Sou Rafael Castell, tenho 31 anos e sou filho mais velho de Roger Castellani e Olivia Castellani. Tenho dois irmãos, Mia e Jheffter.
Não sou uma pessoa fria e calculista, apenas gosto das coisas no meu controle, gosto de ter tudo, quer dizer todas nas minhas mãos. Não me relaciono sério com alguém já tem anos. Depois de um tapa na cara do amor, resolvi viver á vida da melhor forma, mulheres, bebidas, festas... Não fico com a mesma pessoa muitas vezes, não que o público veja, isso vira notícia.
Estava decidindo oque iria fazer hoje a noite para comemorar por mais um projeto concluído, porém, um assunto veio para me tirar do sério, para tirar a minha paz e autocontrole.
Roger: Você realmente precisa dar um jeito... Se casar, noivar... sei lá.
Rafael: De novo com esse assunto idiota?
Esse maltido noivado só veio para fuder com o meu psicológico. Não queria e não quero me envolver com ninguém.
De uns tempos para cá, meus pais vem tocando nessa tecla o tempo todo.
Gosto da minha vida assim. Gosto de sair, curtir, relacionar-me com quem eu quiser e na hora que eu quiser sem ter compromisso com ninguém. Sempre fui assim e gosto de ser assim.
O conselho vem dizendo que estou machando a imagem da empresa e que estamos perdendo clientes, parcerias e sócios. para ser mais exato, não estamos perdendo, só não está chegando pessoas novas.
Saio diversas vezes em revistas e sites de fofocas, mais e daí? Eu sou dono da minha própria empresa, não devo nada a ninguém.
Roger: É isso mesmo que você acha?
Rafael: Sim, papai, é isso mesmo que eu acho. Não se noiva com uma pessoa de uma hora para outra.
Roger: Você se relaciona com diversas mulheres, Rafael, não é possível que não sinta nada por nenhuma delas.
Rafael: Não, eu não sinto. Não quero e não vou me casar com ninguém.
Rubens: Então poderia apenas fingir.
Rafael: Fingir? Só pode estar brincando. Não adianta eu estar "noivo" e continuar saindo com as mulheres.
Roger: É só você parar... Eu juro que não sei aonde eu e a sua mãe erramos.
Rafael: Já vai começar outra vez... Não vou noivar com ninguém...
Roger: Então serei obrigado a abrir uma prorrogação...
Rafael: Vai abrir uma prorrogação NA MINHA empresa, contra mim mesmo?
Roger: Não esquece que abaixo de você, sou o sócio majoritário, tenho 30% das ações o Jhef 10% e a Lia 10% Fica 50% contra 50%
Rafel: A última palavra é minha.
Roger: Ainda temos os sócios...
Rafael: Quer me tirar da minha própria aempresa?
Roger: Nunca! Quero tirar você dessa vida e evitar que você afunde oque lutou tanto para construir. É isso ou nada.
Saio do escritório pisando fundo.
Rafael: Cancele tudo oque tenho para hoje.
Clara: Sim, senhor.
Dou partida no carro e vou direto para casa.
Não posso negar que de fato a empresa deu uma estagnada. Não chega ninguém novo. De um tempo para cá, o gráfico das finanças se mantém na mesma linha, nunca sobe e isso não é normal. Será mesmo que noivar é a melhor opção? Será mesmo que o principal motivo da empresa estar assim é por como me comporto?
Pego o meu celular do bolso e digito o meu nome Rafael Castellani
"Visto hoje com uma nova mulher, será essa a futura senhora Castellani?"
"Rafael Castellani envolve-se em nova briga pela terceira vez..."
"Empresário diz o verdadeiro motivo por não abrir sociedade com o empresário Rafael Castellani..."
"Ele é um empresário dos bons... diversos prêmios, podemos dizer que é o melhor dos EUA, mas infelizmente não está no melhor auge da carreira, pode não estar numa boa fase" diz o empresário Ruan.
