- Júlia!?
Estava coando o café quando escuto o grito dela e acabo me assustando.
Júlia: Caramba…
Me queimo com o café, mas nem tenho tempo de olhar a queimadura na mão.
Júlia: Pois não, dona Marisa.
Marisa: Onde está o meu café?
Júlia: Estou terminando, cinco minutos e já estará tudo na mesa.
Marisa: Então ande logo com isto.
Júlia: Com licença.
Deixo os três na mesa de café da manhã e volto para a cozinha.
Vivo nesse lugar desde que me entendo por gente. Minha mãe infelizmente faleceu no parto e a senhora Marisa resolveu ficar comigo. Cresci, tento um lar, comida e estudo, não posso reclamar… Mas confesso que a minha vida é cansativa, esse trabalho é puxado para mim sozinha.
Sempre gostei do Marcos, ele é filho único da dona Marisa e do seu Paulo, mas ele nunca nem me apresentou para alguém na época que estudávamos juntos, fingia não me conhecer na escola e agora que sou oficialmente a cozinheira/doméstica da casa, o Marcos me trata com menos interesse ainda.
Termino tudo e levo para a mesa. Arrumo cada coisa em seu devido lugar e sirvo o bolo deles. Fico de pé no canto, esperando que a dona Marisa, o senhor Paulo ou o Marcos peçam para servir mais algo. Sempre foi assim, durante todas as refeições eu tenho que ficar esperando eles terminarem e caso queiram mais, vou lá e os sirvo.
Paulo: Marisa…
Ele estava com uma cara estranha.
Marisa: Querido, aconteceu alguma coisa?
Paulo: Esse pão de queijo está horrível.
Ela me olha e eu vou até a mesa.
Júlia: Com licença seu Paulo, eu acabei de preparar, tudo é fresco e feito na hora.
Marisa: Pois experimente o pão.
Pego um pão de queijo e sinto um gosto levemente doce, não estava estragado, eu troquei provavelmente o sal pelo açúcar.
Júlia: Me perdoem, acho que troquei o sal pelo açúcar por engano.
Ela fez aquela cara de sempre. Até se eu pisar numa formiga dentro dessa casa ela se ofende.
Marisa: leve essa porcaria daqui, anda.
Júlia: Me desculpem mais uma vez, com licença…
Marisa: Você pode ficar por lá mesmo.
Pego o prato com os pães e sigo para a cozinha.
Chego na cozinha e já consigo escutar a discussão, aproximo meu ouvido na parede para escutar melhor.
Marisa: Eu já falei Paulo, essa garota é uma sonsa, além de tudo incompetentemente! Eu aturei por 19 anos, não tenho mais condições psicológicas para isso.
Paulo: Marisa, o que ela fez de tão errado assim?
Não escutava a voz do Marcos, mas só o fato de saber que estavam discutindo por culpa minha, me fazia mal.
Pego os pães de queijo e começo a comer, não gosto de jogar comida fora e nem está tão ruim para ir para o lixo, é apenas um capricho dele.
Limpo tudo na cozinha, saio para tirar a mesa e depois limpo os móveis com o espanador.
Fico cantando baixinho para a dona Marisa não escutar e volto na cozinha para pegar os produtos de limpeza no armário, é hora de limpar o chão. Termino o chão e vou para o jardim colher algumas flores.
João: Bom dia, Ju.
Júlia: Bom dia seu João, tem alguma correspondência?
João: Não menina, apenas o jornal do dia e uma revista que trouxe para você.
Júlia: Uma revista para mim?
Pego a revista nas mãos dele.
Júlia: É uma revista de receitas… eu adorei!
João: Eu sabia que iria gostar, a minha mulher tem várias repetidas, ela doou algumas e como sei que você gosta, separei essa para você.
Júlia: Muito obrigada por lembrar de mim seu João, estou muito contente.
João: Por nada menina, tenha um bom dia.
