...Foto Representativa...
...Personagens Principal...
...( Eduarda Clarke☝🏽 )...
...☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆...
...Eduarda...
■ 6 anos atrás... 🗓
Eduarda — Mãe, estou dizendo a verdade. Ele me agarrou pela cintura e disse que eu…
Eronisse — Calada! — Sua mão cruza o ar com força, encontrando meu rosto em um estalo cortante. A dor explode instantaneamente, e antes que eu possa reagir, meu corpo vacila para trás. Meu equilíbrio falha, e a queda me leva direto contra a mesa de centro.
Minha cabeça atinge a madeira com um impacto surdo, e um ardor intenso se espalha pelo local atingido. Levo a mão ao ferimento, sentindo algo quente e viscoso escorrer pelos meus dedos. Sangue.
— Não acredito em você! Não acredito! Entendeu?! — Ela grita, e sua voz reverbera pelo cômodo, carregada de ódio.
Eu tento falar, mas minha garganta parece fechada pelo medo.
— Red me ama! Ele me ama! — Sua voz treme com o peso de sua obsessão. — E eu não vou permitir que você o roube de mim, como fez com seu pai assim que nasceu! Ele é meu, só meu!
Meu estômago se revira.
Eduarda — Mãe, eu não… … Eu não fiz nada! Ele que tentou…
Eronisse — Não me chame de mãe! — Seu olhar faiscante me mantém presa no lugar.
Seus olhos, tão cheios de rancor, queimam mais do que o corte em minha testa.
— Eu nunca quis ter filhos — sua voz sai baixa, mas cortante como vidro. — Mas seu pai insistiu. Ele queria uma família. Para ele, eu nunca fui o suficiente.
Meus olhos piscam rapidamente, tentando processar o que acabei de ouvir.
— E por mais que eu tenha tentado impedir… porque eu tentei, tentei de todos os jeitos me livrar de você… não consegui.
Um sorriso cruel se forma em seus lábios.
— E assim a doce Eduarda veio ao mundo.
Meu corpo todo estremece.
— No momento em que vi seu pai pegar você nos braços, eu soube. Ele te olhou de um jeito que nunca olhou para mim. E eu passei quinze anos te dividindo com ele. Quinze longos anos. Acho que já te aturei o suficiente, não acha?
Fico em choque.
Eu sabia que minha mãe era fria, que seu carinho sempre pareceu calculado. Mas ouvir isso assim, sem rodeios, sem hesitação…
Meu peito aperta.
Ela nunca me quis. Nunca me amou.
O tempo todo, eu era apenas um fardo.
— Red é o meu recomeço! Eu o amo! E não vou permitir que uma vadiazinha como você atrapalhe.
A palavra me atinge como outro tapa.
Eu abro a boca, mas não há som algum.
Seus olhos brilham com algo doentio.
— Já que gosta tanto de seduzir homens… acho que tenho uma ideia do que fazer com você.
Um arrepio de puro pavor percorre minha espinha.
Eduarda — O quê…?
Ela inclina a cabeça levemente, me observando como se eu fosse um mero objeto descartável.
Eronisse — O dinheiro que seu pai nos deixou está acabando… Vendê-la me renderia uma boa quantia. Como não pensei nisso antes? É isso! É exatamente isso que farei com você! — Ela ri, um riso frio e cruel.
Meu pai era piloto de corrida, um dos melhores, por sinal. Lembro-me da adrenalina que tomava conta do ambiente sempre que ele entrava na pista, dos motores roncando alto e da multidão vibrando a cada ultrapassagem. Mas a última corrida foi diferente. O silêncio que veio depois do acidente foi ensurdecedor.
Após seu falecimento, minha mãe herdou todos os seus bens. Ela nunca teve controle sobre dinheiro, e Red, seu atual namorado, soube se aproveitar disso. Com palavras persuasivas e promessas vazias, ele a convenceu a investir metade de nossa fortuna em negócios que não deram em nada. Eu via tudo acontecer diante dos meus olhos, como um castelo de cartas prestes a desmoronar.
Era de se esperar que fôssemos falir uma hora ou outra. O luxo ao qual estávamos acostumados foi dando lugar a incertezas, contas acumuladas e um lar que já não tinha o mesmo brilho.
Suas palavras ressoam em minha mente como um trovão.
Eduarda — A senhora… não seria capaz… eu sou sua filha!
Ela solta uma risada baixa, sem emoção.