"Rafael Castellani mais uma vez é visto com um nova mulher, seria a terceira desse final de semana?"
Que porra! Não tenho saída. Nenhuma noticia sobre os novos lançamentos, sobre os novos projetos que foram feitos... Tudo dá empresa está se remtendo a minha imagem aqui fora e mesmo que eu não queira admitir, estou manchando a imagem da minha empresa.
Rafael: Pode entrar.
Olivia: Podemos seguir com isso?
Rafael: Vejo que já estava tudo decidido entre vocês, não é mesmo?
Olivia: Você não tem outra opção. Podemos marcar o jantar para amanhã. Tem alguém em mente?
Rafael: Sério isso? Claro que não tenho ninguém em mente, Mamãe. Já arrumaram tudo da minha vida, arrumem uma noiva também.
Olivia: Já imaginávamos... Conversamos com a...
Rafael: Por favor, não me diga a Jade.
Olivia: Vocês se relacionaram por quase três anos.
Rafael: Não esqueça que ela me traiu...
Olivia: Isso foi antes. Ela é de uma boa família, vai fazer bem para a empresa...
Rafael: ESQUECE EMPRESA... ESTAMOS FALANDO DE MIM.
Olivia: Você mesmo diz que a única coisa que importa para você é a empresa...
Rafael: Ótimo, agora a próxima notícia será: Rafael Castellani, gostou de ser corno uma vez e decidiu ser outra vez, pois, anuncia o seu noivado com Jade, a mesma pessoa que o traiu com o seu segurança". Perfeito não é mesmo?
Olivia: ... — Silêncio.
Rafael: Quer saber? Que seja, então. Marca logo essa merda. Ela que não espere muita coisa de mim. Sentirá na pele oque eu passei.
Olivia: Não vai levar outra...
Rafael: Isso já não é mais assunto de vocês. Amanhã as oito... Agora, por favor me dê licença.
Olivia: Amamos você.
Rafael: Estou vendo.
A minha cabeça está a mil, mas de fato não posso negar que realmente estou acabando aos poucos com a minha empresa.
obviamente não será um noivado de verdade, obviamente não vamos ter uma vida de "noivos" Comtinuarei ficando com quem eu quiser e obviamente, vez ou outra, sim, sairá notícias de que eu fui visto com alguma mulher.
Agora, tudo oque eu mais quero é distrair a minha cabeça e nada melhor do que chamá-la.
Mensagens on
Rafa: Pode encerrar o seu expediente aí. Te espero no apartamento.
Maria Clara: Ok...
Rafael: Não demore.
Mensagens off
Maria Clara é a minha secretária, trabalha comigo já tem pouco mais de um ano e meio. Ela é linda, elegante, educada e serena. É um pouco fechada, não fala muito da sua vida e não pergunta muito da minha vida, gosto disso. Maria Clara é a única mulher que fico com frequência. Se eu for visto com a mesma mulher mais de duas vezes, já acham que ela será a futura Srª Castellani.
Houve um tempo em que eu fiquei com uma pessoa. Nada muito sério. Fiquei com ela uns quinze dias e a querida já foi no meu escritório, se identificou para a Maria Clara como minha namorada e quando chegou a noite que eu mandei que ela fosse para o meu apartamento disse que não seria a minha válvula de escape, perguntei o poruqe ela estava falando isso e logo respondeu que já havia conhecido a minha namorada e que não ficaria comigo namorando. Chegou a ser engraçado.
Maria Clara não é uma pessoa que eu brincaria, de tipo, ser uma única noite e pronto. Óbvio que tudo que rola entre nós é apenas sexo, mas vendo o quão reservada ela é, jamais eu abriria isso a público, sem contar que, se ela fosse vista mais de uma vez comigo, já iria deduzir coisas. Gosto de tê-la como a minha terapia sexual.
