A guerra havia acabado, todos gritavam no campo de batalha, celebrando mais uma conquista para o Império de Enya e a Igreja dos Três Santos. Todos estavam felizes por poderem voltar para casa depois de cinco anos de campanha militar ao sudoeste do continente.
O desejo do império em recuperar o território de Lagoa Azulada dos demônios era grande, e a Igreja dos Três Santos fez jus à Santa Guerra ao buscar aquele pequeno território.
Muito sangue foi derramado naquele lugar, em um solo considerado sagrado por todos nós. Mesmo assim, aquilo não foi em vão. Os mais religiosos rezavam à Deusa Mãe em agradecimento por terem sido salvos e outros pelo perdão pelas vidas que tiraram.
Nós, os sacerdotes da Igreja dos Três Santos, banhávamos o solo para purificá-lo de todo mal que ainda poderia haver em Lagoa Azulada, e também rezávamos pelos mortos do nosso lado:
“Que a Deusa Mãe os receba em seu doce seio”, sussurrei com as mãos juntas.
Olhei novamente para o céu, que parecia cada vez mais se abrir e nos abraçar com uma luz de libertação.
Sorri outra vez, vendo a alegria dos meus companheiros ali, todos vivos. Tive que engolir meu choro; não era a hora de chorar. Todos estavam felizes por estarem vivos naquele momento.
Os soldados começaram um cântico de guerra em uníssono, chamando por seu herói naquele momento, que estava retirando sua espada do corpo de um demônio azul, o último daquele campo de batalha.
“Herói! Herói!” exclamavam os soldados para uma única pessoa que foi o centro de toda a campanha de libertação.
“Saúdem o Herói Hiraeth!” gritaram os soldados.
Ali estava o herói de todos, nascido nas periferias da capital de Kyrios, alguém que talvez nem soubesse o que o mundo lhe reservava. Antes, a armadura dada pelo exército da Igreja nem cabia e parecia que iria desmoronar a qualquer momento. Vê-la daquele jeito me fez refletir sobre todas as provações que passamos até chegar aqui.
Seu corpo não parecia nem um pouco machucado, como um verdadeiro herói das histórias que ouvíamos quando éramos crianças no orfanato. Sua armadura, desta vez, cabia muito bem nela, já que foi reconhecida como comandante daquele esquadrão.
O sangue dos nossos inimigos escorria como água em sua armadura, sua pele manchada pelo sangue deles. Ela jogou seu curto cabelo para trás e ergueu a bandeira com o leopardo dourado do Império de Enya, gritando:
“Que a Deusa Mãe esteja conosco!”
Todos repetiram o que ela havia dito, seu nome ecoando como uma canção de batalha.
Nossos olhares se encontraram naquela grande multidão de pessoas e corpos. Outros homens a levantaram no alto, erguendo-a como um herói das lendas.
Seu sorriso era algo que sempre me encantava. Meu coração palpitou rápido com aquele sorriso encantador, apesar de sua aparência não ser agradável naquele momento.
Todavia, isso não importava. Todos estávamos felizes. Depois de cinco anos, depois de tudo o que o destino nos reservou, choramos de doce felicidade naquele campo de batalha conquistado. Mas agora era a hora de retornar.
Retornar para Enya, para casa.
A derrotara dos demônios azuis trazia uma era de paz no continente, fazendo que tudo voltasse a harmonia como deveria ser, ou como a igreja queria.
No campo de batalha, ainda se recuperando dos feridos, recolhendo os corpos, os soldados de Enya se reuniam para comemorar mais uma vez, pela liberdade que teimaram em conquista depois de cinco anos.
“Viva aos nossos Heróis!” gritou um dos soldados
Outros gritaram Viva de volta e ergueram os corpos altos, felizes por poderem voltar para casa.
Naquele campo de batalha, a linha de frente contra o exército azul, tinha apenas três heróis: Hiraeth, Sasha e Jonathan, a principal frente da igreja dos Três Santos.
