Era uma manhã de primavera no reino de Eldoria, onde o sol nascia lentamente, tingindo o céu com tons de dourado e rosa. As árvores ao redor do palácio real estavam em plena floração, suas folhas brilhando como esmeraldas sob a luz suave, enquanto fragrâncias de flores raras e exóticas preenchiam o ar, dançando com a brisa que sussurrava segredos antigos. O jardim real era um lugar de tranquilidade, onde a princesa Misty frequentemente encontrava consolo em meio à agitação da vida na corte.
Misty, uma alta-elfa de beleza etérea, caminhava lentamente pelo jardim, seus passos quase inaudíveis sobre o chão coberto de pétalas. Seus cabelos cor de cobre capturavam a luz do sol, cintilando como se tivessem sido banhados em fogo líquido. Seus olhos dourados, brilhando com a intensidade da vida ao seu redor, observavam cada detalhe das flores que ela acariciava suavemente. Ela sentia uma conexão profunda com a natureza, e naquele momento, estava imersa em seus pensamentos, deixando que o mundo ao seu redor se dissolvesse em um mar de cores e sensações.
De repente, uma sombra se projetou sobre o caminho à frente de Misty, interrompendo sua contemplação. Ela levantou o olhar e viu um jovem elfo, um dos mensageiros reais, aproximando-se com uma expressão grave. Seu coração apertou ao notar a seriedade em seus olhos. Ele se inclinou ligeiramente antes de falar, a voz baixa e respeitosa. —Princesa Misty, os reis desejam vê-la no salão principal.
Misty sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Embora não fosse incomum que seus pais a chamassem, a urgência na voz do mensageiro a deixou inquieta. Ela sabia que algo importante estava por vir. Com um aceno de cabeça, indicou que estava pronta para segui-lo, seus pensamentos agora tomados por uma mistura de curiosidade e apreensão.
Enquanto caminhavam pelos corredores do palácio, Misty não pôde deixar de notar a atmosfera tensa que pairava no ar. Servos passavam rapidamente, evitando encontrar seu olhar, como se temessem que ela pudesse ler seus pensamentos. As tapeçarias nas paredes, retratando cenas de vitórias e conquistas passadas, pareciam mais sombrias à luz do que estava por vir.
Ao chegar ao salão principal, as portas grandes e ornamentadas foram abertas para revelar o vasto espaço onde seus pais, o rei Thandor e a rainha Elyndra, estavam sentados em seus tronos. Ambos mantinham expressões sérias, e Misty podia ver a tensão em seus rostos. O coração dela começou a bater mais rápido, e ela respirou fundo antes de dar um passo à frente.
—Misty, querida,— começou a rainha Elyndra, sua voz suave mas carregada de uma firmeza que Misty raramente ouvira. —Temos uma notícia importante para compartilhar com você.
Misty tentou esconder a ansiedade que começava a borbulhar dentro dela. —Sim, mãe,— respondeu, esforçando-se para manter a voz estável. —O que aconteceu?
O rei Thandor, um homem conhecido por sua sabedoria e temperança, limpou a garganta antes de falar. —Recebemos uma proposta de aliança que pode garantir a paz e prosperidade do nosso reino por muitas gerações. É uma oportunidade que não podemos ignorar.
Misty franziu a testa, sentindo uma pontada de preocupação. —Que tipo de aliança?— A pergunta pairou no ar, pesada e carregada de expectativas.
—Através do casamento,— respondeu sua mãe, seus olhos refletindo uma mistura de tristeza e determinação que Misty não podia ignorar. —Você está prometida a Samuel, um príncipe da raça dos tieflings.
As palavras caíram como uma pedra no coração de Misty. Ela sentiu o chão tremer sob seus pés, e por um momento, tudo ao seu redor pareceu se distorcer. —Um tiefling?— Sua voz quase se perdeu em um sussurro, mas a incredulidade e o choque eram evidentes. —Como podem me pedir para me casar com alguém que nem conheço? E um tiefling, ainda por cima? Sabem o que isso significa?
Os tieflings, descendentes de pactos demoníacos, eram frequentemente vistos com suspeita e medo. Suas aparências distintas – pele vermelha, chifres curvos, olhos penetrantes – os tornavam alvo de preconceito e hostilidade, mesmo em um reino tão avançado como Eldoria. A ideia de se casar com alguém dessa raça, alguém cuja existência era uma lembrança constante de pactos sombrios, parecia inimaginável para Misty.
