Maya Belmonte
Capítulo Um
Maya Belmonte
— Eu sinto nojo das coisas que você escreve, eu acho melhor pararmos de sair. — Ele me olha com desprezo.
Olho para ele sem acreditar no que estou ouvindo, só pode ser brincadeira. Me virei de costas e soltei uma risada nasal, abro minha boca para falar, mas acho melhor ficar quieta.
— Você deveria se dar ao respeito, uma mulher elegante, não escreve aquelas merdas, deveria arrumar um emprego decente — Ele solta novamente seu veneno.
Sinto uma raiva enorme crescer pelo meu ser, encaro ele com ódio. — Quer saber Douglas, vai se foder, sou baixa né? Então vai tomar no seu cu, seu homenzinho de merda. — Grito. — Me fala seu merdinha, não gostou do que eu escrevi, porque? Porque sabe que não faz nem metade do que está escrito ali, seu brocha.
— Olha aí, cadê a mulher elegante e inteligente que conheci? Tá mostrando suas garras, ainda bem que só ficamos um mês. — Ele dá risada e vai andando até o carro.
— Ela ainda tá aqui, mas você é um merda, que se sente ameaçado por uma mulher que sabe demais, IDIOTA. — Grito mais uma vez.
Ele dá partida no carro e fico parada na frente do meu condomínio.
Sério isso? eu to tão furiosa, como alguém pode falar isso, agir dessa forma, apenas pelo que escrevo. Quer saber, quero que ele vá para o inferno, minha conta bancária está bem cheia, é isso que importa.
Saio andando pela rua, e vou até um barzinho que tem, assim que entro todos os homens começam a me olhar, aí me lembrei que to com um vestido colado, com uma abertura bem discreta na perna. Finjo que não percebi e vou até o Balcão.
— Boa Noite senhora, posso ajudar? —Um senhorzinho fala ao me ver.
— Quero duas garrafas daquele vinho Pergola, suave por favor, e boa noite. — Digo rapidamente.
— Quer que eu abra para a senhora? — Ele pergunta pegando as garrafas.
— Por favor, deixe a rolha na garrafa. — Abro um meio sorriso como agradecimento.
— Dia ruim? — Ele pergunta, abrindo a garrafa com um saca rolha.
— Está tão na cara assim? — Abro um sorriso.
— Está sim. — Ele dá risada e continua abrindo as garrafas — Fique tranquila, depois da tempestade, sempre vem a calmaria.
— Espero que minha calmaria apareça logo, já vivo na tempestade há tanto tempo. — Digo, desfazendo meu sorriso.
Sinto meus olhos se encherem de lágrimas, mas respiro fundo, não vou chorar.
— Prontinho, ficou 45,00. — Diz me entregando uma sacola com os dois vinhos.
Tiro uma nota de cem reais da carteira e entreguei para ele. — Fica com o troco, obrigada pelo atendimento.
Ele me olha com os olhos arregalados e abre um sorriso. — Obrigada Senhora, e escute bem o'que vou te dizer, sinto que uma grande mudança vai aparecer na sua vida, mesmo que sua tempestade seja difícil e longa, lá no final o sol aparecerá e a calmaria enfim vai se mostrar, seja paciente e faça as escolhas certas. — Ele me olha com carinho, sinto minhas lágrimas escorrerem pelo rosto.
Apenas olho para ele e dou um sorriso fraco. — Obrigado. — Digo baixinho e saí do bar.
Fico pensando que minha tempestade já dura cinco longos anos, depois de um casamento de seis anos fracassado, empregos perdidos, a perda do meu pai, foi tudo tão rápido, acho que a única coisa que me mantém são, é meu amor pela escrita, meu filho e minha mãe. Eles são as únicas coisas que me mantém bem ainda, porque se não fosse eles, não sei oque seria de mim.
Caminho novamente até meu condomínio, entro e vou para a parte do parque que está vazia no momento, sento em um banco mais isolado e pego uma das garrafas, abro e começo a beber.
Não sei porque ainda me envolvo com outros homens, já é o terceiro cara que me decepciona, estou até pensando em nunca mais olhar para um homem, posso viver com vibradores. Sabe, em pleno século vinte e um, ainda existem homens machistas, que odeiam as conquistas das mulheres, e se algo que nós fazemos não se encaixa no padrão deles, somos julgadas. Sem falar que meu deus, acho que tenho um cupido filho da puta, que vive em 1800, que só gosta de homem machista, porque nunca vi, o dedinho podre.