Eronisse — Não devo repetir que não sou nada sua. Pense nisso como um agradecimento por tê-la colocado no mundo. Você me deve isso.
Ela desliza os dedos frios pelo meu rosto, seu toque me causando arrepios de nojo e pavor. Então, simplesmente se afasta, saindo da sala como se nada tivesse acontecido.
Fico ali, paralisada, sentindo o sangue ainda quente escorrer pela minha pele.
Minha própria mãe… estava prestes a me vender.
...☆☆☆☆☆☆☆...
Não queria esperar para ver do que minha mãe seria capaz. Peguei o suficiente e, naquela mesma noite, fugi. Na rodoviária, a única passagem disponível era para Nova York.
Foi uma longa viagem. O cansaço pesava sobre mim, e a incerteza era um nó Apertado em meu peito. Quando finalmente cheguei à cidade, não tinha mais um tostão no bolso. O brilho dos letreiros e o fluxo interminável de pessoas me faziam sentir ainda menor, ainda mais perdida. Andei sem rumo por horas, o frio da noite me envolvendo como um abraço indesejado. Meu corpo clamava por descanso, e minhas pernas doíam a cada passo. Foi então que encontrei um ponto de ônibus vazio e me sentei, abraçando a si mesma, tentando conter o medo que ameaçava transbordar.
Minha mente estava uma confusão, e o silêncio ao meu redor parecia gritar tudo o que eu tentava ignorar. O que vou fazer agora? Para onde vou?
Até que algo chamou minha atenção.
O farol estava vermelho. Um garoto atravessava a rua, distraído, os fones de ouvido o isolando do mundo ao seu redor. O que me prendeu o olhar não foi ele, mas sim o carro que vinha em sua direção a toda velocidade.
O tempo pareceu desacelerar. Meu coração disparou, e um frio percorreu minha espinha.
Eduarda – Cuidado! — gritei, mas minha voz se perdeu no caos da cidade.
Ele não ouviu.
Droga!
Sem pensar, me levantei e corri em sua direção. Meu corpo reagiu antes que minha mente processasse o que estava prestes a acontecer.
Tudo aconteceu rápido demais.
Consegui empurrá-lo a tempo. Mas fui eu quem acabou sendo atingida.
O impacto foi brutal. O som do choque, o ar escapando dos meus pulmões, o mundo girando ao meu redor. A dor explodiu em meu corpo, um choque lancinante que me tirou o fôlego. Caí no chão, sentindo o asfalto gelado contra minha pele quente e dolorida.
Uma voz surgiu em meio à névoa que se formava em minha mente.
Desconhecido — Ei, olha para mim! Você não pode dormir, tenta ficar acordada! Você vai ficar bem, você vai ficar bem!
Os sons ao meu redor começaram a se distorcer, como se viessem debaixo d'água. Meu peito subia e descia em respirações fracas, e meus olhos piscavam, pesados.
Dizem que, quando estamos prestes a morrer, um filme da nossa vida passa diante dos nossos olhos. Acho que isso não é um exagero.
Os momentos mais preciosos que tive começaram a surgir. Meu pai. Lembrei das corridas que ele me levava para assistir, da minha torcida frenética antes de seu acidente. Nossa viagem para a Disney… Uma das melhores lembranças da minha infância.
Mas, no fim, meu último pensamento foi o mais doloroso de todos.
Quem sentiria minha falta?
Ninguém.
Ninguém que ainda estivesse vivo.
E, por mais que eu lutasse contra isso, meu corpo já não respondia. Meus olhos pesaram, a escuridão me engoliu por completo.
...☆☆☆☆☆☆☆...
■ Semanas depois... 🗓
Abro os olhos com bastante dificuldade. A luz branca do quarto me atinge em cheio, forçando-me a piscar repetidas vezes até que minha visão se ajuste. O cheiro característico de hospital — uma mistura de antisséptico e algo estéril — invade minhas narinas. Meu corpo está pesado, dormente, como se cada músculo precisasse de um enorme esforço para responder.
Uma movimentação ao meu lado chama minha atenção. Vejo uma enfermeira segurando uma seringa, administrando algum medicamento em minha veia.
Enfermeira — Finalmente acordou. — Ela sorri gentilmente, mas seu olhar denuncia preocupação. — Já estávamos ficando preocupados.
Minha garganta está seca, e quando tento falar, minha voz sai fraca, quase um sussurro:
Eduarda — O que estou fazendo aqui?
Tento me levantar, mas um peso estranho me impede. Um gemido escapa dos meus lábios quando a dor se espalha pelo meu corpo.
