NovelToon NovelToon

Pequenas Histórias

Venha ver o pôr-do-sol

Ela vinha subindo a ladeira tortuosa, com plenitude, avistou ele e apressou o passo
Ele à esperava encostado em uma árvore, com uma blusa de gola alta e mangas longas
Geovanni
Geovanni
Minha querida…!
Ela o encarou seriamente e olhou para seus próprios sapatos
S/n
S/n
Só você para inventar um encontro em um lugar assim, olhe só que lamaceira, tive que vir sozinha pois o carro nunca iria subir até aqui!
Geovanni
Geovanni
Não imaginei que você viria tal deslumbrante assim
Ele sorriu entre malicioso e ingênuo
S/n
S/n
Foi para me dizer isto que me chamou aqui?
Geovanni
Geovanni
Há querida…
Ele a puxa pelo braço e a agarra
Geovanni
Geovanni
Eu precisava te ver novamente
Ele aproxima seu rosto lentamente
Geovanni
Geovanni
Eu precisava sentir esse perfume de novo, sentir seu toque e te tocar, fiz mal?
S/n
S/n
Poderia escolher outro lugar, não?!
Ele se voltou para a entrada do cemitério
Geovanni
Geovanni
Nem os fantasmas restaram querida, não tem o que temer
S/n
S/n
Geovanni e suas ideias, e agora qual será o programa?
Geovanni
Geovanni
Me acompanhe e te mostrarei o mais belo pôr-do-sol que você verá em suas vida
Novamente ele faz aquele olhar indecifrável
Ela enverga a cabeça para trás e sorri
S/n
S/n
Ver o pôr-do-sol!... Ali? Meu Deus... Fabuloso, fabuloso!... Me implora um último encontro, me atormenta dias seguidos, me faz vir de longe para esta buraqueira, só mais uma vez, só mais uma! E para quê? Para ver o pôr-do-sol num cemitério...!?
Ele ri também, parecendo um menino novamente
Geovanni
Geovanni
Minha querida, não faça assim, você sabe que eu queria mesmo era te levar para meu apartamento, mas estou de mudança e está tudo uma bagunça
S/n
S/n
E você acha que eu iria?
Ele sorri sarcasticamente
Geovanni
Geovanni
Sei que não iria
Geovanni
Geovanni
Só estou dizendo isso por que seria um lugar melhor para se encontrar
Ele diz enquanto se aproxima e acaricia lentamente seu rosto com as pontas dos dedos
Ele fica sério e inúmeras ruguinhas aparecem em seu rosto trazendo assim um ar astuto
Não era tão jovem quanto aparentava nesse instante, mas bastou sorrir para voltar com seu rosto jovinal
Geovanni
Geovanni
Vamos entrar?!
Ela se solta olhando para os lados
S/n
S/n
Isso é perigosíssimo, vamos entrar de uma vez, ele é ciumentissímo
Geovanni
Geovanni
Marquei nesse lugar exatamente por isso, nenhum amigo seu ou amigo do amigo dele vai saber que estivemos aqui
Seu rosto astuto volta a dominar sua face
S/n
S/n
Isso é muito perigoso e não irá se repetir vamos entrar logo
O mato rasteiro dominava com intensidade o local, não bastava tomar todo o chão ele já chegava a cobrir as sepulturas
Eles adentram vagarosamente o local, se escuta apenas seus passos ecoando na imensidão do cemitério abandonado
S/n
S/n
Que miséria está esse lugar, chega a dar dó em pensar que existem pessoas enterradas aqui
Geovanni
Geovanni
Meu anjo, veja essa tarde, miserável por que?
S/n
S/n
Não gosto de cemitério ainda mais abandonado
Ele beijou-lhe a mão
Geovanni
Geovanni
Você prometeu um fim de tarde a seu escravo…
S/n
S/n
Fiz mal!
S/n
S/n
Não deveria ter vindo, não se repetirá mas
Geovanni
Geovanni
Ele é tão rico assim?!
S/n
S/n
Riquíssimo, irá me levar a uma viagem essa semana
Geovanni
Geovanni
Garanta que ele nunca te mostrará um pôr-do-sol tão belo quanto o que eu te mostrarei
S/n
S/n
Ok, ok, vamos logo com isso
Ela se aconchega nele e boceja
Geovanni
Geovanni
Só mais alguns passos…!
S/n
S/n
Já andamos quilômetros!
Diz olhando para trás
Geovanni
Geovanni
A sua nova vida boa te deixou preguiçosa, que pena
O silêncio paira sobre o cemitério e entre eles
S/n
S/n
Eu gostei de você Geovanni
Geovanni