—Entendemos suas preocupações, minha filha,— disse o rei Thandor, tentando acalmar a situação com sua voz grave e ponderada. —Mas esta aliança é crucial para fortalecer nossos laços com os tieflings. Eles têm sido nossos aliados em tempos difíceis, e este casamento solidificará essa relação.
Misty sentiu uma mistura de raiva e desespero borbulhar dentro dela, um turbilhão de emoções que ameaçava transbordar. —Não posso acreditar que estão me pedindo isso. Eu nunca sequer conheci esse Samuel. Como esperam que eu me case com ele?
A rainha Elyndra, que havia permanecido sentada até então, levantou-se e caminhou até sua filha, colocando uma mão reconfortante no ombro dela. —Sabemos que é uma decisão difícil, mas estamos pensando no bem maior. Você tem um dever para com seu povo. Samuel é conhecido por ser um líder justo e corajoso. Dê-lhe uma chance.
As palavras de sua mãe soavam racionais, quase pragmáticas, mas o coração de Misty estava em tumulto. Ela queria gritar, protestar, dizer que isso era injusto. No entanto, sabia que suas palavras não mudariam a realidade da situação. —Eu sempre sonhei em me casar por amor, não por obrigação.
—Às vezes, os maiores sacrifícios trazem as maiores recompensas,— disse o rei Thandor com firmeza, mas também com uma tristeza que ele não conseguia esconder completamente. —Estamos certos de que você encontrará uma forma de fazer isso funcionar.
Misty sabia que a audiência estava chegando ao fim. Ela olhou para seus pais, vendo neles a força que sempre admirara, mas também a dureza das responsabilidades que carregavam. Sem outra palavra, ela se virou e deixou o salão, seus passos ecoando nos corredores silenciosos.
Misty saiu do salão principal com passos rápidos e decididos, mas cada passo parecia ressoar com a batida irregular de seu coração. Ela não conseguia acreditar no que acabara de ouvir. Como seus pais, que sempre a incentivaram a seguir seus próprios caminhos e sonhos, poderiam agora forçá-la a um casamento arranjado? E não era apenas um casamento qualquer; era com um tiefling, uma raça que ela fora ensinada a temer e desconfiar.
Atravessando os corredores do palácio, Misty sentiu uma onda de emoções conflitantes – raiva, frustração, medo, e uma profunda tristeza. As paredes do palácio, que antes pareciam tão familiares e acolhedoras, agora pareciam se fechar ao redor dela, sufocantes. Tudo o que ela queria era fugir, escapar dessa realidade cruel. Mas ela sabia que isso não era uma opção.
Finalmente, ela chegou a seus aposentos e fechou a porta atrás de si, encostando-se nela por um momento, tentando controlar a respiração ofegante. Olhando ao redor de seu quarto, seus olhos caíram sobre os livros de magia cuidadosamente organizados em sua estante, os instrumentos musicais que ela tanto amava tocar, as tapeçarias que decoravam as paredes com cenas de florestas encantadas e criaturas míticas. Este era o seu refúgio, o lugar onde sempre se sentira segura e no controle de seu destino. Mas agora, até mesmo esse espaço parecia invadido pela incerteza.
Com um suspiro trêmulo, Misty caminhou até a cama e se sentou na beirada, suas mãos tremendo enquanto segurava o tecido macio das cobertas. Sua mente girava com possibilidades, mas nenhuma delas parecia oferecer uma saída fácil. Ela estava presa em uma teia de expectativas e obrigações, uma prisão dourada que seus pais haviam construído ao redor dela.
No entanto, uma coisa era clara: ela precisava de conselhos. Alguém em quem pudesse confiar plenamente, que pudesse ouvir seus medos e ajudá-la a encontrar uma solução. E a única pessoa que lhe veio à mente foi Lyra, sua melhor amiga e confidente de longa data. Lyra sempre soubera como acalmar os temores de Misty e oferecer uma perspectiva que ela mesma não conseguia enxergar.
Sem perder mais tempo, Misty se levantou e saiu de seus aposentos, dirigindo-se rapidamente ao quarto de Lyra. Quando chegou, bateu na porta com urgência, quase desesperada para ouvir a voz tranquilizadora de sua amiga. A porta se abriu rapidamente, revelando Lyra com um sorriso caloroso que logo se transformou em preocupação ao ver a expressão de Misty.
