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Entre O Amor E A Marca

[1] O Sequestro

O Edifício mais novo da região, possuía janelas espelhadas e doze andares. Era uma empresa chamada, Zanfarm, que havia se estabelecido, há dois anos na cidade de Obakane. Um lugar agradável e calmo, rodeado por árvores e naturaza, exceto pelo centro, onde os seus altos edifícios, se destacavam no meio do verde.

Formado em medicina farmacêutica, Brayan Frizan era filho da dona da Zanfarm, e principal criador dos produtos vendidos. Mesmo sendo um jovem de vinte e três anos, era muito respeitado por seu talento e seriedade.

...****************...

No elevador Brayan falava ao celular com a mãe.

Brayan: ... Eu sei disso. Por isso eu insisto que precisamos de um gerente de marketing. Ou eu mesmo posso fazer isso se quiser, mas vou parar o trabalho do novo medicamento.

(Mãe: Ah não! Não tem que parar o medicamento Brayan. Isso realmente é o mais importante. Vai ser de grande ajuda se der certo. Pense em quantas vidas podemos ajudar? Eu vou providenciar a melhora daquele setor filho. Estou te esperando para jantar, venha logo!)

Brayan: Já estou indo, acabei de sair do elevador. Quer que eu leve alguma coisa?

(Mãe: Um vinho cairia muito bem.)

Brayan: Então vou levar o melhor, até mais!

Quando saiu na calçada do edifício, se direcionando ao estacionamento, ele olhou para a sua imagem no vidro do prédio.

Brayan: Porque não percebi que o meu cabelo estava bagunçado assim?

Ele passou a mão nos cabelos negros, e arrumou jogando a franja para o lado. Seu terno em um tom cinza escuro, sem gravata, o deixava elegante, e com uma presença notavel em relação aos outros trabalhadores da empresa.

Brayan: Bem melhor!

Antes de voltar a caminhar, o reflexo de um homem vestido de preto e usando um boné, chamou a sua atenção por um breve momento. Ele estava caminhando na direção de Brayan. Por instinto, Brayan apressou o passo até chegar ao lado do carro. Quando apertou o alarme, percebeu que não funcionava.

Brayan: {Vamos! O Que está acontecendo com essa porcaria?}

Por um segundo distraído com o dispositivo de alarme do carro, Brayan foi surpreendido pela aproximação de outros dois estranhos, que rapidamente colocaram um saco em sua cabeça, e o seguraram.

Não tenta nada, se não vou atirar!

Brayan: Quem são vocês? Para Onde estão me levando?

Já vai descobrir.

Sem opções, Brayan foi levado por àqueles homens até um carro, que começou a se movimentar rapidamente, assim que ele entrou.

Brayan: {Isso não pode estar acontecendo! Para onde essas pessoas vão me levar? Eu tenho que ficar atento e aproveitar qualquer brecha. Assim que eles derem um vacilo, eu escapo. Tem um cheiro forte de metal enferrujado aqui. Esse carro não é muito novo pelo visto.}

A viagem foi muito cansativa, e o estômago de Bryan já roncava de fome, e ele também estava começando a ficar com sede.

Brayan:{ Já estamos em movimento pelo menos há três horas. Com certeza estou indo para fora da cidade. Que droga!}

Cerca de dez minutos depois, que Brayan notou estar sendo levado para fora da cidade, o carro entrou em um galpão. Os homens tiraram Brayan do carro e o amarraram em uma cadeira. Por último, removeram o saco da sua cabeça .

O homem à sua frente era uma figura assustadora. Os dentes eram muito amarelados, e as presas se destacavam maior que os outros dentes, o fazendo parecer um animal. No seu pescoço, uma tatuagem com listras negras, e um símbolo. Ele olhou para Brayan, com indiferença.

Homem: Quantas pessoas moram com você, além da sua mãe?

Brayan: Eu não tenho que responder isso.

Homem: Não tem mesmo. Porém, se você não responder, eu vou ter que ir perguntar na sua casa pessoalmente.

Brayan: Só... Só a minha mãe e três empregados.

Homem: Entendi. Que bom que você é do tipo que colabora. Estou ficando cansado dessa merda. Então, amanhã, vê se faz tudo certinho, caso contrário, vou arrancar os seus dedos. E mandar para sua casa pelo correio.

