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Perdendo o Sentido

Perdendo

Era uma tarde quente no interior de São Paulo, Sorocaba; e eu estava a um passo de cometer uma loucura, na minha mente corriam pensamentos destrutivos e eu já não aguentava mais aquilo, estava a beira de um precipício. Deitada no chão da sala assistindo uma série na TV, veio na minha cabeça um plano que na época parecia "best plan", em nenhum momento me ocorreu que eu iria chegar a um grande fracasso nele.

Isso me parecia algo perfeito não aguentava mais viver nessa vida tão sem sentido algum, queria que as pessoas lembrassem de mim no meu auge, queria ficar para sempre na mente das pessoas.

...(...) ...

Passados se alguns meses ainda não tinha colocado meu plano em prática, era uma manhã fria e chuvosa quando recebo uma ligação:

— Alô?

—........

— Quem está aí?

— Eu te amo...

'Tum tum tum' a chamada caiu!

Tentei retornar mas só dava: esse número não recebe chamadas ou não existe, meu peito apertou tão forte ,me bateu uma imensa angústia, não sabia o que fazer!

Gritei:

— Pedroooo! cadê você?

Ninguém respondeu, corri para cozinha ele não estava lá, e cada vez mais meu peito apertava, fui no quarto dele também nada, fui no escritório e ele não estava lá, mas quando voltei para cozinha percebi na geladeira um bilhete :

"Fui na padaria da avenida pegar algo que encomendei para você... Pensou que eu tinha esquecido do dia mais importante: Seu aniversário hoje! parabéns do seu irmão que tanto te adora". Pedro !

Meu coração quase saí pela boca, fiquei no portão esperando ele chegar, acho que não mencionei somos só eu e ele , sempre foi, desde que me entendo por gente, nossos pais morreram eu ainda era recém-nascida tinha apenas 8 meses.

Reclamei baixinho com os olhos já cheios de lágrimas:

— não posso perder a única família que conheço.! nãããooo!!!

Começou a chover forte então entrei deixei a porta escorada e me sentei na escada que subia pros quartos, fiquei de frente para uma porta que o Pedro sempre disse que eu não podia entrar lá em hipótese nenhuma, nunca liguei muito, mas a demora dele chegar e aquele desespero estava me consumindo de não saber nada.

— Ai que coisa já tentei ligar pra ele uma mil vezes e nada dele atender e aquele número não existe e nem está recebendo ligações, essa angústia está me matando. Ele podia ter esperado eu acordar para me dar os parabéns, enfim é meus 18... Já posso tomar minhas próprias decisões... E pensando nisso vou abrir aquela porta e descobrir o que ele me escondeu a vida toda.!!!

Me levantei do chão e fui em direção a porta...

Quando... toc. toc.. toc...

—Que merda ! falei baixo. — deve ser ele!

Abri a porta já reclamando:

— você é um idioo... Quem é você?

Em minha frente estava um soldado do exército, todo fardado, e me perguntou:

— você é a Vivienne?

fiquei um pouco assustada, mas respondi:

— Sim sou eu! sim senhor! e o senhor quem é?

—Sou o cabo do exército me chamo  Marcel e estou aqui para levar você ao hospital do exercito onde se encontra Pedro Prevost em coma e em estado critico.

Nessa hora quase desmaiei, o  Marcel teve que me segurar por que faltaram forças em minhas pernas pra ficar em pé com essa notícia. Ele me levou em seu carro para o hospital, e quando estava no meio do caminho percebi como minhas roupas não estavam adequadas para sair na rua. Fiquei com vergonha e tentei me cobrir com os braços, torcendo para ele não notar minhas roupas um tanto indecentes.

Nãooo!

Ele está virando o rosto! meu deus, que vergonha!

Me olhou, deu um sorriso de canto, tirou a parte de cima de sua farda e me deu para vestir  por cima da minha roupa, ficou com uma blusa de meia branca bem colada em seu corpo, que estava definindo todo o seu peitoral. Ele desceu do carro e abriu a porta para eu sair, fui dando uns passos em direção contrária dele, mas ele me puxou e fiquei quase colada em seu corpo. 'que corpo'! e começou a abotoar os botões de sua blusa, me olhou nos olhos e enxugou minhas lágrimas.

— Marcel, venha ele está tendo uma parada. alguém gritou!

ele me disse :

—é seu irmão Vie..

Acabou todo aquele clima e corri o mais rápido que consegui, mas não pude entrar na sala. Vi pelo vidro da porta eles tentando reanimar minha única família, também pude perceber Marcel entrando em desespero, vindo em minha direção, nessa hora meus olhos se encheram de lágrimas, ele fechou a cortina, e não pude ver mais nada.

Fiquei quase umas duas horas esperando para ter notícias, estava quase cochilando de tanto chorar.

—Vie?— Marcel falou com tom suave.

Abri meus olhos que a essa altura estavam bastantes vermelhos e inchados, e perguntei.

— como ele está? o que aconteceu? ele vai ficar bem? por quê ele está nesse hospital? de onde você conhece meu irmão?

