Álvaro Monteiro
Sempre fui muito prestativo e todo o meu apoio me tornou presidente da empresa mais lucrativa do México. No entanto, o telefonema do meu pai me obrigou a deixar o meu cargo e retornar para o meu país para me tornar seu sucessor.
Além de aprender o idioma que é muito interessante, eu conheci muitas pessoas que vou levar no coração. Entendo que não será fácil encontrar o meu irmão e até penso que será bom evitá-lo, mas isso será apenas uma pedra no meu caminho.
Eduardo e eu nunca nos damos bem e agora que não preciso mais conviver com a sua negatividade, eu não preciso tolerar nenhum comportamento que não aprovo e mais, eu não preciso abaixar a cabeça pelo simples fato dele ser o mais velho.
E não, meu desentendimento com Eduardo não nasceu através de uma rixa entre irmãos pequenos, mas sim, maiores. Brigamos pelo mesmo homem e eu ganhei, foi aí que tudo se iniciou.
Depois exatamente tudo que rolou entre nós foi culpa dos dois. Diferente de Eduardo, eu admito quando estou errado e eu errei ao pegar todas as oportunidades que nosso pai me dava ao invés de pedir para que ele fizesse o mesmo com Eduardo, sinto por isso.
Tentei resolver as nossas diferenças, mas ele mandou se afastar. Penso que talvez ele esteja tentando reconquistar o amor do homem que amava e assim, precisa de mim longe e acho que ele está certo.
Se ao menos ele soubesse que estou casado e muito apaixonado deixaria qualquer briga para trás, no passado, onde eu tentei fazer por muitos anos, mas sinto que não consigo sem ele.
Outra pessoa que não deve ficar muito contente com o meu retorno é a minha mãe que diferente do meu pai, não finge gostar de mim por conta do meu QI.
Leonor sempre achou muito terrível a preferência do meu pai por mim e por isso, deixava Eduardo pensar que era o único filho que importava para Ela, mas a verdade é que ela sempre gostou mais da minha irmã Juliana, a normal da casa.
E quem dera, ela é mulher cis e casou com um homem multimilionário que deu para os meus pais três netos. Enquanto os outros três não são como ela desejou.
Ricardo, meu terceiro e mais novo irmão é um homem complicado de entender. Ele gosta de música e trabalha com isso, mas suas decisões amorosas já colocaram ele na prisão por um longo tempo.
Depois do meu Pai, Ricardo é o único capaz de conseguir juntar todos os irmãos em um lugar só e isso me deixa orgulhoso dele, ninguém conseguiu tal feito como esses dois e isso só me faz acreditar que o verdadeiro sucessor de Alberto é o filho que ele menos liga.
—
Encontro-me no quarto terminando de escrever em meu diário, mas sinto que não estou sozinho. Depois de me levantar da cadeira e me virar, encontrei meu marido, vestido com seu pijama.
Santiago: Ainda está escrevendo nesse diário? — Ele se aproximou e colocou sua mão em meu braço esquerdo. — Não gosto de me intrometer, mas você realmente acha que sua família merece mesmo que você deixe uma vida que conquistou no México para retornar ao mesmo ambiente tóxico de sempre?
Álvaro: Amor, mesmo eles não sendo uma boa família, eu preciso voltar porque o meu chefe é o meu pai e ele me tirou do cargo que tinha no México para fazer o que ele deseja no nosso país de origem.
Santiago: Espero que você não enlouqueça como da última vez.
Álvaro: Por isso que você vai comigo. Percebendo que estou a um passo da loucura, você tem passe livre para me resgatar daquele covil de cobras.
E com essas palavras, Santiago solta um sorriso seguido de um tapa que ele me deu em meu braço, mas depois segurou nas minhas bochechas com força para beijar os meus lábios, um beijo ótimo.
Jogo o meu diário dentro de uma mala e termino de arrumar tudo que vou levar comigo e assim, percebo o quanto Santiago me ama porque ele largou tudo uma vez para me seguir e agora ele está fazendo exatamente a mesma coisa.
Essas atitudes deixam meu peito cheio e minhas calças um tanto preenchidas por conta de eu achar sexy quando meu marido está sendo bondoso comigo.
Isso me lembra que preciso ser mais presente em nosso quarto, tenho sido muito o ceo da empresa e menos o marido que dá no coro a noite e na última vez que isso aconteceu em minha família, meu tio acabou divorciado.
Termino de fazer o que falta e vou para o andar de baixo. Santiago se encontra na porta com outras cinco malas e um livro de romance que deve ler no avião.