Geovanni
E eu te amei… e ainda te amo, essa é a diferença
Um pássaro abre voo e solta um grito apavorante, s/n se estremasse
S/n
S/n
Está ficando tarde e esfriou um pouco, vamos voltar!
Geovanni
Geovanni
Já chegamos querida
A neblina cobria todo o local mal dava para ver onde se pisava
Pararam diante de uma capelinha coberta de cima a baixo por cipós e folhas
A estreita portinha rangeu quando Giovanni a abriu. A luz tomou conta do cubículo
Na parede uma lateral, a direita da porta, uma portinhola de ferro dando acesso a uma escada, descendo em caracol para a ca tacumba
S/n
S/n
Meu Deus, você nunca mas visitou esse lugar?!
S/n cobria seu rosto com um lenço
Geovanni
Geovanni
Sei que você gostaria de encontrar tudo limpinho, com flores e água nós vasos, velas, sinais da minha dedicação mas já disse que o que eu mais amo nesse cemitério é isso, esse ar melancólico e essa solidão
S/n se apressou e olhou por entre a portinhola de ferro
S/n
S/n
Está escuro, o que tem lá?
Geovanni
Geovanni
As gavetas e nas gavetas contém minhas raizes, meu povo, pó querida, pó!
Exclamou abrindo a porta e descendo
Ele se aproxima de uma gaveta e a segura mas se detém a puxar
Geovanni
Geovanni
Todos nós acabaremos assim
S/n se detém no topo da escada e se inclina para ver
S/n
S/n
Todas essas gavetas estão cheias?
Geovanni
Geovanni
Cheias? Resta apenas fotos e descrições
S/n cruzou os braços e falou trêmula quase sem voz
S/n
S/n
Vamos, Giovanni, vamos!
Geovanni
Geovanni
Está com medo querida?!
S/n
S/n
É claro que não, só estou com frio! Suba rápido e vamos logo
Ele a ignorou e acendeu um isqueiro próximo a uma das gavetas
Geovanni
Geovanni
Mamãe, lembro-me bem dessa foto, estava envergonhada para tirá-la mas ficou belíssima, é uma pena que tenha sido usada para isto
Geovanni
Geovanni
Venha ver querida
S/n desce as escadas encolhida para não se encostar em nada
S/n
S/n
Está tão escuro aqui
Geovanni
Geovanni
Pegue o isqueiro…
S/n se inclina e coloca a chama perto da foto
S/n
S/n
Está tão desbotada, não consigo ver nada
S/n lê em voz alta a descrição da foto
S/n
S/n
Maria Marietta nascida em em vinte de maio de mil e oitocentos e falecida…
Um vento apaga a chama do isqueiro e s/n fica imóvel por um tempo
S/n
S/n
Essa não poderia ser sua mãe, já faleceu a mais de cem anos! Seu menti…
Um baque metálico decepou-lhe a palavra ao meio, olhava para os lados e estava vazio, no topo da escada por de trás da portinhola, Giovanni a observava com seu olhar de inocência e malícia
S/n
S/n
Você mentiu pra mim, seu cretino! Isso não tem graça Geovanni
Giovanni esperou para que s/n quase tocasse o trinco da portinhola para lhe passar o cadeado
S/n
S/n
O que está fazendo, que brincadeira mais sem graça, sabe que não gosto de brincadeiras assim, abra já isso Geovanni!
O silêncio era interrompido pelo barulho que a portinhola fazia enquanto s/n sacudia e se dependurava nela
Com os olhos cheios de lágrimas ensaiou um sorriso
S/n
S/n
Querido, foi muito engraçado, engraçadíssimo, agora abra, eu tenho que ir
Geovanni já não esboçava nenhuma expressão
S/n
S/n
Chegaaa, você vai me pagar Giovanni, ouviu…
S/n estende os braços por entre as grades tentando alcançar Giovanni
S/n
S/n
Seu desgraçado! Eu te pego, onde está a chave?
Ao avistar a chave nas mãos de Giovanni s/n se amolece sobre as grades
S/n
S/n
não… não, não… Não!
Giovanni se aproxima e beija delicadamente os lábios de s/n
Geovanni
Geovanni
Boa noite meu amor
S/n
S/n
não…!
Guardando a chame no bolso ele retorna pelo mesmo caminho e de repente, o grito medonho, inumano
S/n
S/n
NAAAAAAAAO!!!
Durante sua caminhada até o portão os gritos foram diminuindo e se enfraquecendo

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!