—Misty, o que aconteceu?— perguntou Lyra, puxando a amiga para dentro do quarto e fechando a porta atrás delas.
Misty desabou, contando tudo a Lyra – a aliança com os tieflings, o casamento arranjado, e o fato de que seu noivo seria um tiefling chamado Samuel. À medida que as palavras saíam de sua boca, lágrimas silenciosas escorriam por suas bochechas, e ela não fez esforço para escondê-las.
—Como posso aceitar isso, Lyra? Eles esperam que eu me case com um estranho, um tiefling! Eu nem sequer o conheço!— A angústia em sua voz era palpável, e ela olhou para Lyra em busca de respostas que ela mesma não conseguia encontrar.
Lyra a ouviu com paciência e empatia, seus olhos verdes cheios de compreensão. Quando Misty finalmente terminou de falar, Lyra pegou suas mãos e as apertou gentilmente. —Entendo o quão difícil isso deve ser para você. Não posso imaginar como deve ser enfrentar uma situação assim. Mas talvez, só talvez, haja mais nesse Samuel do que sabemos. Esta pode ser uma oportunidade para unir nossos povos de uma forma que nunca foi possível antes.
Misty balançou a cabeça, sua teimosia evidente. —Eu não me importo com alianças políticas, Lyra. Quero viver minha vida com alguém que eu ame, alguém que eu possa escolher por mim mesma. Não quero ser apenas uma peça em um jogo de poder.
Lyra suspirou, sentindo o peso do dilema de sua amiga. —Eu sei que isso é o que você sempre sonhou. Mas às vezes, as circunstâncias nos forçam a escolhas difíceis. Talvez você possa falar com seus pais novamente, expressar como se sente de verdade. Eles sempre foram razoáveis e podem reconsiderar se souberem o quanto isso a está afetando.
Misty ponderou sobre as palavras de Lyra, sentindo uma pequena fagulha de esperança acender dentro dela. Talvez seus pais ainda estivessem dispostos a ouvir, talvez ela pudesse encontrar uma maneira de negociar ou, pelo menos, adiar esse casamento. Com essa determinação renovada, ela decidiu que precisava tentar uma última vez.
Ela caminhou de volta para o salão principal, onde seus pais ainda estavam sentados, envolvidos em discussões sobre os detalhes da aliança. Quando ela entrou, a conversa cessou, e seus pais a olharam com preocupação e uma pitada de surpresa.
—Precisamos conversar,— disse Misty, sua voz firme, mas carregada de emoção.
O rei Thandor assentiu lentamente, gesticulando para que ela se sentasse. —Claro, filha. Estamos aqui para ouvir.
Misty respirou fundo, reunindo toda a coragem que possuía. —Eu não posso aceitar esse casamento,— começou, sua voz vacilando ligeiramente. —Não conheço Samuel, e tudo o que sei sobre os tieflings são histórias de medo e desconfiança. Vocês estão me pedindo para abandonar meus sonhos e esperanças por uma aliança política que, para mim, é impossível aceitar.
A rainha Elyndra, que sempre fora uma figura de serenidade e sabedoria, olhou profundamente nos olhos da filha, como se estivesse procurando entender sua alma. —Entendemos seus sentimentos, Misty. Mas lembre-se, somos líderes deste reino. Às vezes, temos que fazer sacrifícios pessoais pelo bem maior.
Misty sentiu seu coração apertar ainda mais. Ela sabia que seus pais tinham o dever de pensar no reino, mas como poderia sacrificar sua própria felicidade em nome de uma aliança? —Mas eu não estou pronta para esse sacrifício,— protestou, sua voz subindo com a intensidade de suas emoções. —Por favor, deem-me mais tempo. Deixem-me conhecê-lo primeiro, sem a pressão do casamento imediato. Talvez, se eu puder entender quem ele realmente é, eu possa encontrar uma maneira de aceitar.
O rei Thandor e a rainha Elyndra trocaram um olhar ponderado, comunicando-se em silêncio como faziam há anos. Finalmente, foi Thandor quem falou. —Muito bem, Misty. Faremos o possível para adiar a cerimônia. Mas queremos que você entenda Samuel e os tieflings. Passe algum tempo com ele e veja por si mesma quem ele é.