Eles se reuniam entre os soldados, com exceção de Jonathan que pertencia a uma família aristocrática do Império, Sasha e Hiraeth eram bem familiarizada com os soldados, que em sua maioria, aqueles que não tinha títulos de paladinos ou cargos altos no exército, eram da periferia da capital ou órfãos da Igreja.
Hiraeth ria entre os soldados, aquele que a nomearam descaramento como um "Herói" humilde demais para tamanho poder divino.
Este herói estava um pouco bêbado.
Jonathan havia se juntando a eles logo depois, mas Sasha permanecia escondida com os demais feridos, os curando com as suas altas habilidades divinas.
“Eles estão animados” avisou uma das enfermeiras do campo
Sasha suspiro e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e voltou a curar outro ferido.
“Eles estão comemorando cedo demais, ainda, mas os feridos estão bebendo antes da hora! Alguém chama a Héloïse agora” exclamou Sasha.
A albina recebeu um grande chamado da Deusa Mãe para estar naquele campo, sendo quase um general do campo médico naquele lugar, muitos seguiam suas ordens, estando sob sua asa, outros, bem... Eram nobres de rangue baixo que não gostam de receber ordens de plebeus.
Outra sacerdotisa apareceu e ajudou Sasha com os demais feridos.
Os sacerdotes, mestre na energia sagrada e divina dada pela Deusa Mãe aos seus filhos escolhidos, era algo raro, mas principalmente, poderoso.
Aqueles sacerdotes eram a representação mais próxima que os humanos tinham da Deusa Mãe, já que seus poderes eram maiores que os Paladinos, que também recebiam tal dádiva.
Foram horas e horas, mas Sasha e os demais sacerdotes terminaram os últimos tratamentos, os que tinham energia menor que os de rank mais alto, caíram em um sono, mas Sasha e outros três ainda estavam em pé.
Sasha arrumar as suas coisas, queria ir logo para a própria barraca e descansar, não aguentar mais todo aquele estresse de curar os outros, só fazia apenas algumas poucas horas que a guerra, enfim, terminou, mesmo assim ela ainda não parou.
Ao sair da cabana médica em que estavam, a mesma ver, ainda felizes, os soldados que esqueceram de o quando esgotados estavam, beberem e festejarem como se não houvesse uma amanhã.
Alguém colocou o braço no ombro de Hiraeth e ergueu o copo alto, aquele era o comandante supremo daquele batalhão, o Paladino Ghilher.
“Se não fosse por essa pessoa aqui, não teríamos conseguindo!” exclamou ele, bêbado
Hiraeth deu uma risada constrangida e com o rosto vermelho.
“Não diga isso general, sou apenas uma pequena cordeira no meio da providência da grande Deusa Mãe” respondeu Hiraeth ao elogiou
O general Ghilher apenas riu e bateu nas costas dela.
“Não diga isso Hiraeth, não, devo dizer Herói Hiraeth!” exclamou
“Herói Hiraeth! Herói Hiraeth!” repetiram os soldados
A morena pode apenas sorrir com os aplausos que seus companheiros de guerra lhe davam.
Um doce sorriso, gentil e belo como se não houvesse outro maior que aquele, suas bochechas vermelhas pelo álcool, deixam a mulher, que mau mostrava traços de uma mulher padrão de Enya, bela.
Seguindo a visão de Sasha, era como se aquela pessoa, uma que ela conhece desde sempre, brilhasse mais que qualquer figura da Deusa Mãe.
Sasha estava deslumbrada com aquilo.
Um toque no ombro fez Sasha sair daquele transe e volta a si, mesmo com o rosto um pouco vermelho.
“Ah, Íllia! Você estava aí, nem te vi” avisou Sasha
“Estava aqui te chamando, Sasha, está tudo bem? Seu rosto está vermelho e...”
Sasha tentar esconder o rosto enquanto procurava onde olhar
“Eu estou bem, não se preocupe, não bebi nada, sabe que eu não posso, ah, lembrei, preciso ir, tchau, Íllia!” falou rapidamente querendo fugir daquele constrangimento
Sasha havia chegado na barraca, a fechou e se agachou e bateu no próprio rosto, tentando esquecer o que estavam pensando naquele momento.