Ele me olhou assustado com tantas perguntas, suspirou, enxugou as lágrimas que ainda estavam correndo no meu rosto, e me abraçou. Não sei se adiantou algo ele enxugar meu rosto pois comecei a chorar mais ainda. Ele me olhou fixamente e falou pra eu ir pra casa descansar, e voltar no outro dia, pois eles conseguiram reanimar, mas ainda estava em coma sem responder nem um estímulo.

—mas eu não posso vê—lo? é meu irmão!. tente insistir.

— Já disse pra você ir pra casa!!! amanhã busco e você poderá visitar ele. Marcel disse com um tom grosseiro me impondo uma ordem.

Eu estava meio zonza, e só fiz concordar. Tentei tirar a blusa para devolver, mas ele disse que eu podia ir embora com ela. Chamei um Uber e fiquei esperando em pé em frente ao hospital debaixo de uma árvore bem velha que tinha lá, aquele motorista demorou quase meia hora pra chegar.

— Que motorista lesado já vai fazer meia hora que estou aqui esperando a boa vontade dele aparecer... vou desmarcar e pegar um ônibus. Pensei alto.

Quando fui pegar meu celular dentro do bolso do short que eu estava usando, chegou um carro preto com um homem dentro me chamando pelo nome, não liguei por que na conversa do aplicativo disse meu nome para o motorista, entrei no carro e ele trancou as portas e fechou os vidros assim como deixou as luzes do carro apagadas durante o percurso achei estranho, mas como estava muito cansada não dei tanta importância como deveria.

Acordei

Chegando no destino (no caso minha casa), vi luzes acessas, e percebi que a porta estava aberta, tentei sair do carro ,mas as portas estavam trancadas, tentei empurrar, mas sem êxito. O motorista tirou o cinto, veio pra cima de mim e me deu um soco no rosto, desmaiei na hora, acordei na sala da minha casa sentada em uma cadeira amarrada, vi tudo revirado, senti meu nariz escorrer algo, era sangue. Eles começaram a falar uma língua que eu não entendia três homens e uma mulher, o motorista traduzia.

où est Prévost? falou Rousiz, muito bravo, me dando um tapa na cara.

—é o quê ? perguntei sem entender o que ele falou, foi onde o motorista olhou pra mim e disse:

— onde está Prevost? diga, sabemos que ele mora aqui.

Olhei bem atrevida e disse que não conhecia nenhum Prevost. levei outro tapa, agora de Marin. Ela me olhou com raiva pois eras poliglota e entendia o que eu falava pra caso o motorista tivesse pena de mim e mentisse minhas respostas, o motorista traduziu para eles corretamente.

Eles murmuraram algo entre si, Marx veio para atrás de mim e me bateu na cabeça com algo, o que me fez cair no chão e desmaiar .

Acordei no meu quarto em minha cama, sem entender nada, dei um pulo da cama, estava vestida com meu baby Doll.

— não lembro de ter me trocado! Como vim parar na minha cama!? Que estranho! Meus pulsos estão vermelhos, mas não lembro o que houve!!! .... Meu irmão? Tenho que ir visitá-lo...

Troquei de roupa e escovei os dentes bem rápido, senti um cheiro de café fresco.

— aí que delícia! Mas pera, estou só em casa! Desci as escadas correndo e não me toquei que ainda não tinha vestido uma blusa, porque fiquei com medo de sujar com o creme dental.

Cheguei na cozinha e lá em pé, fritando ovos... Um homão daqueles!

Eu peguei um pano de prato meio que no desespero e ia bater nele, fui a chegar perto e quando levantei a mão para bater nele, ele virou-se e segurou as minhas mãos, me empurrando e encostando-me no balcão da cozinha gelado, eu dei um passo a frente na direção dele foi onde percebi estar sem blusa. Meu rosto encheu-se de vergonha e ele continuava me olhando fixamente e deu um sorriso de canto. Que sorriso! Soltou os meus braços e cobriu-me com o pano de prato. E falou com voz firme e grossa..

— Vista uma blusa e venha tomar café...

Instintivamente fui dando uns passos para escada, foi quando parei olhei para ele e perguntei quem era e o que estava fazendo na minha casa... ? Ele veio na minha direção me deixando acuada dessa vez na escada foi chegando perto do meu rosto, no susto virei pro lado o rosto, ele chegou bem perto do meu ouvido e falou:

Eu vim cuidar do que é meu!

E apertou forte a minha cintura...

Que homem que voz que pegada!

Tremi... E ele me soltou... Quando ia subir as escadas ouvi um voz, conhecia aquela voz, olhei e vi só uma luz muito forte no meu rosto, minha cabeça doendo muito...

— Acorda acorda acorda....

Alguém gritando fui despertando, meio desnorteada, e por fim conseguindo abrir os olhos, toda doída, machucada, Acordei...

Vi a pessoa chorando por cima do meu corpo, gritando...:

— acorda por favor acorda!

Eu sussurrei:

— Já Acordei.

A Morte

— O que houve aqui?

Marcel perguntou assustado.

Eu não sabia bem o que responder, minha cabeça doía ainda muito forte, meio desnorteada me sentei no chão. Cambaleando tentei ficar em pé, mas não encontrei força nas pernas, quase caí no chão, mas ele me segurou.