Santiago: Que bom que você não demorou. Vamos que não podemos nos atrasar se quiser trocar de país.
Álvaro: E como eu quero!
Um último beijo dou em meu esposo na porta e em seguida entramos no táxi para ir direto para o aeroporto.
Santiago: Vou chorar no aeroporto.
Álvaro: Se você quiser…
Santiago: Não! Eu sigo você aonde for, somos casados e temos que sempre estar juntos. Assim deve ser!
Essas palavras me levam ao dia do meu casamento e como chorei quando peguei meu esposo no colo e o tomei como meu.
Meu celular toca e eu me vejo surpreso com o nome que está na tela. Quer dizer, eu tenho contato com Germano, mas não a ponto dele me ligar assim do nada.
Santiago: Não vai atender?
Álvaro: Não.
Santiago: Porquê?! Quem é?
Álvaro: Não importa.
Santiago pega o meu celular e fica em silêncio com a constatação de quem é, mas ao invés de eu ter a melhor atitude que toda pessoa precisa ter, eu tomo a decisão de pegar meu celular de volta e o guardar no meu bolso, onde ele não iria poder pegar o aparelho novamente.
Santiago: Vejo que esse vagabundo ainda pode lhe transformar em um canalha.
Eu sei que devo consertar a besteira que cometi no táxi, mas não fiz no aeroporto e nem no avião. No entanto, sinto que preciso fazer agora que muitas horas se passaram e nós estamos no Brasil e vamos encontrar nossos familiares.
Álvaro: Deixe que eu cuido com as malas e se você puder, me deixe se desculpar pela forma que agir no táxi. Eu não devia ter agido daquela forma com você e eu realmente sinto muito por isso amor.
O meu celular volta a tocar e eu torço para não ser o Germano novamente. Até porque o meu esposo pega o aparelho de dentro do meu bolso para que assim seja o meu pedido desculpar aceitos, acho.
📲 Santiago: Oi, aqui é o marido do Álvaro e o que você quiser falar com ele, pode falar para mim que vou passar o recado como se fosse você mesmo proferindo ele. Então use o meu ouvido para derramar suas palavras querido ouvinte.
Ninguém precisa descrever o tanto de vergonha que sinto nesse momento porque está bem na cara de quem assiste.
Santiago: Ele disse que depois ligava para você, como se eu não pudesse ouvir o que ele iria encher seus ouvidos. Pergunto-me se essas palavras já não foram ditas e eu que estou de idiota na história que antes era sua e dele.
Santiago nunca foi uma pessoa ciumenta, mas vejo agora que o Brasil pode transformar as pessoas e bem rápido.
Álvaro: Santiago, eu não sei do que você está falando. Eu nunca nem recebi a ligação do Germano, conversávamos às vezes por mensagem, está aí! Veja.
Santiago não confiando na minha palavra vai justamente ver meu celular de uma ponta a outra e só pára quando um carro enorme aparece atrás de nós. Meu pai tem dessas quando quer praticidade.
Entramos no automóvel e logo recebo a chamada dele, só assim que meu marido deixa o aparelho e o ciúmes. Na ligação, ele deixa bem claro todos os seus planos para mim e fica ainda mais esclarecido que ele quer que eu seja seu sucessor.
Álvaro: Logo chegarei e nós conversamos melhor. Precisamos ver isso com calma.
E essas foram minhas últimas palavras a viagem toda, ele não quis conversar e toda vez que eu tentava tocá-lo ou até mesmo iniciar uma conversa, ele se virava e ficava com a cara no vidro. Ao chegar, ele saiu primeiro e cumprimentou Eduardo com um abraço.
Eduardo: Quem diria que o filho preferido do meu pai fosse realmente voltar para seio familiar um dia.
Saio do carro e me aproximo dele, mas ao invés de um abraço, dou-lhe duros tapas nos braços, comprimento que ele usava comigo quando me dava ser forte como ele ou até mesmo como o Ricardo.
Álvaro: E todos os outros?
Meu velho então apareceu com Germano ao seu lado. Logo tento tirar meus olhos de cima do homem que um dia amei e os voltei para o meu esposo que está de muita liberdade com o meu irmão.
Alberto: Filho! Que bom lhe ver de novo.
Corro para ele e o abraço e olho meio de cima procurando a minha mãe.
Germano: Álvaro, que bom vê-lo. — o seu sorriso leva-me ao passado por agora.
