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Você Não Merece O Meu Amor

A máscara da Ilusão

Ana Clara despertou novamente com o som penetrante do despertador, que parecia ecoar por todo o quarto. Ela olhou fixamente para o teto, soltou um profundo suspiro e se preparou mentalmente para enfrentar mais um dia ao lado de Eduardo. Sabia que não seria fácil, mas havia se acostumado com a rotina de humilhações e desprezo. A fachada de um casamento perfeito estava prestes a desmoronar.

Enquanto se vestia, as lembranças da noite anterior inundaram sua mente. Eduardo havia chegado tarde, exalando o cheiro forte de álcool e cigarro, e mais uma vez descarregara suas frustrações nela. As palavras duras ainda ecoavam em sua cabeça, cada insulto penetrando seu coração como uma lâmina afiada. "Você não é nada sem mim", ele havia dito, como se sua presença fosse um grande favor.

Descendo as escadas lentamente, Ana Clara sentia que cada degrau exigia um esforço colossal para manter a compostura. Na cozinha, a família de Eduardo já estava reunida para o café da manhã. Seu sogro, Maurício, a ignorava completamente, enquanto sua sogra, Beatriz, lançava olhares de puro desprezo. Vanessa, sua cunhada, não perdia a chance de fazer comentários sarcásticos sobre sua aparência.

"Bom dia", disse Ana Clara, forçando um sorriso que não chegava aos olhos.

"Já é alguma coisa você estar de pé e fazer algo útil. Venha fazer minha maquiagem e meu cabelo, já estou atrasada", resmungou Beatriz, sem nem olhar para ela.

Ana Clara fingiu não ouvir e se serviu de um café, sentando-se à mesa, enquanto as conversas ao redor continuavam. Eduardo, como sempre, era o centro das atenções, sendo elogiado por seu trabalho e por sua suposta dedicação à família. Ninguém ali sabia a verdade sobre o homem que ele era dentro de casa, e Ana Clara já não se importava mais em tentar explicar.

Enquanto a conversa prosseguia, Ana Clara olhou pela janela e se lembrou de seu pai. Fazia meses que não o via, desde que decidira se afastar da vida luxuosa que ele lhe oferecia. Ela queria encontrar o amor verdadeiro, alguém que a amasse pelo que ela era, não pelo seu dinheiro. Mas agora, começava a questionar essa escolha com mais intensidade.

O dia arrastou-se lentamente, com Ana Clara sendo responsável por todos os trabalhos domésticos, enquanto a família de seu marido apenas atrapalhava. Cada tarefa era uma tentativa de distração dos pensamentos sombrios que insistiam em invadir sua mente. À noite, após mais uma discussão acalorada com Eduardo, Ana Clara trancou-se no quarto e chorou silenciosamente. Era hora de fazer uma escolha definitiva, de decidir se continuaria vivendo aquela farsa ou se finalmente tomaria as rédeas de sua vida.

Com mãos trêmulas, pegou o telefone e discou um número que não ligava há muito tempo. Quando a voz do outro lado atendeu, sentiu um alívio imediato e profundo.

"Pai, eu preciso de você", disse, com a voz trêmula. "Eu não aguento mais."

Houve um silêncio carregado do outro lado da linha antes que a voz grave de seu pai respondesse, cheia de preocupação. "Ana Clara, minha filha, eu estou aqui para você. O que aconteceu?"

As lágrimas escorreram livremente pelo rosto dela. "Pai, preciso voltar para casa. Não posso mais viver assim."

"Venha, meu amor. Venha para casa", ele respondeu, com ternura.

Aquelas palavras foram um bálsamo para a alma ferida de Ana Clara. Ela sabia que a decisão de voltar para casa não seria fácil, mas era um passo necessário para resgatar sua dignidade e encontrar a felicidade que tanto desejava.

A decisão

Ana Clara acordou naquela manhã com uma nova determinação. A conversa com seu pai na noite anterior havia acendido uma chama dentro dela, uma força que há muito tempo estava adormecida. Era hora de enfrentar Eduardo e colocar um fim no ciclo de abuso e humilhação que havia suportado por tanto tempo.

Ela se arrumou cuidadosamente, escolhendo uma roupa que lhe dava confiança e reforçava seu senso de poder. Desceu as escadas com passos firmes, ignorando os olhares desconfiados de Beatriz e Vanessa, que a observavam com suspeita. Eduardo estava na sala, assistindo TV, com uma expressão de indiferença estampada no rosto.

"Eduardo, precisamos conversar," disse Ana Clara, a voz firme e decidida.

Ele a olhou com um ar de desdém, sem desviar os olhos da tela. "O que foi agora?"

"Eu decidi. Vamos nos separar," anunciou ela, sem hesitar, sem deixar espaço para dúvidas.

A sala ficou em silêncio absoluto. Eduardo a olhou com incredulidade antes de se levantar, o rosto contorcido de raiva. "Você está brincando, não é? Quem você pensa que é para me deixar?"

