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Lobo Urbano

I

A noite estava linda, nenhuma nuvem estava no céu e a lua crescente reinava majestosamente como se fosse lua cheia.

Em uma parte da cidade pessoas estavam festejando. Famílias, amigos, vizinhos, conhecidos, todos estavam entretidos com a comemoração.

Em um casaram a música animava a todos, eram tocadas músicas de todos os estilos rock, Rap, Reggae, sertanejo e até músicas religiosas e as pessoas não ligavam apenas estavam concentradas em se divertir. Não era ano novo ainda estávamos em julho, mas a animação de todos parecia que era época de fim de ano.

No meio e um grande salão estava Rebeka uma jovem de 23 anos, com um longo cabelo loiro como o sol e olhos verdes como esmeraldas e a pele branca como a neve. Seu apelido desde de pequena era branca de neve pelo tom da sua pele era comparada com a personagem das histórias infantis. Rebeka trajava um longo vestido vermelho sem alças que parava na altura de seus joelhos e realçava as curvas de seu corpo, com sapatos pretos ela se divertia dançando ao ritmo da música. Junto dela estava seu noivo Jonathan.

Jonathan estava elegante com um terno preto, gravata e sapatos da mesma cor e uma camisa vermelho escura que destacava seu corpo musculoso, um jovem de 27 anos, pelos menos essa era a idade que ele aparentava ter. Seus cabelos e olhos negros como a noite atraía a atenção de Rebeka, sua pele morena combinava perfeitamente com a sua pele branca fazendo-os parecer um eclipse solar, Rebeka era a lua e Jonathan o sol. Os dois se divertiam dançando como se fossem um só e se sentiam conectados e não apenas isso se sentiam os donos daquele lugar.

- Muito linda sua nora. – Disse um senhor de cabelos grisalhos que trava um smoking preto com camisa branca e grava borboleta preta e sapatos pretos.

- Realmente muito linda. – Respondeu um outro senhor que aparentava ter em torno de 40 anos, trajava um terno preto igual ao de Jonathan a única diferença era a cor de sua camisa que era branca.

Era o pai de Jonathan o senhor Hector Pazonni. O Pai de Hector é um médico veterinário muito conhecido na cidade, tem um grande consultório tão grande como o hospital local, o senhor lado dele era o prefeito da cidade o senhor Alfred.

Quase toda a cidade estava presente naquela festa da pequena cidade de Licaon. A pequena cidade com Mil e quinhentos habitantes é rodeada por uma grande área verde de aproximadamente 20 km e nessa área existem algumas cadeias de montanhas. A cidade tem esse nome em homenagem ao Rei grego Licaon, antigo rei da cidade de Alcateia na Grécia que na mitologia foi transformado em lobisomem o primeiro de todos os lobos após provocar a ira de Zeus.

Quase todos nas cidades eram lobisomens, os que não eram conheciam sobre o segredo, e Rebeka era uma delas, seu noivo Jonathan junto com o seu pai, o prefeito e mais da metade dos convidados da festa eram lobisomens. Rebeka nunca se esquece do dia em que Jonathan contou a verdade o fascínio, o medo, a alegria, a paixão vários sentimentos tomaram conta dela naquele momento. Rebeka passou a amar Jonathan mais ainda após descobrir o que noivo era de verdade e estava ansiosa para aprender mais sobre lobisomens, sua família e também, Rebeka estava em dúvida sobre ser transformada em uma loba igual ao seu noivo ou permanecer humana.

Ela amava tudo em seu noivo, sua pele morena como chocolate, seus olhos negros como a noite ou seu cabelo curto e macio, ela amava sua forma de lobo, como lobo Jonathan media três metros de altura e um e meio de largura com longos pelos negros e olhos amarelos. Jonathan em sua forma de lobo se fundia com a noite, era reconhecido apenas por seus olhos amarelos que pareciam dois pequenos vaga-lumes quando o lobo aparecia durante a noite.

- Realmente não sabia que dançava tão bem. – Sussurrou ele em seu ouvido.

- Assim como você a muito sobre mim que você ainda não conhece. – Respondeu ela tentando parecer enigmática.

