Sempre a mesma coisa, trabalho e minha cama com um longo percurso de uma hora para minha casa. Eu tirava essa hora para ler algum livro de um escritor desconhecido e me distrair da minha vida monótona

Mas um dia foi diferente, ao sair do trabalho eu só me lembro de ver minha vista embaçando  e o chão se aproximando... Bom, depois disso eu acordei em um quarto glamouroso com uma família amorosa sofrendo por "eu" ter perdido a memória, mas o fato é que eu não me lembrava deles pois não era a filha e irmã deles, eu era outra pessoa e de outro mundo, mas obviamente não falei isso e usei a desculpa de amnésia

Foi difícil no começo mas depois de três meses eu me senti muito bem, já que na outra realidade eu não tinha ninguém e aqui eu tinha várias pessoas amorosas

Olivia- Stellaa

Olivia era a mãe de Stella e como agora eu era a Stella... Bom, ela é minha mãe, certo? Ainda me sinto culpada e me acho estranha recebendo esse afeto sabendo que não é realmente para mim

Stella- Pois não?

Olivia- Vamos até o escritório de seu Pai... Temos que conversar com você por um momento

Eu a acompanhei pelos enormes corredores dessa mansão que mais se parece um lindo castelo, a arquitetura daqui é simplesmente fabulosa e me faz sentir em um conto de princesas com príncipes encantados, ainda mais com esses vestidos pesados e que me apertam até a alma

Nós entramos no escritório e fomos recebidas um um sorriso sem graça, o que nessa e nem na outra vida era um bom sinal

Oscar- Que bom que chegaram, eu queria adiar essa conversa mas já não posso mais

Olivia- Oscar... Ela mal se recuperou! Vamos falar disso outra hora

Oscar- Nós já adiamos demais, já não consigo ganhar mais tempo! Fizemos isso por ela!

Stella- O que vocês não podem mais adiar?

O escritório ficou silencioso por um tempo até minha mãe falar primeiro

Olivia- Vamos nos sentar

Fomos para os sofás e me sentei de frente para os meus pais

Oscar- Antes do acidente de cavalo você estava apaixonado por um homem e como nossa família tinha uma recompensa para ganhar do imperador, pedimos que uma união fosse feita entre vocês dois e bem... Já não podemos mais adiar o casamento com o Grão Duque do Norte, Ilay Roux.

Minha pressão caiu por um momento e minha vista ficou completamente escura, como não percebi antes? Eu estava dentro de um livro que li alguns anos atrás, mas não me lembrei pois se passou bastante tempo e minha personagem é apenas uma figurante que já estava morta no início do livro, essa era eu, Stella Lewis.

Stella era uma nobre mimada padrão que ia forçar o Grão Duque, sobrinho do imperador e o segundo na linha de sucessão a se casar com ela, mas infelizmente para ela houve um acidente com o cavalo que montava algumas semanas antes do casamento e ela não resistiu

Ilay nada mais é do que o vilão que é apaixonado pela protagonista que futuramente escolhe o primo dele para ser seu marido e inconformado ele planeja um golpe de estado que foi um completo fracasso graças a sua amada que o apunhalou com uma espada e ele simplesmente não desviou ou contra atacou, apenas ficou olhando para ela e esperando o óbvio

O livro foi uma porcaria! O final então! A protagonista disse que preferiria ser uma imperatriz do que uma pobre duquesa do gelo, e na minha opinião foi isso que fez o Ilay fazer o que fez. A protagonista não era uma boa pessoa e muito menos o príncipe herdeiro que entregou a espada na mão dela e a mandou apunhalar o  Ilay e quer saber? Ilay foi um trouxa que não fez nada!  Realmente foi uma história ruim e ca estou eu! Viva ,e... noiva?

Stella- Espera! Não tem como voltar atrás? Anular o noivado?

Tenho certeza que do jeito que ele é obcecado com a protagonista, ele vai dá uma forma de me enterrar rapidinho!

Oscar- Infelizmente não, a palavra do imperador é absoluta, é por conta disso que conseguimos esse casamento, afinal, ele disse que poderíamos pedir qualquer coisa

Olivia- Nós adiamos demais e se você não se casar podemos ser acusados de insultar a família real e a pena... Pode vir ser a queda de toda a nossa família

Bom... É só eu me divorciar quando chegar a hora! Se formos acusados podemos ia a forca e isso não está em cogitação

Stella- HM, okay? Quando será?

Oscar- Amanhã...

Stella- QUEE?? COMO ASSIM?

Olivia- Nós realmente adiamos até não podermos mais, foi uma ordem imperial pois já estão circulando rumores que estamos brincando com o imperador

Stella- A...