Enfermeira — Senhorita, você não pode sair assim. — A enfermeira segura meu ombro com delicadeza, impedindo que eu faça mais esforço. — Precisa ficar em observação por alguns dias.
Minha mente ainda está confusa, mas um pensamento me atinge como um choque: Eu não tenho dinheiro para pagar esse hospital.
Eduarda — Não posso ficar aqui... — murmuro, a voz falhando. — Eu não tenho dinheiro para isso.
Antes que a enfermeira responda, uma nova voz preenche o ambiente.
Médica — Não se preocupe com isso. — Uma médica de aparência serena entra no quarto, segurando uma prancheta. — O rapaz que te trouxe já cuidou de tudo. Você não terá que pagar nada.
Meu coração acelera.
Eduarda — A quanto tempo eu…? — Minha voz falha novamente.
A médica se aproxima, verificando os aparelhos ao meu redor.
Médica — Você ficou três semanas desacordada. — Ela me encara com um olhar avaliativo. — O rapaz que te trouxe veio te visitar todos os dias. Mas, pelo que entendi, ele viajaria hoje pela manhã.
Uma sensação estranha me invade. Três semanas? Quem era aquele garoto? Por que ele se importou tanto?
— Como você chegou sem nenhum pertence, não conseguimos localizar sua família. Você poderia nos informar…?
Meu peito aperta. Um nó se forma em minha garganta.
Eduarda — Eu não tenho família.
Silêncio.
A médica apenas assente lentamente.
Médica — Ok, tudo bem. — Sua voz é suave, mas seus olhos me analisam com atenção. — Mas poderia ao menos me dizer seu nome e sua idade?
Engulo em seco.
Eduarda — Talita. Tenho 18 anos. — Minto sem hesitação.
A médica me observa por alguns instantes, como se estivesse tentando decifrar algo. Em seguida, olha para a enfermeira ao lado.
Médica — Keller, pode nos deixar?
A enfermeira assente e sai do quarto sem questionar.
A médica, agora sozinha comigo, se aproxima mais, puxando uma cadeira e se sentando ao lado da minha cama. Ela cruza as mãos sobre o colo e me encara com um olhar que não julga, apenas… compreende.
— Então, Talita… — Seu tom é calmo, mas firme. — Por que não me deixa te ajudar e me conta a verdade?
Meu corpo enrijece.
— Sei que esse não é seu verdadeiro nome. E, quanto à idade… você até aparenta ter 18 anos, mas algo me diz que está mentindo sobre isso também.
Engulo em seco, desviando o olhar.
— Por que não começamos de novo? — Ela sorri, mas não é um sorriso forçado. É acolhedor.
Por um breve instante, sinto que posso confiar nela. Mas mesmo assim, permaneço em silêncio.
— Muito bem. — Ela suspira. — Sou a doutora Alba. E você, como realmente se chama?
O aperto no meu peito aumenta. Meu instinto grita para que eu continue mentindo, para que me proteja. Mas, ao mesmo tempo, há algo na voz dela que me faz hesitar.
Ainda assim, não respondo.
Alba me observa por alguns segundos antes de continuar:
— Ok, não vou te forçar a falar. Mas preciso te informar que seremos obrigados a notificar a polícia. Eles tentarão encontrar sua família e…
Meu coração dispara.
Eduarda — Sem polícia! — Minha voz sai desesperada, e as lágrimas ameaçam transbordar. — Eu não quero voltar para lá!
A médica me observa atentamente, sua expressão ficando ainda mais séria.
Alba — Eu notei que você tinha um ferimento recente na cabeça… um que não foi causado pelo acidente. — Sua voz é baixa, cuidadosa. — Seja sincera comigo… você era vítima de violência doméstica?
O ar parece sumir dos meus pulmões.
Minha mente é invadida por lembranças que eu lutei tanto para esquecer. A dor. O medo. O som das agressões que se tornaram rotina após a morte do meu pai. A raiva nos olhos de Eronisse. As palavras cruéis que ela despejava sobre mim antes que o primeiro golpe viesse.
Engulo o choro, mas não consigo segurar as lágrimas que escorrem silenciosas pelo meu rosto. Minha visão se torna turva, e quando finalmente consigo falar, minha voz sai entrecortada por soluços.
Eduarda — Eu só não quero voltar… por favor. — Minha voz falha, e a primeira lágrima escorre pelo meu rosto. — Não conte à polícia…
Minha última defesa desmorona, e o choro vem forte, descontrolado.
