Isabela Duart
Sua amiga Clarice
O sol mal havia despontado no horizonte quando Isabela acordou. A luz suave da manhã atravessava as cortinas do pequeno apartamento no subúrbio de Nova Iorque, trazendo um leve calor para o ambiente. Era um espaço modesto, mas aconchegante, com paredes pintadas em tons claros que refletiam a esperança de um novo começo. Cada canto do apartamento carregava as marcas de duas jovens que, embora tivessem passado por tempos difíceis, ainda tinham sonhos.
Na cozinha, Isabela preparava o café. O cheiro reconfortante da bebida quente preenchia o ar, misturando-se ao aroma de torradas levemente queimadas, um erro que ela cometia sempre que sua mente estava distante. E hoje, sua mente vagava. O processo de esquentar a água, colocar o pó no coador e esperar que o líquido escuro pingasse lentamente na jarra era quase automático. Seus pensamentos, no entanto, estavam fixados na entrevista de emprego que teria mais tarde naquele dia.
Enquanto mexia a xícara, Isabela olhou para o pequeno relógio na parede. Ainda era cedo. Ela sabia que Clarice, sua melhor amiga, estava prestes a sair para o trabalho. Clarice sempre fora uma pessoa prática e decidida. O contraste entre as duas era evidente, mas era exatamente essa diferença que fortalecia sua amizade. Clarice trazia uma estabilidade que Isabela sempre admirou.
Clarice: (aparecendo na porta da cozinha, com o cabelo ainda meio molhado) “Acordada tão cedo, Isa? Você vai arrasar hoje. Sabe disso, né?”
Isabela: (tentando disfarçar a ansiedade, mas com um sorriso genuíno) “Espero que sim, Cla. Ainda não consigo acreditar que estamos aqui… Em Nova Iorque! Três meses atrás, eu não imaginava que estaríamos vivendo isso.”
Clarice: (sentando-se à mesa e pegando uma torrada) “E você precisava desse recomeço. Nós duas precisávamos. Mas, vamos lá, um passo de cada vez. Hoje é só mais um dia, e tudo vai dar certo.”
Isabela: (assentindo, enquanto entrega uma xícara de café para a amiga) “Obrigada por sempre estar ao meu lado. Sei que não tem sido fácil.”
Clarice: (com um olhar firme e carinhoso) “Somos irmãs de coração, Isa. Sempre estarei ao seu lado, independentemente de onde estejamos.”
Depois do café, Clarice se levantou e pegou sua bolsa. Ela já estava acostumada com a rotina de trabalhar no hotel no centro da cidade. Com um último sorriso encorajador, saiu pela porta, deixando Isabela sozinha com seus pensamentos.
Isabela respirou fundo e voltou para seu quarto. Precisava se preparar para a entrevista. Colocou um vestido simples, mas elegante, que combinava perfeitamente com seu estilo discreto. No espelho, seus olhos refletiam uma mistura de determinação e medo. Era como se as memórias do passado ainda a assombrassem, apesar de todo o esforço para seguir em frente.
( Início do Flashback )
Há três anos, tudo parecia diferente. Pedro havia entrado em sua vida como um furacão, varrendo todas as suas inseguranças com seu charme e confiança. Nos primeiros meses, Isabela acreditava que havia encontrado o amor verdadeiro. Ele era atencioso, sempre fazia questão de demonstrar seu afeto em público, e parecia se importar genuinamente com seu bem-estar.
Mas, aos poucos, o que parecia cuidado se transformou em controle. Primeiro, eram comentários sutis sobre suas roupas. Depois, vieram as críticas a seus amigos, especialmente a Clarice. O ciúme de Pedro cresceu como uma sombra, obscurecendo a alegria que Isabela sentia. Ela se afastou de todos, até de sua própria essência.
Na noite em que tudo mudou, Isabela estava voltando da casa de Clarice quando foi surpreendida por Pedro. Ele parecia diferente, mais instável, e a força com que a puxou para dentro do carro fez o coração dela disparar de medo. As ruas do Texas, que antes lhe eram tão familiares, agora pareciam um labirinto de incertezas.
