• Ayla •
Balançava a caneta entre os dedos de um lado para o outro. Meus olhos ardiam por conta da luz que refletia da tela do computador.
A sala do escritório estava um pouco movimenta para uma terça-feira.
Estava exausta, mal conseguia prestar atenção no que estava fazendo.
Já era tarde e só precisava ir até o escritório do Sr.Lorenzo.
Na noite anterior havia feito milhares de convites com alianças entrelaçadas no meio do cartão de bordas floridas, com a mesma frase " Alicia e Noah convidam para a celebração de seu casamento".
A sorte de Alicia era ser minha irmã, ao contrário, cobraria em dinheiro meu sono perdido.
Não dava para acreditar que minha irmã mais nova ia se casar, enquanto eu ainda não tinha nem um namorado e mal sabia o que fazer.
Só de pensar que agora ela construiria uma nova família, ou em imagina-lá no vestido de noiva... sentia vontade de chorar.
...
levanto-me da mesa em que trabalho e sigo para o escritório do Sr.Lorenzo, dono da empresa de veículos luxuosos da cidade.
Não era fácil conseguir um emprego ali, mas por indicação de uma amiga foi uma grande ajuda.
Apesar de não gostar muito do que fazia, não tinha do que reclamar, já que me pagavam até bem.
Bato na porta e logo em seguida ouço uma voz, permitindo a entrada.
Precisava pedir a licença para ir ao casamento o quanto antes, de maneira alguma poderia perder esse momento especial.
- Bom dia. - falo assim que entro.
Olho ao redor e vejo apenas dois homens que raramente apareciam na empresa, o que cogitava serem filhos do Sr.Lorenzo.
Eles pareciam aqueles tipos de cara que tem uma fama meio babaca entre as mulheres, mas, de boa lábia e bonito o suficiente para fazer com que qualquer uma ignorasse isso.
- O que posso ajudar? - o homem bem vestido de cabelos escuros e maçã do rosto esculpidas em frente ao computador pergunta, sem desviar o olhar da tela.
- Precisava falar com o Sr.Lorenzo.
- No momento ele não está, mas pode falar comigo. - seus olhos saem da tela do computador e me observam, analisando - me.
- Bem, gostaria de pedir licença para um casamento. - digo.
- Se você for a noiva, tudo bem. - um tom de sarcasmo atravessou suas palavras.
- Não, sou madrinha. Será em um final de semana, então, precisava pelo menos a licença numa sexta-feira. - dou o melhor sorriso fechado que poderia, ignorando o que ele havia dito.
Tinha quer educada o suficiente.
- Não vejo nem um problema. - o homem que estava do outro lado da sala, sentando numa das poltronas responde.
Diferente do outro, seus cabelos eram castanhos bem claros e tinha um nariz daqueles perfeito, o tipo que as pessoas pagam muito dinheiro aos cirurgiões plásticos para conseguir, literalmente arrebitado quando chegava a ponta.
Os dois se entreolham e um silêncio constrangedor paira pelo local.
- É...eu volto aqui quando o Sr.Lorenzo estiver. - me viro para sair o mais depressa possível.
- Tudo bem, está liberada. Só avise ao Lorenzo novamente. - o homem de cabelos escuros diz, voltando o olhar para a tela.
Balanço a cabeça em afirmação.
abro a porta e sigo, sentindo minhas costas queimarem com algum olhar.
• Ayla •
O sol estava alto no céu azul-claro, a luz lançava sombras pelas calçadas de concreto enquanto os raios eram interrompidos pelas árvores verdes frondosas.
Para minha sorte, o dia estava lindo e ótimo para viajar.
Suspiro fundo, pegando a mala e a mochila.
O aeroporto era um pouco longe, então precisava andar rápido para não perder o voou.
- Vamos logo Ayla. - ivy grita ao estacionar o carro perto da calçada.
Agora que Ivy tinha carteira de motorista, era bem mais fácil ir aos lugares.
Desde pequena Ivy tinha o sonho em dirigir, até as brincadeiras envolvia carros e motoristas.
Estava feliz pela sua conquista. Era bom saber que nossa amizade de infância e de vizinhas durou até a fase adulta.
- Bem que você poderia ir, não acha ? - falo ao entrar.
- Para minha sorte, vou estar lá somente no dia do casamento. - franzindo o nariz, ela faz uma careta.
Ivy não gostava muito de lugares quentes, ou praias. Talvez por que sempre ficava vermelha o suficiente para trocar de pele.
- Já estou pensando, tanta coisa para organizar. - levo uma das mãos no cabelo. - minha irmã vai casar, a neném da casa.
- Deveria dizer isso no discurso, neném da casa. - ivy sorri. - Aliás, vai ser madrinha não é?
Sinto uma fisgada nas costelas ao ouvir "madrinha ", a madrinha que não tinha acompanhante, que desfecho.
- Vou. - aperto os lábios.
- Ah não Ayla. Ainda sem padrinho? - ela me olha rapidamente.
- É, não posso fazer nada. - do de ombros, tentando parecer indiferente.
Os cantos da boca de ivy se curvam em um leve sorriso, como se estivesse escondendo alguma coisa.
- O que foi? - pergunto.
- O que foi o que ? - ela responde fingindo-se de desentendida.
- Ivy! Te conheço o suficiente pra saber que esta escondendo alguma coisa.
- Fala sério Ayla, não tô escondendo nada. - ela diz. - Acho que você está muito estressada e está imaginando coisa.
Balanço a cabeça, ela tinha razão.
Não demora muito e logo chegamos ao aeroporto.
Me despeço de Ivy e caminho para área de embarque e me sento em uma das cadeiras longarina de espera, o que não demora muito até ouvir os altos - falantes anuciando o meu voou.