Sinto a mão da doutora Alba sobre a minha, um gesto gentil e tranquilizador.
Alba — Tudo bem. — Sua voz é firme, mas carinhosa. — Prometo que não direi nada. Você está segura aqui.
Ela aperta minha mão levemente, transmitindo um conforto que eu nem sabia que precisava.
E, pela primeira vez em muito tempo, sinto que talvez… só talvez… eu não esteja tão sozinha quanto pensei.
...☆☆☆☆☆☆...
Como prometido, Alba não contou nada à polícia. E, devo confessar, não estava acostumada com tamanha atenção e cuidado. Havia muito tempo que ninguém se importava verdadeiramente comigo. No hospital, fui tratada com uma gentileza que me desconcertava. A cada dia, Alba me fazia perguntas sutis, tentando me fazer falar mais sobre mim, mas nunca forçava.
Permaneci internada por três semanas em observação até que, finalmente, recebi alta. Apesar do alívio por deixar o hospital, uma sensação incômoda crescia dentro de mim: eu não tinha para onde ir.
Alba entrou no quarto, segurando uma prancheta. Seu olhar era sereno, mas carregava uma preocupação evidente.
Alba — Não posso te manter aqui por mais tempo. — Sua voz era suave, mas definitiva.
Ela estendeu a mão, me entregando um pequeno cartão. Peguei-o com hesitação, sentindo a textura fria do papel entre meus dedos.
— Este é meu número. — Alba continuou. — Qualquer problema, não hesite em ligar.
Segurei o cartão com força, como se ele fosse minha única âncora naquele momento.
Eduarda — Obrigada por tudo. — Minha voz saiu mais baixa do que eu gostaria.
Alba me analisou por um instante, como se tentasse enxergar através de minha mentira antes mesmo que eu a dissesse.
Alba — Tem certeza de que tem para onde ir?
Meu coração disparou, mas forcei um pequeno sorriso, tentando soar convincente.
Eduarda — Sim. — Respondi sem hesitar. — Tenho um tio que vive na cidade. Pedirei ajuda dele.
A médica continuou me observando, seus olhos avaliando cada nuance da minha expressão. Por um momento, achei que ela fosse insistir, mas em vez disso, apenas assentiu lentamente.
Alba — Ok. — Suspirou, cruzando os braços. — Se cuida, Talita.
Aquele nome falso pesou em meus ombros. Mas era o que eu precisava naquele momento.
Agradeci mais uma vez antes de pegar minha mochila — uma simples bolsa que haviam me dado no hospital com algumas roupas doadas. Respirei fundo e segui em direção à saída.
Lá fora, o ar frio da cidade me envolveu, me lembrando de que agora eu estava, de fato, sozinha.
...☆☆☆☆☆☆...
Personagens:
...Alba Monet...
...Eduarda...
Não havia notado que Alba havia colocado dinheiro no meu casaco até enfiar a mão no bolso. O contato com as notas me pegou de surpresa, e um nó se formou na minha garganta.
O dinheiro que ela me deu foi o suficiente para me alimentar durante uma semana. Usei-o com o máximo de cuidado, comprando apenas o essencial, tentando prolongar ao máximo cada refeição. Enquanto isso, passei os dias andando pela cidade, batendo de porta em porta, implorando por qualquer tipo de trabalho. Mas ninguém queria contratar uma garota de quase 17 anos, sem documentação, sem referências e, pior ainda, sem família.
Agora, já fazia três dias que eu não comia nada. Meu estômago doía, e minha visão ficava turva às vezes. O cheiro de pão recém-saído do forno, vindo da mercearia à minha frente, parecia um tormento. Eu odiava a ideia de roubar, mas a fome era insuportável. Me vi sem Escolha.
Dei uma última olhada ao redor e entrei no estabelecimento. Com os olhos fixos em uma das prateleiras, esperei o momento certo. Minhas mãos trêmulas agarraram um pequeno pacote de biscoito, e, com o coração disparado, escondi-o rapidamente no bolso do casaco.
Não tive tempo nem de dar um passo.
Dono — Achou que poderia roubar minha loja, pivete? — Uma voz áspera ecoou pelo ambiente.
Virei-me devagar, meu corpo enrijecendo. O dono da mercearia, um homem forte e de expressão dura, já estava ao meu lado. Sua voz alta atraiu a atenção de todos os clientes. Meus olhos se arregalaram quando ele agarrou meu braço com força, me puxando para mais perto.