No dia seguinte - O grande dia

Quando as portas se abriram, mesmo com o véu tampando meu rosto e comprometendo minha vista, ainda sim eu pude ver que ele é simplesmente lindo! Seu cabelo preto liso bem penteado e seus olhos frios como o gelo e tão claro como. Quase me faz duvidar que este mesmo homem ficou tão cegamente apaixonado que deixou ser tirada a sua vida sem ao menos lutar

Diferente dos casamentos que já vi, este estava sendo bem rápido! Em menos de dez minutos e já tinha chegado a parte do beijo

Ele levantou meu véu e minha vista ficou clara como nunca, eu poderia simplesmente desmaiar com tanta beleza de uma vez e é claro que ele não me beijari......

Tão surpreendente como o dia em que acordei aqui! ele encostou seus lábios nos meus e faíscas percorreram por todo meu corpo, principalmente aonde suas mãos me seguravam firmemente e o que pensei que seria rápido acabou sendo mais demorado, úmido, intenso e apaixonante do que achei que seria

Fiquei sem fôlego e sem palavras, sem reação ou expressão. E ele não parava de olhar para os meus lábios, até alguem encostar a mão em meu ombro tirando nos dois dos nossos próprios pensamentos

Eu virei meu rosto para ver quem era e Ilay foi rápido em pegar a mão do homem e a apertar

Ilay- Não toque na minha esposa!

Pisquei um pouco, ainda confusa… Ele me reconhecia como esposa? Ou melhor, ele não sabe que esse é o meu irmão?

Sthem- Antes dela ser sua esposa, ela é minha irmã! Eu não sou uma ameaça!

Ele não demonstrou emoção alguma, mas mesmo assim se desculpou.

Ilay — Sinto muito pelo mal-entendido.

Eles apertaram as mãos, se apresentaram e o resto da tarde eu passei ao lado do Grão Duque apenas sorrindo e cumprimentando pessoas que eu não tinha a menor noção de quem eram.

Ilay- Devemos nos retirar? Você parece cansada.

Stella — Não precisa se importar comigo, pode fazer o que preferir, estou bem

Ilay- Entendo.

Eu não vi ele demonstrar nenhuma emoção, exceto no beijo… O que a Stella viu nele? Bem… Além dessa beleza exuberante.

Ele começou a se despedir das pessoas que nos cercavam e logo já estávamos na carruagem, será uma viagem e tanto.

…

A viagem foi de uma semana até o norte e nessa semana pude ver e conhecer algumas pessoas próximas a Ilay. Por mais que ele pareça apático, se você prestar atenção, consegue ver que ele se importa com o seu pessoal e é um bom líder.

O que reforça a ideia de que a paixão dele o cegou completamente, ele cuida do seu povo e depois os leva para a morte em uma missão fracassada? Não faz sentido! Só estando cego mesmo, enfim, não ficarei reclamando desse livro horrível.

Ilay abriu a porta da carruagem e me ofereceu sua mão para que eu a pegasse.

Ilay- Esposa, chegamos.

Stella — Obrigada.

Peguei a mão dele e ele me conduziu até o meu novo quarto, após me apresentar aos funcionários.

Ilay- Sei que não é como está acostumada, mas eles fizeram o melhor que podiam

Stella — Está ótimo assim.

Ilay- Bom, fique a vontade

Ele se foi e essa foi a última vez que vi ele em dois meses…

Meus dias se passaram na biblioteca, quarto, sala de jantar e jardim, apenas… mal suportando o tédio, eu decidi ir pedir para que eu possa fazer meu dever aqui, para isso fui andando até a entrada, já que sei que Carl fica sempre ali. Dito e feito!

Carl era um gentil cavalheiro e braço direito do Ilay, sempre amigável e de bom humor, ao contrário de um certo alguém. Talvez Stella tenha pegado o nome errado e achou que Ilay se tratava de Carl.

Carl — Vossa graça?

Stella — Carl! Já disse para me chamar de Stella! Ainda não me acostumei a ser chamada assim e estamos só nós aqui.

Carl - Vossa gra… Stella, está precisando de ajuda com alguma coisa? Quer que eu a escolte pelo jardim? Hoje não está tão frio.

Stella — Hum, na verdade, Carl, eu queria sim a sua ajuda, mas não para ir ao jardim, quero ir ao escritório do Ilay

Os olhos dele parecem brilhar, eu fingia não notar, mas todos estavam torcendo por nós, para que o grão-duque deles tivesse sorte no amor.

Carl — Claro, me siga que chegaremos em um estante

Carl me deixou em frente a sala e saiu para nós dar espaço

Dei dois toques na porta e esperei pela resposta.