Algum tempo se passa e já estou terminando a primeira garrafa, não estou tão bêbada, mas pretendo ficar, esquecer toda essa merda.
— Boa Noite. — Ouço alguém falar comigo.
Olho para cima e vejo um homem me olhando, ele é bem gato, está usando uma camiseta branca, que deixa suas tatuagens do braço a mostra, vejo que ele é forte, seus cabelos castanhos estão um pouco grandes e noto que acabou de tomar banho, porque estão úmidos e caindo no rosto dele. Ele tem a pele bronzeada, queria ver a cor dos seus olhos mas está escuro.
Balanço a cabeça saindo dos meus pensamentos e ouço ele dar risada. Por Deus, acabei de falar que não ia mais ficar com nenhum homem, que estaria contente com meus vibradores, e ele me manda um Deus grego tatuado para me atormentar.
— Você tá aí? — Ele fala novamente e noto que sua voz é bem gostosa, traz autoridade, sem falar que tenho certeza que ele é carioca, pelo sotaque. E se tem uma coisa que eu sempre quis é pegar um carioca.
Para!!! Sem pensamentos pecaminosos!
— Oi… é sim… to aqui… boa… boa noite. — Falo um pouco nervosa, acho que ele reparou que sequei ele.
Devo estar mal, porque ele não para de sorrir, e que sorriso lindo… para Maya, que merda! Não sei porque bebo…
— Posso me sentar? — Ele aponta para o espaço vazio ao meu lado.
— Po..pode. — Desvio o olhar dele e dou mais um longo gole no vinho.
Ele senta ao meu lado e não fala nada. O'Que esse homem quer? Além de me deixar excitada só com a presença dele.
Continuo bebendo vinho e ele ainda está em silêncio. — Quer ? — Ofereço a garrafa que não bebi ainda.
Ele me olha por um tempo e aceita. — Qual seu nome? — Pergunto.
— Leonardo, mas pode me chamar de Leo e o seu? — Ele me entrega a garrafa e eu bebo.
— Maya — Olho para ele e o mesmo está me olhando também.
— Bonito seu nome, posso fazer uma pergunta indelicada? — Ele dá um sorriso de lado.
— Acho que sim, mas não responderei se for indelicada demais. — Dou risada.
— Tudo bem. — Ele olha para frente e cruza as mãos. — Te vi uma hora atrás gritando com um homem, é por isso que está bebendo aqui?
— Ual!!! Bem indelicado! — Dou uma gargalhada e passo a mão pelos meus cabelos, jogando eles para trás.
— Desculpa.. eu só, meio… que fiquei intrigado. — Ele me olha e dá um sorriso.
— Acho que está na cara, mas não estou bebendo por aquele idiota, e sim, porque ta tudo uma merda…— Dou mais um gole no vinho.
— Acho que te entendo, mas me conta, porque estavam brigando? — Ele pega a garrafa da minha mão e dá um gole.
— Você é bem fofoqueiro né? — Dou risada e puxo a garrafa da mão dele.
— Sou sim, adoro uma fofoca, agora me conta vai, eu estava saindo pra pegar minha pizza, mas quando te vi aqui, achei que era o destino, quero saber a história. — Ele dá risada.
— Só se me der um pedaço de pizza, e depende do sabor. — Abro um sorriso e olho para ele.
— Meia brócolis com queijo… — Faço uma careta com o que ele fala. — e meia frango com catupiry.
— Nossa… Quase perde a fofoca, quem come pizza de brócolis? Por Deus.
— Essa é do meu amigo, também não gosto.
— Bom, já que ganhei pizza e a minha favorita ainda, vou te contar. — Me ajeito no banco e fico de frente para ele. — O idiota era meu ficante, era até que legalzinho, mas ai descobriu oque faço para ganhar dinheiro…— Ele arqueia a sobrancelha — Sou escritora ta, não faz essa cara de assustado. — Digo e ele dá risada. — Ele surtou, dizendo que não sou uma mulher de respeito e odeio isso, ai mandei ele para você, sabe onde.
— E você escreve o'que? — Ele arqueia a sobrancelha.
— Livros eróticos. — Dou um gole no vinho tentando segurar uma risada.
Ele dá uma gargalhada e volta a me olhar. — Sério? que interessante, mas me conta o'que assustou ele? Para ele estar daquele jeito, leu algo bem pesado.