Pedro: (com a voz trêmula, mas cheia de uma perigosa convicção) “Você achou que podia me deixar, Isabela? Você é minha! E se não for, ninguém mais vai te ter.”
Isabela, desesperada, tentou manter a calma. Enquanto Pedro dirigia descontroladamente, ela conseguiu, com mãos trêmulas, enviar uma mensagem para Clarice. O telefone escorregou de seus dedos, mas a localização foi enviada. Seu coração batia forte enquanto esperava que a ajuda chegasse.
Quando Pedro parou o carro em frente a uma cabana abandonada, o terror que Isabela sentia era palpável. Ele a arrastou para dentro, murmurando palavras desconexas sobre seu plano, sobre como eles ficariam juntos para sempre ali. Mas antes que algo pior pudesse acontecer, a polícia chegou. Isabela correu para os braços dos agentes, finalmente se sentindo segura depois de tanto tempo.
( Fim do Flashback )
De volta ao presente, Isabela afastou essas memórias dolorosas com um leve tremor. Não podia permitir que o passado controlasse seu futuro. Hoje, em Nova Iorque, era um novo começo. E ela faria de tudo para que esse recomeço fosse diferente.
Pegou sua bolsa e saiu do apartamento, sentindo o vento frio de Nova Iorque em seu rosto. As ruas estavam agitadas, como sempre, mas Isabela sentia uma calma incomum dentro de si. Ela estava pronta para enfrentar o que viesse, com Clarice ao seu lado e um novo mundo de possibilidades à sua frente.
Ao entrar no metrô, misturou-se à multidão, mas dessa vez, com a determinação de quem está disposta a construir uma nova vida, longe das sombras do passado.
Matheo Heiderick
Seu amigo Eduard
A cidade de Nova Iorque fervilhava como de costume. Entre os arranha-céus e o caos ordenado das ruas, havia um homem que se destacava, não apenas pelo poder que exercia, mas pelo mistério que o cercava. Matheo Heiderick, com seus 31 anos, era uma figura que exalava confiança e frieza. Seu nome era conhecido nos círculos de negócios da cidade, não apenas por sua inteligência afiada, mas também por seu desprezo notório por qualquer tipo de relacionamento amoroso.
Na manhã daquele dia, ele se preparava para mais uma jornada na empresa de software que havia construído do zero. Do alto de sua cobertura, a vista era de tirar o fôlego, mas para Matheo, era apenas um detalhe. O apartamento era tão imponente quanto ele: um espaço amplo, decorado com móveis minimalistas e tons neutros. Não havia qualquer vestígio de sentimentalismo ali. Nenhum porta-retrato, nenhuma lembrança de momentos felizes. Apenas o essencial, o que refletia perfeitamente a alma de seu dono.
Enquanto ajustava a gravata diante do espelho, seu telefone tocou. Era uma chamada de sua mãe, Anabela. Ele fechou os olhos por um segundo, já imaginando o assunto que ela queria abordar. Não estava disposto a mais uma conversa sobre casamentos e compromissos, mas atendeu, como sempre fazia.
Matheo: (com um tom controlado) “Bom dia, mãe.”
Anabela: (com uma voz doce, mas firme) “Matheo, querido, você está bem? Tenho sentido sua falta. Já faz tempo que não nos visitamos.”
Matheo: (suspira, tentando manter a paciência) “Estou bem, mãe. Muito trabalho, como sempre. Como estão as coisas por aí?”
Anabela: “Estamos bem, mas… você sabe, seu pai e eu nos preocupamos com você. Já está na hora de pensar em construir sua própria família. Conheci a filha de uma amiga minha, ela é encantadora e—”
Matheo: (interrompendo, com um tom frio) “Mãe, já discutimos isso. Não estou interessado em casamentos ou encontros arranjados. Tenho muito trabalho, e isso é o que importa agora.”
Anabela: (em um tom desapontado) “Você diz isso, mas um dia vai perceber o que realmente importa na vida, Matheo. Não queremos que você acabe sozinho…”
Matheo: (cortando a conversa) “Eu não estou sozinho, mãe. Tenho minha empresa, meus amigos. Isso é suficiente para mim. Agora, preciso ir. Nos falamos depois.”
