Para muitos, o escuro, assusta, simplesmente pelo fato de não se observar o que tem escondido lá, porém esse não é o meu caso, viver nas sombras tornou-se praticamente o meu escudo daí tiraram o meu vulgo,

Sou nascido e criado no morro, tive a sorte ou azar de ser filho do dono, pois é minha família é envolvida no crime, e não deixa de fugir da tradicional bagunça, e história clichê de um cara metido a garanhão, arrasta geral até que encontra a sua tampa, porém as intrigas da oposição se acham melhor e tentam de tudo para arruinar esse final aparentemente feliz,

ANOS ANTES

Quando tinha de dois para três anos descobri a primeira maldade do mundo, minha mãe me buscou na casa da vovó, e disse que faríamos uma surpresa para o papai porém quando ela abre a porta do quarto, a moça que até então se acreditava ser amiga dela estava deitada junto do papai, me assusto com a bandeija que mamãe deixa cair, na época não entendia o que rolava, depois de muita gritaria e o meu pai ter levado uns (tapas) da minha mãe ela veio até mim me tirando dali, entramos no meu quarto e fui colocado em minha cama, ela foi até meu armário com uma bolsa, não sei se foi por causa da gravidez mais estava chorando bastante, ela estava no telefone falando com minha avó e logo veio até mim

— Oi meu amor, vamos voltar para vovó ok, preciso que pegue todos os brinquedos que quer brincar lá para a mamãe levar para você ta bom (apenas concordei contente, pois sempre gostei de ir para minha avó)

A porta foi aberta com tudo e meu pai passou como um touro bravo pegando a minha mãe no colo e a levando, fiquei muito assustado com a cena ela gritava o chamando de traidor e nunca mais iria olhar na cara dele, e eles tinham terminado tudo e sumiria comigo e meu irmão, nesse momento meu pai parou e a colocou no chão

— Espera você está grávida de um menino Stela, (diz sorrindo indo colocar a mão na barriga dela, que bateu nele, saindo de perto, mais esse ato não o deixou zangado já que continuou sorrindo para ela)

— Foi por isso que saí do hospital mais cedo e peguei você no fragante com aquela traidora, ia te contar que vamos ter outro menino estava lhe procurando ontem a manhã inteira para ir comigo, assim que terminasse o meu plantão, Xavier, então fui sozinha e resolvi lhe fazer essa surpresa, mais você não liga seu cretino, nunca mais quero olhar na sua cara, mentiroso, me fez juras de amor e estava de caso com minha amiga, eu recebi inúmeras fotos de vocês dois juntos mais me recusei a acreditar, e agora estou vendo com meus próprios olhos o maldito que você é

— Stela, eu não sei como ela foi parar no nosso quarto te juro meu amor, ontem cheguei da base e fui para meu escritório, fiquei la por bastante tempo, tomei meu uisque, que me disseram que você mandou para mim, e apaguei, nunca tinha ficado com ela antes, nem sei se realmente transamos hoje eu acordei com você me batendo, te juro (tenta chegar perto dela, porém ela se afasta pegando minha mochila e me carregando)

— Nosso casamento acabou aqui, nunca mais esta me ouvindo, nunca mais olhe na minha cara não quero que nem chegue perto dos meus filhos, e não tente me impedir de sair ou chamo a polícia e dou a exata localização de onde fica sua fortaleza e de quebra te acuso por sequestro

— Stela meu amor, não é assim que as coisas são resolvidas, eu vou provar minha inocência mais preciso que fique aqui, não me tire nossa família, não me tire você estou implorando, (a abraçou, mesmo ela tentando se soltar com dificuldade devido o tamanho da barriga e comigo em seu colo)

— Não me faz repetir, me solta agora, não me obriga a fazer algo que não quero por favor (eles dois se encaram e eu fiquei ali olhando de um para o outro sem saber o que realmente significava aquele silêncio, em relutância ele a soltou e ela passou por ele) Pede para Hugo mandar minhas coisas para casa da minha mãe (e assim saiu, sem olhar para trás enquanto eu lhe dava tchau)

