O Rei dos Cães
A Legião
Chamam essa Era de Noite dos Cães.
A luz do Sol há muito tempo abandonou a humanidade, escondida por detrás das nuvens negras que forram o céu. E o que reina sob elas é a escuridão e as feras peludas de olhos vermelhos.
Os humanos que restaram vivem em suas cidades pequenas, sufocadas pela floresta densa que cobriu o Reino dos Homens quando a Noite dos Cães se iniciou. E apenas alguns poucos guerreiros e guerreiras com força o bastante para enfrentar as criaturas terríveis que uivam do lado de fora dos portões são enviados para tentar encontrar respostas. E essas pessoas são conhecidas como Legionários.
Poucos voltam.
Todos com a mente deformada.
Sussurrando o nome do Rei dos Cães.
As pessoas temem o que se esconde lá fora, as pessoas desejam o desconhecido. Mas apenas alguns poucos conseguem entrar para a Legião.
Pretor Augustus
— Foram quantos dessa vez?
Pretora Victrix
— Cinquenta homens, vinte e cinco cavalos, toneladas de metal das armaduras, pelo menos sessenta espadas e escudos.
Pretor Augustus
— E quantos voltaram?
Pretora Victrix
— Um Legionário apenas, metade dele, na verdade. As pernas tinham sido arrancadas. O olhos contaminados pela Infecção dos Cães e se o cavalo não fosse treinado, ele nunca teria chegado aqui.
Pretor Augustus
— Maravilha, como se as coisas já não estivessem ruins o suficiente.
Augustus era um homem gigante, com seus dois metros, mesmo em desgosto a sua voz soava como um trovão abafado pela armadura de Pretor.
Pretor Augustus
— Buceta, eu preciso de buceta. Você poderia tentar encontrar alguma puta sem doença para mim.
Pretora Victrix
— Eu adoraria, de verdade, alimentar esses seus impulsos nojentos, porque é o único momento em que você não está falando merda. Mas preciso da sua cabeça onde ela está agora, as duas.
Victrix era mais baixa. Mas sua postura era tão sólida quanto a de Augustus. Sua armadura tão surrada quanto a dele.
Pretor Augustus
— E por quê exatamente você precisa de mim?
Pretora Victrix
— Pedi que anunciassem pelas ruas das Cidades Seguras que estamos recrutando novos Legionários.
Pretora Victrix
— A Seleção começa hoje. Precisamos compensar o que foi perdido.
Pretor Augustus
— Porra, Vic. Você precisa me avisar antes de fazer esse tipo de coisa.
Pretor Augustus
— Eu tinha uma. . . reunião marcada com algumas sacerdotisas.
Augustus apoiou o rosto nas mãos, suspirando irritado.
Pretor Augustus
— Você é a maior inimiga da minha felicidade, sabia?
Pretor Augustus
— Quando eles chegam?
Pretora Victrix
— Já estão aí fora.
Pretora Victrix
— Mas não vieram muitos.
Pretor Augustus
— O quê? Aaah, meu saco. . .
Augustus esfregou as mãos grandes por seu rosto bem definido.
Pretor Augustus
— Mande eles entrarem. Um por um. Quero olhar bem para a cara desse bando de lixo.
Meu Pretor
Augustus passou a tarde recebendo os novos recrutas em sua sala decorada por vermelho e dourado.
Dentro da Legião ele era conhecido pela crueldade e falta de paciência e seu rosto muito fechado só se suavizava para uma ou duas pessoas com quem tinha afinidade e sua verdadeira personalidade de imoralidade só aparecia para a outra Pretora, Victrix.
Cinquenta recrutas passaram pela porta e se apresentaram. Disseram o nome de suas famílias e o que esperavam da Legião.
Augustus, sempre impaciente os dispensava o mais rápido que podia. Metades deles eram garotos que morreriam na primeira exploração (ele não gostava de garotos). A outra metade eram velhos que morreriam antes de atravessar os portões (ele não gostava de velhos). E poucas dos recrutas eram garotas jovens (ele gostava muito de mulheres, mas não de garotas).