Ele desligou antes que ela pudesse insistir mais. Matheo não era um homem cruel, mas carregava uma amargura profunda que o tornava impenetrável. A visão cínica do casamento de seus pais havia moldado sua perspectiva. Rodolfo e Anabela eram o exemplo perfeito de uma união sem amor, construída em cima de conveniência e aparências. Ele não queria esse destino para si.
Enquanto caminhava para a garagem, onde seu carro esportivo o aguardava, Matheo pensava na sua rotina perfeitamente planejada. Havia construído uma barreira tão alta ao redor de seu coração que, em sua mente, nada poderia derrubá-la. Ele se entregava ao trabalho e à vida que havia escolhido, longe das complicações que envolviam sentimentos.
Sua empresa, uma gigante do setor de software, era sua maior paixão. Matheo acreditava firmemente que o sucesso não vinha apenas do talento, mas da dedicação absoluta, e é por isso que mantinha controle total sobre tudo. Cada decisão, cada detalhe passava por ele. Seus funcionários o respeitavam, mas também o temiam. Era conhecido por ser implacável quando se tratava de negócios.
Ao chegar ao escritório, um prédio moderno no centro de Nova Iorque, foi recebido por seu assistente pessoal, Lucas, que já estava à sua espera na entrada.
Lucas: (com profissionalismo) “Bom dia, senhor Heiderick. Temos uma reunião com a equipe de desenvolvimento às nove, e depois o senhor tem um almoço de negócios marcado com os investidores.”
Matheo: (acena com a cabeça) “Perfeito. Quero que organize uma revisão completa do projeto Phoenix para amanhã. Não quero surpresas.”
Lucas: “Já está encaminhado, senhor.”
O dia de Matheo seguiu como de costume: reuniões, decisões rápidas e o controle absoluto que ele tanto prezava. À tarde, ele recebeu uma ligação de seu amigo Eduard, o único que parecia ter acesso a uma parte mais descontraída de Matheo. Eduard era o oposto dele, um espírito livre, sempre buscando diversão e novidades.
Eduard: (com um tom animado) “E aí, Matheo! Como vai o grande magnata do software? Tenho uma novidade para você. Vamos comemorar hoje à noite na boate! A inauguração foi um sucesso, e preciso da sua presença.”
Matheo: (com um leve sorriso, o primeiro do dia) “Não sei se vou conseguir, Edu. Tenho alguns compromissos…”
Eduard: (interrompendo, brincalhão) “Nada de desculpas, amigo! Você precisa sair dessa rotina. Além do mais, um pouco de diversão nunca fez mal a ninguém. Estarei te esperando.”
Matheo: (com um suspiro resignado) “Está bem, estarei lá.”
Matheo sabia que Eduard tinha razão. Ele se permitia esses momentos de lazer apenas para manter as aparências, mas nunca deixava ninguém se aproximar demais. Para Matheo, a boate era o único lugar onde ele permitia a si mesmo algum tipo de relaxamento. Era ali que ele se envolvia com mulheres, mas nunca deixava que esses encontros se tornassem algo além de uma noite. Ele as atraía com seu charme e, depois de algumas horas, já se distanciava, garantindo que elas entendessem que não haveria uma segunda vez.
Mais tarde naquela noite, Matheo chegou à boate de Eduard. O lugar estava lotado, a música alta e as luzes pulsantes criavam um ambiente envolvente, perfeito para alguém que queria se perder, mesmo que por algumas horas.
Eduard o esperava no bar, com um sorriso de orelha a orelha.
Eduard: (erguendo um copo) “Eu sabia que você viria! Aqui, seu drink de sempre.”
Matheo: (aceitando o copo) “Eu precisava de uma pausa, e você sabe que este é o melhor lugar para isso.”
Eduard: (piscando) “E quem sabe, a melhor companhia também.”
Matheo apenas riu. Ele sabia onde aquela conversa ia parar, e Eduard estava certo. Não demorou muito para que uma mulher se aproximasse. Ela era atraente, com um vestido que deixava pouco à imaginação. Matheo não resistiu ao flerte.
