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Uma Nova Chance: Recomeço

Capítulo 01

Acordo bem cedo com o barulho do despertador, desligo e me esforço para levantar. É difícil sair da cama, num frio de dez graus às cinco da manhã, faço minhas higienes matinais. O meu pai, Gregório Souza já havia acordado, estava a preparar o café da manhã.

Desço a vestir meu uniforme de trabalho, sou vendedora de uma loja de calçados. Me formei a pouco tempo em arquitetura, no entanto, não consegui oportunidades de trabalho na área, aqui em Costa Nunes. Uma cidade pequena do interior de São Paulo, tentei uma vaga em Campinas onde me graduei, mas não consegui.

Enfim, sou filha de Gregório Souza, um policial. Sempre me preocupo com ele, visto que, a violência aqui aumentou nos últimos anos:

— Bom dia, pai.

Gregório:

— Bom dia, filha. Dormiu bem?

Letícia:

— Dormi, mas nesse frio sempre é difícil levantar.

Gregório:

— É verdade, porém, temos que tentar né. Tenho plantão hoje, vou trabalhar a noite toda.

Letícia:

- Tudo bem, pai. Toma cuidado, ok?

Gregório:

— Sei me cuidar, Letícia. Tome o seu café, bom trabalho. Vou fazer a minha caminhada matinal, qualquer coisa me liga.

Letícia:

— Boa caminhada pro senhor.

Moro com o meu pai, e nunca conheci a minha mãe. A mesma me abandonou ainda no hospital, uma semana depois do meu nascimento. Apenas deixou uma carta na porta do meu pai, avisando que ele tinha uma filha que estava no hospital, e era recém-nascida. Meu pai foi me buscar, e a mulher que sei que se chamava Bárbara sumiu.

Quando completei dezoito anos, o meu pai me mostrou a carta, e me contou tudo. Antes disso, sempre tive uma esperança que Bárbara um dia iria aparecer, mas isso nunca aconteceu. Cheguei a tentar procurá - la, nunca a encontrei, e desisti disso quando descobri a verdade.

Após uns minutos, pego a minha bolsa, e saio rumo a loja. Espero na porta o meu chefe vir abrir a loja, os outros funcionários também estavam aqui. Cibele Silva, minha melhor amiga, que coincidentemente trabalha lá também que diz:

— Bom dia, amiga. Como você estar?

— Estou ótima, dormi pouco hoje.

— Que foi, amiga? Não me diga que aquele cretino tá te perturbando de novo?

— Não, só dormi pouco mesmo. Aquele lá esqueceu que eu existo, graças a Deus.

— Ata, qualquer coisa sabe que pode contar comigo aqui.

— Obrigada, Cibele. Cadê o seu Aguinaldo? Tá demorando pra vir hoje.

— Ouvi dizer que, ele foi resolver um problema do filho dele lá. Parece que o cara foi preso, e teve que ligar pro papaizinho dele pra sair da cana.

— Vish, como foi isso?

— Tu sabe né, que o Jader é viciado. Pegaram ele com coc4ína, e já sabe o resto.

— O senhor Aguinaldo sofre viu, e você teve livramento. Jader só te dava problema, né?

— Meu único erro foi ter ficado tanto tempo do lado dele, tava boba e apaixonada por ele. E não via a realidade, até ele aparecer chapado, e tentar me empurrar da escada. Graças a Deus, terminei essa relação.

Aguinaldo Mendes é dono da sapataria onde trabalho, tem mais de sessenta anos e tem que lidar com um filho viciado em drogas, Jader Mendes. Que causa muito sofrimento pro velho, o adicto causou indiretamente a morte da mãe.

Houve uma briga dele com um agiota pra quem devia dinheiro, o bandido invadiu a residência a procura de Jader. Dona Clemência era a única que estava em casa, sendo morta com um tiro na cabeça. O pai dele não sabia da dívida, se soubesse teria pago a quantia.

Cibele já namorou o filho do senhor Mendes, e sofreu muito com esse vício dele. Tanto que mesmo amando muito Jader, desistiu dele. E, ele desistiu dela e a trocou pelas dr0gas. Também não tenho uma vida amorosa saudável, visto que, o meu ex-namorado ainda vive atrás de mim, querendo voltar.

 Reatar uma relação desgastada e finalizada não vale a pena, ainda mais, com alguém tão tóxico como Rodrigo é. Ele era muito possessivo, imprevisível e instável. No dia que ele levantou a mão pra mim, fui embora da vida dele, e voltei pra casa. Ele só não tentou vir atrás de mim, porque, meu pai é policial.