Não conversamos muito, apenas fazemos oque temos que fazer, jantamos em silêncio e depois mando ela para casa. Isso rola a quase um ano e meio, está bom assim para os dois lados.
Medico: Você realmente precisa acertar as contas aqui, Clara.
Clara: Eu sei. Você ja segurou uma barra aqui por mim. Eu... Eu Prometo que acerto amanhã... Pela manhã eu passo aqui.
Médico: Não sei mais oque vou falar...
Clara: Eu prometo.
Medico: Vai lá. Aqui está a receita dos remédios dela. Veja se tem alguns aqui como amostra até que você consiga comprar todos.
Clara: Obrigado.
Medico: Tchau, manuzinha.
Manuela apenas faz tchau com uma das mãos.
Muitas coisas aconteceram depois daquele dia. Aquele bendito dia.
Eu poderia ser vingativa, eu poderia ser fácil, ser vulgar. Eu poderia aceitar todos os dinheiros que ele me oferecia por tanto tempo para que eu nao explanadse oque tinhamos... Se eu tivesse aceito, hoje estaria pagando o plano de saúde da MINHA filha para que ela possa prosseguir com o seu tratamento em paz.
Voltar ao passado, voltar aquele lugar, só me trazeria muito mais mágoa no coração. A única explicação que eu tenho para tudo é: "talvez em outra vida eu tenha sido uma desgracada"
Manu: Mamãe... Tá doendo aqui...
Clara: Já vai passar, princesa. Mamãe promete. Falta só um pouquinho, olha.
Manu: Eu quero a minha casinha.
Clara: Eu também quero. Quando acabar aqui, nós iremos para lá e ficaremos na nossa cabaninha. Agora feche esses olhinhos e descansa. Quando você acordar, já estaremos em casa.
Manu: Mesmo?
Clara: Mesmo! Prometo!
Começo a distrair a mente dela até que em fim ela durma.
Tudo isso poderia estar sendo diferente. Obviamente toda mãe gostaria de ter um filho 100% saudável, mas não me importo de minha filha não ter vindo 100% saudável. Ela é perfeita para mim e sempre farei de tudo para que ela tenha o melhor. Quando eu digo que as coisas poderiam ser diferentes, foi tudo por causa daquela maldita segunda e terça-feira.
Tenho a minha filha. Manuela, ela têm três aninhos, logo logo fará quatro e ela é tudo oque eu tenho.
Não posso deixar as coisas confusas e tudo oque eu preciso fazer, ainda que doa, é voltar a minha mente ao passado e lembrar o porquê faço tudo por ela, SOZINHA, digo isso, de voltar a minha mente ao passado, para finalmente, ainda nessa semana voltar aquele lugar.
Já que voltarei a minha mente ao passado, a quatro anos a trás, vamos começar do início.
Me chamo Maria Clara, tenho 25 anos e eu era secretária do Sr Castellani, Rafael Castellai, para ser mais exata.
Tínhamos um caso há algum tempo e para ELE sempre foi isso, apenas um caso. Burra fui eu por ter esperado muito depois de dois malditos dias.
Todas as vezes que terminavamos oque sempre oque íamos fazer naquele maldito apartamento, após todos saírem da empresa (por simplesmente, ninguém poder ver e saber de nós dois) ele sempre dizia que eu já poderia ir, exeto aqueles dois dias. As vezes, raramente dormíamos juntos. Dormir juntos era apenas quando ele bebia demais e pegava no sono primeiro. Eu, Clara, muito iludida, ficava lá e tudo oque ele me perguntava no dia seguinte era por quê eu ainda não tinha ido pra a empresa.
Sempre foi assim, eu sempre fui "subimissa" a ele, sempre aceitei tudo de boa, tudo oque vinha dele. "Maria Clara, te espero aqui" OK! "Maria Clara, pode ir" OK! BURRA, ISSO QUE EU ERA.