Respondo apenas com um sorriso curto antes que volto para perto de Santiago que por sua vez me encara com um semblante sério, como se quisesse ler a minha mente ou até mesmo me acusar de adultério sem eu mesmo merecer.
Álvaro: Meu marido e eu viemos assim que recebemos sua mensagem, meu pai.
Santiago: Sim! Trocar um país pelo outro pareceu ser uma boa ideia.
A ironia do meu esposo parece ser percebida até pelos cães de guarda, mas eu até sei como concertar esse momento.
Álvaro: Santiago é comediante.
Eduardo: Não os do bom.
O comentário do meu irmão me deixa ofendido pelo meu esposo. No entanto, eu vou passar por cima e entrar para dentro com ele e procurar ignorar o máximo esse homem que não parece ter o mesmo sangue que o meu para se comportar como meu maior inimigo.
A Mansão está com a mesma cara de anos atrás e eu acho que eu sei quem é o culpado ou melhor, a culpada. Minha mãe nunca gostou de mudanças e meu velho era preconceituoso demais para se importar com a decoração de sua casa.
Alberto: Maria, avise a Leonor da presença de Álvaro na casa. Venha, meninos! Eu quero oferecer a vocês um bom copo de uísque.
Santiago: Obrigado senhor, mas vou ter que passar esse convite para beber. Estou cansado e precisando me encostar.
Álvaro: Eu lhe acompanho.
Santiago aceita que eu o acompanho só para me atentar nos braços no andar de cima. Ele costuma me empurrar e me dá beliscões quando acha que faço algo errado e isso eu realmente não merecia.
Santiago: Você precisa mostrar o meu lugar para o seu amor do passado.
Álvaro: Por isso o beliscão? Amor, você não precisa ter ciúmes, eu te amo.
Santiago: Não diga!
O meu quarto continua o mesmo e é nele que deixo o meu esposo e deixo descontinuado a nossa conversa e acho melhor assim porque eu não costumo lidar bem com a ironia dele, ainda mais quando ela é usada contra mim que não faço nada de amá-lo todos os dias.
No meio do corredor, encontro Germano que parecia está vindo atrás de mim porque assim que me vê solta o mesmo sorriso que me trouxe problemas com o meu amado, mas malcriado marido.
Germano: Aí está você de novo.
Álvaro: Como você está? Mas espera… você pode me dizer primeiro o que lhe trás essa casa? Eu achei que com o nosso término, você não teria contato com eles.
Germano está marcando nas calças?!
Germano: Eu estou muito envolvido nos negócios do seu pau e é isso que me trás quase todos os dias na casa dele, mas você tem razão. Eu não tinha envolvimento antes, mas aqui estou eu.
Germano não percebeu que eu percebi o tamanho marcado em seu jeans e é melhor assim porque meus olhos iriam mostrar que eu estava gostando daquilo que eu estava vendo e não, isso não me torna infiel ao Santiago. Vejo isso como um porno que não interfere em meu casamento que está muito bem.
Álvaro: Que achei estranho quando lhe vi por aqui, achei. No entanto, eu não tenho nada contra você e acredito que você não tenha ressentimentos para comigo.
Eduardo nos encontra nas escadas e o clima volta a ficar estranho e de novo encontro o passado, onde nossa rivalidade começou com toda a força.
Eduardo: Estávamos guardando a garrafa de uísque. Vocês não descem e eu acredito que um ménage não era o que estava acontecendo nos corredores.
Álvaro: Eu exijo que você me respeite. Sou um homem muito bem casado.
Germano: E eu não gosto de dividir.
Tento me separar dessa interação, mas um resmungo de Eduardo me faz voltar ao ponto em que eu estava antes de descer todas as escadas.
Álvaro: O que resmungou aí?
Eduardo: Que você pagará por ter roubado o homem que eu amava. Acha que eu iria gostar de saber que você vai se tornar o sucessor do nosso pai? Só aceitei porque os negócios, ah! Verás.
Busco o meu velho para que ele revele o que Eduardo está dizendo e obviamente que estou excessivamente alterado, me agarrando à uma resposta que vai desmentir o meu irmão, mas no pouco que lembro, o meu pai não era honesto.
Alberto se encontra com um de seus amigos no sofá, me aproximo e sinalizo que preciso que ele me siga e com ele entendendo, eu o levo para o escritório.
Alberto: O quê está havendo com você?
Álvaro: Eu que pergunto a você porque Eduardo acabou de insinuar coisas não tão boas envolvendo os seus negócios.