O Homem foi caminhando para a única saída visível que àquele lugar tinha.

Homem: Não esqueça hein! Amanhã eu vou começar a cortar alguns dedos. Vamos ver se "todos" vão cooperar... ou não.

Capanga: Mas, e agora chefe? Para onde levamos eles?

Homem: Para baixo! Levem eles para o andar de baixo, no porão tem uma porta de ferro, pode deixar eles lá.

Capanga: Certo chefe! Até amanhã.

Assim que àquele homem saiu, Brayan pensou em negociar.

Brayan: Ei! Você é só um capacho dele não é? Por acaso ele vai dividir o dinheiro na metade com você? Ham?

Capanga: Não. Nós ganhamos quinze por cento. E isso, não é da sua conta.

Brayan: Eu imaginei que não era algo justo. Então, me escuta, me ajude a sair daqui. E eu te dou uma boa quantia em dinheiro. Só para você! Pensa bem.

Capanga: Você acha que me engana? Sei como vocês ricos são. Muitos não querem nem recuperar o parente, só para não ter que dar o resgate. E não sabemos ainda, se esse é o seu caso. Vem comigo, e não faz nenhuma gracinha.

Ao reparar que o outro homem também estava armado, Brayan apenas o seguiu sem reagir.

O lugar possuía paredes escuras, poucas janelas e vários maquinários velhos enferrujados. Alguns canos passavam pela parede, também enferrujados. Eles desceram uma escada comum, e mais uma de ferro, dois andares abaixo de onde estava, quando chegou.

Capanga: Fique aí!

Brayan viu uma grande porta de ferro, se fechando na sua frente.

Brayan: Droga! ESPERA! Mas que merda! Eu não posso ficar aqui. ESPERA! Eu posso pagar mais, se você me soltar...

Inconformado, ele olhou ao redor, buscando encontrar uma forma de escapar. Porém, o que ele encontrou, em um canto mais iluminado pela única lâmpada velha do local, foi uma pessoa que estava sentada no chão, e encostada na parede.

Brayan: Ei, você! Oi?

Brayan se aproximou devagar, e pode ver manchas de sangue na camisa branca que a pessoa usava. Sua cabeça, estava inclinada para baixo.

Brayan: {Será que está morto?}

Ao colocar a mão no rosto daquela pessoa, os olhos se abriram, eram azuis bem vívidos. Um homem de pele lisa, com o rosto bem sujo, e machucado.

Brayan: Você consegue falar? Qual é o seu nome?

Alisson... Alisson Ceravano... E você?

O homem ergueu a cabeça lentamente. Os seus lábios estavam secos, e um pouco sujos de sangue.

Brayan: Eu... Sou Brayan Frizan. Você não me parece bem, precisa de água.

Alisson: Qual é a sua idade? A... Sua família tem dinheiro?

Brayan: Tenho vinte e três. Sou filho da dona da empresa Zanfarm.

Alisson: Da Zanfarm!? Caramba!

O homem riu

Alisson: É tudo por dinheiro mesmo.

[2] O Cativeiro

Brayan olhou para o homem a sua frente. Sua expressão era calma, porém sua fala, um tanto impaciente. Como se tivesse conformado, mas indignado ao mesmo tempo.

Alisson: Tudo nessa vida é dinheiro! o Maldito dinheiro! Eu não acredito que estou mesmo passando por isso!

Brayan: Você tem alguma idéia de quem estaria por trás desse sequestro?

Alisson: Não tenho ideia. Mas não vai acabar bem! Temos que...

Ao tentar se levantar, Alisson sentiu a cabeça girar.

Alisson: Ai... Eu realmente não consigo fazer nada agora.

Brayan ficou apreensivo em ver aquele homem tão debilitado.

Brayan: Posso dar uma olhada nos seus ferimentos?

Alisson: Você é médico?

Brayan: Sim. Medicina farmacêutica. O que fizeram com você?

Alisson: Eles só me bateram. Bateram bastante. Queriam que eu falasse quantas pessoas moram comigo, e outras coisas, mas eu recusei.

Brayan: Você é louco! Porque não respondeu alguma coisa aleatória, teria evitado um pouco disso.

