Eu acordo às 8 horas da manhã com o alto toque do despertador do meu celular, começa mais um dia. Levanto da cama pensando na hora em que poderei voltar para ela. Vou ao banheiro para minha higiene matinal e visto minha roupa escolar. Em seguida, desço as escadas e preparo torradas para comer. Na escola, vejo minha amiga Mary chegando no portão, a chamo e ela para para esperar que eu chegue até ela.
Mary é atraente, tem cabelo curto na altura dos ombros, com franja desde que eu a conheço. Seu cabelo preto combina com seu rosto tailandês, sua genética vem dos pais tailandeses que vieram quando ela ainda era pequena. Ela tem um corpo magro e altura próxima dos 1,60 cm.
- Oi Gus. Como está hoje?
- Bem. E você?
- Estou bem também.
Assim, seguimos juntos para a escola, mas nos separamos logo depois, já que estudamos em salas separadas. Na minha sala, vejo Lipe sentado na última cadeira, como sempre. Somos amigos há dois anos, desde que ele se transferiu de outra cidade. Lipe tem olhos castanhos e cabelos pretos, o que dá um bom contraste com seu branco norueguês. Possui uma altura aceitável, acredito que perto de 1,70 cm, e seu corpo é um tanto quanto definido.
- Oi guzinho, pronto para mais um dia de surtos hoje?
- Enfim, nascido pronto.
- Soube do Cristiano e da Barbará do terceiro ano? Vão ter um filho.
- Chocado, porém não surpreso, pareciam que estavam sempre no cio, acasalavam onde podiam, pena tenho é da criança.
Isso definitivamente era o que mais amava em Lipe, sempre sabia das fofocas mais quentes da escola e assim eu sempre me mantinha atualizado. O sinal toca e a professora de história entra na sala. Atrás dela, vem o grupinho do "inferno", que sempre me atormenta quando pode. As primeiras aulas passam normalmente e chega o horário do almoço. Saio da sala com Lipe e vamos em direção à entrada do refeitório, onde Mary já nos aguarda.
- Oi Mary, a quanto tempo. Fala gus tocando na cabeça da garota.
- Oi Gus, pois é, umas três horas?
- Ai, não vou segurar vela para vocês dois. Diz Lipe fazendo desdém da cena que ver.
- Calma Felipinho, segura o ciúmes ai.... Responde Mary apertando a bochecha deste.
- Aí Mary, quando vai esquecer essa história de que gosto do Gus? Menos, ele é meu bebê que cuido. Fala Lipe se desvencilhando do toque da mais baixa.
- Okay, eu ainda estou aqui e dá para parar vocês dois!? E vamos porque a fila já está enorme. Argumenta Gus com o intuito de acabar com aquilo.
Não sei de onde Mary tirou essa ideia de que o Lipe gosta de mim, mas, não vou ser hipócrita de dizer que recursaria uns beijos dele.... Hora de sair desse devaneio e focar em não deixar que as mulheres que servem o almoço coloquem alguma matéria estranha junto com a comida. Após pegar nossas bandejas vamos para o lado de fora do refeitório comer embaixo de uma das várias árvores que tinha ali. Particularmente prefiro aqui, do que dentro daquele lugar cheio de adolescentes com hormônios a mil por hora.
- Droga esqueci de pegar minha garrafinha de água na mochila, esse frango com cheiro de peixe me deixou com nojo, quero é tirar esse gosto da boca. Diz Gus olhando seus amigos.
- Quer que vá junto com você Gus? Pergunta Lipe
- Ain, não pode largar a mão do par nunca Lipe. Diz Mary lançando um olhar irônico para Lipe.
- Para Mary e não precisa Lipe, eu vou sozinho. Retruca Gus revirando os olhos.
Levanto deixando a bandeja no chão, espero que um dos dois leve-la de volta ao refeitório. Me dirijo pelos corredores um tanto quanto largos daquela escola, vejo a sala na qual tive minha última aula e tinha deixado a mochila, ao entrar me deparo com o grupinho do ''inferno'' composto pelo Matheus, Ítalo e Junior. Entro e evito contato ao máximo com eles. Até que Matheus o líder me dirige a palavra.
- Oi, Guzinho. Não é assim que seu namoradinho o chama?
- Ele é meu amigo e não te interessa o modo como me chamam. Fala Gus evitando contato visual com os três.
- Então quer dizer que você está me enfrentando agora? Não é por faltar apenas uma semana para as aulas acabarem que irei deixar você livre.
- E desde de quando você me controla para me deixar livre?
Nesse momento já tinha pegado a minha garrafa e estava indo em direção a saída daquele lugar, quando sinto um lápis nas minhas costas, pego o objeto do chão e jogo neles de volta, acerta em cheio a cara do Junior, de imediato saio correndo pela porta e nem olho para trás. Volto para a parte arborizada do colégio e certificado que ninguém veio me seguindo fico mais tranquilo. Quando me sento próximo aos dois Mary olha para minha cara um pouco vermelha e suada, abre um sorrisinho malicioso dizendo.
- Parece que alguém matou a sede de outra maneira.
- Okay, quem tentou tirar a pureza do meu bebê? Perguntou Lipe fazendo uma cara de total horror.
- Isso é um segredo meu e vocês nunca vão ficar sabendo. Responde Gus com um sorriso de canto.
- Ai, meu baby está crescendo e virando um homem. Me dar um pouco de água. Diz Lipe levando a mão à bochecha do amigo para apertá-la e com a outra pegando a garrafa das mãos dele.