Ilay- Entra!

Uma voz fria assim como seus olhos

Entrei fechando a porta atrás de mim.

Stella — Quero ajudar! O dever da esposa não é cuidar das finanças do castelo? Eu posso fazer isso! Eu sou boa em matemática e tenho certeza de que farei um bom trabalho, eu posso ajudar!

Ilay- Se você quiser alguma coisa, basta pedir ao Carl ou ao mordomo, eles vão providenciar qualquer coisa

Achei que talvez ele protestasse, mas não, foi bem fácil e meio que me deixou sem reação por um tempo.

Ilay- Algo mais esposa?

Stella — Fiquei sabendo que terá um baile no palácio real daqui a um mês, nós iremos?

Ilay- A decisão é da senhora

Stella — okay, então vou me retirar e pegar os documentos.

Ilay- — Tem um segundo escritório neste andar, pertence à senhora.

Me virei sorrindo, contente por conseguir.

Stella — Obrigada marido!

Sai e fui em busca do Carl e do pessoal para me ajudarem a limpar e organizar o escritório que parecia abandonado há muito tempo.

Uma semana depois

Depois de muito trabalho e algumas mudanças tanto nos móveis como na decoração, ficou perfeito! Eu o arrumei para deixar aconchegante, já que será o lugar que matará o meu infinito tédio que passo diariamente, exceto essa semana.

E apenas de estar perto do escritório dele, ainda não tivemos uma conversa e não parece que ele cogita ter uma, bom… Eu não esperava um conto de fadas, mas eu literalmente renasci em um romance e jamais esperava que fosse ter um casamento tão desastroso, não era bem o que eu imaginava, mas pelo menos estou viva…

Toc-Toc

Carl — Peço permissão para entrar vossa graça.

Stella — Entre!

Fiquei animada com a visita repentina de Carl e logo me levantei para o receber.

Carl — Não precisa se levantar, Stella, eu só passei para ver como você está.

Stella — Obrigada Carl, eu estou bem agora que tenho algo para me distrair e eu gosto de matemática, mas percebi que o senhor não é tão boa nela haha

Carl — Me diz que você não viu aqueles relatórios desleixados.

Stella — Pode apostar que vi kkkkkkk. Foram tantas tentativas que você se estressou, rabiscou e desenhou um gato! Kkkkk eu ri muito disso.

Carl — Só um animalzinho fofo para me aliviar do estresse da matemática.

Estamos rindo quando a porta se abriu com tudo.

Ilay- Posso saber o que isso significa?

Olhei para os lados tentando entender o que estava acontecendo e Carl estava paralisado de cabeça baixa em um instante.

Ilay — Não se passaram nem três meses e você já está procurando outro alvo? Não se contenta só com um?

Stella - Com um, o quê? Não sei do que você está falando.

Carl - Eu só passei para ver como ela estava, apenas isso.

Ilay — Vocês sabem muito bem que um homem e uma mulher não podem ficar sozinhos! Eu esperava mais de você, Carl!

Carl- Não irá se repetir senhor!

Stella - se repetir, o quê? Só estávamos conversando! Não podemos conversar?

Ilay- Assim espero Carl

Carl saiu do escritório sem dizer mais nenhuma palavra e de cabeça baixa, enquanto Ilay ficou me olhando de cima.

Stella- achei que não estava me enxergando já que me ignorou totalmente

Ilay- isso não importa, o aviso já está dado

Stella - É? E se eu não obedecer? O que vai fazer? Já fez com que o Carl não converse mais comigo e qual o próximo passo? Vai querer me trancar em casa?

Ilay — Eu já esperava que você não fosse uma pessoa descente, mas pelo menos se contente com o marido que tem.

Eu sei que tecnicamente não é de mim que ele está falando, mas não deixa de me ferir as palavras ásperas que saem de sua boca

Stella- Me contentar com o que exatamente? Pois essa é a nossa segunda conversa em quase três meses de casados! Com o marido que eu tenho? Qual? Eu não vejo ninguém aqui que mereça ser chamado assim!

Assim que cuspi tudo que estava entalado, me arrependi pensando ter pegado pesado demais com ele, afinal nem era um casamento de verdade, por mais que eu me iluda por essa nova vida

Ilay- E o quê? Você quer que eu te visite à noite? Que eu beije seus pés como muitos outros já devem ter feito? Não está acostumada a passar algumas noites sozinha?

Tão seco como as palavras ditas por ele, foi o tapa que dei em seu rosto, quase que automaticamente após escutar suas palavras.

Stella- Não vou pedir desculpas, saia daqui!