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Sou sozinha, não tenho ninguém, agora sim, tenho a minha Manuela. Tenho também uma mãe, a mesma que me colocou para fora de casa com 16 anos de idade por simplesmente ter assumido que o seu marido, meu padrasto, tentava passar a mão em mim. Melhor ter me colocado para fora do que eu ter ficado sobre o mesmo teto e sofrer não sei lá oque.
Meu pai era a pessoa que eu mais amava nesse mundo. Faleceu quando eu tinha 10 anos e foi a minha maior tristeza. Cresci praticamente sozinha. Jhá muito tempoue a minha mãe sabia fazer era se afundar nas bebidas, em drogas e em prostituição. Não, nunca tive uma "referencia materna" Minha mãe, nunca me deixou passar fome, frio, ficar doente sem remédios e essas coisas, mas digo que nunca tive uma referência materna por que nunca vou querer ser como ela. Após ser expulsa de casa então... Apenas rompemos um ciclo que já havia sido rompido há muito tempo. Fim.
Com 16 anos arrumei um trabalho no balcão de uma padaria e fiquei trabalhando lá por dois anos. Lá tinha um quartinho e era lá mesmo que eu vivia. Dois anos depois a dona vendeu a padaria pois estaria mudando de estado e eu tive que sair. Com o dinheiro que fui guardando, consegui dá entrada numa casinha pequena de apenas quatro cômodos (quarto, sala, cozinha e banheiro, com uma pequena varanda) A minha maior preocupação seria em como iria pagar o financiamento, foi então que comecei a procurar emprego. De lá para cá, trabalhei em vários lugares e de diversas coisas, faxineira, cozinheira, baba, balconista, vendedora e até mesmo vendendo coisas na rua. Há cinco anos e meio atrás consegui o trabalho como secretária por saber falar português e havia ficado lá durante um ano e meio, quase dois anos, para ser exata.
Quase três meses após iniciar no trabalho, como secretária, Rafael e eu começamos a ter um caso, eu sabia que ele tinha casos com outras mulheres e sabia que eu também poderia ter casos com outros homens, mas nunca me deu vontade de sair, conhecer pessoas novas, sair com mais alguém. Eu gostava de ficar com ele e para mim, estava bom daquele jeito desde que ele não assumisse um relacionamento serio com ninguém. Obviamente, se ele ficasse seriamente com alguém, não teríamos mais nada. Não sou esse tipo de pessoa, e também não estou dizendo que ele mesmo estando com alguém iria ainda sim querer ficar comigo, são situações diferentes.
Agora, talvez estejam perguntando-se o porquê que aceitava viver dessa forma com o Rafael. Eu não sei exatamente explicar, mas, é como se eu me sentisse amada e protegida. Que caótico, não é mesmo? Ele fazia exato oposto. Antes, não era amoroso, carinhoso, não era amigo, não era romântico, não era nada do que eu queria que ele fosse, mais é como se quando eu estivesse com ele, é como se eu esquecesse de exatamente tudo oque eu era, tudo oque eu vivia e todo o cativeiro que eu me trancava. Por isso, gostava de estar com ele, por isso gostava de ser a "subimissa" dele.
Houve um tempo em que não ficávamos mais juntos. Ele estava num relacionamento mais sério e isso eu já não aceitava. Na verdade, a outra pessoa quem deduziu que estava num relacionamento serio com ele, sem dizer nada, apenas me afastei. Não ficaria nem com ele e nem com qualquer outra pessoa que já esteja num relacionamento sério.