Mulher: (com um sorriso sedutor) “Você parece um pouco fora de lugar aqui… normalmente, caras como você não vêm a boates assim.”
Matheo: (com um olhar penetrante) “E como eu sou, exatamente?”
Ela riu, jogando o cabelo para trás, claramente atraída pela aura de mistério que Matheo exalava.
Mulher: “Inteligente, sofisticado… Alguém que não se mistura com qualquer um.”
Matheo sorriu de canto, tomando um gole do drink enquanto a observava. Ele sabia exatamente o que estava acontecendo. A mulher queria algo mais, mas ele já havia decidido que seria apenas mais uma noite, como tantas outras.
Matheo: (com um tom desinteressado) “Às vezes, todos precisamos de uma mudança de cenário.”
Mulher: (aproximando-se mais, tocando o braço dele) “E o que você está procurando nesse cenário?”
Matheo: (encarando-a, sem se comprometer) “Nada mais do que o que ele pode oferecer.”
A insinuação era clara. A mulher sorriu, percebendo que Matheo não estava ali para mais do que algumas horas de diversão. Ele era o tipo de homem que não precisava falar muito para ser entendido. O magnetismo que ele exalava atraía mulheres para ele, mas Matheo sabia como manter a distância emocional. Para ele, era uma questão de manter o controle, de nunca deixar ninguém se aproximar o suficiente para causar qualquer impacto real.
Eduard, observando a interação de longe, se aproximou com um sorriso malicioso.
Eduard: (batendo de leve no ombro de Matheo) “Vejo que você já encontrou companhia. Quer que eu deixe vocês a sós?”
Matheo: (sem desviar o olhar da mulher) “Acho que posso me virar, Edu.”
Eduard: (rindo) “Isso eu não duvido. Divirtam-se.”
Matheo observou Eduard se afastar, antes de voltar sua atenção à mulher.
Mulher: (inclinando-se para falar mais perto) “Vamos para um lugar mais reservado?”
Matheo: (balançando a cabeça) “Aqui está bom. Por enquanto.”
O tempo passava, e eles continuaram conversando, embora o diálogo fosse mais superficial do que qualquer outra coisa. Matheo estava habituado a esse tipo de interação. Para ele, era um jogo, um no qual as regras eram sempre as mesmas. Ele sabia como fazer com que se sentissem especiais por uma noite, mas também sabia como desaparecer antes que qualquer expectativa fosse criada.
Horas depois, já na madrugada, Matheo se levantou, pronto para encerrar a noite.
Mulher: (tentando prolongar a interação) “Você não quer ir para algum lugar mais… privado?”
Matheo: (com um sorriso frio) “A noite foi boa, mas é hora de eu ir.”
Ele viu a decepção nos olhos dela, mas não se incomodou. Aquilo fazia parte do jogo. Ele acenou para o barman, indicando que a bebida dela estava por conta dele, e então se afastou sem olhar para trás.
Na saída da boate, Eduard o alcançou.
Eduard: (com um sorriso travesso) “Sair sozinho? Isso não é muito o seu estilo.”
Matheo: (dando de ombros) “Eu estava apenas me divertindo. Não preciso de mais do que isso.”
Eduard: (balançando a cabeça) “Um dia, Matheo, você vai encontrar alguém que vai quebrar essa armadura.”
Matheo riu, mas o som foi vazio, desprovido de verdadeira emoção.
Matheo: “Se esse dia chegar, Edu, talvez eu tenha que mudar de planeta.”
Eles se despediram, e Matheo entrou em seu carro, o motor roncando suavemente enquanto ele dirigia pelas ruas escuras de Nova Iorque. A cidade estava silenciosa àquela hora, e ele gostava disso. Era um contraste com o caos que ele enfrentava diariamente. Matheo estava em paz com sua solidão, ou pelo menos, era o que ele gostava de acreditar.
