...ISABELLA...
Eu estava sentada ao lado do meu pai com o coração na boca. Me doía muito vê-lo inconsciente numa cama de hospital, cheio de fios presos em seu peito. Maquinas que apitavam ao seu redor e uma máscara de oxigênio que cobria seu rosto.
Lagrimas silenciosas escorreram pelas minhas bochechas e eu as enxuguei pelo que parecia ser a milionésima vez. Ele era uma constante em minha vida. A ancora que mantinha a família unida e em pé. Depois que mamãe morreu, ele se tornou nosso pilar de força e de saúde.
Meu irmão mais velho, Lucas, olhou pro papai por cima dos meus ombros.
“Vamos conversar no corredor.”.
Concordando, beijei a testa do papai antes de acompanhar Lucas pra fora do quarto.
Embaixo da luz fluorescente do corredor, deixei meu olhar percorrer a imagem do meu irmão. Vendo seu cabelo bagunçado, a barba por fazer e as olheiras profundas e arroxeadas, dava pra perceber que ele teve um dia difícil.
“Olha, Isa...”, Lucas começou. Ele pegou minha mão como fazia quando eu era criança e tinha medo do escuro. “Eu preciso que você permaneça calma, está bem? Seja forte. As notícias... não são boas.”
Eu balancei a cabeça e inspirei profundamente para me preparar.
“O papai....”, Lucas começou, mas parou; e seu olhar foi se perdendo até o teto. Ele pigarreou: “O papai teve um derrame.”.
Meus olhos se encheram de lagrimas novamente.
“Ainda não sabemos a intensidade das sequelas, mas os médicos acham que a esclerose pode ter sido a causa”, ele continuou.
“O que a gente pode fazer?”, eu perguntei, com o pânico nítido em minha voz.
“Descansar”, disse Daniel, meu outro irmão, cuja voz surgiu por trás de mim. Ele chegou mais perto e me abraçou. “Os médicos ainda estão fazendo alguns exames”.
Meus irmãos se entreolharam e eu soube que havia algo que eles estavam escondendo de mim.
“O que foi?”, eu exigi uma resposta. “O que?”
Lucas sacudiu a cabeça.
“Você tem uma entrevista em breve, né?”, ele perguntou. “Vai pra casa e dorme um pouco. A gente liga pra você quando tiver mais informações”.
Eu suspirei. Não queria ir embora, mas sabia que meus irmãos estavam certos. Era importante que eu conseguisse aquele emprego. Nos despedimos e eu saí, atravessando a gelada brisa noturna.
Contemplei as luzes de Nova York à distância, com o estomago revirado pelo medo. Me senti impotente. Não haveria nada que eu pudesse fazer?
...CHRISTIAN...
A loira sentada ao meu lado gemeu quando girei o volante, fazendo com que o carro virasse a esquina numa curva fechada e perigosa. Ela riu, extasiada pela velocidade e pelas incontáveis garrafas de champanhe.
Há duas coisas que, com certeza, excitam uma mulher: o ronco de um carro veloz e uma caralhada de dinheiro.
“Chris!” Ela mordeu os lábios enquanto acariciava minha coxa.
Acelerei e conduzi minha Lamborghini velozmente pelas ruas pitorescas de Mônaco. A loira fatal se contorceu de prazer, passando a mão no volume em minhas calças. Ela era modelo e estava em Mônaco para um desfile. A gente já tinha ficado algumas vezes antes.
Eu nem sabia o nome dela. Eu dei um sorriso enquanto ela abria o meu zíper, suspirando de prazer à medida que ela me levava a sua boca. Isso que é vida. Acelerar pelas ruas de Mônaco atrás do volante de uma Lamborghini e sendo saboreado por uma supermodelo.
Aqui não havia responsabilidades por uma empresa multibilionária. não tinha meu pai enchendo o meu saco. Sem vadias infiéis que agem pelas minhas costas e...
Eu ultrapassei um sinal vermelho e ouvi a sirene da policia ecoar pela noite. Eu encostei, observando as luzes piscando no reflexo do retrovisor.
“Que porra!”, eu resmunguei. A loira tentou olhar pra cima, mas eu a empurrei de volta para o meu membro. “Eu disse que era pra você parar?”
A modelo continuou com afinco, querendo me agradar. O policial saiu da viatura e começou a andar em direção à minha porta. Bom, eu pensei, enquanto olhava para a cabeça balançando no meu colo.