— Você vai para a cadeia. Lá sim é lugar de gente podre como você. — Cuspiu as palavras com desprezo.
Minha garganta secou. O desespero tomou conta de mim.
Eduarda — Eu só estava com fome... Eu...
Dono — Myrtes, chame a polícia! — Ele ordenou à funcionária sem hesitar.
...☆☆☆☆☆☆...
Sentei-me no banco frio da delegacia, abraçando meu próprio corpo enquanto o peso da fome e do medo me esmagava. O lugar cheirava a café amargo e papel velho, e os olhares que os policiais me lançavam eram cheios de julgamento. Eu sabia o que aconteceria se descobrissem quem eu realmente era. Eles chamariam a assistência social, fariam perguntas, e, de alguma forma, Eronisse acabaria me encontrando.
Engoli em seco, lutando contra o desespero que se formava no fundo da minha garganta. Meus dedos trêmulos vasculharam o bolso do casaco, até encontrarem o pequeno cartão que Alba havia me dado. Meu último fio de esperança estava ali.
Levantei-me devagar e me aproximei do balcão, onde um policial revisava alguns papéis. Meu coração batia forte, mas tentei manter a voz firme.
Eduarda — Moço… poderia me ajudar? Preciso ligar para minha mãe.
O homem ergueu os olhos, avaliando-me com desconfiança.
Policial — Tem certeza de que ela virá te buscar?
Assenti rapidamente, estendendo o papel para ele.
Eduarda — Tenho o número dela aqui. Ela… Ela vai me ajudar.
Ele suspirou, pegando o cartão e discando o número no telefone sobre a mesa. Cada toque parecia durar uma eternidade. E se Alba não atendesse?
Por favor, atenda…
Depois de alguns segundos, que pareceram horas, a ligação foi completada.
Alba — Alô?
O alívio quase me fez desmoronar. Era ela.
Policial — Aqui é da delegacia central. Temos uma jovem aqui que se diz chamar Talita e alega ser sua filha. A senhora pode confirmar essa informação?
A pausa do outro lado da linha me fez prender a respiração. Então, a resposta veio, firme e sem hesitação:
Alba — Sim. Ela é minha filha. Meu nome é Alba Martinez. Estou indo buscá-la agora.
O policial me lançou um olhar desconfiado, mas concordou com a cabeça.
Policial — Muito bem, senhora Martinez. Vamos aguardar sua chegada.
Ele desligou e me encarou.
— Sua mãe está a caminho. Fique sentada e não cause problemas.
Assenti rapidamente, sentindo um nó na garganta.
Agora, só me restava esperar.
...☆☆☆☆☆☆...
Quando saímos da delegacia, o peso daquelas horas que passei ali começou a se dissipar aos poucos. O ar fresco da rua batia contra meu rosto, mas eu ainda estava completamente imersa na confusão de tudo o que havia acontecido. Alba caminhava ao meu lado com firmeza, seu olhar focado à frente, mas eu podia sentir a tensão nela. Ela não falava nada, mas sua presença era o suficiente para me passar um certo alívio.
Ela conseguiu me tirar daquela situação, mas a cada passo, o medo de voltar a ser pega pela realidade da minha vida sem rumo me assombrava. As luzes da rua iluminavam nosso caminho, mas o que mais me consumia era o silêncio pesado que se formou entre nós.
Alba finalmente quebrou esse silêncio quando se virou ligeiramente para me olhar.
Alba — Você não disse que tinha para onde ir? Que ficaria com seu tio.
Ela parecia preocupada, e eu sabia que tinha falado algo que não deveria. As palavras vieram com uma sensação de culpa que apertou meu peito.
Eduarda — Eu menti.
O peso dessa confissão parecia ser maior do que eu imaginava. Alba não respondeu de imediato, apenas soltou um suspiro profundo e abriu a porta do carro. O gesto me fez sentir um misto de alívio e vergonha.
Alba — Entra! — ela disse, com uma autoridade gentil, que de alguma forma me dava um pouco de conforto.
Olhei para o carro e, sem saber ao certo o que fazer, apenas fiz o que me foi pedido. Não queria mais brigar ou fugir. O carro de Alba parecia o único lugar seguro, e eu não tinha forças para questionar o que viria a seguir.
Ainda sem entender o que estava acontecendo, murmurei:
Eduarda — Onde a senhora...?
Alba olhou para mim, um sorriso pequeno se formando em seus lábios, mas com um olhar sério.