- Confesso que estou curioso para conhecer. – Respondeu ele junto com um sorriso inocente.

- Faço de suas palavras as minhas. – Sorrindo ela roçou levemente os lábios nos de Jonathan que logo a correspondeu com um beijo.

Aquela noite parecia ser apenas deles, Rebeka foi a cidade natal de seu noivo conhecer sua família. A mãe de Jonathan morreu a alguns anos e o pai não se casou novamente apenas seguiu sua vida. Rebeka conheceu alguns outros parentes primos, tios, e até o avô de Jonathan Aldebaran um senhor com alegria e a aura de uma criança.

Rebeka estava perdida em seu mundo com Jonathan sempre que o beijava ela se esquecia de tudo e todos as sua volta, apenas quando o beijo cessava a jovem voltava a realidade, mas aquela noite algo inédito aconteceu.

Rebeka foi despertada ainda com os lábios selados com os do noivo. Um som a despertou, o som era de vidro sendo quebrado e outro a som a trouxe de vez a realidade era o som de um grito.

Um jovem loiro aparentado ter 20 anos caiu no chão, e ao cair outras pessoas que estavam ao lado também caíram, os sons dos vidros quebrando aumentaram e o clima de festa deu lugar ao pânico.

- Estão atirando na gente, estão atirando. – Gritavam algumas pessoas.

Jonathan envolveu Rebeka em seus braços de forma protetora e levou para o chão cobrindo o seu corpo com o dele. Os tiros continuavam e as pessoas procuravam abrigos atrás das mesas, ou nos banheiros, outras correram para fora e logo voltaram.

- Caçadores! – Gritou um rapaz voltando para a festa e o medo era visível em seus olhos.

- São caçado... – O rapaz foi interrompido quando uma bala atravessou a sua cabeça e o mesmo caiu imóvel no chão.

 Pela entrada principal um grupo de pelo menos trinta pessoas adentraram ao casaram, estavam vestidos de preto, usavam uniforme militar com colete aprova de balas, coturnos, luvas de couro, capacetes. Usavam máscaras de gás que cobriam a face tornando impossível as suas identificações. Eles portavam armas de fogo metralhadoras Heckler e Colt M177, pistolas Glock 22 calibre 40 e um deles que parecia ser o líder portava uma Espingarda modelo Remington 870. As pessoas da festa começaram a revidar pelos menos, os lobos assumindo suas formas lupinas vários lobos estavam pelo casaram, lobos negros, cinzas, brancos, pardos Rebeka nunca imaginou testemunhar ver vários lobos de uma só vez.

Embora o número de lobos fosse maior os lupinos estavam com dificuldades, aqueles caçadores embora estivessem em menor número abatiam os lobos com facilidade.

- Jonathan venha rápido para cá! – Gritou o seu pai que estava escondido atrás de uma mesa com outros convidados.

Um dos caçadores usando uma metralhadora atirou contra a mesa aonde estava Hector, muitos foram alvejados pelas balas incluindo o próprio Hector.

- Nãaaaoooo! – Gritou Jonathan ao ver o pai cair imóvel e sem vida no chão.

Pela primeira vez Rebeka pode sentir a ira de seu noivo, seu corpo estava quente sobre o dela muito mais do que de costume. Levantando-se rapidamente Jonathan saltou em direção ao caçador. Em pelo ar era possível ouvir o som de seu traje sendo rasgado e em segundos o jovem moreno agora era um lobo negro, o animal ainda em pleno ar cravou seus dente no pescoço do caçador que por instinto apertou o gatilho, uma chuva balas atingiu o lobo negro.

- Nãaaaooooo!- Agora era Rebeka quem gritava.

O lobo negro caiu imóvel no chão junto ao caçador, Rebeka não pensou duas vezes e levantando em meio ao fogo cruzado correu em direção ao noivo que ainda estava na forma de lobo e o abraçou forte. As lágrimas inundavam o seus olhos e caíam como uma cachoeira por seu rosto.

- Jonathan não me deixe meu amor. – Rebeka sentiu o imenso corpo do lobo diminuir e voltar a sua forma humana. Jonathan não respirava e em seu corpo era visível as marcas das balas. Elas atravessaram seu pescoço, ombro, e principalmente o coração.