Chegando em sua cobertura, ele entrou e trancou a porta atrás de si, deixando a noite para trás. O apartamento estava escuro e silencioso, exatamente como ele gostava. Matheo se dirigiu à janela, olhando para as luzes da cidade. Ele sabia que Eduard tinha boas intenções, mas Matheo não acreditava que algo ou alguém poderia penetrar a barreira que ele havia construído ao redor de si.
O amor, para ele, era apenas uma distração, uma fraqueza. E Matheo Heiderick não tinha espaço para fraquezas em sua vida. Ele preferia o controle, a frieza, o poder que vinha de ser inalcançável.
E assim, naquela noite, ele foi dormir, acreditando firmemente que nada mudaria sua maneira de ver o mundo. Mal sabia ele que o destino, por vezes, tem formas curiosas de testar até as convicções mais profundas.
Isabela acordou naquela manhã com um misto de ansiedade e esperança. O dia que ela tanto aguardava havia finalmente chegado. Depois de semanas procurando um emprego em Nova Iorque, ela conseguiu uma entrevista em uma das empresas mais renomadas da cidade. Era sua chance de começar uma nova vida, de deixar para trás as sombras do passado e abraçar as oportunidades que essa cidade poderia oferecer.
Ao sair de casa, Isabela olhou para si mesma no espelho do corredor. Usava uma blusa de seda azul, uma saia preta na altura dos joelhos e sapatos de salto baixo. Estava elegante e ao mesmo tempo modesta. “Está bom assim”, pensou, tentando afastar a insegurança que sempre surgia nesses momentos.
O caminho até a empresa foi tranquilo, mas ao chegar ao prédio imponente no centro da cidade, seu coração começou a bater mais rápido. Ao entrar, foi recebida por uma recepcionista sorridente, de cabelos loiros curtos e um ar de simpatia que fez Isabela se sentir um pouco mais à vontade.
Recepcionista: (com um sorriso caloroso) “Bom dia! Você deve ser a Isabela, certo? A entrevista será no oitavo andar. Pode subir, é só virar à direita quando sair do elevador.”
Isabela: (tentando esconder o nervosismo) “Obrigada. Estou um pouco ansiosa, mas vou dar o meu melhor.”
Recepcionista: (piscando para ela) “Não se preocupe, você vai arrasar! Boa sorte!”
Isabela sorriu de volta, agradecendo silenciosamente pela gentileza. Respirou fundo enquanto esperava o elevador. Quando as portas se abriram no oitavo andar, ela foi recebida por uma cena que não esperava. Havia várias mulheres aguardando, e o que mais a impressionou foram os trajes delas. Vestidos curtos, decotes profundos, saltos altíssimos… Nada parecido com o que ela esperava ver em uma entrevista para recepcionista.
Isabela: (pensando consigo mesma) “Será que estava no anúncio o tipo de roupa que eu deveria usar? Talvez tenha me enganado…”
Ela sentiu um frio na barriga ao observar aquelas mulheres tão diferentes dela. Elas pareciam confiantes, mas havia algo no ambiente que a deixava desconfortável. As roupas, a atitude, tudo parecia fora de lugar para o que ela imaginava para um trabalho de recepcionista. Isabela se pegou ajustando a blusa, sentindo-se inadequada, mas ao mesmo tempo, decidida a não deixar aquilo a abalar.
Quando se aproximou de uma funcionária que passava por ali, resolveu perguntar sobre a entrevista.
Isabela: (com a voz hesitante) “Com licença, a senhora sabe me dizer quando serei chamada para a entrevista?”
Funcionária: (olhando para Isabela e depois para as outras mulheres, com um leve sorriso) “Você está aqui para a entrevista de recepcionista, certo? Por favor, aguarde ali, sua vez está chegando.”
Isabela agradeceu e se dirigiu a um dos poucos assentos disponíveis. O tempo passou lentamente. Ela observava cada uma das candidatas entrando na sala com um sorriso confiante e saindo com expressões desanimadas. Aquilo não ajudava em nada o nervosismo que crescia dentro dela.
Finalmente, seu nome foi chamado. Isabela respirou fundo, fez uma pequena prece mental e se levantou. Entrou na sala com determinação, mas ainda carregando a insegurança de não estar “adequada” para o que aquele lugar parecia exigir.