Enfim, ele chega com uma feição de cansaço e avisa pra Acácia, a gerente:

- Acácia, cuide de tudo até eu voltar. Tenho que resolver uns problemas pessoais, mas a tarde eu volto, ok.

Enquanto isso, em São Paulo, Vicente Bayond estar internado novamente para mais uma sessão de quimioterapia. Desde que descobriu ter leucemia, a sua vida mudou rápido. Era presidente de uma das maiores empresas do ramo de fabricação de papel do país, cargo que precisou abdicar para se tratar.

Durante essa sessão, o rapaz passa muito mal e desmaia. Os médicos precisaram interromper o tratamento, para cuidar dos efeitos colaterais causados pelas fortes medicações.

Adriana Bayond, mãe de Vicente acompanha o filho sempre. Desde o início dos sintomas, ela estar muito preocupada com a saúde dele.Para ela, é doloroso ver seu filho nessa situação difícil, algo que a entristece profundamente. Vicente tem uma noiva chamada Estela Prado, que apenas visita Vicente ocasionalmente. Prado usa o argumento que "não aquenta ver o seu amado nesse estado", apenas uma desculpa vazia. Não há amor nessa relação, apenas interesse mútuo.

A it-girl que manter o seu alto padrão de vida, após a falência de sua família. E, Vicente não queria perder o posto na empresa, pois em sua família, apenas os herdeiros que são casados assumem a presidência da empresa. Quando o filho de Adriana estava saudável, eles até que eram próximos, e se entendiam muito bem na cama, mas fora dela, sentimentos não existiam ali.

Atualmente, refletiu que o melhor dá um fim nesse noivado. Para ele, já perdeu o posto na empresa devido ao câncer, não tinha mais sentido manter esse compromisso. E ainda soube que foi traído por ela, doente e internado no hospital.

Os médicos diagnosticaram o filho de Alberto Bayond, com a leucemia grave. Se o rapaz não começasse o tratamento urgente, morreria em poucos meses. No início, os remédios faziam efeito, e houve até uma redução das células cancerígenas. Entretanto, agora a nova etapa do tratamento não estar conseguindo impedir o avanço da doença.

Adriana pergunta para o médico, sobre o atual estado de saúde do filho:

- Me diga, meu filho vai morrer, doutor?

Capítulo 02

O doutor Cláudio Souza responde:

- Não posso afirmar ainda, pois o paciente teve uma reação adversa aos medicamentos. A senhora sabe que sempre há esse risco, a doença avançou, vamos fazer mais exames. Para saber, qual será a próxima etapa do tratamento dele.

- Próximo passo?

- Sim, mudarei o tratamento novamente. O corpo dele não estar reagindo bem as drogas que estamos a usar, por isso, o desmaio e o mal-estar.

- Como será essa nova etapa?

- Após os resultados dos exames, conversaremos com ele e com a senhora. Qualquer coisa aperte o botão, ok, Vicente estar estável agora.

A mãe de Vicente tenta não se abater, e tenta lutar contra as lágrimas. O seu filho desperta e pergunta:

- Mãe, onde a senhora estava?

- Como se sente, filho?

- Eu vou morrer, né? Estou fraco, e muito cansado.

- Não repita isso, Vicente. Vai vencer essa batalha!

- Mas, eu me sinto assim. Estou a sofrer demais, queria que acabasse logo isso.

- Olha, meu filho, me lembro, quando soube dessa sua doença, você me prometeu que lutaria por sua vida. Lembre disso, sempre que sentir que não vencerá. Tenho fé que Deus irá curar você, Vicente. Tenha fé.

- Nunca pensei que seria tão sofrido assim, mãe. Vou lutar até o fim, ainda bem que tenho a senhora, porque, Maitê, Alice e papai nunca veem aqui.

- Eles estão ocupados, Maitê é mãe de duas crianças, e assumiu a presidência da empresa. Alice estar com problemas, e estar tentando resolver. E o seu pai, voltou pra empresa para ajudar a sua irmã. Agora, cadê a sua noiva? Ela também nunca vem aqui.

- Aquela mulher logo será minha ex.

- Nunca entendi porque estar com ela? Estela é interesseira, nunca me enganou. Ela estar falida, e quer continuar no luxo a suas custas.

- Cedi a pressão do papai na época, e fora que eu e ela nos entendíamos na cama, era divertido. Mas, nunca senti nada por ela.

- Alberto se equivocou nisso, viu.

- Vou terminar com ela, sei que deve estar me traindo já. Visto que estou doente, e não posso dar o que ela quer, e o quê mantinha a nossa conexão.

- Nossa, eu sempre amei o seu pai. E ele também me amava, devia seguir esse exemplo.