Isso vai dar uma puta história.
...DAVID...
Chamei meu assistente ao meu escritório, resmungando de frustração. Era a terceira vez em menos de um mês que Christian saía nas manchetes dos jornais e não era porque estava beijando a testa de bebês ou se voluntariando em hospitais.
Não! Ele foi preso em Mônaco por direção perigosa e ato obsceno. Eu pressionei a ponte do meu nariz. Alguém bateu na porta.
“Pode entrar”, eu disse sem olhar. Ron, meu assistente, entrou. “Você viu as notícias?”
Ron balbuciou. Ele não precisava dizer nada. Qualquer pessoa que morava em Nova York já teria visto. As manchetes estavam nas primeiras paginas nas maiores revistas do país.
“Liga pros advogados e chame a Frankie, da relações públicas. Por favor.”
Ron assentiu com a cabeça e saiu apressadamente. Eu atravessei a sala até a janela de vidro que ocupava toda a parede norte do meu escritório, fitando as ruas da cidade lá embaixo.
Eu teria que me esforçar muito para garantir que as ações do meu filho não tivessem repercussões negativas para a empresa ou pra ele. Eu gosto de dizer que tenho dois filhos: Christian e o Grupo Empresarial Knight.
Desprendendo-me dos investimentos petrolíferos dos meus pais, fundei o principal conglomerado de hotelaria e hospitalidade do mundo. As maiores alegrias da minha vida eram meu filho e meus negócios. E agora os dois estavam em perigo.
Suspirei, pensando no rosto de minha falecida esposa. Ah, Amelia, queria que estivesse aqui. Você saberia ajudar o Christian.
Meu olhar pairou sob o Central Park. Minha amada e eu costumávamos passear por ele, fazendo piqueniques num banquinho perto das arvores.
“Ron!”, eu gritei. Ouvi a porta do meu escritório deslizando. “Cancele as minhas reuniões. Vou dar uma caminhada.”
...ISABELLA...
Percorri os caminhos coloridos do Central Park, tentando clarear a mente. Eu estava voltando da floricultura da Em depois de encerrar o expediente. Os ramos compridos dos salgueiros curvaram-se com a brisa fresca do final do verão. Cisnes boiavam pela superfície cristalina da lagoa.
Vozes de crianças brincando pairavam pelo ar enquanto amantes se abraçavam na grama. Eu carregava um buque de lírios em meus braços, tentando encontrar conforto em seu odor suave.
Meu coração ainda doía ao pensar no meu pai hospitalizado, mas eu precisava continuar firme. Reparei num homem mais velho que estava sozinho, sentado num banco e rezando de olhos cerrados.
Não sei dizer exatamente o que mais me chamou a atenção nele, mas, quando percebi, já estava em pé ao seu lado. Ele parecia tão triste. Como se estivesse de coração partido.
“Com licença”, eu disse. Ele abriu os olhos, pestanejando de surpresa enquanto me encarava.
“Sim?”, ele respondeu.
“Só queria saber se o senhor está bem”, eu disse. “o senhor parece meio... abatido.”
Ele se inclinou e apontou para uma placa com uma gravação.
“Só estou me lembrando de alguém que foi muito importante para mim”, ele disse, com a voz embargando.
Eu li a gravação: Para Amélia. Amada esposa e mãe carinhosa. 20/11/1962 – 22/03/2012.
Meu coração se despedaçou e eu lhe entreguei o buquê de lírios e sorri.
“Para Amélia”, eu ofereci.
“Obrigado.” Ele levantou os braços para pegar o buquê, as mãos estavam tremendo. “Posso perguntar seu nome?”
“Isabella Carson”, eu respondi.
...DAVID...
Fiquei olhando enquanto Isabella ia embora, com uma sensação de paz que afugentava a preocupação de meu coração. Passei a mão no banco e sorri pro céu. Obrigado, meu amor, você me mostrou a resposta.
Enfiei a mão no bolso da jaqueta, pegando meu celular.
“Ron, consiga o máximo de informações possíveis sobre Isabella Carson.” Esmiucei o buque que ela havia me dado, ficando atento para o nome da floricultura impresso na embalagem: FLORES DA EM.
Sorri pra mim mesmo, com o plano já se formando em minha mente. “E faça com que o meu filho volte pra Nova York.”
...ISABELLA...