— Eu vou provar minha inocência, e tu vai voltar, me ouviu Stela (ele gritou, minha mãe chorou ainda mais entrando no carro onde um dos vapores do papai colocou suas coisas que ela havia lhe entregado enquanto me colocava no carro

Seguimos, e fiquei a olhar o papai sumir ao longe, depois de um tempo eu dormi, o que durou a viagem inteira, e quando acordei não estava na casa da minha avó

— Onde estamos nanãe (olho para fora sonolento)

— Na casa da mamãe, vamos ficar aqui por um tempo ok, (diz me ajudando a descer do carro)

— Cadê a vovó

— Não se preocupe com isso querido, logo ela vem ver a gente só preciso desaparecer por uns dias ok (diz a passar as mãos nos meus cabelos)

Se passaram uns dias não sabia dizer exatamente quantos afinal era apenas uma criança mais sei que não vi o meu pai por bastante tempo, até que numa manhã, enquanto brincava no jardim, ele entra e vem até mim

— Oi filhão que saudade de você meu garoto, onde está tua mãe em, (levanto-me eufórico o abraçando e mostro a direção da cozinha, pois era aonde ela estava, ele carrega-me abraçando-me forte e me bota novamente no chão) fica aí que vou lá falar com ela beleza, Hugo sabe o que tem que fazer

Ele vai na direção da porta, não demorou nem um minuto e já começou a gritaria, ela gritava com ele o mandando sumir da vida dela, e o questionando quem o informou de onde estava, tento ir até eles e sou parado por Hugo, um dos amigos do papai que sempre está junto dele

— Vem Dani, os seus pais vão demorar lá dentro que tal tomar um sorvete em (meio relutante concordo ainda olhando para porta e assim ele me leva dali)

Quando voltamos um tempo depois meu pai estava na porta com a minha mãe junto dele, corro até ela que me pega pela mão,

— Vamos voltar para casa do papai ok, (ela abaixa-se com um pouco de dificuldade, e abraça-me) vai ficar tudo bem ok, (se levanta) vem vamos

O meu pai se aproxima, e carrega-me, fala algumas coisas com Hugo, e coloca-me na cadeira, fechando a porta, abre para minha mãe há ajudando entrar

No carro, eles conversaram coisas que não entendi direito mais o que sabia que papai estava de castigo, pois ela olhava-lhe da mesma forma que me olha quando quebro as coisas dela,

voltamos para casa e tudo estava da mesma forma que já conhecíamos, os dias foram passando e foi como se nunca tivéssemos saído daqui, mamãe já não dormia mais comigo voltando a ficar com papai, já que todas as vezes que ela dormia ele vinha e levava ela consigo, e no outro dia ela brigava com ele, que sempre repetia a mesma coisa que o lugar da mulher dele era com ele mesmo com raiva ou não, um dia mamãe estava saindo para ir à consulta dela, e a amiga dela apareceu novamente, ela estava a rir e falava coisas que deixaram mamãe brava, papai ficou mais bravo ainda e quase bateu na moça, mais mamãe não deixou, o vovô Danilo, chegou e conversou com o papai levando ela embora aos gritos

Os anos foram passando e eu fui crescendo, Davi havia nascido, e já estava com oito anos, quando chegamos da escola escutei o papai nervoso no seu escritório conversando com o Hugo,

— Ela teve a criança, mesmo depois de tudo que falei com ela, eu a proibi e mesmo assim ela teve a ousadia de ter esse menino

— Cara não estou te entendendo, não cabia a você a decisão dela ter a criança ou não, e daí, se a Lúcia teve um filho, você deixou claro na época que não queria ter nenhuma relação com ela, não estou a entender esse seu nervosismo

— Aquele menino é a prova viva do que ela fez, tinha esperança de ser mentira dela e que nunca tivesse conseguido o que disse entendeu, o que vou falar com a Stela quando ela olhar-lhe e ver que o menino é a cara do Daniel por ter nascido a minha cópia esculpida, quando passei por ele quase fraquejei indo até ele, mais não posso fazer isso com a Stela, ela sofreu muito