Alisson: Não pensei. Eles também perguntaram isso para você?

Brayan: Sim. Olha...Tem um corte fundo na sua sombrancelhas, o mais correto era dar pontos. Mas, por sorte, acho que o sangramento está parando.

Alisson: Deve ter escorrido tudo o que tinha na minha camisa. Que bom que eu ainda não morri.

Brayan: Você está se sentindo tonto por isso. E pelo que vejo, parece que levou outros golpes no rosto. Eu lamento.

Brayan tocou suavemente nos lábios de Alisson. 

Alisson: Ai! Sim, acho que três ou quatro. Mordi os meus lábios em duas das vezes, acho que não é nada... Certo?

Afastando-se rapidamente, Brayan confirmou.

Brayan: Não é grave, mas poderíamos diminuir o inchaço se desse para pegar gelo. Sem água eu nem consigo limpar as suas feridas. Aguenta firme, eu vou ver o que posso fazer.

Alisson: Esquece! Eu agradeço sua gentileza, mas temos que sair daqui!  Eles são impacientes. Com certeza amanhã vão conseguir arrancar alguns dedos sim. Você pode ver se tem alguma janela? É impossível um lugar tão abaixo do solo, não ter um sistema de ventilação, ao menos.

Brayan: Eu vou ver.

Brayan caminhou pelo lugar. Tudo estava bem sujo e empoeirado.

Brayan: Acho que ninguém vem aqui faz um tempo.

Após olhar ao redor, Brayan voltou para perto de Alisson.

Brayan: Não tem nenhuma abertura. Nem outra porta.

Alisson: Não pode ser!

Degavar, Alisson foi se apoiando na parede até ficar em pé novamente.

Brayan: Ei!? Você... pode cair. É melhor mesmo ficar sentado.

Alisson: Não posso! Temos que sair daqui.

Após cinco passos, Alisson caiu no chão de joelhos.

Brayan: Eu disse que era melhor ficar sentado!

Alisson: Isso é horrível... Tudo bem, vou me sentar um pouco.

O homem ferido, aceitou sua condição, e finalmente se aquietou, deitando no chão e fechando os seus olhos.

Brayan: A minha mãe vai notar rapidamente a minha falta. Eu estava indo almoçar. Ela vai avisar as autoridades. Só tenho que esperar, mas isso é o pior. Estou com fome, e eu já estava com tanta fome quando saí da empresa.

Alisson colocou a mão no bolso e tirou uma barrinha de cereal. Sem abrir os olhos, ele ergueu o braço.

Alisson: Come isso!

Brayan: Na.. Não. Que isso? Eu não posso aceitar.

Alisson: É uma barrinha de cereais. Só está um pouco amassada. Eu ia fazer hora extra hoje e estava preparado. Eu já comi uma. Pode comer essa.

Brayan: Não. Eu...

Alisson: Pega logo! Vou precisar de você bem para me tirar daqui. Você é muito mais forte do que eu.

Brayan pegou a barrinha.

Brayan: Obrigada.

Alisson: Você é mesmo bem forte para alguém com a sua idade. Você é um Alfa?

Brayan: Sim.

Alisson: Ah, isso explica.

Brayan: Porque? Alfas de vinte e três anos, não costumam ser fortes?

Alisson: Todos os alfas que conheci, são dotados.

Brayan: E você?

Alisson: Infelizmente, sou Ômega.

Brayan: Porque infelizmente? Minha mãe é Ômega e ela é a mulher mais inteligente e poderosa que muitos Alfas.

Alisson: Que interessante! Adoraria conhecer a sua mãe. Mas... No meu caso, é porque isso só me trouxe muitos problemas na vida. E sinceramente, já estou velho e cansado, mas ainda odeio ser um Ômega.

Brayan: Velho? Impossível. Você deve ter vinte e... quatro? Cinco?

Alisson: Trinta e um daqui a dois dias. Espero não ter que passar o meu aniversário aqui.

Brayan: Eu nunca te daria trinta e um. E de qualquer forma, com essa idade, você também não é velho. Você nem parece ter essa idade. Seus cabelos são castanhos e avermelhados, não tem nenhum fio branco.

Alisson: Eu pinto os meus cabelos.