Rebeka não imaginava quanto tempo aquela cena trágica durou, quando conseguiu e se permitiu voltar novamente a realidade haviam muitos corpo nos chão, mais da metade dos lobos que estavam na festa haviam sido mortos juntos com os caçadores.

II

No dia seguinte a cidade estava de luto.

Todos tentavam entender o que havia acontecido. Como um grupo tão pequeno conseguiu fazer tanto estrago daquele jeito?

Rebeka foi levada para a casa do prefeito, que infelizmente era uma das vítimas mortas na chacina. Ela foi acolhida por sua esposa a senhora Matilde. A senhora Matilde era uma senhora muito gentil e bondosa, foi uma das primeiras a dar as boas-vindas a Rebeka quando chegou a cidade com Jonathan para conhecer sua família.

Ela era uma senhora de estatura miúda, pele branca e um pouco enrugada, cabelos grisalhos que caiam em seus ombros e olhos castanhos.

A casa do prefeito era parecida com o casarão da festa no início, após o choque o local assustava um pouco Rebeka. As imagens do tiroteio não saíam de sua cabeça, ela apenas conseguiu dormir após tomar um calmante que lhe foi dado pela senhora Matilde.

Rebeka estava deitada no sofá da sala, a senhora Matilde deu ordens para que a jovem não fosse incomodada em hipótese alguma, Rebeka a agradeceu no fundo do coração por isso, não queria ver mais ninguém, apenas queria se conformar que sua metade se foi. Que sua alma gêmea, que o amor de sua vida e a nova razão do seu viver tinha partido a deixado para trás.

- O que eu vou ser sem você Jonathan? – Sussurrou ela consigo mesma.

As lágrimas voltaram a cair pelo seu rosto, Rebeka que já havia se esquecido de quantas vezes havia chorado após a morte de seu amado Jonathan.

Estava sendo difícil para ela aceitar tudo isso, aceitar que perdeu o amor da sua vida, que horas atrás estava feliz dançando nos braços de seu amado, e minutos depois o mesmo amado estava morto em seus braços e não apenas ele, mas também o seu sogro no qual ela já o via como pai e seu avô que também o via como seu avô. Rebeka não conseguiu informar a sua família, a família de Rebeka havia saído de viagem e seu pai conseguiu tirar férias no meio do ano levou sua mãe e seus dois irmãos mais novos para Paris.

Rebeka não queria preocupar os pais com o ocorrido, como explicaria que seu noivo foi morto por caçadores por ser um lobisomem? Se perguntassem naquele momento o que havia acontecido ela com certeza contaria tudo, revelaria o grande segredo de seu noivo, um segredo que prometeu guardar a sete chaves e jamais contar a ninguém nem mesmo a sua família.

O pensamentos de Rebeka foram interrompidos quando escutou a porta se abrindo, limpando a face a jovem sentou-se no sofá e escutou passos se aproximando, ela não virou para ver quem estava se aproximando nem precisava sabia que era a senhora Matilde.

- Minha jovem Rebeka. – Disse a senhora com voz baixa e rouca.

Rebeka virou o seu rosto e a fitou, a tristeza era visível no rosto da gentil senhora, coitada havia perdido o marido, o seu companheiro de longa data e aquele jurou estar ao seu lado em todos os momentos. Rebeka se perguntou se estava na mesma situação que a senhora Matilde ou pior?

Junto com ela percebeu Rebeka estava um jovem, de pele morena, olhos castanhos escuros e cabelos bem raspado quase careca. Estava trajando uma camiseta branca que defina seu corpo "e que corpo pensou Rebeka". Usava calça jeans azul e tênis Nike vermelho.

Em suas costas carregava uma pequena mochila branca. Seu olhar se encontrou com o de Rebeka e em segundos ela sentiu tonta. Algo naquele jovem lhe era familiar, seu rosto era de um jovem de no máximo 20 anos, o jovem estava com a mesma tristeza que ela e a senhora Matilde tinham em seu olhar. Será que ele havia perdido alguém naquele tiroteio?

Será alguém importante para ele também havia morrido?