No final do dia, nenhum dos rostos tinha chamado sua atenção. Até que a porta abriu para dentro uma ultima vez.
Venus
— Todas as honras ao Poderoso Augustus, o Flagelo do Cão de Três Cabeças.
Uma ruga de surpresa marcou as sobrancelhas do Pretor. Aquela era a primeira recruta que o interessava.
Pretor Augustus
— Me poupe de cordialidades pífias. Sei bem quais são meus títulos. Diga seu nome e de onde vem.
Venus
— Venusta, meu Pretor. Da Casa dos Lenhadores das Florestas Seguras do Sul. Vim para me tornar parte da Legião.
O interesse do Pretor tão pouco era associado às palavras. O rosto de Vênus que chamou a atenção do oficial. Ela era bonita e sua beleza era madura e afiada, o tipo de mulher a qual ele se atraía.
Pretor Augustus
— A Legião é para os criminosos, para os desesperados e para os suicidas. Por que uma Lenhadora das Florestas Seguras abandonaria sua vida confortável para se juntar a nós?
Venus
— Passei parte da minha vida levando madeira de um lado para o outro, isso me distraiu por um tempo. Cresci, me tornei mulher, conheci uma forma mais agradável de levar madeira e com isso me distrair por mais algum tempo. As pessoas que eu amava morreram, as que eu odiava também morreram.
Pretor Augustus
— E acredita que a Legião pode distrai-la também.
Venus
— É minha última alternativa. A ideia de morrer em paz me enoja, sonho com o meu fim coberta de sangue, gritando pela pior dor que já senti.
O Pretor sorriu, sentado em sua cadeira de braços largos, detrás de uma mesa repleta de papéis e pouca ação.
Pretor Augustus
— Você vem de uma região nobre, desde que nasceu esteve confortável, seus pais morreram velhos e gordos, com músculos nos braços. Você se cansou de ter uma vida melhor do que a maioria das pessoas e agora diz que sonha em sentir dor, mesmo que nunca tenha sentido uma dor real.
A voz do oficial era grossa, fazia as paredes vibrarem, suas palavras tinham um tom duro e afiado. Ele ditava as frases com muita calma enquanto a mulher em suas roupas limpas ouvia silenciosamente.
Pretor Augustus
— Os Cães são crueis, eles começam a devorar as vítimas pelas pernas porque gostam de ouvi-las gritar. Você nunca ouviu um grito de dor real e quando ouvir pela primeira vez vai entrar em pânico. E quando isso acontecer serei eu quem terá que tirar do campo de batalha uma puta loira mimada com a armadura cheia de merda. Então, por ser medíocre, você não está aprovada para entrar na Legião.
Vênus pareceu surpresa com aquelas palavras. O Pretor Augustus era famoso por sempre aprovar qualquer tipo de escória, sob o pretexto de que morreriam no primeiro dia. Nem tinha passado por sua cabeça ser recusada.
Pretor Augustus
— Volte para a Floresta Segura, Lenhadora. Leve muita madeira enquanto viver e agradeça por ter a oportunidade de morrer feliz.
Venus
— EU NÃO QUERO VOLTAR PARA AQUELE LUGAR!
O silêncio se instaurou na Pretoria. Os olhos de Vênus se arregalaram ao perceber o que tinha feito. Gritar com um Oficial superior era um crime pago com a língua. Gritar com o maior dos Oficiais era pago com a própria vida.
Pretor Augustus
— Pois bem, de joelhos. Posso garantir que não volte para lá.
Augustus, o Flagelo do Cão de Três Cabeças, se levantou, empunhando a espada. Vênus se ajoelhou, mas não como quem aceita morte e sim como quem está disposta a implorar pela vida.
Venus
— Por favor, eu não quis. Eu juro que não quis gritar, por favor. Arranque minha língua, se for o caso. Eu não quero morrer assim.
Novamente o Pretor percebeu como o rosto dela era bonito. Forte como o de uma estatua. Carregava a anatomia dos Lenhadores, esculpida pela força bruta e pelo trabalho pesado. E de repente aquela personalidade dissimulada que só quem conhecia era Victrix, escapou para fora da mascara de Augustus.