Danny: Isa. Vem pra cá. É o papai.
Isabella: O que aconteceu?
Danny: ele enfartou.
“Nós conseguimos reanimar o pai de vocês,” O médico disse seriamente. “Pacientes que tiveram derrame são mais suscetíveis à ataques cardíacos nas primeiras vinte e quatro horas após o derrame. Estamos monitorando as condições dele e vamos continuar fazendo exames para ver o que pode ser feito.” Pelo tom dele, não parecia ser muita coisa.
“Obrigado, Doutor”, Lucas disse. O médico acenou com a cabeça e nos deixou sozinhos.
“Quanto tempo o papai vai ter que ficar aqui?” Perguntei baixinho. “Ele não parece bem o bastante pra voltar pra casa.”
“Talvez a gente não tenha escolha”, Danny disse.
“O que isso quer dizer?” Eu perguntei.
Meus irmãos se olharam. Meu coração retumbava em meu peito. Eu sentia que eles dariam más notícias.
“A gente não consegue manter o papai aqui, Isa.”
Eu pestanejei. “O Quê?”
Danny passou as mãos pelos cabelos, ele estava pálido. “Não temos dinheiro.”
“Como assim? E o restaurante?” O restaurante que era a vida do papai durante a nossa infância. A mamãe também trabalhou lá, até adoecer. Meus irmãos assumiram o negócio assim que terminaram a faculdade.
“Faz uns anos que ele não está muito bem. A recessão nos pegou de jeito. O papai fez uma segunda hipoteca da casa pra tentar ajudar.” Lucas suspirou. Ele parecia derrotado.
“Por que não me contaram?” Eu perguntei. “Eu tenho a entrevista, talvez...”
Mas Danny balançava a cabeça. “As contas do hospital vão chegar logo...”
Eu não conseguia mais ficar ali, no corredor, no hospital. Estava ficando claustrofóbico. Eu me afastei dos meus irmãos. Minhas pernas bambas me carregaram pelos corredores e escadas até que eu percebi que estava do lado de fora, na frente do hospital.
Já era tarde da noite, então ninguém me veria despencar de joelhos no meio da calçada ou, pelo menos, foi o que eu pensei.
“Com licença”, uma voz grave surgiu atrás de mim.
Fungando, olhei pro homem que se aproximava.
“Sim, posso ajudar?” murmurei, enquanto enxugava os olhos.
O homem se ajoelhou diante de mim e eu arquejei quando o reconheci. era o homem que eu conheci mais cedo no Central Park. Aquele para o qual eu havia dado meu buquê de lírios.
“Me perdoe pela intromissão. Meu nome é David Knight.”
Fiquei sem ar. David Knight? O David Knight? O bilionário por trás do grupo Empresarial Knight?
“É...”, eu gaguejei.
“Eu sei da sua situação, Isabella, e eu posso te ajudar. Posso te ajudar com as contas do hospital.”
Minha cabeça girou e eu ouvi sinos tocarem. Como ele sabe tudo isso? O que ele quer de mim?
“Eu vou pagar tudo. Vou garantir que seu pai seja muito bem cuidado. Você só precisa fazer uma coisa por mim." Ele parecia muito sincero, mas percebi um leve desespero em sua voz. Ele se recompôs, olhando no fundo dos meus olhos. “Eu quero que você se case com o meu filho.”
...ISABELLA...
Emily franziu as sobrancelhas ao me ver de pijama cavoucando um pote de sorvete, meu cabeço preso num coque bagunçado. “Você está bem?” Ela perguntou.
“Ótima”, eu disse com a boca cheia de sorvete de chocolate.
Ela suspirou, pegando seu próprio pote no congelador. Sentou-se ao meu lado e enfiou uma colherada do sorvete de baunilha na boca.
“Fala logo”, ela ordenou.
“É estresse”, eu admiti. “Por causa do meu pai internado e da dificuldade em pagar as contas. Eu fui na entrevista da Curixon, mas acho que estraguei tudo e...”, minha voz enfraqueceu.
Isso sem contar um certo bilionário me fez uma proposta absurda há alguns dias. Mas eu não queria falar disso com a Emily. Como eu poderia?
“Você não estragou nada”, Em me garantiu. “Você arrasou, né? Você mesma tinha dito.”
“Eu achei que arrasei”, eu disse, “Agora não sei mais.”