- Minha jovem Rebeka esse é Leonardo. – Disse ela apontando para o jovem que estava ao seu lado.

- Ele é filho de Hector pai de Jonathan é o irmão mais novo do seu falecido noivo.

- Irmão de Jonathan? – Sua voz saiu como um grito e Rebeka cobriu a boca com a mão.

A cabeça de Rebeka estava a mil com aquela revelação.

- Como assim irmão? – Perguntou ela mostrando estar surpresa.

- Jonathan tinha um irmão mais novo? Por que não me disse nada?

Ao escutar suas palavras o jovem apertou forte as alças de sua mochila, aquela revelação pelo jeito não havia surpreendido apenas a Rebeka, mas também a ele.

Agora ela entedia tudo, entendeu porque aquele jovem lhe parecia familiar. Quase tudo nele lembrava a Jonathan não só a ele mas também ao seu pai Hector. A pele morena, os olhos castanhos aquele jovem parecia uma versão mais jovem de seu noivo Jonathan.

- Vou deixá-los um pouco a sós para se conhecerem melhor. – Após dizer essas palavras a senhora Matilde se retirou deixando Rebeka e Leonardo na sala.

Os dois continuaram na mesma posição no que pareceu ser uma eternidade, nenhum dos dois relaxava, os dois mostravam que estavam tendo dificuldades para compreender o que haviam descoberto.

- Quer se sentar? – Disse Rebeka a ele.

O jovem levou mais ou menos um minuto para se decidir se aceitava ou não a propostas feita pela mulher. Mais um minuto se passou e o jovem relaxou as mãos soltando as alças da mochila. Caminhando alguns passos retirou a mochila das costas.

Rebeka agora havia percebido que em sua mochila havia um bordado de um lobo prateado, apenas o rosto do animal foi bordado e ela logo deduziu que ele também era um lobisomem.

O jovem sentou ao seu lado colocando a mochila no chão na frente de suas pernas.

- Eu sou Rebeka prazer.

- Prazer sou Leonardo.

A voz do jovem era um pouco grave e Rebeka percebeu que estava medindo o seu tom para falar com ela.

- Leonardo Pazzoni sou irmão... – Ela percebeu que pronunciar a palavra irmão era duro para ele.

- Sou irmão mais novo de Jonathan.

- Saberia me dizer por que ele nunca me contou sobre você? Porque me disse que era filho único?

- Por que ele me odiava! – Ao dizer isso o seu rosto ficou sem expressão.

Rebeka tentava processar aquela informação. Como assim ele o odiava? O que aquele jovem havia feito para que Jonathan o odiasse tanto assim a ponto de não o ver como irmão?

- Como assim te odiava? Você poderia me explicar melhor isso?

Fechando os olhos Leonardo respirou fundo antes de voltar a falar.

- Tem a ver com a nossa mãe.

- A mãe de vocês?

- Sim a nossa mãe.

- Poderia ser mais especifico?

- Ele te contou que nossa mãe morreu?

- Sim contou.

- Ele disse como ela morreu?

- Na verdade... não.

Realmente Jonathan não havia dado essa informação a ela, sempre que lembrava da mãe a dor tomava conta de seu rosto e Rebeka não gostava de ver o seu amado triste. Ele havia lhe prometido que um dia lhe contaria tudo por mais que doesse contaria a ela porque a confiava cegamente.

- Ela morreu quando deu a luz a mim.

Aquela revelação a chocou novamente. Então a mãe deles havia morrido quando deu a luz aquele jovem?

- Espere sua mãe não era um lobisomem também?

- Sim ela era.

- Então como morreu ao dar à luz a você?

- Isso ainda é um mistério.

- Um mistério?

- Sim um mistério ninguém sabem dizer o que aconteceu isso foi algo raro, uns dizem que talvez seja por que ela também era uma bruxa.

- Sua mãe era uma bruxa? Bruxas existem?

A pergunta fez com que Leonardo olhasse novamente em seus olhos.

- Meu irmão não te revelou muita coisa não foi?

- Bom...pelo jeito não, ele iria me contar tudo aos poucos, sei sobre lobos não tudo, mas sei um pouco, mas bruxas?