- Que! Porque a garrafinha está seca? Você realmente ficou com alguém? Fala o garoto de cabelo preto com os olhos um pouco arregalados.
Mary como se tivesse levado um choque, arregala os olhos e começa a balançar os braços sem parar esperando uma resposta. O sinal da escola toca, Gus se levanta e é seguido pelos outros dois que olham fixamente para ele. Gus dá um suspiro lembrando da cena que ocorreu a pouco tempo e responde.
- Não, eu não fiquei com ninguém e vamos para a aula agora.
Gus e seus amigos retornam para a escola para as últimas aulas do dia. Durante o trajeto, Gus reflete sobre o quão vergonhosa foi a cena em que jogou o lápis e saiu correndo, e já espera por alguma retaliação por parte do grupo na sala. Ao chegarem ao corredor, Mary se despede e entra na sua sala. Quando Gus e Lipe entram na sala, percebem que o grupo não está lá e que todas as suas coisas também não estão, indicando que provavelmente mataram a aula. Essa situação trouxe um sentimento de alívio para Gus, que esperava ter um resto de dia tranquilo.
As aulas da tarde seguem sem grandes acontecimentos. No final do dia, quando o último sinal toca, todos se preparam para ir embora. Era possível perceber nos corredores que os últimos dias de aula daquele ano estavam próximos, já que algumas pessoas mais emotivas já começavam a chorar. Gus segue com Lipe para a saída, onde Mary os aguardava para se despedir.
- Até amanhã Gus e você também Lipe.
- Tchau Mary, Gus até amanhã. Fala Lipe sem parar de andar e atravessar a rua.
- Pelo jeito ele hoje está bem apressado, Tchau my Lady.
Caminho tranquilamente em direção à minha casa, que fica a cerca de 30 minutos de caminhada da escola. Para mim, não é uma distância longa e, na verdade, até gosto de fazer esse trajeto. As ruas são bem arborizadas e tranquilas nesta área, e a luz do sol no final da tarde dá um toque especial. Estou na parte final da caminhada, em uma rua que é a minha favorita nesta época do ano. Ela é repleta de ipês rosados, o que dá um toque mágico. Hoje, a rua está ainda mais bonita, com o sereno que está caindo, adicionando um toque ao pôr do sol, que é totalmente visível aqui.
Finalmente, chego em casa e escuto barulho na cozinha. Meus pais devem ter chegado, penso. Quando entro, vejo minha tia Clara preparando algo no fogão. Ela é, sem dúvida, a melhor pessoa da família pelo lado da minha mãe.
- Oi Gus, como foi o colégio hoje? Vim preparar seu jantar. Seu pai me ligou para vim, pois teve que fazer uma viagem com sua mãe para assuntos de trabalho.
- Oi tia, foi igual a todo dia, okay. Obrigado por vir. Vou subir para trocar de roupa e depois venho.
- Certo, mas não vou ficar para o jantar, quando acabar aqui vou embora.
- Tudo bem, então, tchau e obrigado de novo.
Subo em direção ao meu quarto e, antes de entrar no banheiro, me encaro no espelho e começo a analisar cada detalhe do meu corpo. Decido que é hora de dar um trato na aparência, então começo a me barbear e, ao perceber que não cresce nada em uma das minhas bochechas, sinto um pequeno desânimo. Meus pensamentos começam a viajar por um caminho familiar, onde me critico por ser tão monótono e sem graça, sem histórias emocionantes para compartilhar.
Sinto que meu corpo também não ajuda, com braços longos e desproporcionais, além de manchas na pele que me fazem sentir envergonhado. Com essa sensação de melancolia tomando conta de mim, decido deitar na cama e colocar meus fones de ouvido. Fechando os olhos, me perco em pensamentos sobre como seria ter uma vida mais feliz e, em pouco tempo, acabo adormecendo.
Acordei com vontade de ir ao banheiro já passava da meia noite. Levantei com preguiça e, ao chegar lá, percebi o quanto estava faminto. Fui para a cozinha e encontrei as panelas: arroz, estrogonofe e purê de batata. Esquentei as panelas e servi-me. Enquanto comia, olhei meu celular e encontrei as mesmas coisas triviais de sempre, adolescentes tentando ver quem ostenta mais nas redes. Abandonei o aparelho, terminei de comer, limpei tudo e voltei a subir para o meu quarto, onde, percebi, havia passado 70% dos meus 17 anos.
Acordei com o som do despertador do celular. Olhei para o relógio e eram oito da manhã. Levantei-me e escutei ela me chamar: "vem se aquecer nos meus braços". Balançando a cabeça e saindo desse surto, fui para o banheiro fazer minha higiene matinal, vesti meu fardamento e desci as escadas. A casa continuava bastante silenciosa, sem ninguém. Se eu achava que apenas minha melancolia era um ciclo sem fim, isso aqui também era.
Segui caminhando em direção à escola e resolvo cortar caminho por uma rua que tinha um beco que dava na parte de trás da escola. Ao entrar no beco, me arrependi de imediato. Junior estava lá fumando algo e me ver. Antes que eu pudesse me virar e correr, alguém segurou meus braços e me empurrou para frente. Olhei para cima e vi Ítalo. Estava em uma situação difícil e sem saída, mas não deve dar em nada, espero. Colocando o cigarro em uma mão e com a outra livre, Junior passou a mão no rosto de Gus.
- Hora, se não é que o passarinho veio pousar direto na minha mão. Diz Junior com um sorriso sarcástico.
- Não sabia que isso que tens nas mãos fazia efeito tão rápido, já está me vendo como um pássaro?