Como eu disse, eu mesma praticamente me criei e me criei com caráter e princípios. Se ele vai entrar num relacionamento mais serio, beleza! Eu jamais seria o bichinho de estimação dele... Quer dizer... eu já sera né, mais em outro sentido. Eu jamais seria a pessoa que ele ou qualquer outro homem usa/usaria para trair a namorada, a noiva a esposa ou sei lá... Isso havia me cansado, demais, não ele, mais sim essa situação em que nós estavamos vivendo. Eu sabia que do apartamento, no momento em que eu ia embora, muita das vezes ele se encontrava com outra pessoa. Tudo oque eu vivia com ele, era alegria momentânea. Depois, tudo oque eu dizia deixar ir embora quando eu estava com ele, contava em dose dupla. TUDO, TUDO ERA MOMENTÂNEO. Muita das vezes, depois de um bom sexo, depois de sair do meu cativeiro, tudo oque eu queria em diversos momentos era deitar no peito dele e demonstrar toda a tristeza que estava invadido a minha mente na em todos aqueles momentos.
Talvez eu devesse, literalmente voltar há quatro anos e descrever, ao menos como foram esses benditos dias que me resultaram em tanta coisas
Uma confusão de sentimentos foi feita... BURRA, ISSO QUE EU FUI.
Há quatro anos atrás.
Mensagens on
Rafa: Pode encerrar o seu expediente aí. Te espero no apartamento.
Maria Clara: Ok...
Rafael: Não demore.
Mensagens off
Eu poderia não ter ido... Não naquele dia, não tão vulnerável.
Rafael: Por que já está vestida?
Clara: Por que eu realmente preciso ir... — Rafael se aproxima de mim, seguda o meu rosto com as duas mãos e olha bem nos meus olhos. — Sr Castellani...
Rafael: Sr Castellani...?
Clara: Eu preciso ir.
Rafael: Vai se encontrar com alguém?
Clara: Não...
Rafael: Maria Clarq, se você se encontrar com alguém...
Clara: Como eu disse, preciso ir.
Rafael fica olhando seriamente para mim sem desviar o olhar um segundo sequer.
Rafael: Esta tudo bem? Seu olhar está distante.
Porra... Porra... Porra...
Clara: Uhum... — Mordo o canto inferior da boca, afim de controlar as benditas lágrimas que estão prestes a se formarem nos meus olhos.
Rafael, ainda olhando para mim... Sai da minha frente, tranca a porta do apartamento e só então diz.
Rafael: Passará a noite aqui.
Clara: Não quero ouvi-lo perguntando pela manhã oque eu ainda faço aqui.
Rafael: Não perguntarei. Vá no closet e pegue algo mais leve para se vestir.
Clara: Rafael...
Rafael: Fala como, Maria Clara.
Clara: Hoje, eu realmente quero ir para minha casa.
Rafael: Você está meio pensativa desde quando chegou. Quer conversar?
Clara: Você gosta que nao falemos coisas das nossas vidas pessoais. Melhor não. Quero ficar sozinha. — assim como sou no mundo, na vida. — Eu estou bem.
Rafael: Fica aqui então. Vou ir...
Clara: ... — ele faz silêncio ao olhar para mim.
Rafael: Não vou deixar você aqui no meu apartamento e ir ficar com outras, Maria Clara. Meu irmão Jheffter vai voltar para Suíça em poucos dias. Vou ir lá.
Clara: Não disse nada.
Rafael: Mais pensou...
Clara: E quem se importa?
Rafael: Pensou?
Clara: Uhum.
Rafael: Eu só não... Esquece. Já vou indo. Qualquer coisa me liga.
Clara: Não precisa ir... A casa é sua.
Rafael: Me conta, por que está assim?
Clara: Por que hoje você estava mais sério que o nornal?
Rafal: Você primeiro.
Clara: Hoje seria o aniversário do meu pai...
Ele fica quieto por alguns segundos...
Rafael: Maria Clara... Eu não sabia que você... que o seu pai... Me senti um desgraçado agora.
— sabem as lágrimas que estavam se formando nos meus olhos? Pois bem, estão quase impossível de segurá-las.
Rafael: Você deve está querendo ir ficar com a sua mãe...