- Não sei por que está surpresa, se existem lobos por que acha que não existiram bruxas?

- Essa me pegou.

Um pequeno sorriso apareceu em sua face e Leonardo também sorrio junto com ela. Com aquele sorriso Rebeka percebeu que um laço de amizade começava a se formar.

- Existem bruxas, lobos, vampiros, ogros, anjos, demônios sei que vai parecer bizarro, mas todas as criaturas que acha que existe apenas como ficção existem, mas não se revelam a humanos.

- Confesso que ainda estou surpresa, mas nem tanto como antes.

- Normal. – Após responder o sorriso em seus lábios aumentou.

- Bom como dizia ele me odeia por isso ele me culpava pela morte dela, ele era muito apegado a nossa mãe, também mais de duzentos anos convivendo com ela não tiro a razão dele.

- Espera como assim mais de duzentos anos?

Aquele era o dia das revelações pensou Rebeka. Primeiro descobre que o noivo tinha um irmão. Depois que outras criaturas sobrenaturais existem mundo a fora. E agora que o noivo era muito mais velho do que aparentava ser? O que mais viria pela frente?

- Ele não disse a idade dele não foi? – Perguntou ele na defensiva.

- Sim ele disse tinha vinte e sete.

- Bom ele esqueceu de acrescentar mais duzentos anos junto aos vinte e sete ou seja.

- Ele tinha duzentos e vinte sete anos! – Concluiu Rebeka por ele e Leonardo assentiu confirmando.

- Acho que isso era umas das coisas que ele iria me contar depois.

- Também acho, é difícil para quem não é um de nós entender bem isso.

- Realmente, mas e você? Quantos anos realmente tem?

- Eu? – Perguntou ele apontando para si mesmo.

- Sim você mesmo duzentos também como ele ou mais?

Leonardo começou a rir baixo e balançou a cabeça negando.

- Eu sou muito novo ainda tenho dezesseis anos.

- Dezesseis? – Rebeka não acreditava que o jovem fosse tão novo.

- Mas você aparenta ser mais velho.

- Bom aparências enganam não é mesmo?

- Realmente enganam em muito. – Agora quem começou a rir era Rebeka.

- Eu sou um dos mais novos e o meu avô era o terceiro mais velho da Alcatéia meu avô tinha Mil anos de idade e meu pai pouca diferença setecentos anos.

- Uau é realmente difícil de acreditar nisso.

- É eu sei nós lobos somos eternos apenas ou seja podemos viver para sempre como jovens, mas também podemos envelhecer e morrer vai da escolha de cada um.

- Vocês podem fazer isso? Como? – Rebeka se interessou pelo assunto.

- Bom tem a ver com a transformação.

- Transformação? – Repetiu ela calmamente.

- Isso a transformação ou seja ser tonar um lobo. Sempre que mudamos vamos continuar jovens embora tenhamos muitos e muitos anos de vida, agora se paramos de nos transformar então começamos a envelhecer claro que não é de uma hora para outra, ou de um dia para o outro leva um tempo mesmo quando paramos a lua cheia ainda nos influencia então quando começamos a ter controle sobre isso até sobre a influência da lua começamos a envelhecer.

- Entendi. – E ela realmente havia entendido.

- Escute Léo posso chama-lo assim?

- Claro todos me chamam assim.

- Depois que isso tudo acabar e também se quiser é claro poderia preencher as lacunas que seu irmão deixou sobre lobisomens como disse se quiser não é obrigado é claro.

- Sabe... vai ser um prazer te ensinar mais sobre nós cunhada. – Ele novamente sorriu para ela e Rebeka percebeu que estava gostando de seu sorriso.

Um sorriso jovem de menino mesmo e ao mesmo tempo confiante e sincero.

III

Chegou a hora de dizer adeus. – Sussurrou Rebeka olhando o seu reflexo no espelho.

Ela estava se preparando para o enterro de seu falecido noivo.

Rebeka usava um vestido longo preto, o vestido batia em seus tornozelos junto com um sapato azul e um colar de diamantes que havia ganhado de Jonathan.