- Continua cheio de gracinhas ele, está na hora de voltar para seu lugar não? Segura ele mais forte. Fala Junior para Ítalo.
- Okay, Junior, não vou mais responder vocês e foi mal pela caneta. Agora vou indo.
Gus tenta se soltar do aperto de Ítalo, mas é puxado para trás e em seguida acertado por um tapa na face dado pelo Junior, que desfere mais dois, Gus tem sangue escorrendo pelo canto da boca e sente o gosto do líquido.
- Viu Gus, é melhor se comportar de agora em diante. Disse Junior apertando a cara do garoto com a mão e se aproximando.
- Aqui está meu respeito a você. Disse Gus cuspindo na cara dele que ficou melada com uma mistura de baba com sangue.
- Seu viadinho cretino! Grita Junior que tinha as veias do seu rosto e pescoço saltadas pela sua raiva.
Junior pega o cigarro que estava a todo momento na sua mão esquerda e passa na cara de Gus, porém, naquela altura o cigarro já tinha apagado. Percebendo isso passa a dar vários socos no rapaz que estava sendo segurado.
- Vamos, soltar esse merdinha aí. Diz Junior virando de costas e ajeitando o seu casaco.
Junior e Ítalo seguem em direção à escola enquanto Gus fica caído no chão sem ar. Após alguns minutos, ele se levanta, pega o celular do bolso e o coloca em frente à câmera. Ele nota que sua aparência está pior do que o normal, com sangue no canto da boca e algumas marcas vermelhas no rosto devido aos tapas. Ele agradece mentalmente por ter recebido socos na barriga, pois assim não terá marcas roxas no rosto. No entanto, Gus decide não ir mais para a escola. Ele dá meia volta e volta para casa, já que seus pais estão viajando e não haverá problemas.
Ao chegar em casa, Gus vai direto para o banheiro para tomar um banho e procurar algo para passar nas marcas vermelhas. Depois disso, ele decide passar o dia deitado na cama, comendo besteiras e maratonando seus animes e séries atrasados. Durante a tarde, ele acaba pegando no sono e acorda com o celular tocando.
- Alô. Quem é? Diz o garoto com voz sonolenta.
- Você não olha nem quem está ligando para você, ou não tem o número do seu pai salvo, não seria de espantar se não tiver. Porque não foi a escola hoje?
- Como você não sabe que fui à escola hoje?
- Isso importa? Quero uma resposta.
- Não fui pois estava me sentindo doente.
- Estava com o que ?
- Estava com febre.
- Tivesse tomado um antitérmico, não pago escola para você faltar por qualquer besteira, já não basta ter a folga de não precisar trabalhar?
- Ok, já terminou?
- Não, mas estarei aí em pouco tempo e irei terminar minha conversa com você. Fala o pai do garoto em tom irritado, em seguida desligando a chamada.
Após finalizar a chamada, Gus deu uma olhada pela janela e percebeu que o sol estava se pondo. Ele definitivamente não estava afim de ficar em casa esperando seus pais para mais uma briga sem sentido. Então, levantou-se, vestiu um short fino e uma camiseta regata, pegou seu livro, calçou suas sandálias e seguiu em direção a um parque que ficava próximo dali.
Desde pequeno, sempre que se sentia sufocado, ia para lá. Havia um lugar escondido entre as árvores e arbustos que era seu local secreto. Ninguém o encontraria ali e isso lhe trazia uma sensação de segurança que raramente sentia.
Levou poucos minutos para chegar ao parque. Ele entrou entre os arbustos, certificando-se de que ninguém o estava observando, e, como de costume, se deitou de barriga para cima. Ao pousar a cabeça, levou um susto ao ver outra pessoa sentada, olhando para ele.
- Oi. A figura disse.
- Gus com o susto se sentou tão rápido quanto tinha se deitado.
- Quem é você? E como veio parar aqui?
- Bem direto em... Eu sou o Félix, e descobri isso aqui há alguns dias quando vim passear no parque. E você, como veio para aqui?
- Eu sempre venho aqui desde de pequeno. Então eu tenho o direito de ficar aqui sozinho, não acha?
- Não, não acho, o parque é público. Então eu posso muito bem ficar aqui.
Gus já estava pronto para levantar e ir embora, mas fazer isso seria o mesmo que cedê-lo e desistir do seu lugar secreto, já abrir mão de tanta coisa pela minha vida toda até agora, vou abrir mão disso também? Pensa o garoto
- Então, se você sabe daqui desde de criança, significa que sempre morou aqui? Pergunta a figura olhando nos olhos de Gus.
- Sim, e sempre que venho aqui venho procurar silêncio.
- Ai, que indireta, direta...
- Gus, resolve deixar seu lado áspero de lado e procura ser mais amigável.
- Ok, Qual seu nome? Pergunta Gus.
- Que! Mas disse a dois segundos, já esqueceu. Diz ele colocando as duas mãos no peito fazendo drama.
- Meu nome é Felix e não esqueça agora. Fala lançando uma piscadinha de olho.
- Eu sou ruim com nomes, o meu é Gustavo.
- Percebi... Mas então, sou novo aqui na cidade, e você é a primeira pessoa com quem falo desde que cheguei a uns 3 dias. Poderia me mostrar a cidade?
- Não sou bem a pessoa indicada para isso, eu meio que não saio muito de casa.
- Então podemos conhecer a cidade juntos o que acha?
- Oh, dispenso, não sou uma pessoa sociável.
- Tá, por enquanto desisti de te convencer. Mas que livro é esse aí na sua mão? Gosta de ler?
- Ah, não é bem um livro livro... é um mangá. Mob Psycho 100. Não é muito falado e tal.