A pele extremamente pálida dela não facilitava aquelas tentativas.
Mais tarde, não se sabe a que horas da madrugada, Sasha acorda com a alguém a chamando, não estranhando aquilo, já que isso acontecia sempre quando precisavam de alguém com uma energia maior, mas para sua surpresa não foi isso.
Quase caindo, Jonathan trouxe a bêbada Hiraeth até Sasha, já que a herói não parava de falar que precisava ver Sasha.
“Ah, tudo bem! Obrigada, eu acho” diz Sasha observando Jonathan colocar Hiraeth na cama
“Ela não parava de te chamar, parecia querer falar algo coisa” avisou o homem alto
“Oh Sim, eu vejo, melhor ir agora senhor Jonathan, já deve esta cansando” avisou ela.
O homem alto acenou para ela e saiu da tenda.
Quando saiu, Sasha suspirou e viu a mulher desmaiada em sua cama, mesmo sendo considerada um grande herói, como se fosse alguém impossível de ser alcançado, ali estava ela, como qualquer humano normal.
Sasha saiu para trazer uma bacia com água e um pano para quando Hiraeth acordasse ela poderia se limpar.
Ao voltar, ver aquela mesma mulher, que quase sempre parecia brilhante em sua visão, estava sentada na cama, com um olhar baixo, vazio, com lagrimas escorrendo dos olhos.
Sasha, já conhecia aquela expressão, sempre acontecia quando havia uma grande batalha, era como se os sonhos dela estivessem lhe revelando algo.
A albina colocou a bacia no canto e foi em direção à mulher estática, colocou as mãos a redor do rosto dela, fazendo os olhos amendoados delas encarar os olhos cristalinos de Hiraeth que pareciam brilhar com a lagrimas.
“Esta tudo bem agora, estou aqui” afirmou Sasha de forma calma e carinhosa
Hiraeth coloca a mão sob uma das mãos de Sasha e deitou o rosto na palma da mão de Sasha, como se estivesse voltando aos poucos a si.
“Sasha…” sussurrou
“Estou aqui, Hira”
A agitação do dia anterior parecia ter desaparecido na manhã que se seguiu naquele dia.
Corpos de soldados caídos no chão, bêbados e com uma forte ressaca.
O galo-do-campo de batalha cantava o amanhecer daquele dia, seria o primeiro, realmente, sem qualquer batalha ou ataque surpresa dos demônios.
Os humanos estavam tranquilos, já que nada poderia perturbar aquela paz, mesmo que curta, que eles haviam conquista após vencerem e comemorarem,
Todavia, não era como se tudo pudesse ser flores.
As pessoas acordavam, raivosas pelas dores de cabeça, os sacerdotes faziam o possível para tentar os curar, mas eles tão estavam ruins pela leva de feridos de ontem.
Restaram apenas os curandeiros que ali também estavam, os que auxiliam quando os sacerdotes não podia.
Todos começaram a voltar a si, mesmo que aos poucos.
Só que não era tempo para esperar, o retorno a casa devia começar naquele dia, não podiam atrasar de forma alguma, já que estavam com saudades de casa.
Todos se organizavam a todo momento, caixas e mais caixas eram preparadas, os cavalos e carruagens eram arrumados, em uma fila, eles já estavam se preparando para a sagrada entrada na capital do Imperio, Kyrios.
“Senhorita Sasha, isso, devo colocar aonde?”
A pergunta veio de uma jovem curadeira que estava passando pelo rito de passagem dos sacerdotes.
“Deixa eu ver” Sasha verificou as caixas de suprimentos que a garota lhe mostrou e deu um sorriso gentil “Coloque com a segunda unidade, isso está em falta lá” lhe respondeu
a garota sorriu e se curvou como forma de agradecimento, carregando a caixa de suprimentos para outras direção e Sasha acena para ela.
Outras pessoas se comunicam com ela, em sua maioria, curandeiros, diáconos, sacerdotes, já que estavam familiarizados com ela.