- Adeus ao meu primeiro e verdadeiro amor. – Ao dizer essas palavras as lágrimas inundaram os seus olhos.

Na noite seguinte Rebeka conseguiu finalmente avisar os seus pais o que havia ocorrido. Ao saberem da notícia estavam de retorno ao país. Ela não conseguiu convencer o seu pai a não interromper as férias por causa dela, seu pai tinha gênio forte e não deu ouvido aos apelos da filha e prometeu pegar o primeiro voo para ficar junto dela.

Rebeka escutou a porta batendo e rapidamente secou as lágrimas.

- Entre. – Disse ela com a voz meia triste.

A porta foi aberta devagar e por de trás dela apareceu Léo. Ao vê-lo Rebeka sentiu seu coração bater acelerado. Léo trajava um terno preto com sapatos e gravata da mesma cor, uma camisa vermelho claro quase a mesma roupa que Jonathan estava usando na festa.

Léo estava parecido com Jonathan, seria idêntico ao irmão se em rosto Léo estivesse uma expressão confiante e séria, ele seria exatamente igual a Jonathan. Diferente do irmão Léo sempre mostrava uma expressão serena e despreocupada apenas esse detalhe o diferenciava de seu irmão. Ao ver que ela chorava ele se aproximou a envolvendo em seus braços com um abraço forte e caloroso.

A pele dele é quente igual a de Jonathan. - Pensou ela. – Seus músculos são forte e sua pele é macia e me sinto protegida com ele.

Tudo nele me lembrava o irmão e Rebeka percebeu que não iria conseguir superar isso tudo tão cedo não com Léo por perto.

- Sente muito a falta dele não é? – Perguntou ele sussurrando.

- Muita... ainda não credito que ele se foi. – Respondeu ela voltando a chorar.

Léo não respondeu apenas a abraçou forte a deixando chorar em seu ombro.

                                  ***

No funeral toda a cidade estava presente. Todos estavam de luto pela terrível tragédia que havia ocorrido na cidade a primeira de toda a sua história.

Rebeka soube depois que algumas família haviam sido mortas no tiroteio. Pais, filhos, avôs, tios, primos essa notícia a deixou arrasada, não bastasse ela perder o amor de sua vida não imaginava que outras sérias perdas como a dela havia acontecido. Ela por um momento se sentiu muito egoísta por estar apenas sofrendo pela perda do seu amado quando outros sofriam pelo fim de uma família, até bebes e crianças foram mortos e ela se perguntou até que ponto pode chegar a crueldade humana?

Léo ficou ao seu lado o tempo todo, ele havia sofrido uma grande perda, já havia perdido a mãe cuja mesma ele nem chegou a conhecer e agora perdeu o avô, pai e o irmão, embora Léo nunca tivesse recebido o amor do irmão ficava visível que ela também sofria por sua perda.

Rebeka tocou em seu ombro e o apertou levemente tentando lhe dar apoio, foi um ato nobre e corajoso de sua parte. Ela que estava seriamente sensível e abalada, mas mesmo assim encontrou forças para apoiar o jovem cunhado.

- Adeus meu amor, Jonathan sempre vou te amar e nunca vou me esquecer dos momentos que passamos juntos jamais. Sou grata a Deus por ter te colocado em minha vida e por tudo que passamos, agora descanse meu amor...descanse.

Ao dizer essas palavras Rebeka não resistiu e desabou em lágrimas, era difícil dar adeus a pessoa amada. Ela não queria e ainda não acreditava que ele havia morrido e que aquele era os seus últimos momentos juntos. Agora foi Léo quem veio lhe apoiar, ele voltou a abraça-la e Rebeka o abraçou e não resistindo voltou a chorar.

Quando o caixão de Jonathan foi colocado na cova Rebeka sentiu o mundo a sua volta desabar, a cada monte de terra que era jogado ela via sonhos sendo enterrado, seu casamento, filhos, ela se viu uma loba ao lado de Jonathan. Os dois correndo juntos a luz da lua só ele e ela correndo pelo mundo a fora. Só ele e ela e mais ninguém.

Dois dias após o enterro Rebeka estava em uma das salas de reuniões  da prefeitura.