— Pior que não, ele leu uma das cenas mais simples que escrevi, mas acho que seu ego ficou ferido, por saber que é um merda de cama e não chegou nem perto do que escrevi. — Dou risada. — Vocês homens são todos iguais sabe, só transam com as mulheres pára puro prazer, é difícil achar um homem que pensa na parceira também. Deve ser por isso que quando ele leu o que eu escrevi e viu que nem chegava perto, ele deve ter se sentindo um merda, mas invés de fazer algo bom com isso, preferiu apontar o dedo e me chamar de promíscua.
— Mas me fala, porque você gosta de escrever essas coisas? — Pergunta.
— Não sei ao certo, quando comecei foi por frustração sexual no meu casamento, antes eram romances básicos com cenas básicas, e aí fui aprofundando mais, sempre gostei deste tipo de literatura, as mulheres preferem ler do que ver. — Abro um sorriso de lado. — Quando comecei, era apenas para desestressar, mas aí comecei a ganhar dinheiro e hoje vivo com isso,e é a melhor coisa. — Explico.
— Estou curioso agora, quero ler uma das suas histórias. — Ele dá risada. — Mas me fala, o que vocês mulheres tanto gostam, que os homens não fazem muito?
— Ainda bem que não vou me lembrar dessa conversa amanhã, porque ia morrer de vergonha. — Dou uma gargalhada. — Bom, cada mulher tem um gosto diferente, tem as que gostam de um sexo basico, uma escrita tranquila, outras, gostam de homens mais brutos, tem as que curtem cenas mais masoquistas, e tem as que preferem coisas bem mais pesadas, depende muito. — Olho para ele e o mesmo está pensativo. — Eu gosto de toque, às vezes curto uns tapas, ou um pouco de ser amarrada, mas depende do dia. — Ele se engasga e eu dou risada.
— Desculpa.. é que… é meio estranho ouvir isso… — Ele dá um longo gole no vinho. — Não entendi a parte do toque, é o'que? sexo oral? — Ele fala e dou risada.
— Não, é toque, pele com pele. A maioria dos homens gostam de coisas técnicas, mãos em lugares exatos e pronto. Deixa eu te mostrar. — Me aproximo mais dele e vejo o mesmo ficar tenso. — Não é casado, ou tem namorada né? — Paro e encaro ele.
— Não tenho, fica tranquila. — Ele ri.
Me levanto e tiro a garrafa de suas mãos, me sento no seu colo e ele se assusta, olho para seus olhos e abro um sorriso. — Bom, eu gosto quando o homem explora meu corpo. — Começo a passar a mão pelo seu braço, desço até as mãos dele e subo novamente até os ombros. — Sentir o corpo quente do parceiro no seu. — Levo minha mão até sua nuca e enfio meus dedos em seus cabelos, me aproximo com meu rosto do dele e passo meu nariz em seu pescoço.
Sinto sua respiração ficar mais acelerada, ao sentir sua pele, meu corpo todo se arrepia, sua mão sobe até minhas costas e começa a subir devagar, me afasto do seu pescoço e olho em seus olhos, sua mão se enfia em meus cabelos e ele faz o mesmo que eu, me seguro para não soltar um gemido.
Sua outra mão pousa em minha coxa e começa a acariciar, ele desce até minha panturrilha e sobe novamente a mão lentamente. Quando chega na minha coxa novamente, a aperta com um pouco de força. Não aguentei e soltei um suspiro. Ele pára e me olha fixamente.
— Eu gostei disso. — Abre um sorriso.
Sem pensar me aproximei e selei nossos lábios, no mesmo instante ele deu abertura e começamos um beijo intenso. Ele aperta com força meu cabelo e me puxa para trás, sua boca vai até meu pescoço e sinto sua língua tocar minha pele. Solto um gemido e ele com a outra mão me puxa mais para seu corpo, sinto seu membro rígido na lateral da minha bunda e nesse momento minha calcinha chega fica encharcada.
Ele sela nossos lábios novamente e o beijo fica melhor ainda. Sua língua dança com a minha, uma música agitada. Por Deus, só queria estar em um quarto com esse homem.
Paramos o beijo por falta de ar e nos olhamos fixamente.
Droga! O'Que eu to fazendo?
Me levanto rapidamente do seu colo, vou ajeitando meu vestido e arrumo meu cabelo. — Me desculpa… por isso. — Pego as garrafas de vinho e coloco na sacola.