Os soldados que observavam de longe, viam a figura de Sasha como de uma santa, devia a sua natureza gentil e beleza incomum.
Cabelos que lembraram as flores de Jasmine e olhos negros como ônix se destacavam em sua pele quase limpa de cicatrizes, era como se algum santo havia descido à terra e não foi anunciado, todos os soldados a admiravam de alguma, a endeusavam.
Sasha era um dos heróis depois de tudo.
Os soldados se reunião e cochichavam sobre ela, como desejavam que ela fosse sua esposa, mesmo que seja impossível devido às regras da igreja.
“Ei, pelo menos tente pedir para acompanhar ao baile da conquista Klaus, não é como se isso fosse contra as regras” avisou um soldado mais velho
“Não, ela com certeza não aceitaria” falou o acastanhado mais novo envergonhado
Os olhos dourados de Klaus olhavam em direção a Sasha, que ajudava os demais a arrumarem o que deviam para poder irem até a capital em uma viagem de uma semana, exatamente usando as dadivas divinas da igreja.
O garoto sabia que era impossível a correspondência dela, de alguma forma ele sentia isso, mas… porque não tentar, ela estava restrita as regras do império de qualquer forma.
“Ei, não esqueçam de arrumar as coisas de vocês, partiremos ainda hoje” avisou a voz de Hiraeth
“Sim, capitão!” exclamaram eles em continência.
Hiraeth era alguém respeitável para eles, mesmo sendo uma mulher, ela foi a única a conquistar coisas que eles jamais conseguiram: matar três Injustiças e um Pecado.
Entre o medo e a admiração, ele se dissiparam, fazendo o que deviam fazer, antes do início da noite, eles partiram em direção a uma das Dádivas, aquela viagem duraria dois dias, já que a primeira dadiva não estaria tão longe.
Ao pararem para descansar, montando um acampamento improvisado para os mais feridos descansarem no caminho até a Dádiva.
Enquanto Sasha estava ocupada numa das cabanas, Hiraeth chega e se senta naquele mesmo chão, emburrada com alguma coisa ao qual Sasha ainda desconhecia, até que a voz brava dela começasse a falar:
“Esses homens são um bando de idiotas!” bateu a ponta da espada no chão
Sasha suspiro, já entendeu sobre o que ela estava falando.
“Deixe-os falar, não liguei para eles, ainda consegue manter a sua linha como um herói?” questionou Sasha a levando um copo de água.
Hiraeth pegou e bebeu, logo em seguida respondeu:
“Idai isso tudo de herói, aquele lugar só vai nos usar mais e mais Sasha, a providência da Deusa Mãe esta me dizendo isso“ Afirmou Hiraeth “Além disso, eles estavam falando do você, por que eu deixariam falar mau de alguém que me importo demais?”
Aquilo fez com que Sasha corasse, virando o rosto com uma devera surpresa com a falar de Hiraeth.
A morena a encarou com um grande olhar protetor, tocando o rosto corado de Sasha.
Sasha olhou de canto para Hiraeth. O olhar amendoado e apaixonado dela encarou a profunda escuridão dos olhos da Albina.
“Eu posso te beija?”
Não era como se ela precisasse de permissão, pensou a albina.
Os olhares e os rostos que se aproximavam de forma lenta e em um tempo igual, quando o que queriam que acontecesse estava prestes a acontecer, alguém grito:
“Sasha! Hiraeth! Vocês estão aqui?” gritou Jonathan entrando na tenta “Ué, por que estão no chão?” perguntou
As duas, no susto, acabaram batendo as testas forte e estavam com as mãos nela, as duas agonizavam com essa dor de contado.
“Não foi nada…” respondeu Hiraeth
A mesma se levantou e saiu, com as orelhas vermelhas de vergonha, Jonathan, curioso com aquela situação, mesmo com a suspeita com suas amigas, seguiu a morena para saber a história.
Logo, eles continuaram a viagem, chegando na primeira Dadiva de retorno, na cidade de Jim, no Ducado de Felis.
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