Os pais ligaram avisando que sentiam muito por não terem podido estar presentes no funeral. A Europa estava sofrendo com um inverno rigoroso e muitos voos foram cancelados por causa da nevasca.

Os pais voltaram a prometer que assim que tivessem uma chance pegariam o primeiro voo de volta para finalmente estarem ao lado da filha.

Rebeka estava sentada em uma cadeira ao lado de Léo que olhava em volta distraído. Todos foram chamados para uma reunião na casa da senhora Matilde para decidir o destino da alcateia.

Rebeka olhou em volta percebendo que algumas pessoas estavam na reunião, não foram todos da cidade a serem convidados e sim, apenas aqueles que eram lobos.

Nem todas as famílias da cidades eram lobisomens, muitos eram humanos que conheciam o segredo e receberam permissão de morar na cidade. Rebeka pode contar 95 pessoas contando com ela, Léo e a senhora Matilde que havia acabado de chegar ao recinto.

A senhora Matilde estava usando um vestido negro com uma sapatilha da mesma cor e uma blusa fina marrom. Todos se levantaram para cumprimentar a mulher do falecido prefeito e voltaram a se sentar.

- Meus irmãos. – A voz da senhora Matilde soava rouca mas firme.

- Todos sabem da triste perda que tivemos. – Ao dizer essas palavras todos assentiram triste.

- Nossa alcateia teve uma perda terrível 95% por cento de nossos lobos infelizmente se foram.

O silêncio tomou conta do local. Aquelas palavras realmente abalaram a todos.

Não só a cidade, mas a alcateia foi muito prejudicada com essa chacina. Todos na cidade ainda tinham medo dos caçadores, que poderiam aparecer a qualquer momento, as pessoas estavam dividas sobre nomear um novo alfa ou abandonarem aquele local por medo dos caçadores.

- Vamos mesmo fugir? – Perguntou Léo pela primeira vez aquele dia.

- Vamos mesmo fugir? – Perguntou ele novamente.

- O que quer que façamos então? – Disse uma das pessoas da reunião que eram contra, ela era uma mulher morena que estava com duas crianças um menino e uma menina também morenos.

- Não vamos fugir, já enfrentamos problemas antes e não vamos fugir agora. Se fizermos isso como ficaram aqueles que viveram aqui e morreram pela alcateia? – Léo tocou em um ponto muito importante percebeu Rebeka.

Tão importante que aqueles que eram contra desviaram o olhar ficando em silêncio o dando espaço para ele prosseguir com seu discurso.

- Ser um lobo é assim, correr riscos é para isso que existimos. Temos que ser fortes e continuar vivendo, seguindo o nosso caminho e nos orgulhando da nossa alcateia, não começamos com um número grande de lobos, aos poucos fomos crescendo e crescendo e ficamos tão numeroso como éramos antes. Conseguimos uma vez e podemos conseguir de novo!

 As palavras de Léo criaram uma reviravolta naquela reunião. O que antes era uma dúvida para todos agora todos tinha o mesmo pensamento "Reerguer a alcateia das cinzas!"

- Mas precisamos de um alfa. – Disse a mulher que antes desconfiava de Léo.

- Já temos um. – Disse ele com calma.

As dúvida voltou a aparecer em seus rostos e antes que pudesse perguntar Léo apontou para a senhora Matilde.

- Ela é a mais velha de todos nós, mais experiente e era a Beta do nosso antigo alfa. Quem de nós além dela acha que é capaz de nos liderar melhor?

Todos se entre olharam e conversavam silenciosamente apenas trocando olhares. O que Léo disse tinha razão não havia ninguém mais capacitado do que ela. Todos os homens mais velhos haviam morrido e Léo era o mais velho que restou com 16 anos os outros tinham idades abaixo disso. E as mulheres além da senhora Matilde tinha idades em torno de 35 a 40 anos de idade.

Todos na sala concordaram que a pessoa mais indicada a Alfa seria a senhora Matilde que sem reclamar aceitou o posto.

Ela deixou claro que o intuito daquilo não era se eleger Alfa, apenas queria decidir o que fazer pois se preocupava com todos da cidade e da alcateia.

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