— Ei, espera, o'que foi? — Ele levanta e me segura pelo braço.
— Isso foi uma loucura, tenho que admitir, mas não podemos, eu nem te conheço direito, acho que tô bêbada demais só pode. — Puxo meu braço e começo a andar.
— Maya, pelo menos me passa seu número. — Ele fala, mas não dei atenção e apertei o passo.
Sigo pelos prédios e entro no meu, o elevador chega e entrei rápido, minha respiração está acelerada, que merda foi essa, porque fiz isso? Eu só posso estar maluca. Passo a mão pelo meu corpo e levo meu dedo até meus lábios. Por Deus, que homem era esse, que beijo foi esse.
Para Maya, esquece isso!
Capítulo Dois
Leonardo Castellani
Já estou cansado da vida que venho levando, e agora para completar, tive que me mudar para outro estado, porque um desgraçado está me perseguindo, depois que descobriu a minha verdadeira identidade, por sorte vim com meu braço direito o DK, assim não fico sozinho nessa merda toda.
Sou dono do morro do Chapadão e junto com meus dois irmãos, Erick e Fábio, cuidamos desde que meu pai morreu, isso a seis anos atrás. Nunca quis essa vida, mas tive que ficar ao lado deles, infelizmente sou o mais cabeça, e aqueles dois afundariam o morro facilmente.
Depois de um confronto de quase um ano com a porra dos milicianos, eu acabei pegando um dos desgraçados, acabei com a raça dele, mas para minha infelicidade, o maldito era filho do chefão deles. O cara quase me matou, por isso tive que sumir por um tempo.
Vim para São Paulo, mas por pouco tempo, creio que ficarei apenas dois meses e depois estão querendo me mandar para Minas, é realmente uma merda.
Sai do Rio de Carro, cheguei agora na parte da noite, e logo na entrada do condomínio vejo uma mulher linda parada gritando com um cara, não sei oque eles estão falando, mas ouço nitidamente ela mandar ele ir se foder, até dei risada.
— Relaxa cara, logo vamos sair dessa e vamos voltar às nossas vidas normais. — DK abre a porta do apartamento e nós entramos.
— Espero que sim irmão. — Solto um suspiro e entro.
Dou uma olhada no lugar e vou até o quarto guardar minha mala.
Não sei porque mais me peguei pensando na mulher que vimos na entrada, ela era linda e fiquei intrigado para saber o porquê dela ter gritado daquela forma.
— Vamos pedir uma pizza? — DK aparece no quarto.
— Pode ser, vou descer e tomar um ar enquanto espero. — Digo me levantando.
Espero ele pedir e aproveito para tomar um banho rápido, logo que saio, me troco e desço, vou caminhando até a entrada e quando estou prestes a acender um cigarro, vejo a mesma mulher sentada em um banco no parque do condomínio. Me aproximo e vejo que ela está bebendo uma garrafa de vinho e tem outra ainda que parece que ela não bebeu ainda.
Me aproximo e dou Boa noite, ela me olha de uma forma engraçada, percebo que ela está gostando do que está vendo.
Ela realmente é linda, mais ainda do que imaginei, já que a vi de longe, seus cabelos pretos são compridos, ela tem uma pele clara e olhos claros, e seu corpo, meu Deus, uma deusa.
Pedi para me sentar com ela e conversamos bastante, ela é bem engraçada, e quando soube o'que fazia dei até risada. Mas nada me preparou, quando ela sentou no meu colo e começou a me mostrar como gostava de ser tocada, ou ela tava bêbada mesmo ou ela é meio doidinha.
Mas oque me deixou surpreendido e louco por ela, foi quando seus lábios tocaram o meu, fiquei totalmente sem reação, só queria sumir com ela daquele lugar, e me afundar nela, desvendar cada parte do seu corpo, e fazer todas as loucuras sexuais que ela me falou que escreve.
Mas tudo isso acabou quando a doida saiu do meu colo e simplesmente fugiu, ainda tentei ir atrás, mas, pensa em uma bichinha que corre rápido. Não vi para onde ela foi, não vi o prédio que entrou, e muito menos peguei seu contato.
Bufei frustrado, e fui para a portaria, MD me mandou mensagem falando que o cara já tinha chegado. Peguei e subi para meu apartamento.