Clara: Não vejo minha mãe a dez anos. Nos falamos apenas quando ela pede dinheiro. Mando o dinheiro e quando pergunto como ela está, ela some... — droga. — Vamos mudar de assunto, por favor.
Rafael: Por que ela expulsou você de casa?
Clara: ... — silêncio.
Rafael: Por que ela expulsou você de casa?
Clara: Minha mãe sempre foi uma pessoa difícil, separou do meu pai quando eu ainda era pequena. Meu pai, vendo como ela me criava, me tomou dela, para irritar ele, ela exigia que eu ficasse com ela todos os finais de semana, caso contrário, me pegaria de volta. Eu com medo de voltar a morar com ela, dizia que queria ir nos finais de semana. Minha mãe sempre dizia que se eu contasse como era, iria me pegar de volta. Ela não gostava de ficar comigo, só fazia isso para irria o papai.
Rafael: Acontecia alguam coisa lá?
Clara: Muitas coisas.
Rafael: Com você?
Clara: Algumas vezes... Minha mãe nunca teve uma casa, sempre que eu ia para lá, ficávamos na casa do cara da vez. Ela não era louca, nunca deixou que fizessem nada comigo, nem tão pouco que tocassem em mim... Não era louca...
Rafael: Então já tentaram?
Clara: Uhum... Depois de alguns anos ela desistiu de implicar com o meu pai e então não nos víamos muito. Pouco tempo depois de eu completar 10 anos, meu pai veio a óbito. Infarto fulminante... É difícil falar essa parte.
Rafael:... — ele apenas fica em silêncio sem desviar o seu olhar do meu.
Clara: Eu estava na escola quando deram a notícia... — Limpo as primeiras lágrimas. — Não quero falar disso...
Rafael: Não precisa. — ele passa a mão nas minhas costas. — Pula essa parte.
Clara: Me fechei para o mundo. Ninguém encontrava a minha mãe, ela não sabia do ocorrido. Fiquei com a vizinha durante uns meses até conseguirem localizá-la. Ela estava morando numa casa, junto com o homem, hoje em dia, o meu padrasto. Passei a morar com ela e foram os seis naos mais dificeis que passei. Tudo resumia-se em prostituição, bebidas, drogas... Eu odiava estar lá. Certo dia, ele tentou passar a mão no mei corpo, eu não deixei e contei imediatamente para a minha mãe, ele tinha ela na palma das mãos, no entanto, nunca acreditava em mim. Houve a primeira, houve a segunda, houve a terceira...
Rafael: Ele...
Clara: Ele nunca conseguiu, se é oque você está pensando. Todas as vezes quando ele tentava, havia confusão. Eu gritava, ele gritava, minha mãe gritava... e me batia. Até que ela cansou disso tudo.
Rafael: Até quem fim né.
Clara: Sim...
Rafael: O que ela fez com ele?
Clara: Pediu desculpas pelo transtorno que eu estava causando e me colocou para fora de casa.
Rafael: Não...
Clara: Uhum... Agora já deu. Já estou melhor, já posso ir.
Rafael: Não. E depois disso?
Clara: Já está sabendo muito sobre a minha vida pessoal.
Rafael: Venha comigo.
Rafael levanta do sofá, estende uma das mãos para mim, e logo me puxa para uma parte da casa, o terraço.
Clara: Que lugar lindo.
Rafael: A minha parte favorita. Amo a paisagem com todas essas luzes que os prédios fazem quando chega o anoitecer. Ainda sim, Maria Clara, continua contando.
Clara: Não tem mais oque contar. Comecei a me virar sozinha. Me fechei completamente. Me vi sozinha no mundo. Comecei a trabalhar numa padaria, onde eu dormia lá, depois em balcão de lojas... diversos lugares, até mesmo vendendo coisas na rua... Eu precisava pagar algum curso e conseguir um trabalho fixo. Valeu a pena, hoje estou na empresa.
