Mais uma noite perturbadora, não sei porque ele sempre aparece em meus sonhos e muitas vezes me tirando a paz. Desde criança tenho esses sonhos estranhos. Preciso orar com mais fervor antes de dormir.

Antes de tudo, vamos às apresentações.

Olá, meu nome é Mariana. Sou a filha mais velha de três irmãos. Tenho 23 anos, pele morena, olhos verdes (esses não sei de onde vieram) meus cabelos poderiam ser mais bem cuidados, mas com o trabalho árduo não tenho tempo e nem energia pra isso.Tenho um irmão, o Lucas, esse é o companheiro fiel de nosso pai, aquele em que meu pai se orgulha em chamar de filho. E tenho a outra irmã, a caçula, Maria Clara, ela é a menina dos olhos de nossa mãe. Maria Clara tem 16 anos, muito mimada, sempre tem tudo que deseja, até mais se possível.

Nós moramos em uma fazenda, herança deixada por meus avós que morreram em um acidente, voltando de mais uma de suas viagens de carro.

Tenho uma melhor amiga, A Sarah, ela é uma luz em minha vida, a única pessoa que para pra escutar meus lamentos e sabe como me animar, eu a amo como uma verdadeira irmã.

Eu gosto de onde moro, gosto das tardes tranquilas, do cantar dos pássaros, gosto do barulho da cachoeira, gosto de andar a cavalo. Gosto de tudo. Menos da convivência familiar, pois me sinto sozinha, mesmo estando no meio deles.

Graças a Deus é Outubro e outubro é o mês do nosso festejo, vamos todos festejar durante 3 dias na vila do comércio.

Combinei com a Sarah da gente ir umas 6:30 da tarde, pois quero assistir a missa, amo esses momentos, pois me sinto ainda mais conectada com minha santinha.

Vou tomar banho e me preparar pra ir a missa, sei que mamãe vai com minha irmã e eu não ouso pedir pra ir com elas, pois o NÃO seria bem grande.

Eita que essa água tá fria. mas agora vou vestir meu vestido que comprei com muito sacrifício, justamente pra usar no dia de hoje.

Mariana- Meu Deus, cadê meu vestido? Eu jurava que tinha deixado aqui. Maria Clara? Oh céus. De novo não.

-Maria Clara, você pegou meu vestido? Pelo amor de Deus, não faz isso novamente, eu já não aguento mais isso, toda vez você faz a mesma coisa.

Maria Clara- Eu perguntei à mamãe se podia, ela deixou, então eu quero e vou com ele.

Mariana- Você não tem esse direito, você imagina o tanto de sacrifício que fiz pra comprar ele? você tem tantos, vai com um que você goste.

Maria Clara- Mas eu gosto desse e é com ele que eu vou.

Mariana - Ah, mas com ele você não vai, se eu não vou, que fiz sacrifício de comprar, você também não vai.

Mariana puxa com força o vestido do corpo de sua irmã, rasgando ele em duas partes,deixando-a só com a roupa íntima.

Maria Clara- mamãe, vem vê o que a Mariana fez com meu vestido, ela rasgou ele todinho.

Cleide- o que você fez, sua ingrata, tá vendo sua irmã chorando, porque você fez isso?

Mariana - simplicidade porque o vestido é meu, eu comprei e paguei, e estou cansada de sempre aguentar tudo calada, sempre levar na cara e nunca revidar, a partir de hoje isso vai mudar.

Cleide vai até Mariana e desfere um tapa no rosto dela, que fica vermelho.

Cleide- isso é pra você aprender a não ser tão mal agradecida, o que custa deixar sua irmã usar esse vestido? Ele ficou mil vezes mais bonito nela. Ou você achou que ele tinha caído bem em você? você se acha né? Sua ridícula.

Mariana sai correndo, sem rumo, sem entender porque aquela que deveria a proteger, trata ela como se fosse uma intrusa, que se enfiou no meio da família...

Mariana sai sem rumo até chegar a cachoeira, lugar que ela sempre vai quando acontecem alguns desses episódios que acabaram de acontecer.

Ela se deita em um amontoado de folhas, lembrando do passado, em como a falta de amor e aconchego, deixou ela com um semblante triste. Ela não entende porque de ser a preterida, não precisa ser a preferida, mas ser tratada pior que os animais, isso que ela não entende.

De repente, Mariana escuta um barulho de pisada, fica assustada ao cair das horas, ela não se dá conta que já era quase noite.

Moço- me perdoa por te assustar, não tinha visto que tinha alguém aqui, ainda mais uma moça e a essa hora.

Mariana- eu perdi as horas e já vou indo.

Ela se levanta rápido, o rosto inchado de chorar,ia saindo, quando o moço a puxa pelo braço, segurando-a

Moço- Olá, deixa eu me apresentar. Sou Ricardo Lacerda, minha família acabou de comprar a fazendo Santa Clara. Creio que seremos vizinhos, já que a fazenda será nosso segundo lar, meu e de minha família.

Mariana- Olá seu Ricardo, sou Mariana, moro na fazenda Dois Irmãos. Foi um prazer conhecer o senhor, mas agora realmente preciso ir.