- Então gosta do mundo Otaku?
- Um pouco, mas, estou em uma entrevista ?
- Obviamente, você está no talk show do Felix, três vezes por semana fico esperando pessoas dentro dos arbusto para entrevistá-las. Diz Félix abrindo um sorriso.
- Todo comediante você. Responde Gus com um leve sorriso de canto.
- Então, qualquer dia venho fantasiado de palhaço, o que acha? Tenho que ir agora, já está de noite e tenho que jantar.
- Não vou responder essa pergunta e bye bye.
- Você vai me dar seu número?
- Não.
- Você é bem difícil em.... Quer ir jantar lá em casa?
- Eu não sou difícil, só cuidadoso e isso implica em recusar esse convite, seu maníaco do parque. Gus diz e dá um sorriso de canto.
- Porque Deus !? Você me entregou esse garoto como minha primeira amizade dessa cidade!?... Diz Félix colocando a mão no peito, olhando para o céu com um sorriso.
- Mas gente, você fazia curso de atuação na sua antiga cidade, só pode. E quem disse que eu sou seu amigo?
- Não fazia, mas daria um ótimo ator com esse rosto angelical, não acha? Mas agora tenho que ir. Félix se levanta, passa por Gus e bagunça o cabelo deste.
- Cretino. Diz Gus passando a mão na tentativa de ajeitar seu cabelo.
Gus fica olhando ele ir embora, volta a se deitar e agora no seu silêncio começa a ler seu mangá por quase uma hora, quando pega seu celular ver que já são quase oito da noite e tem várias chamadas perdidas de seu pai. Se levanta e vai para casa já pensando na situação de quando chegar.
Entretanto ao chegar está tudo escuro, quando liga a luz da cozinha está em cima do balcão uma pizza com um bilhete.
Onde esteve, que não esperou seus pais em casa?
Depois ligue para a gente. Deixamos uma pizza para você jantar, só passamos para pegar umas roupas, voltamos no sábado... talvez.
Nem para perguntar se estou bem, pesou Gus, abriu a caixa e viu a pizza de calabresa comeu dois pedaços e subiu para o quarto. Abriu suas redes sociais e viu que tinha mensagem de Lipe.
...Lipe, online...
Lipe: Porque não foi a escola hoje?
Você: Não estava bem...
Lipe: Está com o que?
Você: Era uma dor na barriga.
Lipe: Mas está tudo bem agora?
Você: Sim, estou bem.
Lipe: Okay, mas, enfim, já assistiu o episódio novo que saiu de Mob 100?
Você: Não, nem lembrava. E desde de quando você gosta de Mob?
Lipe: Desde de quando você me mostrou o mangá.
Você: E você nem me diz nada sua putinha.
Lipe: Ai como você se revolta fácil Gus kkk
Você: Óbvio, você nunca me diz nada. E agora vou sair aqui, vou assistir o episódio novo.
Lipe: Okay estresse, até amanhã. Amanhã você vai né?
Você: Sim, amanhã eu vou para a escola e tchau, boa noite.
Gus abre seu laptop e procura pelo novo episódio, depois de assistir, ele desce para comer mais um pedaço de pizza e se deita novamente. Ele começa a pensar em Félix e na estranha situação dos últimos dias, nunca imaginou conhecer alguém em seu local secreto, que agora não era mais tão secreto. Enquanto pensa nisso, ele se lembra da aparência de Félix: cabelos castanhos e cacheados que cobrem parte de suas orelhas, pele bronzeada como se tivesse acabado de sair da praia, olhos pretos e magro, com uma altura de cerca de 1,80 cm. Perdido em seus pensamentos, Gus acaba adormecendo.
Oi, Guzinho. Diz Lipe passando o braço atrás de Gus pouco antes de chegar na escola.
- Oi Lipe. Gus tira o braço do outro de seus ombros.
- Parte meu coração assim. Diz Lipe fazendo bico.
- Qual coração?
- O que você está dizendo que não tenho? Mas, você está certo grande Gus.
- Oi Mary. Diz Gus.
- A garota asiática estava esperando na entrada da escola.
- Vocês vem meninos, na sexta?
- O que tem na sexta? Fala Gus com cara de confuso.
- Como assim, Gus, já esqueceu? O baile de formatura do terceiro ano. Fala a garota olhando para Gus.
- Ah, eu não gosto dessas coisas.
- Não Guzinho, estou sem acompanhante para sexta. Não vou vim só, vem comigo? Diz Lipe, fazendo um bramido para imitar um cachorro chorando.
- Okay que coisa estranha foi essa que você tentou fazer, e não vou ser sua garota.
- Óbvio que não vai ser minha garota, você é um garoto tapado. Lipe dá um leve tapa na nuca de Gus.
- Eu não vou e não adianta insistir.
- Tchau meninos e deixa de ser anti social Gus.
Gus entra em sua sala e passa pela mesa do trio que nem o olha, ele lembra que mais cedo viu algumas manchas roxas na sua barriga, mas o problema nunca iria aparecer se continuar usando camisa até sumir. O resto do dia se passou tranquilamente, da mesma forma que o dia seguinte, ou pelo menos até o final deste, quando no final do dia Lipe faz um grupo no aplicativo de mensagem.
...As estrelas...
...Integrantes: Lipe, Mary, Você...
...Você foi adicionado....
Lipe: Gusssss, você prefere gravata borboleta ou não?
Você: Nenhuma, já disse que não vou Lipe.
Mary: Vamos Gus, vamos de trio, eu, você e o Lipe. Você tem que se enturmar mais, te apresento até umas amigas, o que acha?