— Gael Xavier vira homem cara, o garoto não tem culpa pelos erros da mãe, conversa com a Stela sei que ela vai entender, o menino tem direito a ter um pai

— Não é necessário mexer nessa história, ele está a ser criado por Danilo e tenho certeza que vai ser o melhor dos melhores, mesmo tendo aquela maluca como mãe

Sinto o meu corpo gela, quando uma mão pega nos meus ombros, olho devagar para ver quem me pegou em fragante e a minha mãe, está me olhando com um sorriso cúmplice de te peguei, ela me pede para ir para meu quarto tão meiga e sorridente, e entra no escritório

Não tive coragem de desobedece-la, e escutar o que iria acontecer adiante então fiz o que ela me mandou indo para meu quarto, dois meses depois desse acontecido o vô Danilo veio até a nossa casa, ele não brincou com a gente como sempre fazia, desta vez estava abatido, de longe se via tristeza em seu olhar e foi para o escritório do meu pai, nesse dia tinha que mostrar ao meu pai um trabalho que precisava de sua ajuda e chego no exato momento que escuto vovô dizer ao meu pai

— Se não fosse por você, tudo poderia ser diferente, Gael nunca te cobrei nada, apenas lhe peço que não rejeite o meu neto, ele acabou de perder a mãe e precisa de você nesse momento

— Danilo, você não tem o direito de jogar a culpa em mim, sempre fui claro com ela que nunca poderia rolar nada entre a gente, esse garoto é consequência de um erro dela não meu, (joga as coisas da mesa no chão, o que me faz assusta e denunciar minha presença ali, pois acabo esbarrando num vaso que havia ali) o que faz aqui Daniel

— Só vim lhe mostrar isso pai (estico o papel para ele que pega me mandando sair sem deixar que fale mais nada, fechando a porta logo atrás de mim)

Após uns dias a minha mãe chamou eu e Davi e contou que eu tínhamos um irmão e ele estava muito triste, pois sua mãe havia morrido, essa foi a primeira vez que ela falou de Dante diretamente comigo e o meu irmão, depois disto vimos o vô Danilo mais algumas vezes aqui em casa até que dois anos depois quando chegamos da escola lá estava, um garoto franzino ate que parecido comigo devia ter por volta de dez anos um pouco mais alto que o Davi, ficou o tempo todo calado enquanto o meu pai explicava que o vô estava muito doente e precisava ser internado então ele a partir daquele momento iria morar connosco

No início ele só ficava na dele, nunca reclamava de nada, e estava sempre sozinho, a minha mãe sempre tentava o enturmar, com a gente, não sei se pela idade mais Davi teve mais facilidade de comunicação com ele, mais com o passar dos meses ele acabou a ceder e virou fechamento do pai aqui, na escola todos pagavam pau para os três irmãos, o Dante sempre foi imã de problemas toda a hora chegava b.o dele para resolver, principalmente se envolvesse a mãe, se marcassem brigas então pode ter certeza que ele estava dentro, e levava o Davi a tira colo, e eu acabava envolvido por ir salva os manes dos meus irmãos

Uns três meses depois que Dante estava conosco, chegou a triste notícia, o vô Danilo havia falecido, mano o Dante virou o cão, ninguém conseguiu parar o moleque, que saiu em disparada, nesse dia a minha mãe estava de plantão e o nosso pai ogro que só ele, nem preparou o menino para a notícia, apenas chegou e jogou a notícia no ar do nada, ele saiu em disparada desviando dos vapores tudo que ninguém pegou ele, e sumiu, quando a minha mãe chegou e ficou a saber do ocorrido o meu pai desejou não ter falado nada pensa numa mulher que estava brava, ela apenas tirou os saltos, deixou a sua bolsa no sofá e saiu, exatamente uma hora depois ela entrou com ele abraçado a ela chorando, desde esse dia Dante tornou-se ainda mais fechado, com o meu pai praticamente não havia conversa, em compensação com dona Stela, ele pegou um carinho que ate parecia que eles eram de fato mãe e filho, mesmo com ela no nosso pé, para nós nos tornamos caras prendados, aqui não tinha papo que só mulher fazia não ela entrava numa de dia de faxina que até o meu pai rodava se tivesse em casa