Misty sentiu um alívio misturado com apreensão, mas ao menos agora tinha uma chance de descobrir mais sobre Samuel antes de tomar uma decisão final. —Obrigada, pai, mãe,— disse ela, tentando esconder o tremor em sua voz. —Prometo que farei o possível para entender essa situação.
Quando deixou o salão desta vez, Misty sentiu um peso um pouco menor em seus ombros, mas a incerteza ainda permanecia. Como ela poderia se aproximar de alguém que representava tudo o que temia e desprezava? Mesmo com o tempo adicional, ela não conseguia imaginar como Samuel, um tiefling com uma herança tão obscura, poderia ganhar seu coração.
No entanto, algo dentro dela murmurava que o destino, muitas vezes, reservava surpresas inesperadas.
O dia em que Misty finalmente conheceria Samuel chegou, carregado de expectativas e emoções conflitantes. Desde o amanhecer, Eldoria estava em movimento frenético, preparando-se para o encontro. O salão principal do palácio, onde a reunião estava marcada, estava deslumbrante. Tapeçarias douradas pendiam das paredes, retratando cenas de antigas alianças e batalhas gloriosas, enquanto arranjos florais cuidadosamente dispostos emolduravam o espaço com seus aromas suaves e cores vivas. No entanto, apesar de toda a grandiosidade, Misty sentia-se desconectada de tudo isso, como se o que estava por vir pertencesse a outro mundo, um mundo do qual ela não queria fazer parte.
Ela se vestiu para a ocasião com uma simplicidade deliberada, optando por um vestido que era bonito, mas longe da opulência habitual que se esperava de uma princesa em um evento tão importante. O vestido era de um verde suave, quase como o musgo, que destacava seus olhos dourados e complementava seus cabelos cor de cobre. Mas, apesar do esforço para parecer calma e controlada, seu coração batia descompassado, cada pulsação trazendo consigo uma nova onda de nervosismo.
Misty não sabia exatamente o que esperar de Samuel. A imagem de um tiefling, com todas as suas conotações sinistras e mistérios sombrios, preenchia sua mente. Ela tentava afastar esses pensamentos, lembrando-se das palavras de Lyra sobre manter a mente aberta. No entanto, a apreensão e o medo do desconhecido eram difíceis de ignorar.
Finalmente, chegou o momento. Misty estava ao lado de seus pais, o rei Thandor e a rainha Elyndra, quando a grande porta do salão se abriu. Uma corrente de ar frio percorreu o espaço, seguida por um silêncio absoluto. Todos os olhos se voltaram para a figura que entrou, Samuel, o príncipe tiefling. Ele era exatamente como Misty imaginara, mas também inesperadamente distinto. Era alto, com uma postura ereta e confiante, mas havia uma serenidade em seus movimentos que parecia contradizer sua aparência imponente.
A pele de Samuel era de um vermelho profundo, quase como o crepúsculo, e seus cabelos negros caíam suavemente sobre seus chifres curvos. Seus olhos, dourados como brasas, brilhavam com uma intensidade que Misty não esperava, uma mistura de determinação e, talvez, curiosidade. A cauda longa e delgada que se movia atrás dele, quase imperceptível, acrescentava um toque ainda mais exótico e misterioso à sua figura.
Misty sentiu uma onda de emoções conflitantes ao vê-lo. O temor e a desconfiança que sempre associara aos tieflings estavam lá, mas também havia algo nele que a fez hesitar. Ele não parecia o monstro que tantas histórias descreviam, mas um homem, tão nervoso quanto ela, enfrentando uma situação igualmente desconfortável.
Samuel se aproximou com passos seguros, parando a uma distância respeitosa. Ele fez uma reverência profunda, seus movimentos graciosos apesar da tensão visível em seus ombros. —Princesa Misty,— disse ele, sua voz calma e controlada. —É uma honra finalmente conhecê-la.
Misty, por mais que tentasse esconder, ainda sentia a tensão em cada fibra de seu corpo. Ela fez uma reverência leve, mantendo a formalidade. —Príncipe Samuel,— respondeu ela, sua voz um pouco fria, mas educada. —Seja bem-vindo a Eldoria.
O rei Thandor, percebendo a rigidez do momento, deu um passo à frente, sua voz calorosa tentando dissipar a atmosfera tensa. —Por favor, gostaríamos que passassem algum tempo juntos, para se conhecerem melhor. O jardim privado está preparado para que conversem com tranquilidade.
