia acabado de acontecer. “Eu... não sabia que tinha tanto poder.”
Evander sorriu suavemente. “O poder sempre esteve dentro de você. Tudo o que eu fiz foi ajudá-la a descobri-lo.”
Mariana olhou para o horizonte, onde o céu agora estava claro novamente. Ela havia passado no primeiro grande teste de sua nova vida, mas sabia que ainda havia muito mais por vir. Contudo, naquele momento, sentia-se pronta. O poder do vento não era apenas uma arma — era parte de quem ela era agora.
Ela se virou para Evander, com uma nova confiança em seu olhar. “E agora? O que vem a seguir?”
Evander deu um passo à frente e olhou para o horizonte ao lado dela. “Agora, Mariana, você está pronta para entender o verdadeiro propósito do poder que você carrega. O Reino dos Ventos tem muitos segredos, e você é a chave para revelar todos eles.”
Mariana respirou fundo, sentindo o vento acariciar seu rosto. Ela estava pronta.
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