Disse essas palavras depois de fechar a porta e me guiar para trás da mesa, onde coloquei minhas duas mãos, batendo.
Alberto: Eduardo tem uma língua muito comprida, mas ele tem razão. Os negócios que tenho são questionáveis.
Álvaro: Questionáveis por quem?
Alberto: Filho, você deve lembrar de quem foi o seu avô antes de se tornar no governador daquele estado no México.
Álvaro: Perdão, mas o que tem ele?
Alberto: Ele me colocou no comando.
Álvaro: Comando? Do que está falando?
Alberto: Estou falando que seu avô me deixou um negócio cheio de crime para lidar e eu honestamente não queria que você herdasse uma merda como essa, mas eu não posso simplesmente sair disso, eles não iriam deixar.
Álvaro: Eles quem?
Alberto: Eles se chamam de A Família.
Alberto se aproxima, mas não diretamente a mim e sim, para abrir uma gaveta que de lá tira uma pasta e que a joga na mesa para que eu a verifique.
Álvaro: E isso?
Alberto: Todos os movimentos disso.
Pego a pasta e a abro, passo página por página e o que eu vejo é muitas transferências e nomes de pessoas que estão marcadas com uma caneta preta.
Álvaro: O que é esses nomes marcados com uma caneta preta?
Alberto: Pessoas que foram marcadas pela família.
Álvaro: Meu Deus! Temos que levar isso à polícia agora mesmo.
Alberto: Não se quiser continuar vivo.
Álvaro: Eles te têm ameaçado?
Alberto: Nos tem… nas mãos.
Álvaro: Espera, então é como os magnatas do crime?
Alberto: Duas vezes pior.
Álvaro: Pai! Como isso tudo aconteceu?
Meu velho está me deixando vermelho de tanto nervoso e na real, sinto que vou ter um infarto de tanta coisa ruim que vejo.
Alberto: Eu já disse! Seu avô me deixou uma família inteira de criminosos.
Álvaro: Isso, eu ouvi. Agora o que levou ele a ter contato com essas pessoas?
Alberto: Se ele ao menos tivesse me dito quando me deixou no controle.
Álvaro: Não, isso é muito louco. Preciso de um tempo disso e de você.
Saio do escritório e vou para o meu quarto. Santiago está sentado na cama, passando um creme em sua perna e eu não quero me abrir com ele, não sobre isso e não agora que as coisas não estão muito boas entre nós dois.
Santiago: Decidi dormir cedo.
Álvaro: Por conta do que aconteceu? Amor porque você não deixa de besteira e fique comigo, preciso de algo bom essa noite e é contigo que vou encontrar.
Santiago me vê se aproximando da cama e se cobre com a coberta.
Santiago: Não mesmo.
Então me deito no meu lado da cama e coloco o travesseiro para apoiar minhas costas e apenas um pé na cama.
Santiago: Não vai tirar o sapato?
Álvaro: Não com você bravo comigo.
Santiago: Ótimo! Um pé só para bater.
O meu celular toca e eu tenho até receio de me levantar para ver quem chama.
Santiago: Seu amante deve estar querendo que você o visite no quarto.
Levanto e pego meu aparelho de dentro do meu casaco.
Álvaro: Olha, é a minha mãe.
Tento mostrar o aparelho, mas ele vira o rosto e eu a esse ponto não sinto vontade em insistir no assunto. Saio do quarto e até posso ouvi-lo resmungando alguns xingamentos, uns bem feios.
📲 Álvaro: Diga, Leonor.
📲 Leonor: Eu até poderia brigar com você por não me chamar de mãe, mas tenho um assunto muito mais importante para tratar com você e como estou em uma reunião de negócios, vou pedir que me encontre na empresa daqui uma hora e se você tiver esquecido o caminho, pode pedir para Eduardo lhe trazer.
Ela nem diz nada que uma mãe de verdade diria depois de falar com o filho que a anos não vê pessoalmente.
📲 Álvaro: Eu lembro muito bem onde fica a empresa, não tive nenhum problema que me roubasse a memória.
📲 Leonor: Ótimo! Venha logo então.
Desligando o aparelho, eu busco um jeito de avisar a Santiago que vou sair, mas eu tenho quase certeza que ele vai pensar besteiras ao meu respeito e isso, eu estou dispensando. Por isso, sair sem avisar.
No portão, encontro Germano esperando por um dos motoristas e isso me faz pensar ou que o destino está nos juntando ou que ele tem me observado tempo o bastante nesse meu retorno.
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