Ando as pressas, deixando alguns documentos cairem e voltando para pegá-los.
- Droga! - murmuro, enquanto esbarro em desconhecidos.
Essa era a pior parte em aeroporto, as pessoas ficavam como formigas fora do formigueiro, a multidão muitas vezes atrapalhava o caminho até o avião.
- Aqui. - entrego a passagem ao comissário sorridente.
- Com medo? - ele pergunta, notando minha respiração acelerada.
Eu não costumava viajar de avião e sempre ficava um pouco nervosa em pensar na decolagem e aterrisagem.
- Não, só cansei até a chegar aqui. - dou um sorriso sem graça e entro no avião.
Sento a janela, colocando a mala devidamente no compartimento superior.
Fecho os olhos e respiro fundo, o melhor a fazer agora era colocar os fones no ouvido e tentar dormir, penso enquanto as pessoas se assentam nos seus devidos lugar.
Rapidamente, um senhor de idade se assenta ao meu lado, espremendo - me contra a janela.
- ótimo. - penso.
• Ayla •
Nos cinco minutos seguintes passo analisando os aviões pela janela.
O senhor de cabelos grisalhos ao meu lado, se aconchegava em seu assento, preparado para dormir durante o voo.
- Sejam bem vindos a bordo. Observe o número de seu assento no cartão de embarque. - a comissária de cabelos castanhos bem presos em um coque e maquiagem impecável diz. - Em caso de despressurização, máscaras cairão automaticamente. - completa.
Logo, aquele frio na barriga surge, não sabia ao certo se era por conta do voo ou por que estava cada vez mais perto de casar minha irmã.
- Moça, o seu cinto. - a comissária aponta para mim.
- Ah, claro. - digo, envergonhada por ter esquecido.
Afivelando o cinto, percebo que estava quebrado, já que não segurava ou afivelava.
- Moça, acho que... - a chamo, tentando colocá-lo.
- Não está conseguindo? Deixe eu tentar. - delicadamente, ela pega o cinto, em uma tentativa falha de afivela-lo. - Não é possível que esta quebrado.
Ela balança a cabeça e leva as mãos a cintura, olhando ao redor, provavelmente procurando um assento disponível.
- Você não pode ir sem o cinto de segurança. - seu semblante mostrava preocupação.
- Eu realmente preciso ir...
- Espere só um pouquinho. - ela me interrompe e sai pelo corredor do avião.
Isso não estava acontecendo, suspiro com os olhos fechados, não poderia perder esse voou.
as coisas ultimamente andavam dando muito errado na minha vida, e isso só piorava.
Não demora muito e logo ela aparece no corredor com aqueles scapin preto, que zuava a cada passo.
- Você está com sorte. - a comissária diz, balançando as mãos no ar. - Consegui um assento na primeira classe. - ela fala toda sorridente.
- O quê? - pergunto.
Ela só poderia estar brincando, eu não tinha a condição de ir na primeira classe já que estava indo na econômica.
- Está tudo bem, não precisará pagar nada, já que ocorreu esse imprevisto. - ela explica. - Suas coisas podem ficar aqui, você só precisa ir em outro assento, que tenha segurança.
- Mas...
- Não precisa se preocupar com nada. Todos os assentos dessa classe estão ocupados e consegui um na outra classe. Me acompanhe, por favor. - a comissária sorri e sinaliza com as mãos o caminho.
Com receio, a acompanho, deixando minhas malas e o velhinho.
Ao entra, entendo o porquê de ser primeira classe, deve custar muito dinheiro para ir numa classe assim.
É a melhor classe de aviões disponível, garantindo uma total privacidade, e nível de serviços mais alto e condições exclusivas.
Os assentos são mais largos, mais confortáveis e podem reclinar, ficando como uma cama.
E entre os assentos existe divisões o que parece com janelas, o que dá privacidade aos passageiros.
- Aqui. - ela mostra um assento maravilhoso. Ao lado, alguém dormia com a divisão aberta, dando acesso ao seu assento.
- Muito obrigada. - digo. - Mas tem certeza que...
- Está tudo bem, quando pousarmos, você pode voltar ao seu antigo assento e pegar suas coisas. - ela sorri e sai pelo corredor, me deixando ali.
Sento-me no assento confortável, suspiro por ter conseguido achar um assento, ainda mais aquele assento.
Ao meu lado, um homem deitado no assento reclinado, usava um tapa olho e fones de ouvido.
Seus cabelos eram escuro, e usava um casaco preto.
Ao perceber a minha movimentação, rapidamente o homem se senta tirando o tapa olho revelando um olhar intenso e castanho, seus olhos se abrem me observando com curiosidade.
- Desculpa, não queria incomodar. - falo.
- Já incomodou. - ele diz seco, incomodado por ter sido acordado.
- Desculpa. - repito sem graça.
- Quem é você? - ele pergunta.
- Meu assento teve um problema, então precisei vim para esse. - Explico.
- Deveriam ter me avisado. - ele resmunga.
E aqueles olhos cor de chocolate derretido estavam me observando.
Mesmo que não o encarava , era capaz de dizer que ele era atraente, com um nariz forte e reto e maçãs do rosto esculpidas.
Havia uma sensação de familiaridade, como se já o conhecesse.
- Pelo menos tente não fazer barulho. - ele diz, fechando a divisão que havia entre os assentos.
Não sabia que uma pessoa ficaria tão atraente quando irritada, por ser tirada de seu momento de sono.
Abro a boca para falar , mas em seguida fecho, não tinha que perder meu tempo discutindo. O tanto que ele tinha de bonito era evidente que tinha de idiota.
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