Alba — Para minha casa. Você vai ficar comigo.
...☆☆☆☆☆☆...
■ Dias atuais... 🗓
Nicole — Tudo que você tem que fazer é ir a esse encontro e dispensar o cara.
Eu a encarei, cética. Nic tinha essa habilidade de tratar situações complicadas com uma calma que me deixava perplexa.
Eduarda — Você fala com a maior tranquilidade do mundo, porque não diz a sua família que já está namorando. Só assim, eles param de te arrumar encontros.
Ela revirou os olhos, e eu soube imediatamente que essa não era uma opção para ela.
Nicole — Você sabe que eles não aprovariam Jake, ainda mais por ele vir de uma família simples.
Sim, pensei comigo mesma. Jake era um ótimo cara, mas não era o tipo que o pai de Nicole consideraria "adequado". Eu sabia disso, e ela também sabia.
Eduarda — Tenho certeza que dona Hortênsia irá amá-lo. Então, minha resposta é não.
Nicole — O que me preocupa não é a mamãe e sim o meu pai.
Eu sabia bem o que ela queria dizer. O senhor Peter... até hoje ele não gostava de mim. Quando Alba me apresentou à família dela como sua filha, ele fez o maior escândalo. Chamou Alba de maluca por confiar em uma "sem-teto" e disse coisas horríveis sobre mim, acusando-me de querer roubar tudo o que a família dele possuía. Desde então, a amizade entre Nic e eu era um segredo. Ele a proibiu de andar comigo, mas Nic sempre foi teimosa e nunca fez o que ele mandava.
Nicole — Prometo que vou contar a eles, o mais rápido possível. Só me salva dessa vez. Karla está ocupada e não pode ir no meu lugar. Eu só tenho você para recorrer.
Eu suspirei fundo.
Eduarda — Se quer se livrar do cara, é só não ir. Simples.
Nicole — As coisas não são tão fáceis como pensa. Ele é alguém muito importante, vem de uma família muito influente. Não posso simplesmente fazer uma desfeita dessas. Meu pai me mataria.
Eduarda — E você acha que ele não vai te matar, quando souber que mandou outra pessoa em seu lugar?
Nic fechou os olhos, claramente desesperada por uma saída. Ela sabia que eu tinha razão, mas não queria admitir.
Nicole — Mas ele não precisa saber. Só vá ao encontro, converse um pouco com o cara e o dispense amigavelmente.
Eduarda — Se é tão simples assim, vá você.
Nicole — Isso faria Jake se sentir inseguro, e combinei de conhecer sua família hoje. Não posso desmarcar. Me salva só dessa vez, vai.
Ela me olhou com um brilho de súplica nos olhos, quase como se fosse a última vez que pediria algo assim.
Nicole — Prometo que não te peço nada assim, nunca mais.
Eu suspirei, o peso do pedido se assentando sobre mim.
Eduarda — Só dessa vez, estamos entendidas?
Ela sorriu, e uma sensação de alívio tomou conta dela. Então se levantou e me envolveu em um abraço apertado.
Nicole — Ok. São por esses motivos que te amo.
...☆☆☆☆☆☆☆...
Nicole – Você ficou perfeita. Ela sorri, satisfeita com o resultado, ao me ver pronta.
Eduarda – A ideia era dispensar ele, por que ir tão arrumada assim?
Nicole – Você é filha de um grande empresário no ramo de hotelaria, ele não devia esperar menos.
Eduarda – Ok, você tem razão.
...☆☆☆☆☆☆☆...
Estou prestes a sair, quando minha mãe aparece na sala.
Alba – Onde as duas vão tão arrumadas?
Eduarda — A Nic me convenceu a ir em uma festa da faculdade. — Minto, e uma sensação de culpa começa a me invadir.
Alba — Finalmente! Vivo insistindo para você sair, se divertir. — Ela solta um suspiro de alívio, como se tivesse vencido uma batalha.
— Na sua idade, eu fazia tantas loucuras, que se eu fosse contar para vocês, as duas não saem daqui hoje. — Ela brinca, e o sorriso em seu rosto é acolhedor e divertido.
Ela se aproxima de mim, colocando a mão suavemente no meu rosto.
— Querida, pegue um dos carros. Sei que você é responsável o suficiente para não beber tanto. — Ela sorri, um sorriso terno que denota carinho e confiança. — Você ficou linda.