Você: Como vocês são chatos... okay, eu vou, mas não me julgue se ficar doente no dia. ;)
Lipe: Você não vai ficar doente Sr Gustavo, eu vou deixar seu termo e vou vestir o meu ai com você!!
Mary: Então não vai ter meios de você fugir...ah, leva uma gravata borboleta azul para o Gus, Lipe.
Mary: Eeeeeeeee eu disse que se a gente fizesse um grupo iríamos convencê-lo Lipe.
Lipe: Sim, às 19 horas eu estarei aí amanhã para te pegar seu Gustavo.
Você: Okay.
Gus bloqueia o celular e pensa em toda a situação que teria que passar no próximo dia, na sua cabeça, é difícil se relacionar com as pessoas, e se elas não gostarem de mim, se rirem de mim, e se me acharem um estranho, eram tantas possibilidades e tantos "e se" que os seus olhos enchiam de lágrimas e a melancolia voltava, o que o deixava mais triste, queria ser apenas uma pessoa normal, porque eu não posso ser igual as outras pessoas, pensou.
Foi para a varanda de seu quarto e viu as copas das árvores do parque, desceu pela escada de decoração de madeira que tinha ali e seguiu rumo ao seu lugar secreto. Diferente da última vez, ele simplesmente não entra de vez dentro dos arbustos primeiro olhar e ver que não tinha ninguém lá, entra e com a jaqueta que tinha levado faz um apoio para a cabeça, vendo o dia indo embora e a noite cair com as primeiras estrelas pintarem o céu Gus acaba caindo no sono.
- Ei, eiii. Esse menino dorme como uma pedra.
Gus acorda sendo chacoalhado, abre os olhos e vê o Félix.
- Puts, você de novo aqui, vem todo dia? E o que tá fazendo o que essa hora? Diz Gus com tom irritado olhando o cacheado.
- Esquentado como sempre, venho e ultimamente tenho vindo mais vezes no dia esperando encontrar alguém que não me deu o número de celular. Retruca Félix balançando o aparelho em suas mãos.
- Não tem nada para fazer em casa?
- Não. Pensei que não ia mais acordar.
- E tinha como não acordar com você me balançando?
- Não tem medo de dormir aqui no meio do nada e se algum tarado ou tarada aparecer?
Félix leva a mão para a barriga de Gus, mas ele se senta rapidamente antes do toque do garoto cacheado.
- Você é um gato para ser tão rápido? Quer café? Pergunta Félix balançando o copo na sua mão.
- Estou longe de ser um gato e eu não dei autorização pra você me tocar. Como assim café!? Que coisa aleatória.
- Pega o café.
Logo a mão de Gus estava ocupada com um copo de café, reconheceu o nome do cybercafé que passava em frente todo dia, não era de beber café, mas daquele até que estava gostando.
- Pensei que você não beberia.
- A, o que de pior pode acontecer!? A propósito, porque você se mudou para essa cidade mesmo?
- Eu vim por causa da promoção da minha mãe, ela vai administrar uma filial aqui. Ah, eu acho que já vou. Vai me dar seu número de celular? Pergunta Félix com um olhar esperançoso.
- Não, mas me dar o seu, qualquer coisa eu mando mensagem.
- Tá, aqui.
Félix se levanta e tira um pedaço de papel com seu número do bolso do short.
- Anda com seu número em um papel no bolso, assim de saúde. Gus diz com um olhar sarcástico.
- Prevenido sempre, inclusive para outras coisas... Félix dá uma piscadinha para Gus.
- Okay ? você não estava indo embora? Bye bye. Fala Gus enquanto acena com a mão livre para o rapaz a sua frente.
Félix passa a mão no cabelo de Gus bagunçando-o se abaixa depositando um beijo na bochecha do rapaz que fica altamente envergonhado e com um sorrisinho de canto nos lábios, logo após o garoto cacheado sai de dentro dos arbustos. Gus volta a se deitar e fica por mais um tempo assim, até ser despertado pelo toque do seu celular chamando.
...Chamada: Lipe...
- Oi Lipe.
- Oi Guzinho, vamos escolher o termo amanhã, que hora?
- Odeio baile de formatura, certeza que não podemos ir de calça e camisa normal?
- Não, você sabe, regras da escola.
- Mas, eu também me lembro que tu iria escolher sem mim.
- Ah, mas não quero ter que esperar por horas sozinho até a Mary escolher um vestido.
- O casal vai que horas amanhã?
- Affs Mary me joga para você e tu me joga para ela, eu sou um brinquedo para ambos!? Mas, preferia fazer um casal com você, sabe né Guzinho...
- Imbecil, diz logo a hora.
- 10 horas está bom para você?
- Ah... Ok.
- Aeeeeeee, passo na sua casa para te pegar.
- Certo Lipe.
- Que som de grilo é esse menino?
- É que estou no parque.
- Às 11 horas da noite sozinho. Você não tem medo? Qual parque tá, eu vou deixar você em casa.
- Que? É próximo a minha casa, sei andar sozinho, não sou uma criança. Agora vou desligar.
- Tá, quando chegar avisa.
Gus finaliza a chamada e se levanta, percebe que tudo está um grande vazio, não tinha mais ninguém na rua aquela hora, sai de dentro dos arbustos e segue seu caminho para casa, quando vira na rua dela, dois cachorros que estavam no final começam a latir, sem dúvidas um dos seus maiores medo é de cachorro, "só é não demonstrar medo seu Gustavo, passa tranquilidade que eles não veem", pensou o garoto "cachorro fóbico", quando faltava quatro casas para a sua os cachorros correram em sua direção latindo.