Brayan: É sério? Então você tem muitos cabelos brancos?

Alisson: Na verdade não. É que eles são vermelhos, e eu gosto de dar uma quebrada nessa cor. É muito chamativo, sabe?

Brayan: Vermelho é a minha cor favorita. Se eu tivesse cabelos vermelhos, não os esconderia. Você trabalha com o que?

O silêncio foi a resposta de Brayan. Ele olhou para o lado, e percebeu que Alisson estava dormindo.

Brayan: {É melhor ele descansar mesmo. Eu estou falando demais.}

Algumas horas se passaram, e Brayan também adormeceu. Pela manhã, eles foram acordados pelo capanga que os levará aquele local no dia anterior.

Capanga: Vamos! Levantem! O chefe quer ver vocês!

Brayan se levantou. Porém, Alisson não.

Capanga: Não está me ouvindo não? Seu Imbecil! Não vai colaborar?

O homem chutou as costas de Alisson.

Alisson: Que merda! Será que nem dormir a gente pode?

O Capanga puxou Alisson do chão e foi arrastando. Por um breve momento, os olhos azuis dele, cruzaram com os olhos de Brayan.

Brayan: {Ele não está bem. O rosto está muito vermelho. Deve estar com febre.}

Os prisioneiros foram levados até o chefe, que segurava uma faca de peixe, e gesticulava com ela, ao conversar com outro capanga.

Homem das Presas: Olha só! Minhas cargas chegaram. Por quem eu começo?

O homem observou os olhos de Alisson, sérios e a postura firme, como se o desafiasse.

Homem das Presas: Você!

Alisson foi colocado em uma cadeira em sua frente.

Homem das Presas: Disposto a falar? Vamos começar pela primeira pergunta; Quantas pessoas moram com você?

Alisson: Não vou responder nada! Não perca o seu tempo.

Brayan olhou para o homem das presas, no momento que ele aproximou a faca da mão de Alisson.

Brayan: {Céus! Porque ele é tão resistente?}

Homem das Presas: Já entendi que você é bem durão certo? Então deixa eu te falar uma coisa interessante; Soubemos que o senhor Jeff Davane saiu da cidade, então por hora acredito que ele não vai pagar o seu resgate. A menos que ele tenha se escondido, e sua secretária esteja mentindo. E isso ainda sim, é pior para você não é?

Alisson: Faz o que você quiser!

Queimando de raiva, o Homem chutou a barriga do prisioneiro o fazendo cair da cadeira. O Homem seguiu a chutar Alisson no chão. Brayan viu a cena e ficou nervoso.

Brayan: CHEGAA! Para com isso! EU PAGO! Eu pago o resgate dele!

No mesmo instante o homem olhou para Brayan, e se afastou de Alisson.

Brayan: Você escolheu nós dois, porque sabe que temos dinheiro não é? Eu pago por ele. Peça o valor dos dois.

Homem das Presas: Feito! Zóio! Pega o celular. O nosso amigo aqui, vai ligar para a mamãe dele agora.

                  

[3] O Pedido de Resgate

Com quarenta e oito anos, uma mulher Ômega criou três filhos sozinha e ao mesmo tempo, evoluiu a empresa do seu falecido marido, o dobro do que era. Com belos cabelos negros, e olhos azuis, Betina por suas inúmeras qualidades era muito cobiçada. Mas sempre permaneceu integra, e fiel ao marido.

Seu filho mais novo, Bernardo tinha dezenove anos. Ele saiu da cidade pedindo um tempo para se reconhecer, e descobrir o que ele tinha de diferencial, para só depois começar a faculdade. A mãe deixou, pensando na felicidade dele.

O filho do meio, Beltran de vinte e um anos era piloto de avião, e vivia sempre fora de casa.

O filho mais velho, Brayan vivia ao lado de Betina. Ele seguiu sempre estudando e trabalhando até assumir as responsabilidades do homem da casa.

...****************...

Betina havia dispensado a empregada, porque ela mesmo queria cozinhar. Empenhada, ela caprichou nos pratos, para saborear com o seu filho. Após ter ligando para ele, ficou na sala de jantar o esperando chegar com o vinho que prometeu.

Horas depois, ela começou a se sentir incomodada.