Júlia: Lhe desejo o mesmo!
Ele vai embora com a bicicleta e eu entro com as flores, o jornal e a minha mais nova revista.
Deixo o jornal do seu Paulo com ele no escritório e vou arrumar as flores nos jarros.
Marisa: Ah, você está aqui.
Júlia: Dona Marisa.
Me aproximo dela.
Marisa: Você terminou suas funções?
Júlia: Faltam apenas os quartos e os banheiros.
Marisa: Te dou uma hora para terminar e te espero no quarto de empregados.
Júlia: Uma hora?
Marisa: Está com problema de audição?
Júlia: Não, eu já vou indo.
Subo para o andar dos quartos e agilizo tudo o mais rápido que consigo. Termino em uma hora e alguns minutos, guardo os produtos de limpeza e vou até o quarto de empregados.
Júlia: A senhora já está aqui…
Marisa: Se atrasou.
Júlia: Me desculpe, juro que tentei ser o mais rápida possível e entregar um bom resultado.
Ela balança a cabeça.
Marisa: Júlia, faz um tempo que eu venho pensando em falar com você… a verdade é que você já deve ter percebido isso.
Júlia: Não sei do que a senhora está falando… aconteceu alguma coisa?
Marisa: Arcamos com todas as suas despesas desde que você nasceu, na verdade, desde que a sua mãe chegou aqui na minha casa.
Eu não sabia onde ela queria chegar me dizendo aquelas coisas.
Marisa: Paulo e eu decidimos que já está na hora de você seguir o seu caminho, nós não podemos continuar com você aqui.
Por alguns segundos fiquei sem reação.
Júlia: Dona Marisa, eu fiz alguma coisa que te entristeceu? É devido aos pães de queijo? Me desculpe, eu não vou mais cometer esse erro.
Marisa: Júlia, eu acho que você não entendeu muito bem… Eu quero que você vá embora da minha casa, não lhe devo satisfação de nada.
Júlia: Eu só queria reparar o meu erro…
Marisa: Não querida, a única errada fui eu. Eu aceitei ficar com você quando todos me diziam que eu iria acabar quebrando a cara… E olha só como você está hoje, fazendo as coisas propositalmente para nos atingir.
A essa altura as lágrimas escorriam involuntariamente pelo meu rosto.
Júlia: Se a senhora diz isso pelos pães de queijo, eu não fiz por mal, é que…
Acabei travando.
Marisa: Fale.
Júlia: É que tive uma noite ruim de sono, e como todos os dias tenho que acordar muito cedo para preparar o café da manhã, acabei trocando os ingredientes…
Marisa: “Tenho que acordar muito cedo”… Então quer dizer que estamos atrapalhando o soninho da princesa?
Júlia: O quê? Não, não foi isso que eu quis dizer dona Marisa…
Marisa: Júlia, você tem meia hora para arrumar suas coisas e sair dessa casa.
Ela caminhou até a porta.
Júlia: Dona Marisa, para onde eu vou?
Ela virou para mim novamente.
Marisa: A partir de agora é você sozinha Júlia, e por favor, não volte a nos procurar para pedir nada! Coloque de uma vez por todas na sua cabeça, que você é um fardo que ninguém é obrigado a carregar, se te ajudamos foi por que somos pessoas de bom coração, mas bondade tem limite e o meu chegou.
Ela saiu do quarto e eu fiquei paralisada. Para onde eu iria? Nem conheço essa cidade direito, não tenho amigos e muito menos familiares.
Abro o baú com as poucas roupas que tenho e guardo tudo em uma sacola. Pego a foto da minha mãe com a Lila e guardo com as roupas.
Saio pelos fundos com o coração na mão, não tinha ninguém mais aqui, os funcionários estavam no horário de almoço e eu nem tinha tanta aproximação com eles para me despedir ou pedir ajuda.