Eduarda – Não é necessário, mãe, não pretendo ficar muito tempo. Prometo não voltar muito tarde. — Digo, beijando seu rosto com afeto antes de sair, acompanhada de Nic.
A sensação que me invade é de imensa gratidão. Dona Alba cuidou de mim todos esses anos, sempre com carinho e dedicação. A considero como uma mãe, e sinto-me imensamente grata por tudo o que fez por mim. Tento, de todas as formas, mostrar ao seu irmão que ele está errado. Entrei na faculdade com o objetivo de ser a melhor, e consegui. Sou a primeira da classe, e estou me esforçando ao máximo para provar meu valor. Evito festas sempre que posso, e a verdade é que, nesses quatro anos, nunca fui a uma. Embora minha mãe insista, sempre achei que era mais importante me concentrar nos meus estudos.
...☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆...
Personagens:
...Nicole Monet...
...(Melhor Amiga de Duda)...
...☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆...
...*🔴*Autora:...
Olá, meus amados leitores! Estou de volta mais uma vez. Rs. 🤭😊
Espero que gostem desse novo romance.
Como nos livros anteriores, preciso comunicar a vocês que a história ainda está em desenvolvimento. Então, é normal que eu demore um pouco para atualizar os capítulos. Peço paciência e compreensão de todos. E para aqueles que não têm muita paciência para esperar as atualizações, aconselho que aguardem até o livro ser concluído.
Lembro a vocês: Que todo processo tem o seu tempo. 🙏🏽
Ah, e não se esqueçam de deixar aquele like 👍🏽 ao final de cada capítulo, e comentem o que estão achando! Isso contribui bastante para o meu crescimento e para a divulgação do meu livro. E devo confessar que adoro ler os comentários de vocês, amo suas interações com as minhas obras.
Sintam-se à vontade para me presentear e votar na minha obra. 😊
Beijos e boa leitura! 😘❤️
Att: Marta Iglesias.
...Foto Representativa...
...Personagens Principal...
...( Oliver González☝🏽 )...
...☆☆☆☆☆☆☆...
...Oliver...
Fui criado por meu avô desde o falecimento dos meus pais, que morreram em um trágico acidente de avião quando eu tinha apenas 7 anos. O impacto da perda foi profundo, e a dor da ausência deles ainda ressoa em mim. No entanto, desde aquele momento, meu avô fez o possível para cuidar de mim, oferecendo não apenas abrigo, mas também todo o amor e apoio que ele podia dar. Ele se tornou minha única família, sou imensamente grato. Cresci em sua casa, rodeado por suas histórias, seus ensinamentos e seu exemplo. Sempre senti a responsabilidade de corresponder às expectativas dele, de honrar o esforço que ele fez para me criar da melhor forma possível. Com isso, me esforço com afinco para manter o legado dele e preservar o bom nome da G&L Automotive, empresa que ele construiu com tanto esforço e dedicação. Seu legado é minha missão.
...☆☆☆☆☆☆☆...
■ 6 anos antes...
Vitor - Onde pensa que está indo? - Ele pergunta, buzinando impaciente.
Oliver - Vou pegar o metrô. - Respondo, tentando manter a calma.
Vitor - O herdeiro do grande império automotivo, andando de metrô? - Ele zomba, com um sorriso irônico.
Oliver - São somente algumas estações. Gosto de me sentir uma pessoa normal às vezes. - Respondo, tentando não deixar o tom de escárnio afetar minha paciência.
Vitor - Ok, já que não quer carona, eu vou indo. - Ele diz, acelerando o carro, deixando para trás o som do motor potente.
Coloco meus fones e sigo o breve percurso da universidade até a estação. Estou tão distraído com o som de Redbone que não percebo o carro se aproximando rapidamente. Quando finalmente o noto, ele já está quase sobre mim. No último segundo, sinto um empurrão forte e, antes que eu entenda o que aconteceu, vejo uma garota se jogando à minha frente. Ela me Empurra para o lado, mas, infelizmente, acaba sendo atingida pelo carro.
O mundo parece desacelerar. O impacto a derruba no chão, e o medo toma conta de mim. Rapidamente, corro até ela, ligando para a emergência enquanto tento manter a calma. Minhas mãos tremem, mas sei que preciso agir.
Oliver - Ei, olha para mim. Você não pode dormir, tenta ficar acordada. Você vai ficar bem, você vai ficar bem. - Minha voz sai ansiosa, tentando transmitir alguma segurança. Ela me encara por alguns minutos, seus olhos fixos nos meus, como se tentasse processar o que havia acontecido. Uma lágrima escorre de seu olho e, antes que eu consiga dizer mais alguma coisa, ela desmaia.