Betina: Tem alguma coisa errada.

A mulher discava incansavelmente, no celular do filho, sem nenhum retorno. Então resolveu ligar na empresa.

Betina: Júlio! Por favor sabe me dizer se o Brayan ainda está aí?

(Júlio Thei: Não senhora. Ele já foi embora. Mas isso tem umas três horas eu acho. Ou mais, já não tem mais nenhum funcionário aqui na empresa senhora.)

Betina: Quero as imagens das câmeras! Verifica quando ele saiu, e Rápido!

(Júlio Thei: Aconteceu alguma coisa senhora?)

Betina: Porque eu estaria pedindo, se não tivesse acontecido? Seja Rápido!

Betina caminhou de um lado para o outro da sala, mas não conseguiu se acalmar. Então saiu de sua casa, para a garagem, e entrou no carro. Em menos de meia hora, ela chegou na empresa.

[...]

Atrás da cadeira de seu funcionário Júlio, A mulher ficou parada impaciente, enquanto ele abria as pastas com o conteúdo das gravações das câmeras externas.

A imagem, mostrava todos os passos de Brayan até o momento em que ele parou na frente da janela de vidro espelhada, para arrumar o cabelo. Em seguida, foi notável no video que o comportamento dele mudou, ele pareceu se assustar, e sair apressadamente para a lateral da empresa ZANFARM

Betina: Aquele homem veio na direção do meu filho! Ele queria pegar o Brayan! E Depois? JULIO!? E Depois disso?

Julio: Senhora, uma das câmeras do estacionamento está quebrada. Não conseguimos averiguar nada depois disso. Mas o carro do senhor Brayan ainda está lá no estacionado.

Betina: Preste bem atenção! Mande alguém se responsabilizar por isso. E a próxima vez que uma dessas câmeras estiverem quebradas, demita a equipe responsável. Espalhem mais câmeras também. VAI LOGO!

Julio saiu correndo, para seguir as ordens de sua chefe.

Betina pegou novamente seu celular, chamativo, de capa vermelha e discou um número.

Betina: Que droga! Porque você não atende?

Assim que a ligação deu sinal de recado; ela reagiu agressivamente.

Betina: Beltran! O Seu irmão foi levado. Preciso de você aqui! Volta para casa por favor! Rápido, isso é uma ordem.

A mulher não deu pausas. Em seguida discou no número de seu outro filho.

Betina: Bernardo! Filho, não interessa onde esteja! Volta para casa agora mesmo!

(Bernardo: Mamãe? O que houve?)

Betina: Seu irmão foi levado. Eu não sei por quem, nem sei como! Por favor volte logo para casa! Eu não posso ficar sem vocês agora.

(Bernardo: Sim, claro. Fique calma Mamãe! Estou voltando.)

Assim que sua ligação encerrou. Betina Frizan foi para a delegacia, levando as filmagens que conseguiu em sua empresa.

[...]

Oficial: Senhora, entendo o ocorrido, porém não podemos fazer nada até que se dê 48horas para poder confirmar desaparecimento.

Betina: O que? Como assim? Estou dizendo que levaram o meu filho! E vocês não podem fazer nada?

Oficial: Sim, podemos, mas depois que for constatado que ele realmente está desaparecido. Senhora, isso pode ter sido uma pegadinha de algum amigo. E ele ainda pode voltar, ou ligar. A Senhora tem que aguardar.

Betina: Certo. Se é assim tudo bem. Fique com as filmagens! Porque se ele não aparecer, você serão responsáveis!

[...]

Durante a noite, Betina não pregou o olho, sentada na sala ao lado do telefone, e com seu celular na mão. Assim que raiou o dia, por volta das cinco e quarenta da manhã, ela saiu novamente.

Com passos pesados e apressados, Betina entrou na delegacia. Dessa vez, simplesmente ignorou a bancada da recepção e foi diretamente na sala da Delegada.

Betina: Bom dia. Será que eu tenho mesmo que esperar 48 horas para que alguém me ajude a encontrar o meu filho? E se aconteceu alguma coisa com ele?