Paro em uma rua mais movimentada e sento num banco. Mesmo desamparada, sem ter para onde ir, essa é a primeira vez que me sinto livre, depois que terminei a escola os únicos lugares para onde eu ia era o mercado fazer compras para casa e na farmácia.
João: Júlia, é você?
Abro os meus olhos e me dou conta que acabei adormecendo no banco daquela avenida, já estava escurecendo e o senhor João estava parado na minha frente.
Júlia: Seu João!
...Fotos dos personagens apresentados no capítulo…...
Júlia…
Marisa…
Paulo…
Marcos…
João…
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...Sejam bem-vindos a história da Júlia...
...Espero que gostem!...
João: Menina, o que faz dormindo no meio da rua? Esse local é perigoso, tem assaltos frequentemente.
Júlia: Mas, o que iriam levar de mim seu João?
Ele sentou do meu lado.
João: O que foi menina, por que está no meio da rua? Eu nunca vi você sair daquela casa.
Júlia: A dona Marisa me dispensou, ela pediu para que eu fosse embora e não procurasse mais por eles.
João: Como é? Assim do nada?
Júlia: Não, seu João, não foi do nada… já fizeram muito durante todos esses anos.
João: Olhe menina, a Lila sempre foi a única que realmente cuidou de você naquela casa, aquelas pessoas só fizeram de você a serviçal deles durante todos esses anos.
Júlia: Seu João, eu moro lá desde que saí do hospital, tive acesso à escola, comida, eles realmente fizeram muito por mim, o que eu faço não chega aos pés do que me deram.
Ele balança a cabeça.
Júlia: O que foi seu João?
João: Você é muito inocente, Júlia… eles privaram você do mundo, você viveu esses anos todos para eles, fazendo a comida e arrumando a casa de segunda a domingo.
Júlia: Tudo bem seu João, eu não me importo… talvez o senhor tenha razão, mas o que posso fazer?
João: Pois é filha, mas tenho certeza que irá se restabelecer e conquistar suas coisas aqui fora. Você vai para a casa de algum parente da Lila?
Júlia: Não seu João, eu não conheço nenhum parente da Lila, ela se foi quando eu era muito jovem, o senhor não lembra? Mesmo que ela tenha me contado sobre alguém, eu não me lembro.
Lila era uma antiga funcionária da mansão, quando ela faleceu eu tinha doze anos, e depois da partida dela eu fiquei completamente sem ninguém, as coisas só pioraram.
Eu passei a ser a faxineira da casa e conforme fui crescendo, virei a cozinheira também. Só havia eu de funcionária dentro da casa, os outros três eram dois seguranças e um jardineiro, a parte da limpeza e organização era comigo.
A Lila tinha 60 anos quando faleceu, ela me contava como minha mãe era alegre logo que chegou na casa da dona Marisa para trabalhar. Uns meses depois ela contou que estava grávida e a dona Marisa aceitou ela assim mesmo, já que o meu pai não queria saber dela e ela estava sozinha no mundo.
A gravidez foi tranquila, mas infelizmente ela não resistiu durante a cesariana. Foi aí que a Dona Marisa e o seu Paulo resolveram ficar comigo, por isso sou grata a eles, nem todo mundo tem a mesma sorte que tive.
João: Poxa Júlia, eu quero te ajudar… não posso te deixar sozinha na rua.
Júlia: É sério isso seu João? Olha, eu prometo que ajudo o senhor com o que precisar! Com as cartas, limpo a casa, faço comida.
Levanto e digo tudo de uma vez.
João: Se acalme menina, eu vou ligar para a minha mulher, primeiro tenho que avisar que estamos indo.
Ele pegou o telefone e se afastou um pouco, fiquei observando e ela não parecia ter brigado com ele. Quando ele desligou o telefone eu virei o rosto para que ele não percebesse meu nervosismo.
João: Pronto, podemos ir.