Gus nunca correu tão rápido como naquele momento, ao abrir o portão e ficar em segurança dentro do seu quintal, teve a certeza que poderia participar das olimpíadas se quisesse, era só ter cachorros raivosos para correr atrás dele sempre.
Ao entrar em casa se dirige a cozinha lembrando que não tinha comido nada naquele dia ainda além do café do Félix, mas, se bem que café não é comida, pensou o garoto, olhou na dispensa e tinha macarrão, macarronada, pensou Gus, foi a geladeira pegou a carne moída e molho de tomate já preparador, colocou para esquentar, depois que o macarrão ficou pronto misturou e colocou em um prato. Lembrou do número do garoto cacheado, salvou e mandou uma foto da sua refeição como primeira mensagem.
Félix, online
Félix: Como assim não me chamou para jantar, eu te dei café...
Você: Isso não tem nada haver. Vou jantar antes que esfrie, bye.
Félix: Tem tudo haver, tá. Tchau Gustavo. Ficar falando Gustavo o tempo todo é tão estranho.....
Você: Namm, mas pode me chamar de Gus.
Félix: Huu bem melhor, Tchau Gus.
Gus tira a atenção do celular e dá a primeira garfada no seu jantar, e estava bom, naquele momento estava feliz, mesmo que não tivesse feito tudo do zero, tinha conseguido deixar a comida final gostosa, tinha dado o ponta pé na sua amizade com Félix e iria sair com seus amigos pela primeira vez depois de um longo tempo no outro dia. Após terminar sua refeição, limpa tudo e sobe para seu quarto, olha no relógio e já passava da meia noite, pensando no seu dia acaba caindo no sono.
São nove da manhã da sexta, dia do baile de formatura, Gus levanta da cama e vai para fora do quarto, ao descer as escadas tem uma surpresa, seus pais que voltaram um dia mais cedo de viagem.
- Bom dia. Diz Gus passando por ambos em direção a cozinha.
- Bom dia. Ambos respondem, o pai de Gus se levanta e vai em direção a cozinha.
- Pelo visto não se dá o trabalho nem de se pentear ao levantar da cama.
- Tudo bem comigo e com você? Pergunta o garoto em tom sarcástico.
- Fale direito comigo seu animalzinho. Por que não me ligou? Acho que fui bem claro no bilhete que deixei.
- Ah, eu esqueci. Quer torrada?
- Nada de se estranhar você esquecer da sua família.
- Eu que esqueço? Vocês que me evitam.
- Não evitamos tu, e sabes disso, apenas queremos o seu melhor.
- E o meu melhor implica em negar o que sou?
- Você não é isso que diz, não está bem da cabeça e sabe disso.
Nesse momento a mãe entra na cozinha e fala com o marido.
- Diz logo para o garoto porque voltamos mais cedo da viagem.
- Olha Gustavo, a gente veio arrumar nossas malas, decidimos passar dois meses na Europa, não acho que será problema né. já sabe se virar sozinho.
- Okay, vão lá. O que você acha? Só diz para a empregada que sempre vem na quarta para não entrar no meu quarto agora nas férias como ela fez na última vez.
- Tu devia esquecer aquele episódio, e voltar a agir normalmente com ela, já faz tanto tempo. Assim como a gente, ela só quer seu bem, por isso no primeiro momento que leu aquele papel ela nos trouxe.
- Isso é tudo?
- É sim, vamos embora agora pela tarde.
- Então encerramos aqui.
Gus se levanta da cadeira e deixa a xícara, depois lavaria, só queria sair daquele lugar com ar pesado, passa pelos seus pais, sua mãe mal o olha. Seguindo o caminho para seu quarto e lembrando do fatídico dia que deixou um bilhete declarando sua paixão a um colega de classe dentro do seu livro de história. Ao deitar na cama tudo que ocorreu no passado não muito distante volta à sua cabeça.
Estava tomando banho depois de seu pai pegá-lo na escola, tinha deixado seu material em cima da cadeira que foi ao chão. Dina é o nome da mulher que ele tinha como uma tia naquela época, lembra de sua expressão de assustado e do medo que sentiu ao sair do banho e ver a mulher sentada na cama com o papel em sua mão.
No mesmo instante lágrimas começaram a rolar pela sua face, se ajoelhou aos pés dela pedindo desculpas e implorando para que não mostrasse ou contasse aquilo aos seu pais, porém, Dina como uma mulher muito religiosa não podia deixar aquilo seguir adiante, o diabo estaria ali tentando corromper aquela família, levantou deixando o menino ali no chão chorando copiosamente.
Logo depois seu pai entra em seu quarto dando um tapa na mesa fazendo o menino se encolher no chão frio. Samuel pega ele pelo braço o levantando do chão e fazendo sua toalha que estava enrolada na sua cintura cair, antes que pudesse pegar-lá novamente, tem seus cabelos puxados, agora olhando para a figura do homem tomado pelo ódio a sua frente, sente como se estivesse sendo sugado para um poço escuro e profundo.
- Como você me explica isso Gustavo! Samuel grita tão alto que as pessoas que passavam pela rua escutaram.
- Quando que isso começou? Me responda seu bostinha. Continua o homem a gritar.
- Eu não sei, eu apenas sinto isso. Respondeu entre os soluços que soltava a todo instante.
- Fala direito e para de chorar, aja como um macho! Eu vou te ajeitar!