Sem outra opção, Misty assentiu, acompanhando Samuel até o jardim privado do palácio. Era um lugar encantador, com uma grande variedade de plantas exóticas e flores coloridas. O sol da tarde lançava uma luz dourada sobre o ambiente, criando sombras suaves que dançavam ao vento. No centro do jardim, uma mesa estava preparada com uma seleção de frutas, queijos e vinho, tudo disposto com elegância, mas sem ostentação.
Eles se sentaram um de frente para o outro, e por alguns momentos, um silêncio desconfortável pairou no ar. Misty evitou o olhar de Samuel, focando-se nas flores ao seu redor, tentando encontrar alguma calma na natureza que tanto amava. Samuel, por sua vez, parecia estar refletindo sobre como começar a conversa, ciente da barreira invisível que os separava.
—Este lugar é realmente belo,— disse Samuel finalmente, sua voz suave tentando romper o gelo. —Nunca vi jardins tão magníficos em toda a minha vida.
—Obrigado,— respondeu Misty, ainda com uma nota de frieza em sua voz, mas menos ríspida do que antes. —Eu cuido deles pessoalmente. A natureza é muito importante para mim.
Samuel sorriu, e seu sorriso, para surpresa de Misty, era genuíno e sem traços de malícia. —Aprecio a sua dedicação. Em nosso reino, valorizamos a força da natureza de forma diferente, mas igualmente profunda.
Essa resposta despertou a curiosidade de Misty, embora ela ainda mantivesse uma certa reserva. —Como assim?— perguntou ela, permitindo que sua curiosidade natural superasse sua desconfiança momentânea.
—Os tieflings têm uma conexão intensa com o fogo e as estrelas,— explicou Samuel, suas palavras fluindo com facilidade. —Nossos rituais e celebrações são frequentemente centrados nesses elementos. Eles representam tanto a destruição quanto a renovação, e é essa dualidade que nos ensina sobre a vida e a nossa própria natureza.
A conversa começou a fluir mais naturalmente a partir daí. Samuel falou sobre sua terra natal, um lugar cheio de contrastes, onde o calor abrasador do fogo era equilibrado pelo brilho frio das estrelas no céu noturno. Ele descreveu com paixão como, apesar das dificuldades que sua raça enfrentava, havia uma beleza profunda em sua cultura, uma força que vinha da aceitação de sua própria história e do desejo de criar algo novo a partir dela.
Misty, por sua vez, compartilhou histórias sobre Eldoria, seu amor pelos jardins do palácio e sua dedicação ao estudo da magia e da música. Ela ainda se mantinha cautelosa, mas à medida que a conversa avançava, ela começou a perceber que Samuel não estava tentando impressioná-la com grandiosidade ou se impor. Ele falava com sinceridade e, o que era mais importante, não tentava forçar qualquer tipo de intimidade ou proximidade. Ele respeitava o espaço dela, algo que Misty começou a notar e, de certa forma, a apreciar.
Quando a tarde começou a se transformar em noite, e o céu se tingia de laranja e roxo, Samuel se levantou e estendeu a mão para Misty. —Obrigado por me permitir conhecê-la e compartilhar um pouco de sua vida. Espero que possamos continuar a construir uma compreensão mútua.
Misty hesitou por um momento, olhando para a mão estendida. Ela sentia que, ao aceitá-la, estava se comprometendo a algo que ainda não compreendia completamente. Mas, ao mesmo tempo, havia uma faísca de curiosidade, uma pequena abertura que ela não conseguia ignorar. Finalmente, ela aceitou a mão dele, apertando-a levemente. —Vamos ver,— disse ela, um leve brilho de aceitação em seus olhos. —Ainda há muito que não sei sobre você.
Samuel sorriu novamente, aquele mesmo sorriso gentil que começava a desarmar as defesas de Misty. —E eu sobre você, princesa. Mas estou disposto a aprender, se você estiver.
Enquanto Samuel se afastava, Misty ficou pensando em tudo o que havia acontecido. A aparência e a raça de Samuel ainda a deixavam desconfortável, mas ela não pôde deixar de admirar sua educação, sua paciência e a forma como ele respeitava seus limites. O primeiro encontro não mudara completamente seus sentimentos, mas plantara uma semente de possibilidade em seu coração. Talvez, apenas talvez, havia mais nesse príncipe tiefling do que ela inicialmente pensara, e essa descoberta a deixava curiosamente esperançosa.
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