— Que cara é essa? — MD me olha com a sobrancelha arqueada.
— Se eu contar, você não acredita. — Coloco a pizza em cima do balcão.
— Pode começar, temos todo tempo do mundo. — Ele senta e abre a caixa.
— Estava lá embaixo, e encontrei a mulher que estava gritando na frente do condomínio… — Contei tudo para ele e o mesmo não parava de rir, até quase se engasgou com a pizza.
— Pela sua cara, gostou da moça. — Ele toma um gole de refri e fica me encarando.
— Ela é linda pra caramba, difícil não se interessar. — Abro um sorriso e olho para a pizza de frango e lembro dela.
— Mas ela é doida cara. — Ele ri.
— Ela não é doida, só estava bêbada e chateada, normal. — Olho para ele sério e logo também dou risada.
— Se quiser tentar achar ela, posso hackear o sistema daqui, tenho certeza que ela é a única Maya daqui, o nome é bem diferente. — MD fala.
— Só quero que me dê o telefone e ache o apartamento, não é para pesquisar mais nada, entendeu? — Encaro ele.
— Tudo bem patrão, amanhã cedo, tudo estará em suas mãos. — Ele abriu um sorriso e logo voltou a comer.
Conversamos por mais um tempo e resolvi ir descansar, tomei um banho rápido e logo já estava na cama. Fechei meus olhos, mas a doida invadiu meus pensamentos, porra oque essa mulher fez, deve ser uma bruxa. Suspiro fundo e tento dormir novamente e consigo.
…
Minha manhã estava sendo tranquila, resolvi alguns assuntos com meus irmão. E agora estava com DK verificando algumas informações sobre Peterson, o Miliciano que estava me perseguindo.
O cara é um doente, está envolvido em tanta merda, que só não está morto ou preso, porque tem proteção, do alto escalão. Foi ele que ordenou a morte do meu pai, montaram uma emboscada e o mataram, junto com minha irmã de 15 anos e minha mãe. Eu e meus irmãos não estávamos juntos, porque tínhamos saído para uma festa. Às vezes me pergunto por que nós sobrevivemos, sinto tanta falta dos meus pais e da minha irmã.
Como mais velho, tive que tomar as rédeas, mas não aguento mais, sei que meu pai amava o'que fazia, mas sempre quis uma vida normal, uma família, filhos, sem perigos, sem a chance de algo como aconteceu com os meus pais acontecer.
— Achei o contato da doida, e você nem acredita, ela mora no nosso prédio, e no apartamento da frente. — Ele dá risada.
— Ta de zueira. — Dou risada.
Pego o contato e fico feliz, quero ligar, ou mandar mensagem, mas ela vai me perguntar como peguei o numero dela, que droga, tenho que dar um jeito de esbarrar com ela de novo.
— Bom, vou dar uma corrida, qualquer coisa me liga. — DK vai até a porta e abre.
Ele olha para o corredor e me olha, abre um sorriso, e faz um sinal, de que tem algo ali que quero ver.
Vou até a porta, e ela está parada, falando com uma mulher. — Tá mãe, eu já sei, fica tranquila. — Ela revira os olhos, e dá um beijo na mulher.
A mulher vai embora e quando ela vai fechar a porta, me vê e arregala os olhos, ia chamar a mesma, mas ela fechou a porta com tudo. — Parece que ela não quer ver você. — DK dá risada e sai andando.
Respiro fundo e tomo coragem, preciso falar com ela. Vou até sua porta e toquei a campainha. Aguardo uns minutos e um menino atende a porta, ele parece ter uns dez anos, olho bem para ele, e se parece muito com a Maya, ou é seu irmão, ou filho, já que ela me falou que foi casada.
John Belmonte ( Filho de Maya)
— Gostaria de falar com a Maya. — Digo e o menino fica me encarando, ele me olha de cima a baixo.
— Quem é você ? E porque quer falar com minha mãe? — Ele cruza os braços e arqueou a sobrancelha.
— Sou amigo dela, precisava falar com ela.
— Nunca te vi, e conheço todos os amigos da minha mãe. — Ele fala.
— John, sai da porta — Ouço a voz de Maya.
O menino me olha com os olhos cerrados, e faz um sinal de “ Estou de olho em você”. Ele sai e logo ela aparece. — O'Que você quer? — Ela pergunta meio envergonhada.
— Você fugiu de mim ontem, nem consegui pegar seu número. — Digo me aproximando.