Leona Karen: Olá Senhora. Eu sei muito bem que a pior coisa que se pode dizer para alguém nesse momento é para se acalmar. Então, volte para sua casa e aguarde lá caso alguém entre em contato com você. Vou mandar a minha equipe agora mesmo, começar a investigar. Eu lamento não poder ajudar antes, mas as coisas devem seguir um protocolo.

Betina: Sei, "protocolo". E se não ligarem?

Leona Karen: Vão ligar senhora. Eu examinei o vídeo que mandou. Estou muito certa de que estamos lidando com um sequestro, e por isso, eles vão ligar.

Betina: Obrigada Delegada. Eu ficarei esperando... Mas, aqui mesmo!

Leona Karen: Como quiser senhora.

A Delegada, olhou para um dos Oficiais.

Leona Karen: Oficial Tomaz? Vem aqui por gentileza, foi o você que pegou as filmagens dela?

Oficial Tomaz: Sim senhora.

Leona Karen: Vamos começar a investigação.

[...]

Meia hora depois que estava acomodada, no sofá, da recepção da delegacia, o celular de Betina tocou. Ela atendeu no mesmo instante sem hesitação.

Betina: Alô?

(Brayan: Mãe, escuta eles e por favor, ajude...)

Betina: Brayan! Filho?

(Homem das Presas: Senhora se quiser ver seu filho novamente, escute bem as minhas orientações. Primeiro: não se aproxime de nenhum oficial. E garanta que ninguém está escutando.)

Betina disfarçou, e saiu para fora da delegacia.

Betina: Por favor, pode falar. Ninguém pode ouvir agora.

(Homem das Presas: Ok, Você vai precisar de duzentos milhões. O preço do seu filho, era apenas cem, mas ele faz questão, de que a senhora pague o resgate do colega dele também.)

Betina: Duzentos milhões!? Como acha que eu tenho esse dinheiro?

(Homem das Presas: Se a senhora não tem, acho que posso eliminar o seu filho. Ele não serve de nada para mim...)

Betina: Não! Espera! Eu consigo. Eu consigo o que for!

(Homem das Presas: Certo, então quero o dinheiro em notas iguais, até as quatro horas. Assim que estiver com todo o valor em mãos, coloque em uma mala, e me ligue para que possamos marcar o encontro.)

Betina: Certo, eu entendi.

(Homem das Presas: Senhora; não preciso dizer que se contar a polícia eu mato o seu filho, certo?)

Betina: Sim. Entendi.

...****************...

Galpão de Máquinas Abandonada.

Homem das Presas: Você tem sorte. Parece que sua Mãezinha, vai colaborar. E quanto a você...

O Homem segurou o queixo de Alisson.

Homem das Presas: Também tem muita sorte. Sabendo que ninguém iria pagar por você, estava pensando em outra coisa. Algo para poder usar esse corpinho bonito.

Alisson virou o rosto.

Homem das Presas: Leva eles de volta para o buraco, até amanhã Zóio! Eu vou ir embora agora.

Zóio: Sim senhor.

O Capanga, obedecendo as ordens de seu chefe, levou Brayan e Alisson de volta para o porão.

Brayan: Espera! Precisamos de comida e água. E um antibiótico, ele está muito machucado.

Zóio: Eu vou trazer a comida e a água, mas não temos medicamentos.

Brayan: Como assim? Se ele morrer vocês perdem metade do dinheiro, acha interessante? Acha que o seu chefe vai gostar disso?

Zóio: Se ele morrer, o dinheiro já vai estar com a gente mesmo. Aceitem o que eu posso dar. Não estão em condições de fazerem exigências.

O homem saiu, fechando a porta de ferro atrás de si.

Brayan olhou para trás e percebeu que Alisson se deitou no chão.

Brayan: Ei? Como vocês está?

Alisson: Bem... Estou bem péssimo.

Brayan se aproximou e tocou no rosto de Alisson.

Brayan: Você está com febre. É provável que se trate de uma desidratação. Precisamos de água e de remédios.

Alisson: Você precisa atacar àquele homem!

Brayan: O quê?

Alisson: Quando ele voltar, ele vai estar com as mãos ocupadas. Ele vai segurar as garrafas de água, e abrir essa porta pesada... Nesse momento, você tem que atacar ele. Essa é a nossa chance!

Brayan: Certo. Eu vou fazer isso.

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