Rafael: Se reergueu depois que veio trabalhar comigo?
Clara: Sim e não... Quando eu dormia na padaria, juntava todo o dinheiro que eu ganhava. Depois que tive que sair, dei entrada na casinha que moro hoje, para pagar o financiamento que tive que fazer de tudo e um pouco, foi aí que trabalhei muito.
Rafael: Nunca teve um relacionamento serio?
Clara: Já estamos indo longe demais com essa conversa, não acha?
Rafael: Me deixou curioso ao seu respeito. Nunca teve?
Clara: Vai responder as minhas perguntas?
Rafael: Humm... Talvez.
Clara: Então, essa resposta não...
Rafael: repondo todas.
Clara: Tudo isso para saber se eu já namorei?
Rafael: Pra você ver como me deixou curioso.
Clara: Não...
Rafael: Toda vida, sempre ficou de casinhos?
Clara: Não...
Rafael: Ué... Não entendi.
Clara: Nunca tive casinhos com ninguém, nunca namorei ninguém...
Rafael: Então...
Clara: Uhum. — faço que sim com a cabeça já respondendo a pergunta antes mesmo que ele faça.
Rafael: Porra, Maria Clara! Tá falando sério?
Clara: Não precisa reagir assim, foi bom. Pelo menos foi com você, não foi com nenhum dos antigos caras da minha mãe e nem com o meu padrasto... Foi bom, eu juro.
Rafael fica me encarando por longos minutos, ele fica em silêncio, eu fico em silêncio. Nossos rostos vão se aproximando e tenho quase certeza de que um beijo romântico está prestes a começar...
Laura: Continuando... — Não vou deixar um beijo romântico acontecer, sei que amanhã essa noite já não irá significar mais nada. — Eu trabalhava numa loja como atendente, durante o dia, durante a noite eu saia na rua para vender doces. Consegui juntar mais um pouco de dinheiro e fiz dois cursos... Básico de administração e de idioma, o português. Logo, quando eu terminei, meu antigo professor de português falou comigo sobre a vaga na Castellani... Tentei sem esperança nenhuma e consegui.
Rafael: Seu professor? — pergunta arqueando uma das sobrancelhas. — De todos os alunos, ele foi falar justo com você? Seu professor? Isso é antiético...
Clara: O que temos também é antiético... Eu sabia que ele queria alguma coisa.
Rafael: O seu professor? Alguma coisa com você?
Clara: Sim. Ele nunca deixou claro, mais já me chamou para sair, me oferecia carona diversas vezes sempre dizia que tinha uma coisa para falar comigo, me dava aulas particulares sem me cobrar nada, eu sabia que...
Rafael: Já ficaram?
Clara: Sério?
Rafael: Já ficaram, Maria Clara?
Clara: Eu já disse que nunca fiquei com ninguém a não ser você...
Rafael: Já saíram juntos, foram comer juntos alguma vez...
Clara: Ah, isso sim. Foi a minha primeira e nunca experiência saindo como "casal" jantamos no Boley, eu sempre disse que queria muito conhecer lá e foi lá que ele me levou a primeira vez. Ele é incrível e se eu não fosse tão patética, acredito que daríamos certo.
Rafael sai do meu lado e senta-se na poltrona que tem no terraço.
Rafael: Deveria ter ficado com ele, não acha? Ter um cara romântico é muito melhor do que ter apenas sexo.
Clara: Hum... Não precisa ficar assim... Você me deu oque ele não me deu, sexo. Ele me deu oque você não é e nunca será capaz de me dar...
Rafael: O que eu nunca serei capaz de te dar?
Clara: Minha vez de te fazer perguntas. Não vou fazer uma pergunta, quero que conte da sua vida.
Rafael: E só digitar o meu nome na Internet.
Clara: Quero ouvir de você.
Rafael: Então, sente-se aqui do meu lado. — bate no pouco espaço que a na poltrona.
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