Após isso o homem que estava ainda segurando o cabelo do menino joga-o na cama pega a vassoura que estava lá deixada pela Dina quando saiu do quarto para mostrar o bilhete e começa a desferir vários golpes nas pernas e tórax de Gus, uma sequência tão forte que pequenos cortes se abriam nos locais dos impactos e suas pancadas eram ouvidas por toda a casa.
O garoto com sua visão turva pelas lágrimas vê a mãe entrando no quarto e pegando no braço do marido o impedindo de continuar, até hoje ele lembra as palavras desferidas por ela, "vamos querido, não vale a pena perder tempo com isso aí", a frieza em sua palavras foram como navalhas cortando o seu coração, primeiro o seu pai tinha deixado a figura de compreensivo e amoroso, como também a sua mãe.
Ambos saíram do quarto deixando o garoto ali deitado nú com algumas gotas de sangue escorrendo no seu corpo. Ficou imóvel por um bom tempo, não lembra o que pensava ou se chegou a pensar em algo, mas, lembra que adormeceu ali e como foi doloroso para se levantar e tomar um banho após acordar, lembra do sangue manchando a água de vermelho, das marcas roxas que ficaram e da dificuldade de fazer qualquer coisa com o corpo dolorido.
Pensou naquela época que tudo voltaria ao normal depois de alguns dias, mas, nada voltou a ser como era antes, seus pais não saiam mais com ele, passaram a fazer cada vez mais viagens longas de trabalho.
O mudaram de escola, não iriam pagar caro em um bom estudo para uma pessoa anormal como ele, foi o que disseram na primeira e última vez que o deixaram em frente a seu novo colégio. Sua solidão começou ali, em sua casa, isolado de todos e de tudo que ocorria, sem amigos, sem ninguém para lhe escutar ou ajudá-lo, aos seus 13 anos não entendia toda a complexidade da situação a qual se encontrava, todo dia esperava que magicamente tudo voltasse ao normal de antes.
Porém, as coisas só pioraram com o tempo, quando Matheus, Italo e Junior entraram na escola, o viram como uma presa fácil, isolado, sem amigos e claramente medroso o menino virou alvo constante dos rapazes. Quando percebeu que nada mais ia voltar a ser como antes, perdeu as suas esperanças e sua vontade de continuar ali, qual o sentido de ter uma vida assim, pensava.
Sempre olhava as outras pessoas e todos pareciam tão melhores que ele, melhores em suas vidas amorosas, em suas vidas familiares, em suas relações de amizade, enquanto ele continuava igual, parado, estagnado ano após ano em um ciclo que sempre se repetia. As datas especiais não lhe eram mais assim, sempre se sentia sufocado nelas, não queria que chegassem e quando chegava só queria que tudo acabasse logo.
Nem mesmo quando sua amizade com a Mary e com o Lipe começou, tudo continuava igual, seu desejo de não está ali, de se sentir um completo estranho entre eles, até quando ele não conseguia disfarçar a tristeza e um dos dois tentava conversar, não se sentia à vontade, sentia que não seria compreendido, mas assim ia seguindo, esperando o dia em que tudo isso iria acabar.
Gus é tirado de sua imersão do passado e pensamentos com o toque do seu celular, olha para a tela e vê o nome de Lipe.
...Chamada, Lipe...
- Oi Gus, cadê você?
- Estou indo. Diz Gus com a voz falhando.
- Okay. Está bem? Está com a voz estranha.
- Estou sim, deve ser porque eu acordei agora.
- Dorminhoco como sempre em meu garoto.
- Huu vou desligar, em 10 minutos eu desço.
- Até já.
Gus se levanta e vai ao banheiro tomar um banho quente rápido. Veste uma calça cinza com alguns rasguinhos na altura da coxa e coloca uma camisa amarela. Descendo pelas escadas da varanda não queria encontrar seu pai ou sua mãe pelo caminho.
- Oi, Lipe. Diz Gus entrando no carro.
- Oi, Guzinho. Vamos?
- Sim, e porque você está dirigindo se ainda não tem 18 anos?
- Confia. Diz Lipe abrindo um sorriso largo e dando a partida no carro.
- E a Mary? Cadê?
- Ela disse que ia esperar na entrada do shopping.
Assim os dois garotos seguiram em silêncio, o que Gus gostou, se tinha uma coisa que ele ama é o silêncio. Chegando no local combinado Mary estava lá com uma blusa leve cinza, uma calça jeans preta e uma bolsa também preta.
- Porque não me avisaram que iriam vir produzidos? Tinha colocado algo melhor. Diz Mary cobrindo o rosto com as palmas da não.
- Ai, tu sempre dramática. Fala Lipe virando os olhos e soltando um suspiro.
- Amado. Olha você vestido com essa camisa de manga curta vermelha, calça preta, até cinto está usando, parece que você vai a um encontro e não comprar roupas. E Gus também todo arrumadinho, e nem me avisou que vinha. Estou como um peixe fora d'água. Fala a garota com uma cara emburrada.
- Eu não vinha, Lipe que insistiu, ele não disse a você? Fala Gus.
- Não disse não, nunca me diz nada.
- Meu Deus, quanto melodrama, vamos logo ou iremos passar o dia falando aqui? Diz Lipe com um tom um pouco irritado.
- Ok, tem algumas lojas no primeiro andar interessantes. - Me sigam rapazes. Mary passa seu braço por dentro do de Lipe.