Ela se afasta e olha para dentro. — Leo, me desculpe pelo que aconteceu ontem, eu estava chateada e acabei bebendo demais. — Ela me olha e vejo o quanto está constrangida.
— Não precisa se desculpar, eu gostei de conhecer você, me passa seu número, vamos conversar, sou seu vizinho agora. — Abro um sorriso.
Ela passa uma das mãos no rosto e me olha novamente. — Leo, esquece o'que aconteceu…
— Impossível. — Corto ela. — Quero ser seu amigo, me dê uma chance, ai esqueço oque aconteceu ontem.
Ela solta um suspiro, depois entra para dentro da casa e volta com um cartão de visita e me entrega. — Apenas amigos, e esquece oque aconteceu ontem. Tchau e bom dia. — Ela nem deixa eu responder e fecha a porta.
Abro um sorriso enorme e volto para meu apartamento.
Essa garota vai me enlouquecer.
Capítulo Três
Maya
Destino filho da puta, sério isso? meu vizinho, de porta ainda, só pode ser zoação. Encosto na porta e suspirei lentamente.
Já não consegui dormir a noite, pensando nele, no seu beijo, não entendo oque ele fez comigo, só é um homem comum, porque to pensando nele, ainda mais agora que vi que ele é meu vizinho.
— Mãe, tá tudo bem ? — Jhon pergunta me encarando. — Ele é seu novo namorado? Ou é um admirador?
Porque meu filho tem que ser tão direto e inteligente, por Deus! — Ele é apenas um conhecido, Jhon, agora vai arrumar suas coisas, que hoje você tem aula de piano. — Digo, e vou para meu quarto.
Meu filho é uma benção na minha vida, queria ter mais filhos, mas infelizmente pelo que aconteceu comigo, não posso ter mais esse prazer. Jhon tem 10 anos, tive ele com dezesseis, por isso casei com o pai dele.
Ele ama música, como eu, mas eu só gosto, não me atrevo a tentar fazer nada relacionado a música, já ele, ama tocar piano e também violino. Ele cresceu ouvindo muito as músicas que gosto, e quando tinha seis anos se interessou por concertos, já que sempre ouvia pra me acalmar. Nosso favorito é Cinema Paradiso, sempre ouvimos juntos, e amo ouvir ele tocando, vou em todas as apresentações e não meço esforço para dar tudo para ele referente a isso.
— Mãe, já estou pronto, vou te esperar na sala. — Ele fala do corredor.
Termino de me trocar, e coloco uma roupa mais social, já que vou ter uma reunião depois que deixar ele na escola de piano. Termino de me arrumar e vou para a sala, Jhon está tocando no piano que temos em casa. Paro e fico observando ele um pouco, mas logo ele me vê e para.
Roupa de Maya
Abro a porta de casa e para o meu azar, Leo está saindo também, ele me olha de cima a baixo e abre um sorriso. Vamos até o elevador sem falar nada, mas noto que John está nos olhando. — Você está linda. — Leo sussurra perto do meu ouvido.
Senhor, estou toda arrepiada. — Obrigado Leo. — Sussurrei também, mas não olho para ele.
O elevador chegou e entramos, Leo ia ficar ao meu lado, mas meu filho foi mais rápido e ficou no meio de nós dois. Me segurei para não rir. Jhon é ciumento demais.
O elevador enfim chegou e saímos no estacionamento, Leo foi andando para um outro lado e eu fui para minha vaga que ficava mais perto do elevador. Apertei o botão do carro e logo ele apitou, tenho uma range rover, ela é meu xodó, toda preta do jeito que eu gosto. Falo que é carro de madame, mas de madame eu não tenho nada.
Entro no carro e logo John também. Saio da vaga e quando estou prestes a sair, vejo Leo no telefone ao lado de uma Maserati preta linda. Eu adoro carros, e ver uma dessas aqui, é maravilhoso. Passamos do lado dele e o mesmo quando me vê abre um sorriso.
Deixei John na aula e fui para o escritório da editora. Estou a umas semanas conversando com eles, mandei um livro de suspense que estava escrevendo a mais de um ano, eles estão interessados, e isso me deixa feliz demais.
— Está pronta? — Eloise, minha melhor amiga e agente pergunta.
Eloise é amiga de longa data, sinto como se ela fosse minha irmã, ela trabalha comigo desde que decidi começar a escrever a trabalho, e foi por causa dela que decidi mandar o livro para a editora.