Ricardo solta o braço dela então, ela sai correndo, porque marcou com Sarah às 6:30 e já estava 20 minutos atrasada.

Quando entrou em casa, deu graças a Deus por não ter ninguém, foi se arrumar rapidamente.

Colocou uma roupa qualquer e saiu para a vila. Quando chegou lá, viu Sarah com os seus pais, então ela foi em direção à sua amiga.

Sarah- amiga, o que aconteceu? Por que a senhora não estava no local combinado e só apareceu agora? Eu estava pra morrer de preocupação com você.

Mariana- nem lhe conto, o negócio foi tenso lá em casa, como sempre a minha irmã tentando tirar a minha paz.

Sarah- como sempre a Maria Clara, nunca pode ser outra pessoa né? Mas vamos ter fé que você vai se livrar um dia dessa situação.

Mariana- Deus lhe ouça. Agora vamos esquecer essas coisas e vamos aproveitar. Perdi a celebração, então agora é participar das outras festividades do dia.

Sarah- estou com sede, vamos tomar algo

Mariana - vamos, preciso de um bom copo de refrigerante mesmo.

As duas saem a andar em meio às pessoas, ao longe, Mariana vê a sua mãe e irmã, olhando-lhe com a cara de triunfo, não soube porque, mas aquilo a deixou desconfortável.

Sarah- amiga, você viu aqueles gatinhos ali? Nunca os tinha visto, mas fiquei sabendo que a fazenda Santa Clara foi vendida pra uma família muito rica, deve ser eles né?

Mariana- são eles sim, mais cedo estava na cachoeira e aquele com ar de superioridade ali, chegou lá sem avisar, amiga, pensa no susto que eu levei.

Sarah- agora terá que me contar os detalhes, quero tudo detalhadamente, vamos sentar ali mais afastado.

Mariana- amiga, não tem nada de mais, não precisa de detalhes, pois não tem detalhes uai.

Sarah- Ah! não amiga, eu sei que tem sim, pois, você ficou vermelha quando me falou dele.

As duas se dirigem para um banco que está mais afastado, para conversar.

Sentadas ao longe, elas observavam tudo com atenção, e conversavam.

Sarah- amiga agora que o barulho diminuiu, pode-me contar tudo, muito sortuda, foi a primeira a conversar com aquele gato.

Mariana- Sarah para com isso, foi apenas obra do acaso, eu estava muito triste, chorando horrores por conta da briga com a Maria Clara, quando escutei o barulho, levei um susto. Acredita que ele teve contagem de pegar no meu braço e me segurar, fiquei com medo, pois não o conhecia e já estava quase dando 7 horas da noite.

Sarah- respira amiga, você contou tudo assim, como se fosse algo comum.

Mariana- porque não seria comum?

Sarah- porque ele é um gato rico. E essa pode ser a oportunidade de você sair da casa da sua família.

Sarah- não pira, nós não conhecemos ele, como se tornaram ricos, já pensou? Se essa é uma família mafiosa? Que a minha santinha me livre de um destino tão cruel desses!

Sarah- se for uma família de mafiosos a gente empurra a Maria Clara pra eles (risos)

Mariana- seria um sonho livrar-me dela.

As duas se levantam para socializar com as outras pessoas.

Do outro lado está os pais e irmãos de Mariana, a mãe dela a olha como se ela fosse o estorvo que só serve para da despesa e trabalho, mas a verdade é que Mariana sempre ajudou, ela trabalhou para os antigos donos da fazenda Santa Clara, ajudava na limpeza da sede da fazenda. Mas isso ninguém via. O pai dela via tudo, mas fingia que não via e muitas vezes era até injusto, ficando sempre do lado da esposa e contra a sua primogénita.

Cleide- você observou a sonsa da Mariana? Não vejo a hora de livrar-me dela, pois já não aguento mais olhar para cara de sonsa dela e lembrar de tudo que aconteceu no passado.

Maria Clara- Nós vamos nos livrar dela, mas olha aquele gato ali, mamãe, nunca vi eles por aqui. Mas já me apaixonei.

Cleide- filha, você não tem idade para essas coisas

Maria Clara- mamãe eu já tenho sim, já preciso pensar no meu futuro, pois pretendo ser muito rica e invejada.

Cleide- é isso que desejo para minha princesa, uma vida confortável, onde tenha muitos empregados para servi-la. Você vai ser rica, custe o que custar.

Maria Clara— obrigada por sempre me apoiar e sempre estar ao meu lado, saiba que eu vou retribuir tudo, quando eu estiver muito rica.

Sarah vai dançar com um dos moços das redondezas, Mariana fica observando, já que dançar não é uma boa ideia, pois ela não sabe como fazer isso. De repente alguém chega e pega no seu ombro, ela quase caiu de susto.

Ricardo- Olá Mariana, espero que esteja melhor, vejo que parece estar mais feliz agora.

Mariana - Olá Ricardo, estou bem, sim, estou feliz, esse é um momento que acontece uma vez por ano e não existe espaço para tristeza.

Ricardo- fico feliz em saber. Gostaria de dançar?

Mariana - infelizmente não sei e não gosto de dançar, penso que tenho dois pés esquerdos.