- Como? Com o meu pai no pé?

- Termine, quando tiver saúde pra isso.

Dias depois, Estela aparece no hospital para conversar com o seu noivo. A moça quer colocar um ponto final no relacionamento, visto que, a interesseira pensa que Vicente não vai viver muito tempo. Prevendo o pior, ela se antecipou, e encontrou um homem vinte anos mais velho que ela para banca-la. Quando ia entrar no quarto de Vicente, a mãe dele a intercepta:

- Estela? Que surpresa ver você aqui, pensei que já tinha se colocado no seu lugar.

- Bom dia, Adriana. Vim ver o meu noivo, sei que a senhora não gosta de mim. Sabe que nunca entendi o porquê, tenho sobrenome e venho de uma família influente.

- Nada disso me importa, o que importa é fazer meu filho feliz. Algo que você não faz, né.

- Enfim, quero falar com ele. Com licença.

- Pode ir, Estela.

Estela bate na porta, e Vicente diz:

- Pode entrar.

A dondoca entra, e ele se surpreende:

- Estela? Lembrou que tem noivo, é?

- Como você estar, querido?

- O que você acha? O que veio fazer aqui?

- Vocês não gostam mesmo de mim, sua mãe me odeia. E agora, você também?

- Para de drama, sabe que entre nós só existia interesses recíprocos. Ainda bem que veio, assim vai facilitar tudo.

- Facilitar o que?

- O fato que não há mais motivo para manter esse noivado, somos dois estranhos agora. Sempre fomos, o que nos unia era puro interresse e sexo. Nenhum dos dois existem agora, eu perdi a presidência da empresa e estou doente. Fora as traições, ou pensa que não sei que estar me traindo? E, ainda com um cara que tem idade pra ser seu pai? Acabou, quero terminar.

- Como soube disso? Das traições?

- Não interessa, já achou sua nova fonte de renda. Vai fundo, e seja feliz.

- Então, tudo bem vim aqui pra isso mesmo. Vai ser melhor assim, desejo que se cure e seja muito feliz.

Estela sai um pouco sem jeito, nem fala com Adriana. A mesma entra no quarto do filho e questiona:

- E aí? Como foi a conversa com ela?

- Foi boa, terminamos finalmente.

- Que notícia maravilhosa, filho. Graças a Deus, aquela loira fez algo que preste.

Letícia estar a atender uma cliente, quando o seu ex-namorado, Rodrigo aparece lá acompanhado da sua mãe, e uma jovem. Cibele diz:

- Vish, olha ali, Letícia.

Leticia responde:

- Ainda bem, que estou atendendo essa cliente. Inclusive, vou lá em cima buscar uma bota trinta e cinco. Essa fica com você, hein.

A jovem sobe para o estoque, e Cibele os atende:

- Posso ajudar? Já tem um produto em vista?

Rodrigo:

- Quero ser atendido por Letícia, ela estar aqui?

Cibele:

- Letícia estar ocupada, atendendo outra cliente. Quer que eu chame outro funcionário para atender vocês?

A mãe dele diz:

- Não precisa, você mesma pode fazer isso. Quero ver os modelos de sapatilhas novas, ok?

Rodrigo:

- Tudo bem, vou olhar umas coisas na loja.

Cibele:

- Fique a vontade, senhora me acompanhe que vou mostrar os modelos.

Valentina:

- Vamos.

Letícia desce e caminha com três caixas de sapato nos braços, e Rodrigo avista a jovem:

- Não adianta se esconder atrás dessas caixas, Letícia.

- O que você estar fazendo aqui? Estou ocupada, cai fora.

- Vou esperar você atender a sua cliente.

Letícia ignora, e vai fazer o seu trabalho. Consegue fazer aquela venda, e Rodrigo fala:

- Vim aqui saber quando a gente vai voltar?

- Nunca, eu não retrocedo nas minhas decisões. Você me faz mal, e sabe bem disso.

- Eu mudei, Letícia. Eu te amo.

Letícia rir:

- Mudou só se for pra pior. Escuta aqui, me esquece e segue a sua vida, eu não sinto nada por você.

- Por que isso? Letícia, eu sei que fiz muita coisa ruim, mas agora vai ser diferente.

- Me deixa em paz, segue a tua vida.

- Não, eu não quero. Você vai me pagar caro por não querer voltar! Vou fazer da sua vida um inferno!

Capítulo 03

Leticia

Rodrigo resolveu aparecer no meu local de trabalho pra me perturbar, será que isso não vai acabar nunca? Esse homem foi o meu primeiro amor, e a primeira decepção amorosa também. O meu pai sempre foi contra o meu namoro com Rodrigo. Deveria ter ouvido o meu pai, porém, me deixei levar por meus sentimentos. No início, ele era amoroso, carinhoso, atensioso, e era tudo quase um conto de fadas.