...☆☆☆☆☆☆☆☆...
Me responsabilizei por colocá-la no melhor hospital da cidade. Sempre que podia, ia visitá-la após a faculdade. Cada vez que a via, não conseguia deixar de me sentir culpado pelo ocorrido. Eu queria mais do que tudo que ela sobrevivesse. Desejava conversar com ela, entender o motivo que a levou a se sacrificar por mim. Por mais que pensasse, não conseguia encontrar a resposta.
Infelizmente, já estava com a viagem marcada para o exterior. Era o destino que meu avô havia planejado para mim, para terminar meus estudos e assumir a gerência de uma de nossas filiais. Segundo ele, a filial da França seria minha grande oportunidade de mostrar o meu trabalho, já que a mesma estava à beira da falência.
Foi um grande desafio reerguer aquela filial. Ainda mais pelo fato de meu avô não disponibilizar nenhum tipo de recurso financeiro. Tive que me virar, encontrar soluções criativas e, principalmente, ter paciência. Após muito trabalho árduo e persistência, consegui impedir sua falência, trazendo-a novamente ao topo das melhores do país.
Já formado, e com meu trabalho concluído, permaneci alguns anos em Paris. Confesso que queria manter o máximo de distância possível do cargo de Ceo em Nova York. Sempre que meu avô tocava no assunto ao telefone, fazia o possível para desconversar. A ocupação daquele cargo exigia algo que eu não estava disposto a fazer, não naquele momento. Na verdade, o casamento estava totalmente fora de questão para mim. Não queria estar atado a nada, nem mesmo a uma responsabilidade tão grande.
Mas a vida, como sempre, tem seus próprios planos. Me vi sem opção Quando o Doutor Derek telefonou, informando que meu avô havia sofrido um infarto. A voz do médico era grave e preocupada, e, ao ouvir as palavras, um gelo percorreu minha espinha. Segundo ele, meu avô precisava de descanso. Não poderia mais se estressar, e sua aposentadoria era a melhor opção. Aquelas palavras me fizeram perceber que não havia mais como fugir da situação. Concordei com sua ideia, e, no mesmo instante, tomei a decisão de retornar a Nova York o mais depressa que consegui.
...☆☆☆☆☆☆...
■ Dias Atuais.... 🗓
● Retorno....
Vitor - Vic disse que viria nos buscar no aeroporto.
Oliver - Não era necessário, pedi que Ralph viesse.
Vitor - Agora, é tarde demais. - Ele fala com um sorriso, observando a irmã, que segura uma placa com os dizeres "Sejam bem-vindos."
Vic me abraça, e, enquanto me aperta, sussurra em meu ouvido: "Senti sua falta."
Oliver - Eu também. – Digo, beijando seu rosto.
Vitor - E o seu irmão gêmeo, não ganha abraço?
Vic sorri e, com um pulo brincalhão, corre para os braços dele.
Victoria - É claro que ganha. – Ela diz, com um sorriso largo, quase inocente.
Oliver - Já vou indo, vejo você mais tarde. – Digo, olhando diretamente para meu amigo, que concorda.
Vitor - Vamos de balada?
Victoria - Como assim balada? Vocês acabaram de retornar e já querem cair na gandaia. E não entendi a despedida, estou de carro. Posso te deixar em casa?
Oliver - Não é necessário, Ralph veio me buscar. – Digo, acenando para ele, logo atrás dela.
Foi bom ver você, mas preciso ir agora.
...☆☆☆☆☆☆...
Assim que chego à mansão, vou diretamente ao quarto de meu avô. Porém, ao abrir a porta, não o encontro lá.
Miranda - Boa tarde, senhor. É muito bom tê-lo de volta.
Oliver - Boa tarde, Miranda. Sabe me informar onde...?
Miranda - O senhor González está no jardim. Fizemos o possível para mantê-lo em repouso, mas ele não é muito bom em seguir ordens.
Oliver - Não se preocupe, Miranda, já imaginava que seria difícil mantê-lo na cama. Deixa comigo, vou falar com ele e me certificar de que ele cumpra as orientações do doutor.
Continua.....
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Personagens:
...Vitor Albuquerque...
...(Melhor amigo de Oliver)...
...Victoria Albuquerque...
...(Irmão Gêmea de Vitor e amiga de Oliver)...
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