Pretor Augustus
— Pois bem. Darei a você a chance de morrer da forma que quer. Considere isso um ato de benevolência.
Vênus sorriu, abraçando a cintura do Oficial. Agradecendo, beijando o ouro da armadura Pretoriana.
Venus
— Obrigada, obrigada mesmo. Juro que não me esquecerei disso, juro que nunca saberão que gritei. Juro que serei seu escudo, se for preciso, que morrerei pelo senhor no campo de batalha. Eu juro.
O homem afastou a nova Legionária, guardou a espada, voltou para seu lugar na cadeira. Achava Vênus estúpida, pela forma tola e mimada com que ela ansiava pela morte.
Pretor Augustus
— Feche a porta quando sair. Ficarei aqui até mais tarde.
Augustus era bom em tecer suas teias.
Pretor Augustus
— Sim, por que a pergunta?
Venus
— O senhor foi bondoso comigo, meu Pretor. Poupou minha vida. Então, se eu puder retribuir de alguma forma, pode dizer.
Pretor Augustus
— Já se ofereceu para morrer por mim, o que acredito que fará bem cedo. Então não tenho em mente nada mais que poderia me dar, que eu poderia querer.
Venus
— Consigo pensar em uma coisa.
Venus
— Em duas se for criativo.
Venus
— Três se estiver faminto.
Venus
— Prefere que eu feche a porta por dentro ou por fora?
O Pretor era conhecido por sempre conseguir o que queria e no momento que aquela mulher entrou na Pretoria ele sabia exatamente como a noite iria terminar. Sobre a mesa de madeira, depois no tapete do chão e contra os quadros da parede.
Ninguém ouviria os gemidos, os suspiros, o som dos corpos se chocando com tanta violência que deixaria a pele ardendo por dias.
Os dois aproveitaram por metade da noite. Augustus por seus impulsos brutos e selvagens. Vênus porque também era boa em tecer teias e porque também sempre conseguia o que queria.
O Plano
Octavio
— Me diz que funcionou.
Venus
— Funcionou, estou tão profundamente preenchida de leite Pretoriano que não precisarei ingerir nada líquido por semanas.
Octavio
— Você é safada demais para seu próprio bem, Vênus. Felizmente.
Venus
— Me agradeça por isso, quando ele se lembrar das minhas reboladas vai querer de novo e de novo. E uma hora isso vai ser algo muito maior do que encontros casuais.
Octavio
— E então você vai usar isso ao nosso favor, certo? não vai se esquecer do plano.
Venus
— Eu fui aberta e esfolada por vários lados diferentes. O pau dele é quase da grossura do meu pulso. Eu estou toda dolorida por causa desse plano. Então não se preocupe, eu não vou me esquecer dele.
Octavio
— Você fala com essa voz dissimulada. Era para ser uma missão, mas tá na cara que você gostou disso.
Venus
— É claro que eu gostei, você já viu aquele homem? Ele é um gigante, os sons que ele faziam era como o rosnado de um leão.
Octavio
— Ou um Cão. Talvez tenha passado tanto tempo caçando eles que se tornou um também.
Venus
— Talvez seja isso mesmo. Para seu azar, ouvi dizer que a Pretora Victrix é tão selvagem quando o Flagelo do Cão de Três Cabeças. Então sugiro tomar cuidado com seu acúmulo de pele.
Octavio
— Acúmulo de pele seu cu. Se ficou surpresa com um Flagelão do Pretor gozaria só de ver o meu. Eu não me embandidei com cafetões de prostibulos atoa.
Venus
— Tá bom, tá bom. Senhor puto profissional. Desculpe se ofendi sua fimose.
Venus
— Mas deixando a sessão pornográfica de lado. Quando o treinamento começa? Estive um pouco ocupada essa manhã, por motivos que você bem sabe.
Octavio
— Daqui dez ou quinze minutos.
Venus
— O que!? Eu não sabia disso.
Octavio
— Pois é, sugiro tomar um banho rápido. Quando começar a suar o cheiro de bacalhau com enguia dentro vai começar a incomodar. E coloque a armadura, vai precisar.
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