 Porém, era tudo manipulação, uma forma de me manter dependente emocionalmente dele, com uma atitudes violentas veladas, como quando Rodrigo quebrou o celular durante uma discussão. E queria dar pitaco na roupa que eu vestia, nas minhas amizades, até na minha relação com meus familiares, entre outras coisas mais.

Até chegar ao ponto, de tentar me agredir fisicamente. Tirando as manipulações, mentiras, humilhações e agressões psicológicas que, eram sempre presentes e recorrentes no relacionamento.

Coloquei um fim nisso, e graças a Deus me livrei, porém, esse cara sempre dá um jeito de encher o meu saco. Vir no meu trabalho, e me ameaçar, é demais:

- Escuta aqui, quem vai fazer da sua vida um inferno sou eu, se você continuar atrás de mim. Vou te denunciar como já fiz antes, nem a tua mãe te livra dessa vez! Vai embora!

O idiota rir:

- Quero ver se vai ter coragem, Letícia.

- Tá duvidando é? Não sabe do que sou capaz, pra proteger-me, sou capaz de tudo.

- Até matar? Você não machuca nem uma mosca.

- Some da minha vida, maldito!

- Vai se arrepender disso, porque eu vou me casar com outra.

- Não me interessa o que faz com a sua vida, seja feliz bem longe de mim.

- Você vai voltar pra mim, e vai ser tarde. Mas te aceitaria como amante.

Solto uma risada, e responde:

- Tenho pena da sua noiva, que livramento eu tive. Obrigado, meu Deus. Se não vai querer nada da loja, pode ir. Tenho que trabalhar, coisa que nem sabe o que é!

Ele segura o meu braço, e diz:

- Vai ser assim, Letícia?

- Tira as suas patas imundas de cima de mim!

Retiro a mão dele do meu braço, e vou atender outra cliente. Nojento, se continuar assim, vou acabar com ele com as minhas próprias mãos. Busquei a minha redenção, mas, posso muito bem esquecer que sou boa. Não queria falar sobre esse meu passado obscuro, se eu pudesse fazer diferente teria feito. Porém, eu não tinha o entendimento e conhecimento que tenho hoje.

Mais adiante posso contar para vocês sobre o meu passado, enfim. Amanhã é a minha folga, e vou no hemocentro da cidade doar sangue. Tem dois anos que faço isso, comecei para ajudar na cirurgia da minha prima Isabela, a mesma precisou de sangue e fui lá doar. Desde então, resolvi ser doadora assídua. Saber que posso estar salvando a vida de alguém, é o que me motiva a fazer isso.

As horas se passam, e estou arrumando as minhas coisas para ir pra casa. Cibele questiona:

- Amiga, não quer ir pro happy hour?

- Não, tenho que ir pra casa. Fora que o meu pai não estar em casa.

- Ai, amiga tem hora que você parece menor de idade. Tem 23 anos, cara.

- Eu sei, mas moro na casa dele. Devo satisfações sim.

- Mas, se você ligasse pra ele e explicasse.

- Hoje não, amiga. Fica pra próxima.

- Vou lembra disso, Letícia.

No caminho, sou surpreendida por Rodrigo que, me pressiona numa parede e me agarrar por trás:

- Ai, que porr4 é essa?

- Te disse, meu amor. Vou fazer da sua vida um inferno, Letícia.

- Me larga, maldito!

Piso com o meu calcanhar na parte frontal do pé dele, que me largar e urra de dor. Acerto um chute no meio das pernas dele, e o mesmo cai se contorcendo. Corro dali o mais rápido possível, e tranco bem as portas, janelas. Vou para o meu quarto, e após toda a adrenalina, uma vontade enorme de chorar toma conta de mim.

Já denunciei ele, mas o delegado arquiva tudo, pois a mãe dele é irmã do chefe local da polícia, cargo assim do delegado. Ambos de uma família muito rica e influente da cidade, Costa Nunes é uma cidade muito pequena, sete mil habitantes. Em contextos assim, manda quem tem mais dinheiro e influência. Meu pai disse para fazer um b.o, mas sabia que as denúncias contra Rodrigo não iam pra frente, tudo em vão.

Decido tomar banho, e me trocar. Após alguns minutos, desço para fazer a minha janta. O telefone da casa toca e atendo no segundo toque:

- Alô, quem fala?

- Filha sou eu, seu pai o que aconteceu? É verdade que aquele canalha tentou te fazer mal?

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