"Sou Ana Clara, e mereço mais do que isso. Mais do que você e sua família me oferecem," respondeu ela, mantendo o tom calmo, mas cheio de convicção.

Eduardo deu um passo em sua direção, a raiva pulsando nas veias e transparecendo em cada movimento. "Você é uma ingrata! Eu te dei tudo e é assim que você me agradece? Você não vai a lugar nenhum."

"Você me deu tudo?" Ana Clara riu amargamente, um som que refletia anos de dor e sofrimento. "Você me deu humilhação, desprezo e sofrimento. Eu não vou mais aceitar isso."

"Você acha que vai conseguir sobreviver sem mim? Sem a minha família?" Eduardo se aproximou ainda mais, tentando intimidá-la com sua presença ameaçadora.

"Eu não preciso de você, Eduardo," respondeu ela, com uma serenidade que o desarmou e o deixou sem palavras. "E eu nunca precisei."

Antes que Eduardo pudesse reagir, o som de uma buzina do lado de fora chamou a atenção deles. Ana Clara olhou pela janela e viu o carro de seu irmão, João, estacionado na frente da casa, como uma promessa de liberdade e uma nova vida.

"Meu irmão veio me buscar," disse ela, caminhando em direção à porta com determinação. "É o fim, Eduardo. Você não merece o meu amor."

Eduardo agarrou seu braço, tentando impedi-la de sair, seu desespero evidente. "Você não pode fazer isso! Eu não vou deixar você ir embora assim."

Ana Clara se soltou, olhando diretamente nos olhos dele, com uma intensidade que ele nunca havia visto antes. "Eu já fui embora, Eduardo. Você só não percebeu ainda."

João saiu do carro e caminhou rapidamente até a porta, encontrando Ana Clara com um abraço protetor. "Vamos, irmã. Está na hora de voltar para casa."

Eduardo ficou parado, incrédulo, observando Ana Clara se afastar. "Você não está falando sério," ele gritou, a voz carregada de descrença e pânico. "Você não vai conseguir viver sem mim! Você vai voltar rastejando!"

Ana Clara parou na porta e olhou para ele uma última vez, com uma calma resoluta. "Adeus, Eduardo," disse ela, antes de sair de casa com João, deixando para trás uma vida de dor e sofrimento.

Eduardo ficou parado, ainda incrédulo. "Isso não pode estar acontecendo," murmurou para si mesmo, incapaz de aceitar a realidade que se desenrolava diante de seus olhos. "Ela não pode simplesmente me deixar assim."

Mesmo quando o carro de João se afastou, Eduardo permaneceu imóvel, incapaz de aceitar que sua vida estava prestes a mudar para sempre.

Ele caminhou de volta para a sala, sentou-se no sofá, e pegou o telefone. Seus dedos hesitaram sobre os botões enquanto a realidade começava a se instalar. Finalmente, ele percebeu que Ana Clara realmente tinha ido embora, e o pânico começou a tomar conta dele.

O Retorno a Mansão

Ana Clara olhava pela janela do carro enquanto João dirigia em direção à mansão de sua família. A paisagem familiar, cheia de árvores exuberantes e jardins bem cuidados, trouxe uma sensação de alívio e nostalgia. Cada detalhe da estrada parecia sussurrar lembranças felizes de tempos passados, acentuando a sensação de estar finalmente voltando para o lugar onde sempre encontrou conforto e apoio.

Quando o carro passou pelo portão principal, Ana Clara sentiu um turbilhão de emoções. Era bom estar de volta, mas a decisão de deixar Eduardo ainda pesava em seu coração como um fardo. Ela sabia que o caminho para a recuperação seria longo e cheio de desafios, mas estava determinada a seguir em frente e reconstruir sua vida. Ao mesmo tempo, a visão dos portões majestosos e da estrutura imponente da mansão de sua família reforçava sua decisão e a enchia de uma força renovada.

João parou o carro em frente à entrada principal e desceu rapidamente para abrir a porta para sua irmã. "Bem-vinda de volta, Ana," disse ele, com um sorriso reconfortante que irradiava calor e segurança. Sua presença constante e seu apoio inabalável faziam Ana Clara sentir que estava fazendo a coisa certa.

"Obrigada, João," respondeu ela, sentindo-se grata pelo apoio incondicional de seu irmão. A familiaridade de suas palavras e a gentileza de suas ações a confortavam profundamente, lembrando-a de que sempre teria um porto seguro em sua família.

A porta da mansão se abriu e seu pai, Ricardo, apareceu com um sorriso caloroso que iluminou seu rosto. "Minha querida filha, que bom que você voltou para casa." A voz dele carregava um tom de alívio e amor, que envolvia Ana Clara como um cobertor protetor.