— Se estão a pensar que vou lascar-me, tendo quatro homens em casa vocês estão muito enganados, bora quero essa casa um brinco, e se reclamar eu dobro a tarefa de vocês (diz ela parada na porta da cozinha enquanto nós três estávamos a limpar

— A mãe mais não é justo foi o Dante que bateu no moleque, eu só ajudei o meu irmão a sair de lá, por que estou no castigo com ele

— Davi, isso não é um castigo filho, apenas estou pedindo a ajuda dos meus três filhos amados, na organização da casa, o fato de vocês dois terem mandado um colega para o hospital, trazendo inúmeros problemas para mim, não tem nada haver com isso

— Não foi bem assim tia Stela, eles não contaram o que aconteceu de fato, nós não fizemos praticamente nada foi eles que não prestaram atenção quando socamos a cara deles e desceu rolando a ribanceira, porém se eles não tivessem marcado a briga não teria acontecido (Dante diz como se tivesse certo na parada)

— Ja falei que sou tua mãe Dante Xavier, e não vou nem render com vocês, e podem esperar que Gael não está nada contente com vocês

Davi se encolhe todo, Dante finge que nem é com ele, eu por minha vez sei bem que no fim vou acabar pagando pelas burradas desses dois só me lasco como mais velho nessa história

O tempo foi passando e nossa amizade se fortificando, nos éramos tão unidos que parecia que ficamos juntos a vida inteira, Dona Stela engravidou novamente e agora vamos ter uma irmã, já tenho pena do candango que tentar namorar ela pois terá que passar por quatro homens, quando mamãe estava no último mês de gravidez Dante aprontou uma das suas e foi pego, resultado ganhou uma semana de suspensão e dou graças a Deus por isso pois ele estava presente com a mãe quando ela entrou em trabalho de parto, quando chegamos às pressas Dante já estava com a pequena Denise no colo,meu pai deu um abraço nele que todos ficamos surpresos pois nesses dois anos que ele está aqui nunca nem se encostaram, mais vida que segue, minha mãe foi para o hospital ficou por lá uns dois dias nisso nos viramos sozinhos mesmo pois papai também ficou lá com ela então não tinha muito o que fazer

Um ano depois fui enviado para fazer treinamento especial em outro lugar longe do morro, foi por um período de três anos lá tive a experiência de conhecer o amor pela primeira vez, ela foi a única mulher que entrou na minha vida, de certa forma diferente se liga foi tipo coisa inocente, primeiro foi criado uma amizade, o máximo que fizemos foi dá um beijo mais me lembro como se fosse hoje

Tinha acabado de chegar na cidade, estava conversando por mensagem no grupo com meus irmãos passando para eles como foi a viagem quando alguem trombou em mim descendo do ônibus

— Ei, você não olha por onde anda não (digo me virando bravo, mais paro de brigar quando encaro aqueles olhos castanhos, sério ela era a menina mais bonita que já havia visto, desde que me entendia por gente, parecia ter por volta de onze, doze anos)

— Pelo visto, quem não olha é você né grandão, parou do nada no meio do caminho, como queria que me desviasse de você, se também preciso descer do ônibus (ela diz se abaixando para pegar o celular que havia caído no chão e cruza os braços toda marrenta, me encarando e isso acabou arrancando um sorriso meu fácil, tomo postura pois observo ao longe, um dos vapores que viria me buscar na rodoviária, como ele estava com cara de poucos amigos tratei logo de despensa a menina)

— Tanto faz pequena, só toma cuidado da próxima vez beleza, (passo por ela, sem lhe dar tempo de me responder, pelo que vi essa aí é tupetuda)