Júlia: Seu João, eu nem sei como posso te agradecer!
Fomos para o ponto de ônibus e logo passou um, ele ainda fez a gentileza de pagar minha passagem.
Quando chegamos na rua dele já era noite, minha barriga roncava de fome e teve um momento que até eu me assustei com o barulho. Só havia comido aqueles pães de queijo pela manhã.
João: Já estamos chegando Júlia.
Balancei a cabeça morta de vergonha.
Quando chegamos, ele bateu na porta e uma mulher muito bonita abriu.
João: Virgínia, essa é Júlia.
Júlia: Olá, boa noite...
Virgínia: Prazer me chamo Virgínia, você é muito bonita Júlia.
Júlia: Você também Virginia, o prazer é todo meu.
Virgínia: Entrem, a minha mãe está terminando o jantar.
Entramos e a Virgínia pede para que eu sente no sofá. Os dois vão para a cozinha e eu fico que nem estátua sentada.
Logo, os dois e uma mulher de mais idade voltam para a sala, ela me olha um pouco desconfiada e eu levanto para cumprimentá-la.
Júlia: Olá, boa noite.
João: Júlia, essa é a minha esposa Glória.
Glória: Olá, Júlia.
Aperto a mão dela.
Júlia: Dona Glória, muito obrigada por ter me aceitado aqui, prometo não atrapalhar e nem passar muito tempo.
Glória: Tudo bem, vamos jantar?
Seguimos para a cozinha e tudo que tinha na mesa era muito apetitoso.
João: Sirva-se Júlia, fique a vontade.
Coloco um pouco de sopa no prato, e em seguida pego algumas torradas.
Júlia: Eu vou comer na sala, deixar vocês sozinhos.
Virgínia: Júlia, mas porque não come aqui com a gente?
Júlia: Eu posso?
Glória: Mais que pergunta besta menina, sente-se.
Sento um pouco sem jeito e jantamos todos juntos. Era bonito de ver a forma amorosa que eles se tratavam, uma verdadeira família.
Depois da janta a Virgínia me chamou para o quarto.
Virgínia: Você pode dormir na minha cama, eu durmo no colchão.
Júlia: Nada disso, deixa que eu durmo no colchão.
Virgínia: Mas você é visita, não custa nada.
Júlia: Não, por favor…
Virgínia: Está bem, mas se quiser trocar é só falar, ainda dá tempo.
Júlia: Não se preocupe com isso Virgínia, se não fosse por vocês eu estaria dormindo era na rua agora.
Ela sorriu de canto.
Virgínia: Vai ficar tudo bem, é só uma fase.
Júlia: Eu também acho Virgínia, é só uma fase…
Ela me deu uma toalha e mostrou onde era o banheiro, fui para o banho e deixei minhas lágrimas todas naquele banheiro, eu odiava a sensação de estar incomodando uma família, a sensação de nunca ter para onde correr nos momentos difíceis… de sempre ser um fardo na vida de todos.
Depois do banho eu saio do banheiro e já vou direto para o colchão, Virgínia já dormia na cama dela e eu fiz o máximo de silêncio para não acordá-la, estava tão cansada que nem vi a noite passar, dormi feito pedra.
...Fotos dos personagens apresentados no capítulo…...
Glória…
Virgínia…
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Acordo cedo como de costume, foram anos acordando de madrugada para preparar o café da manhã impecável antes do seu Paulo e a dona Marisa saírem para trabalhar.
Fico pensando se não seria muito invasivo entrar na cozinha e preparar o café da manhã para a família do seu João, mas prefiro arriscar e deixo uma mesa bem bonita esperando por eles.
A casa estava limpa, mesmo assim fiz o que faltava ser feito e sempre tomando cuidado para não acordar ninguém. Quando estava tudo pronto o seu João e a dona Glória desceram.
Glória: Cheiro de café…
João: Bom dia Júlia.