Aqueles braços! sempre me deixam bamba.

Me pegou em seus braços e subiu a escada em direção ao meu quarto, a porta estava entreaberta, quando ele entrou que fechou a porta, eu olhando por cima dos ombros dele, tinha alguém com uma arma apontada pra ele, tentei gritar pra avisar mas a voz não saia de jeito nenhum, tentei descer dos braços dele, mas ele me segurou forte, quando consegui resmungar...

— cuidado... nãããooo!

O cara atirou nele e ele caiu no chão me derrubando, o homem veio e puxou ele pela blusa amarrou no pé da minha cama sangrando, nessa hora tentei fugir, mas quando me levantei tinha alguém tampando a passagem da porta, corri para o banheiro, tranquei a porta inutilmente, deram um chute que a minha bela porta rosa atravessou todo o banheiro e se despedaçou no chão.

Engatilhou e apontou uma arma na minha direção, fechei meus olhos e passou um filme na minha cabeça, vi um homem que eu conhecia mas não sabia quem era, chegando perto de mim, me abraçou e sussurrou no meu ouvido:

— eu disse que vim aqui cuidar do que é meu.

Abri os meus olhos no susto, conhecia aquela voz, e vi o homem caído no chão com um tiro na cabeça, não lembro de ter ouvido nenhum disparo, mas não fiquei la questionando. Corri para o quarto de novo, Marcel estava caído no chão desacordado, sangrando muito. Tentei levantar, mas ele era muito forte, na força que eu fiz para levantar ele percebeu que estava a sangrar também, meus braços, e meu nariz, e minha cabeça estava a doer muito... Pedi forças a Deus para conseguir levá-lo para baixo. Peguei um lençol, e amarrei nele e sai a puxar escada abaixo, coloquei ele no carro.

— E agora o que eu faço?

Voltei para dentro da minha casa, e me deparei com a porta do porão enfim aberta, não consegui conter minha curiosidade, fui me aproximando cada vez mais perto, meu coração estava acelerado demais, quando me dei conta estava em pé em frente a porta aberta... Não podia acreditar no que meus olhos estavam vendo. Agora podia entender por que Pedro dizia para eu não abrir a porta e nem entrar lá. Não sabia o que pensar agora, nem muitos menos o que fazer.

— Marceeel! nossaaa...

Me lembrei que o Marcel ainda estava no carro sangrando, dei um passo para correr, mas travei no meio do caminho, voltei a porta e fechei—a, peguei minhas chaves e tranquei a casa. Indo em direção ao carro pensativa, vi Marcel sangrando, entrei no carro, peguei no volante quando ia ligar o carro.

— Marcel, não tenho carteira de habilitação... o que eu faço?

Ele me olhou com olhar de matar

— Dirijaaa agora até o hospital.

— Tudo bem, só espero que ao invés de te salvar não acabe nos matando, em um acidente de trânsito.

Em meio ao desespero coloquei o pé no acelerador e comecei a dirigir. Queria muito salvar o Marcel, e no percurso da estrada acabei me perdendo em meus pensamentos: porque isso está acontecendo comigo? o que eu fiz para merecer ? é tudo culpa minha... meus olhos começaram a se encher de lágrimas,.

— Viee. CUIDADO!

BUM.. BUM.. BUM.. XIII

Colidimos com um caminhão e o nosso carro capotou na estrada, após a colisão o caminhão explodiu alguns minutos depois matando o caminhoneiro que estava bêbado.

Começou a chover...

Além do som da chuva na estrada naquela tarde se podia ouvir sirenes de carros de polícia, ambulância e bombeiros.

—O que houve aqui?

Perguntou o policial Ralph perplexo com a cena, enquanto os bombeiros tentavam apagar o fogo causado pela explosão com a ajuda da chuva.

Um pouco mais perto do carro estava um curioso fumando cigarro, olhou para dentro do carro.

— Ei, saia de perto.

Falou o policial chegando perto dele e o puxando pelo ombro, fazendo com que o curioso se assustasse e soltasse o cigarro provocando assim mais uma explosão, que graças a chuva não foi tão grave deixando apenas leves machucados em ambos.

Já sendo atendido por um socorrista, o curioso olhou para o policial e disse:

— Tinha sangue nos banco do motorista e no banco do passageiro da frente e não havia ninguém no carro.

O policial olhou para ele perplexo e deu ordem de começarem as buscas pelas vitimas.

Começaram-se as buscas e o local já estava escuro com a chegada da lua para iluminar aquela noite sem estrelas, em uma longa estrada que tinha mato dos dois lados. Se ouviam muitos sons: a chuva que ainda caia na estrada agora se tornando apenas uma neblina, pessoas gritando, rádios de policiais, as sirenes, helicópteros, buzinas dos carros que estavam aguardando o longo congestionamento acabar para poder prosseguir seu caminho, mas havia um som que ninguém conseguiu escutar: as lágrimas de desespero e gemidos de dor que vinha de alguém de dentro da extensa mata que percorria na estrada.

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