Eloise
— Nervosa, mas pronta. — Dou risada.
Entramos no prédio, que é enorme, chegamos a recepção e logo estávamos subindo para a sala de reuniões.
— Boa tarde senhora Maya, senhora Eloise, sejam bem vindas, aceitam uma água ou café? — Um dos homens perguntou.
— Não, obrigado senhor. — Falamos juntas.
Nos sentamos e começamos a reunião, eles estavam primeiro falando sobre o livro, e algumas coisas que poderiam mudar.
— Bom Maya, nós adoramos o seu livro, mesmo tendo que fazer algumas mudanças apenas, é ótimo, e temos certeza que será um best seller logo em breve. — Um dos homens fala. — Nós temos uma proposta para te fazer, na verdade duas. — Ele dá risada e entrega dois documentos, para mim e Eloise.
— Queremos fechar um contrato com você para a venda e divulgação do livro, vamos cuidar de toda esta parte para você, mas precisamos que você escreva mais sequências, seu livro é maravilhoso, mas sabemos que tem potencial de uma continuação. — Ele diz e fico extremamente feliz.
— Vamos pagar pelo primeiro livro duzentos mil reais, queremos um percentual de 20% em cima das vendas, se mandar o resumo dos segundos livro, daremos para você um valor de 40% adiantado do valor total do primeiro livro. — Ele fala e abro a boca surpresa. — Além disso, no outro documento que está em suas mãos, é um contrato internacional. Nossos sócios se interessaram também pelo livro e fizeram uma proposta, para vendas nos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra. — Ele fala, mostrando algumas páginas. — Eles vão pagar pelo primeiro livro 25 mil dólares, e se caso mande o resumo do segundo, vão fechar em 5 mil dólares de adiantamento, e querem 20% das vendas.
— Queremos que leia os dois contratos com calma, vamos dar duas semanas para obter resposta da senhora. — Uma moça fala.
— Ótimo, vamos ler o contrato e assim que tivermos a resposta entraremos em contato. — Eloise fala.
Eu e Eloise estamos nos controlando para não surtar e começar a pular que nem doidas, esse contrato era o que eu precisava para alavancar mais ainda minha carreira. O'Que ganhei com meus livros até agora, em sites comuns foi muito, mas ser reconhecida aqui e lá fora também é sensacional e sem falar que vou ganhar muito dinheiro. Acho que minha calmaria está chegando e vou aproveitar da melhor forma.
Saímos do prédio e assim que chegamos ao estacionamento, começamos a pular que nem duas doidas. — Puta merda, você vai ter um BEST SELLER. — Eloise grita e me abraça.
— Precisamos comemorar, amanhã damos a resposta para eles, vamos só ler o contrato. — Digo animada. — Agora vamos para minha casa, precisamos abrir uma garrafa de vinho.
Eloise bate palmas e entramos no carro, ligo o som e nossa música favorita está tocando. ( What’s a woman - Vaya Con Dios)
— What's a woman when a man
Don't go by the rule?
What's a woman when a man
(What's a man without a woman?)
Makes her feel like a fool?
When right turns to wrong
She will try to hold on
To the ghosts of the past
When love was to last
Dreams from the past faded so fast
All alone in the dark she will swear
He'll never mislead her again
Cantamos que nem duas loucas. Em poucos minutos estávamos no condomínio, hoje quem buscaria o John é o pai dele, por incrível que pareça, ele vai ficar com o menino uns seis dias.
Antes de chegar passamos no mercado e pegamos quatro garrafas de vinho, vai que nós animamos muito e bebemos mais do que o normal.
Estamos cantando e esperando o elevador, quando ouço passos no corredor, paramos de cantar e começamos a rir, logo vejo Léo e o amigo dele aparecerem.
Não deixo de notar que Eloise está quase babando no amigo de Léo, oque me faz rir mais.
Dennis ( DK)
— Amiga olha a baba. — Sussurro e ela dá risada e disfarça.
— Boa tarde Maya. — Léo fala e me viro para ele.
— Boa tarde Léo. — Olho para ele e abro um sorriso.
— Esse é meu amigo Dennis. — Ele nos apresenta.
Noto que Eloise e eles ficam se olhando, já sei que vai rolar algo, minha amiga quando olha assim para um homem, já sei que ele não vai fugir.