Júlia: Bom dia seu João, bom dia dona Glória… eu fiz um café da manhã simples, espero que não se incomode por eu usar sua cozinha, mas garanto que deixei tudo limpinho.
Eles se olham.
João: Júlia, eu nem sei o que dizer… Não ficamos incomodados por você usar a cozinha, mas você não precisava ter feito isso menina…
Dona Glória não respondeu nada, apenas foi até a cozinha. Vamos atrás dela e ela estava parada olhando a mesa.
Júlia: Me desculpe dona Glória, eu só queria retribuir a ajuda que me deram de alguma forma.
Ela me olha com um meio sorriso.
Glória: Não estou chateada com você menina, só estava planejando acordar e preparar o café da manhã para você, não encontrar a mesa já pronta.
João: Júlia, sei que é acostumada a fazer isso todos os dias, mas na nossa casa você não precisa fazer isso.
Glória: Isso mesmo, Júlia, você deveria estar dormindo uma hora dessa, eu só vim preparar o café do meu marido e estou voltando para cama.
Rimos.
Júlia: Prometo não fazer mais isso, mas vou deixar claro, eu não sou do tipo de pessoa que aguenta ficar quieta, então enquanto estiver aqui vou ajudar no necessário.
Glória: Tudo bem menina, também tenho que admitir que essa cozinha está muito cheirosa e essa mesa apetitosa, não vou negar sua ajuda.
João: Isso é verdade!
Eles sentam.
Júlia: Eu vou coar esse café e já me junto a vocês.
Enquanto passo o café, Virgínia chega e se junta na mesa. Foi uma manhã totalmente diferente das que eu costumava ter.
Júlia: Dona Glória, com o que a Virgínia trabalha?
Glória: Ela trabalha de doméstica na casa de uma madame, você pensa em ficar na mesma área?
Júlia: É o que sei fazer dona Glória, cozinhar e limpar.
Ela sorriu.
Glória: Ainda bem que você tem um tempo antes de começar a procurar emprego, aproveite para descansar um pouco e guarde o seu dinheiro.
Júlia: Como assim dona Glória? Eu quero conseguir um emprego o mais rápido possível, só não saí hoje porque tenho imunidade baixa e com essa chuva vou acabar pegando uma gripe, mas de amanhã não passa! Se estiver chovendo, a senhora me empresta um guarda-chuva?
Sorri para ela.
Glória: Calma menina, para que tanta pressa? Com os anos de trabalho que tem naquela casa, vai pegar um bom dinheirinho… pode até juntar durante o tempo que passar aqui em casa, despesas na minha casa você não terá.
Eu continuo sem entender.
Júlia: De que dinheiro a senhora tá falando dona Glória? Eu não tinha um trocado para pagar a passagem de ontem… morri de vergonha quando o seu João disse que ia pagar.
Glória: Espera menina, não te pagaram nada? E o tempo trabalhado? Você não fazia duas funções?
Júlia: Todo fim de mês a dona Marisa colocava na ponta do lápis todos os meus gastos com comida, moradia e algumas coisas que eu precisava comprar, como absorventes, óleo para o cabelo…
Glória: Espere um pouco, Júlia, você pagava para trabalhar!? É isso mesmo que estou ouvindo?
Júlia: É que eu morava lá também…
Glória: Era obrigação deles menina! Para de falar como se aquela família prestasse, você não está vendo que te usaram esses anos todos?
Ela fala bem alto.
Júlia: Eu sei que a dona Marisa e o seu Paulo são um pouco difíceis, mas eu devo a minha vida a eles dona Glória, a minha vida…
Ela balança a cabeça e põe a mão na testa.
Glória: Bem que o meu marido disse, você não gira bem menina.
Júlia: Mas é claro que eu giro bem, olha só.
Levanto e dou um giro, ela começa a rir e eu também.
Glória: Júlia, você é muito engraçada.
...Virgínia…...