Ana Clara correu para os braços do pai, sentindo-se segura pela primeira vez em meses. "Pai, eu senti tanto a sua falta," disse ela, as lágrimas finalmente se libertando. Cada lágrima que caía parecia levar embora um pouco do peso que ela carregava.

Ricardo a abraçou com força, como se quisesse protegê-la de todas as dores que havia enfrentado. "Nós também sentimos sua falta, Ana. Mas agora você está em casa, e nós vamos cuidar de você." Suas palavras eram uma promessa de segurança e apoio incondicional.

Eles entraram na mansão, onde tudo parecia intocado desde a última vez que Ana Clara estivera ali. A familiaridade do lugar trouxe uma sensação de paz e conforto. Ela sabia que aqui, ao contrário da casa de Eduardo, encontraria o amor e o respeito que merecia. Cada canto da casa, cada objeto, parecia sussurrar histórias de amor e carinho, lembrando-a de que estava exatamente onde deveria estar.

"Vamos para a sala de estar," disse Ricardo, conduzindo-a pelo corredor espaçoso. "Sua mãe está ansiosa para vê-la." A menção de sua mãe trouxe uma onda de emoção à superfície, pois Ana Clara sabia que estava prestes a reencontrar a figura materna que sempre foi seu pilar de força.

Ao entrar na sala, Ana Clara foi recebida por sua mãe, Helena, que se levantou rapidamente e correu para abraçá-la. "Minha querida, eu estava tão preocupada." A voz de Helena tremia com a mistura de alívio e preocupação maternal.

"Eu estou bem, mãe. Estou melhor agora que estou em casa," disse Ana Clara, sentindo as lágrimas começarem a rolar pelo seu rosto. As lágrimas eram de alívio e gratidão, um símbolo de sua libertação e do início de uma nova fase em sua vida.

Helena a segurou pelos ombros e olhou diretamente em seus olhos com uma expressão de ternura e determinação. "Nós sempre estaremos aqui para você, minha filha. Você nunca está sozinha." Suas palavras eram um juramento de amor eterno e apoio incondicional.

Ana Clara sorriu através das lágrimas, um sorriso de esperança e renovação. "Eu sei, mãe. E isso significa tudo para mim." Ela sentia o calor e a força do amor de sua família envolvendo-a, dando-lhe a coragem de que precisava para seguir em frente.

Enquanto se acomodava no sofá, Ana Clara começou a contar os detalhes dos últimos meses para seus pais. Eles ouviram atentamente, oferecendo apoio e conselhos sábios. Cada palavra que ela compartilhava aliviava um pouco mais o peso em seu coração, transformando a dor em força e resiliência.

"Você é mais forte do que imagina, Ana," disse Ricardo, segurando a mão dela com firmeza. "E nós estamos aqui para ajudar você a se reerguer." Suas palavras eram uma âncora, segurando-a firmemente enquanto ela navegava pelas águas turbulentas de suas emoções.

Naquele momento, Ana Clara percebeu que tinha feito a escolha certa. Ela estava de volta ao lugar onde realmente pertencia, cercada por pessoas que a amavam de verdade. O caminho à frente ainda seria desafiador, mas com o apoio de sua família, ela sabia que conseguiria superar qualquer obstáculo. A certeza de que não estava sozinha a fortalecia, dando-lhe a confiança para enfrentar o futuro.

Depois de passar um tempo com os pais, Ana Clara subiu para o seu antigo quarto. Ao entrar, foi inundada por memórias da infância e adolescência. O quarto estava exatamente como ela deixara, um santuário de momentos felizes e inocentes. Cada detalhe do quarto, desde os pôsteres nas paredes até a cama macia, a fazia sentir-se em casa novamente.

Sentou-se na cama e pegou o celular. Ao desbloquear a tela, viu inúmeras notificações de chamadas perdidas e mensagens de Eduardo. A maioria das mensagens eram cheias de ameaças e humilhações, trazendo à tona o comportamento abusivo que ela estava determinada a deixar para trás.

"Você nunca vai conseguir nada sem mim. Você é uma inútil."

"Se você acha que vai encontrar alguém melhor, está enganada. Ninguém vai te querer."

"Volte agora, ou vai se arrepender amargamente."

Cada mensagem era um lembrete doloroso do que ela havia suportado por tanto tempo. A cada palavra de ódio e desprezo, Ana Clara sentia sua determinação crescer. Eduardo não tinha poder sobre ela. Não mais.

Enquanto olhava para o telefone, uma sensação de clareza tomou conta dela. Ana Clara sabia que precisava seguir em frente, sem Eduardo. Desligou o celular, determinada a focar no apoio e amor de sua família, e começou a planejar os próximos passos de sua nova vida. O futuro era incerto, mas pela primeira vez em muito tempo, ela sentia que poderia ser verdadeiramente feliz. Cada passo que dava em direção à sua nova vida era um passo em direção à liberdade e à paz que tanto almejava.

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