Era verdade, eu tinha me dado bem com o entrevistador. A Curixon era uma empresa ótima e eu estava torcendo para finalmente poder usar meu diploma de engenharia de Harvard. Eu passei os últimos meses trabalhando meio período na floricultura da Em.
Ela até me deixou morar no apartamento dela. Eu estaria ferrada se não fosse por isso. “Você me salvou, Emily”, eu comecei, “Se você não tivesse me deixado ficar aqui...”
“Para com esse drama”, ela disse antes que eu pudesse agradecê-la novamente. “Você sabe que pode ficar o quanto quiser. Eu não quero que você perca tempo varrendo o chão da minha floricultura enquanto poderia estar trabalhando numa empresa como a Curixon. Mesmo que você atraia faz para a loja. Você é inteligente demais pra isso, Isa.”
Meu coração errou as batidas. Então a Emily não reconheceu o David. Ainda bem.
“Bom, eu vou indo”. Emily se levantou, jogou a colher suja na pia e o pote vazio no lixo. “Fica bem”. Ela colocou os sapatos e, antes que eu me desse conta, já tinha ido embora.
E eu fiquei sozinha. Minha mente vagou até aquela noite. Sinceramente, eu achei que tinha sido um sonho. Mas quando percorri os contatos do meu celular, o nome dele ainda estava lá. David Knight.
Eu me esgueirei da sala até a minha cama e me encolhi em posição fetal. Fechei os olhos e deixei meus pensamentos voltarem àquela noite.
...ISABELLA...
“O quê?” Eu me afastei de David e coloquei um espaço entre nós. “Você está me zoando?”
Ele me observou e balançou a cabeça.
“Perdão”, ele disse. “Eu me precipitei. Por favor, deixa eu me explicar.”
Olhei pra trás. As portas do hospital não estavam tão longe. Eu poderia correr até lá se precisasse. Mas havia algo nele que me fazia querer confiar nele. Ele parecia muito honesto e gentil. Talvez fosse por causa da idade.
Eu assenti com cautela, gesticulando pra ele continuasse. “Depois que você foi tão atenciosa comigo esta tarde, eu sabia que precisava retribuir sua bondade. Fui à Flores da Em. o buquê que você me deu era de lá.”
“Tudo bem, mas...”
“Eu vi na embalagem. E conversei com a Emily, uma moça adorável. E perguntei por você, senhoria Isabella Carson. Ela me disse que a conhecia bem. Que você estava num pequeno hospital de Nova Jersey, porque seu pai estava doente.”
Eu balancei a cabeça, ainda desacreditada da conversa inteira.
“E, por favor, desculpe a pergunta, mas sua família não tem os recursos necessários para pagar pelos cuidados... pelo tratamento, pela estadia no hospital, de maneira confortável, não é?”
Eu assenti.
“É com isso que eu posso ajudar, Isabella. Nós podemos nos ajudar.” Ele sorriu e seus olhos desapareceram entre as rugas.
“Então você quer que eu me case com seu filho”, eu repeti as palavras que ele havia dito antes. Pareciam bizarras saindo de minha boca.
David confirmou com a cabeça. Pensei no que conhecia sobre o filho dele. David Knight.
Eu sabia bem quem ele era, claro. Como não saberia? Ele era uma celebridade. Podre de rico e deslumbrante. Qualquer mulher se atiraria em seus braços se tivesse a chance. Mas ele parecia estar numa fase rebelde. Eu tinha visto manchetes e matérias sobre ele algumas vezes nos últimos meses.
Sexo. Drogas. Rachas. Ele era selvagem. Perigoso. Um calafrio percorreu minha espinha, mas eu não sabia se era medo ou entusiasmo.
“Mas por que eu?”, perguntei. “Tenho certeza de que é possível achar um milhão de garotas mais atraentes e bem sucedidas que eu. Uma combinação melhor pra ele.”
“Você tem a alma pura, querida. Você pode não saber, mas é especial. Eu quero o melhor pro meu filho, como qualquer pai. Eu acho que você pode ajudá-lo. Eu confio no meu instinto e meu instinto diz que isso vai dar certo.”
Eu pisquei. Alma pura? O que isso significa?
“Mas um casamento não é só um pedaço de papel”, argumentei. “Não dá pra simplesmente assinar um contrato e se apaixonar.”
“Isso pode ser verdade, mas o amor é paciente.”