Saio de casa com o papai e no ponto de ônibus sou surpreendida pelo irmão da minha patroa.
Kaique: Virgínia?
Ainda bem que o meu pai já havia ido, o seu Kaique vive se atirando para mim desde que voltou dos Estados Unidos, pior que ele é bonito e eu não sou boba nem nada para dispensar um pedaço de mal caminho desse.
Virgínia: Senhor Kaique, oi… o senhor por aqui?
Kaique: Pois é, coincidência não? Tô indo para casa, entre aí que eu te levo.
Virgínia: Senhor Kaique, o meu ônibus está vindo e eu não estou atrasada.
Kaique: Com essa chuva você vai dispensar a minha carona?
Ele sorri para mim e eu não resisto.
Virgínia: Tá bom, o senhor me convenceu.
Ele abre a porta do carro e eu entro de pressa.
Virgínia: Obrigada viu, com essa chuva a cidade pode ficar engarrafada.
Kaique: Fica tranquila vi, você é quase da família já.
Ele põe a mão na minha coxa e eu sorrio um pouco trêmula. Seguimos o caminho todo em silêncio, mas por vezes ele me olhava e eu sorria sem jeito.
Kaique: Vi, eu vou ter que passar na empresa para resolver algo urgente, você pode subir a pé? Me desculpe.
Virgínia: Que nada, senhor Kaique, vai lá e resolve o seu problema, me ajudou muito.
Ele sorriu e eu saio do carro.
Ele me deixou na entrada do condomínio, eu teria que andar de qualquer forma se tivesse ido de ônibus.
Virgínia: Bom dia.
Dou bom dia aos porteiros e sigo para a casa da dona Emily.
A dona Emily é irmã mais velha do Kaique e minha patroa, ela vivia apenas com a filha dela (Lua), separou do marido faz quase um ano, e agora o irmão veio morar com elas, mas eu nem sei o motivo, ele sempre gostou tanto dos Estados Unidos.
Chego na mansão, falo os seguranças e vou para dentro.
Virgínia: Bom dia dona Emily, bom dia Lua linda.
Lua: Bom dia giginia.
Emily: Bom dia, Virgínia! Eu queria te pedir uma coisa.
Virgínia: Pode falar patroa.
Emily: Começa pelo meu escritório hoje? Vou receber um amigo hoje.
Virgínia: É o vizinho bonitão?
Emily: Virgínia…
Pisco para ela e vou para a cozinha. Falo com as minhas colegas e vou direto para o banheiro colocar a minha farda.
Após arrumar o escritório da dona Emily eu saio e me deparo com o vizinho bonitão na sala, a Lua deve tá com a babá e a dona Emily com certeza que vai desfrutar do tempinho livre com o vizinho bonitão.
Passo por eles que vão para o escritório em seguida. Vou para a cozinha beber água e acabo entrando no assunto da Júlia com as meninas.
Virgínia: Olha, eu juro que se aqui tivesse um lugar sobrando pediria para a dona Emily colocar a garota, ela é tão boazinha.
Emily: De quem está falando Virgínia?
Virgínia: Ai que susto dona Emily… eu só estava falando com as meninas que tem uma moça lá em casa precisando de emprego, que se aqui tivesse precisando eu falaria com a senhora… dona Emily, a mulher tem mãos de fada, cozinha como ninguém.
Emily: Entendi.
Virgínia: Mas e o vizinho? Ele já foi embora tão rápido?
Emily: É, recebeu uma ligação importante.
Virgínia: Ah, entendi…
Por cima do ombro dela vejo o Kaique passar.
Virgínia: Por falar em ligação importante…
Digo sussurrando.
Emily: O que disse?
Virgínia: Não, nada… deixa eu voltar para o meu serviço.
Pego a vassoura e vou em direção à sala.
...Fotos dos personagens apresentados…...
Kaique…
Emily…
Lua…
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