Ele ficou paralisado e eu também, mas ambos orgulhosos demais para deixar transparecer e nós encaramos com olhares cheio de ódio e mágoa

Stella- AGORA!!

Ele saiu batendo a porta com tanta força que me assustou.

Eu sentei na minha poltrona e aos poucos fui me jogando de lado para deitar um pouco.

Eu achei que fosse ser no mínimo agradável, amigos talvez. Sempre sonhei com meu casamento e quem imaginaria que renasci em outra realidade, planeta ou sei lá o que para ficar em um casamento assim? Com certeza é uma piada de mal gosto.

Decidi não me importar com isso e focar no meu trabalho, o que, no fundo, não é tão diferente do mundo real, pois eu também trabalhava com matemática e cálculos. Sendo bem sincera, eu amo isso e é quase como uma terapia para mim.

Três semanas depois

Após três semanas daquele incidente, muita coisa mudou! Eu mal via Carl e muito menos Ilay, bom, por não ver esse eu estava meio que aliviada ou grata por ele ficar longe

Após ver as finanças e as organizar, descobri que não somos pobres como parecia ser no livro, era simplesmente uma má gestão! Ilay fazendo muitas coisas deixou a contabilidade para o seu braço direito que seria o Carl e para o mordomo

Recentemente já vimos que matemática não é o forte de Carl e isso fez com que ele não percebesse que o mordomo estava passando a perna neles

Carl é um plebeu e não sabia o valor da maioria dos móveis ou itens femininos de valor, isso permitiu que o mordomo desviasse muito dinheiro, mas isso foi resolvido na primeira semana

O mordomo foi mandado embora e eu adicionei gráficos e planilhas para o relatório que vai para Ilay e para fazer a contabilidade do dinheiro

Em pouco tempo consegui uma boa economia para o norte e como é quase sempre frio, estava pensando em formas de fazer com que aumente a renda do território sem aumentar os impostos para os cidadãos

Depois dos tais acontecimentos, eu decidi ir ao baile e enviei uma carta para Ilay o avisando, o que é realmente ridículo, pois ele estava a poucos passos de mim.

Bom, o que foi mais ridículo ainda foi ele não responder se ia ou não, e simplesmente ignorado! Mesmo sem a confirmação dele, eu pedi para que as meninas caprichassem no meu visual e eu mal pude acreditar no quão bonita eu fiquei.

Meus cabelos loiros não tão claros e meus olhos azuis ficaram lindos com o vestido azul-claro com pequenos glitters que foi separado para mim. Eu me senti a Cinderela olhando ao espelho.

Leya- Está tudo pronto para ir! Não queremos que você atrase

Leya como sempre me ajudando com tudo e eu sempre grata por ter uma funcionária tão boa

Stella- Então eu acho melhor eu ir logo!

Eu saí de meu quarto e andei pelo longo corredor até chegar ao topo da escava e me preparar para descer, mas as pessoas lá embaixo me chamaram atenção o suficiente para me paralisar

Stella- Aconteceu alguma coisa?

Todos os funcionários e guardas estavam lá o que me surpreendeu bastante

Leya- Está tudo ótimo! Todos nós estamos aqui apenas para nos despedir de você, já que vai ficar duas semanas fora de casa.

Fiquei emocionada ao ver que eles se importam comigo, desci as escadas e abracei as meninas e fiz um cumprimento formal aos homens. Isso causou um pouco de alvoroço entre eles por eu ser uma nobre e agir assim, mas na real? Eu não me importo.

Eles me acompanharam até a porta e quando ela se abriu, Ilay estava parado com o rosto sério e estendendo a mão para mim

É costume o marido escoltar a esposa até a carruagem, mas não achei que estávamos em termos amigáveis o suficiente para isso.

Stella- não será necessário, obrigada!

Passei por ele e entrei na carruagem por eu mesma, ainda não conseguia ser amigável com ele

Logo em seguida, ele entrou na carruagem e sentou na minha frente com uma carranca e os braços cruzados.

Eu ignorei e fiquei olhando para a janela para ver mais sobre as pedras mágicas que iam fazer nós nos teletransportarmos para o palácio imperial.

Ilay — Você fez um bom trabalho.

Stella— Do que está falando?

Ilay- os relatórios das despesas, os gráficos... Eu nunca tinha visto algo tão organizado e de fácil entendimento, você fez bem!

Eu levantei uma sobrancelha um pouco intrigada com o elogio repentino.

Stella - não sabia que você conseguia fazer um elogio.

Ilay - Não abuse!

Stella — Não estou.

Ilay-Quando formos descer, aceite que eu te ajude.

Stella-Somente porque terá várias pessoas e eu não quero fofocas circulando.

Ilay — Eu sei… Posso te perguntar algo?