— Essa é minha amiga Eloise. — Digo, e eles a cumprimentam.
Voltamos a atenção para o elevador e logo ele chega, entramos nós quatro e fiquei ao lado de Léo. — Está bem? — Ele pergunta.
— Sim, muito bem. — Abro um sorriso.
Ele fica me olhando por um tempo e nossa… só o olhar dele parece queimar minha pele.
Olho para frente e Eloise e Dennis estão conversando.
— Queria saber se quer tomar alguma coisa comigo hoje a noite. — Léo fala.
Fico olhando para ele um tempo, não deveria aceitar, depois de ontem, fiquei morrendo de vergonha, nunca fiz aquilo, estava bebendo e nem pensei nas minhas atitudes, mas acho que no fundo não me arrependo, foi bom demais.
— Se quiser, nós vamos beber um vinho agora, e estamos pensando em pedir algo para comer. — Levanto a sacola com os vinhos.
— Pra mim tudo bem, mas eu pago a comida. — Ele abre um sorriso lindo.
— Ótimo, está me devendo uma pizza mesmo. — Dou risada e ele também.
— Pensei que queria esquecer a noite de ontem. — Ele olha diretamente para meus olhos e eu sinto meu corpo arrepiar.
— Quero sim, mas pizza é pizza né? — abro um sorriso e desvio o olhar.
— Você tem razão.
O elevador chegou e todos nós saímos, fui na direção do meu apartamento e vi ele falar com o amigo. Entrei e Eloise também, deixei a porta aberta e olhei para ele. Os dois entraram e fechei a porta. — Bom, fiquem à vontade.
— Obrigado Maya. — Dennis fala.
Vou para a cozinha e Eloise me acompanha. — Já pode falar quem é ele.
Reviro os olhos e conto tudo bem rápido para ela, enquanto pego as taças e abro o vinho.
— Meu Deus, você é louca. — Ela dá risada.
— Nem me fala Eloise, estou morrendo de vergonha. — Pego as garrafas e ela me ajuda com os copos.
— O'Que querem comer meninas? — Léo pergunta.
Escolhemos comer uma pizza mesmo, Léo pediu pelo aplicativo. Os dois estavam sentados no sofá maior e eu e Eloise nas poltronas em frente a eles.
— O que vocês fazem, meninos? — Pergunto, me encostando.
— Somos empresários. — Dennis fala e vejo Léo dando um sorriso de lado. — E vocês?
— Eu sou agente dela. — Eloise fala.
— E eu sou escritora. — Olho para Eloise e abro um sorriso.
— Que legal, escreve o'que ? — Dennis pergunta e Léo me olha com um sorriso no rosto.
— Livros Eróticos. — Digo tranquilamente.
— Não é só isso, ela também escreve romances e agora entrou para a área de suspense. Inclusive estamos fechando dois contratos. — Eloise fala animada. — Ela escreveu um livro por quase dois anos.
— Caramba, aí sim, parabéns. — Dennis fala.
Continuamos conversando e logo a pizza chegou, Dennis e Eloise foram buscar e eu me levantei para ir até a cozinha pegar as coisas.
— Ainda quero ler seus livros. — Ouço a voz de Léo e me viro para a porta da cozinha.
— Depois te mando o link, você ainda não me chamou no WhatsApp. — Digo voltando minha atenção para oque estou fazendo.
— Desculpa, tive que resolver algumas coisas. — Ele se aproxima. — Maya, sobre ontem…
— Léo, por favor… — Digo e paro oque estou fazendo.
Ele traz a mão até meu ombro e começa a acariciar devagar. — O que você fez ontem, me surpreendeu. — Ele se aproxima mais e passa o dedo pela minha nuca. — Mas, não quero me aproximar de você, por causa daquilo, e sim porque gostei da sua companhia. — Ele se aproxima mais e sinto sua respiração quente na minha pele. — Se bem que seu beijo não sai da minha cabeça, e sabe Maya, eu não sou como os outros homens, gosto de ser bem direto com as coisas. — Ele afastou meu cabelo e passou o nariz pelo meu pescoço.
Não consigo nem me mexer, sentir ele me tocar causa uma loucura no meu corpo.
Me viro e quando estou prestes a beijar ele, ouço a porta da sala abrir.
Me afasto rapidamente e olho para ele. — Léo depois conversamos. — Falo e ele abre um sorriso e sai.
Puta merda! Eu realmente estou lascada…
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