“Como o senhor sabe que eu não vou me casar com o seu filho e pedir o divórcio no dia seguinte?” Eu estava me fazendo de advogada do diabo, mas eu precisava entender melhor essa ideia absurda.
Em vez de se afastar, ele se aproximou de mim e pegou minha mão. Seu toque era caloroso e estranhamente reconfortante. “Eu não acho que você faria isso, Isabella. Como eu disse, sua alma é pura, mas se precisar se sentir mais segura, olhe pra trás.”
Eu olhei e vi o hospital iluminado pelos postes da rua. “Contas hospitalares não são brincadeira. Tratamento, reabilitação, cuidado ininterrupto. Tudo isso é caro, querida. Se você cumprir sua parte do acordo, eu prometo pela minha vida que cumpro a minha parte também.”
Minha cabeça estava a milhão. Tinha que haver outro jeito. “Eu tenho uma segunda entrevista de trabalho amanhã. Talvez eu consiga...”
“Isabella”, ele disse, me interrompendo. “Você sabe quanto custa a estadia num hospital desses? US$700,00 por noite. Um exame de sangue de rotina custa US$250,00. Se precisarem usar o desfibrilador, que Deus não permita, são mais US$1.500,00.”
Eu fechei os olhos. “Por favor. Por favor, para. Me dá um minuto pra pensar.” Eu tentei organizar meus pensamentos embaralhados. Meu pai. O restaurante. Meus irmãos. Dívidas sem fim. Um emprego novo.
A Curixon pagava bem. Se eu conseguisse a vaga, poderia pagar tudo aos poucos. A Emily de deixaria ficar com ela por mais tempo se isso significasse que eu conseguiria salvar meu pai.
Como eu poderia me casar com um homem que não amava e nem conhecia? “Por que quer tanto me ajudar?” Eu perguntei.
“Quando você veio até mim estava tarde”, ele começou, “você respondeu uma oração que eu havia feito. Você me deu força quando eu mais precisei. Então eu quero fazer o mesmo por você. Quero lhe dar força e é assim que posso fazer isso.”
Eu refleti por um momento, com a respiração ofegante. Eu estava mesmo considerando aceitar?
“Isabella?” David chamou suavemente.
“Você me dá um tempo pra pensar?” Eu perguntei. “Tem muita coisa em jogo.”
“É claro”, ele disse e me entregou um cartão, feito de um metal fino e eleve. “Liga pra mim quando decidir.” Ele sorriu antes de se virar. “Eu realmente acho que isso daria certo, Isabella. Acho mesmo”.
****
Meu telefone tocou e me tirou do estado de devaneio. Rolei pela cama para ver quem estava ligando: CURIXON LTDA. Eu levantei num pulo, meu coração começou a palpitar.
Caramba, caramba, caramba. Respirei fundo.
“Alô?” Atendi, tentando fazer a voz não tremer.
“Oi, é a Isabella Carson?”, disse uma voz feminina do outro lado da linha.
“Isso.”
“Oi, Isabella. Estou ligando para informar que, infelizmente, você não foi selecionada para a próxima etapa do processo seletivo.”
“Ah”, meu coração afundou no peito.
“Nós vamos guardar seu currículo, se surgir outra vaga, eu entro em contato.”
“Ah, tudo bem. Obrigada.” O que mais eu poderia dizer?
Depois de um breve e doloroso bate-papo, eu enfiei a cara no travesseiro. Isso é um arraso de entrevista. Senti as lagrimas de frustração brotando em meus olhos e as deixei encharcarem o travesseiro.
Havia muito mais em jogo do que simplesmente pagar as contas e ter algum dinheirinho pra gastar. A vida do meu pai estava em risco. Eu peguei o celular e fui rolando a barra de contatos.
Encarei o numero de David Knight, com o dedo pairando sobre o botão de ligar. Não é como se eu tivesse outra saída. Efetuei a chamada, selando meu destino.
“Alô?”, David atendeu.
“Oi Senhor Knight. É a Isabella.”
“Isabella!”, ele me saudou fervorosamente. “Fico feliz que tenha ligado. Devo entender que...?” Ele deixou a pergunta no ar.
Respirei fundo. Parecia que eu seria esmagada pelo peso das palavras que estavam prestes a sair da minha boca. “Sim”, eu disse. “Eu aceito”.
Parecia que algo dentro de mim havia morrido. “Vou me casar com seu filho”.
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