Ao entrar, foi recebida por uma senhora de meia-idade, de cabelos grisalhos e um olhar firme, mas não intimidador. A mulher levantou os olhos do papel que estava lendo e deu uma boa olhada em Isabela, de cima a baixo.
Entrevistadora: (com um sorriso genuíno) “Finalmente alguém que sabe se vestir para o trabalho. Por favor, sente-se.”
Isabela sorriu, aliviada. A tensão em seus ombros diminuiu e, pela primeira vez naquele dia, sentiu que talvez estivesse no lugar certo.
Entrevistadora: “Vamos começar. Conte-me um pouco sobre você e por que quer trabalhar aqui.”
A entrevista correu bem. Isabela respondeu com sinceridade, explicando sua experiência e seu desejo de crescer na carreira em uma nova cidade. A entrevistadora parecia interessada e, ao final da conversa, fez uma proposta inesperada.
Entrevistadora: “Isabela, estou impressionada com sua postura e profissionalismo. Gostaria de oferecer o cargo. Você pode começar amanhã, às 8h da manhã. Passe no RH e entregue seus documentos para que possamos formalizar o contrato.”
Isabela quase não acreditou. O alívio e a felicidade a inundaram. Ela agradeceu, controlando a emoção que ameaçava transbordar, e seguiu para o departamento de recursos humanos. Depois de entregar a documentação e assinar o contrato, saiu da empresa sentindo-se leve, como se um peso enorme tivesse sido retirado de seus ombros.
Ao sair do prédio, o sol ainda brilhava no céu, e Isabela decidiu que merecia se presentear. Parou em uma sorveteria próxima e pediu seu sabor favorito, morango com chocolate. Sentada em um banco na calçada, saboreou cada colherada, permitindo-se finalmente celebrar a vitória do dia.
Isabela: (pensando alto, sorrindo para si mesma) “Consegui. Finalmente estou começando a viver de verdade.”
Ainda radiante, Isabela fez uma rápida parada no mercado. Queria preparar algo especial para comemorar e decidiu fazer sua comida favorita: lasanha. Carregando as sacolas, voltou para o apartamento que dividia com Clarice, sentindo que um novo capítulo em sua vida estava realmente começando.
Assim que chegou em casa, foi direto para a cozinha. Preparou os ingredientes com cuidado, colocando amor em cada camada da lasanha. Enquanto o prato assava, Isabela aproveitou para tomar um banho relaxante, deixando a água quente lavar todo o cansaço e nervosismo do dia.
Vestiu seu pijama mais confortável, arrumou a mesa da sala de jantar e tirou a lasanha do forno. O aroma delicioso se espalhou pelo apartamento, e Isabela sorriu, imaginando a reação de Clarice quando chegasse.
Não demorou muito para que Clarice finalmente chegasse em casa, carregando suas próprias novidades do dia.
Clarice: (chegando e tirando os sapatos) “Hmm, cheirinho de coisa boa! Você fez lasanha?”
Isabela: (sorrindo, animada) “Fiz sim! Tenho algo para te contar.”
Clarice se aproximou da mesa, sentando-se enquanto Isabela servia a lasanha.
Clarice: (curiosa) “Conta logo, o que aconteceu?”
Isabela: (com um brilho nos olhos) “Eu consegui! Fui contratada! Começo amanhã!”
Clarice soltou um grito de felicidade, levantando-se para abraçar a amiga.
Clarice: “Eu sabia que você conseguiria! Estou tão feliz por você, Isa! Agora estamos oficialmente em Nova Iorque, cada uma com seu emprego. Temos tudo para fazer essa cidade nossa!”
As duas se sentaram, rindo e conversando sobre os planos para o futuro. O jantar foi regado a sonhos e expectativas, e a alegria de Isabela era palpável. Ela finalmente sentia que estava construindo algo sólido, deixando para trás os medos e as dores do passado. Nova Iorque não era mais uma cidade assustadora; era o lugar onde ela poderia recomeçar, cercada por novas oportunidades e, o mais importante, pelo apoio incondicional de sua melhor amiga.
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