O trio sai andando para as lojas. Gus age como uma criança que estava vendo aquilo tudo pela primeira vez, com um olhar curioso olhava em todas as direções vendo aquele fluxo de pessoas, mesmo que ainda fosse um dia de semana, o local tinha bastante gente, algumas sem nada nas mãos e outras carregadas de sacolas com nomes de diversas lojas, de certa forma aquilo é fascinante para o garoto, depois de tanto tempo sem ver uma cena dessas, acordando do seu transe ver a cena da sua amiga grudada em Lipe e acha um pouco estranha, já que nunca tinha visto nada parecido.
- Essa aqui é a minha favorita, talvez nem precisaremos ir em outra, mas vamos primeiro escolher um terno para os dois. Fala Mary entrando na loja repleta de roupas para festas.
A garota pega um terno preto e entrega a Lipe.
- Vai, entrar no provador e não demora. Diz a garota sorrindo para o outro.
- Nossa, quer mais mandona que isso?
- Vai Lipe rápido.... Gus, não quer dar uma olhada para ver se gosta de algum?
- Ok, eu vou dar uma volta aqui na loja.
Gus estava um pouco surpreso, não tinha visto esse lado da amiga ainda, apenas o que se mostrar na escola, mas é assim, todo mundo tem vários lados, pensou o garoto. Seguindo pela loja, ver um homem vindo em sua direção. Estava começando a achar que fez algo errado, até que o homem se apresenta.
- Olá, eu sou o Ben e trabalho aqui. Procurando algo em específico? Diz o rapaz com um sorriso radiante.
- Olá, me chamo Gustavo, na verdade estou procurando um terno para hoje, mas não sei como ou o que escolher.
- Vamos ver. Temos o básico, que é o preto, até mais trabalhados com diversos detalhes.
- Acho que prefiro um básico mesmo. Nada para chamar a atenção e que custe caro. Guz abre um sorrisinho de canto.
- Okay, me siga por favor.
Gus segue o rapaz, para ele era curioso uma pessoa jovem trabalhando ali, esperava alguém nas faixas dos 40 ou 50 anos, já o homem não devia ter mais de 20 anos, seus cabelos eram loiros, raspados na lateral em degradê e formava um topete pequeno no topo da cabeça, sua boca chamava a atenção pela tonalidade rosada e seu olho era verde, tinha um corpo não muito malhado, porém já era visível alguma definição.
Parando em frente a vários ternos, Gus se sente mais perdido ainda, não fazia a mínima ideia de como começar aquilo, Ben vendo a confusão no rosto decide ajudá-lo mais. Escolhe três ternos que estavam perto.
- Olha Gustavo, esse três aqui, porque não começa por eles? Tem problema com esse azul escuro?
- Não.
- Ótimo, ali é uma cabine, vai lá provar, vou esperar aqui para ajudar a escolher.
Gus pega as vestimentas da mão do rapaz e vai em direção ao provador, veste o primeiro e o segundo terno, ambos preto, mas não se sente confortável neles pega o terceiro, o azul escuro, veste, se sentiu confortável, mas não confiante, e se ficasse parecendo um pateta com aquele ali. Resolveu sair do provador para saber a opinião de Ben.
- Então, o que você achou desse? Disse Gus tentando disfarçar o nervosismo.
- Está ótimo. Você se sente bem nele?
- Ok, acho que sim... pelo ao menos mais que nos outros.
- Então vai ser esse mesmo?
- É, vai ser.
Gus dá meia volta e entra novamente no provador, tira tudo e quando estava terminando de vestir sua calça jeans de volta acaba escorregando no chão liso por conta da sua meia e vai ao chão batendo contra a parte de trás da cabine de madeira causando um barulho alto no local.
- Está tudo bem? Pergunta o vendedor encostado na entrada no provador.
- Está sim, só desequilibrei e caí.
Gus faz uma careta levantando e passa a mão na cabeça no local que passou e sua mão sai um pouco suja de sangue, fica preocupado, pois pode ter cortado feio a cabeça, não teria outra opção a não ser pedir para Ben olhar. Se preparando mentalmente para chamar o rapaz ele fala.
- Ben você poderia olhar se minha cabeça está cortada?
- Claro. Diz o rapaz entrando no provador.
Ao olhar constata que não foi um corte de se preocupar, estava apenas sangrando localmente e bem pouco, mal se via.
- Está tudo bem, não é nada demais. Na loja temos um kit de primeiros socorros, eu posso limpar isso. Eu vou só vestir sua camiseta, ok? Sua mão está suja de sangue.
- Tudo bem.
Ben veste a camisa em Gus e pega o terno que o rapaz tinha escolhido.
- Vamos lá no fundo, o kit está lá.
Os dois seguiram para o fundos da loja, Gus ainda não tinha percebido o quão longo era aquele lugar cheio de ternos e vestidos de todo estilo e forma. Poderia muito bem trabalhar ali, pensou, tudo era tão lindo e esplêndido. Acorda de mais uma das suas divagações com Ben chamando.
- Ei Gustavo senta ali.
- Tá bem, e pode me chamar de Gus.
O vendedor vai até uma sala que fica ali perto, voltando com uma maleta, tira o que precisava de dentro, pega uma cadeira e se posiciona atrás do rapaz mais novo. Gus estremece um pouco com a aproximação do mais velho, porém estava mais calmo por saber que não tinha nada demais na cabeça, o rapaz tem seu nariz invadido pela fragrância do perfume suave que Ben usava, nesse momento sentia suas bochechas queimarem e não conteve o sorrisinho com aquela situação e sensação.
- Terminei aqui. Mas você sujou sua mão e pelo visto o pescoço também.
Ben pega a cadeira e se posiciona na frente de Gus, pega a mão do rapaz e passa de maneira suave um pano molhado limpando, em seguida passa no seu pescoço, Gus estava totalmente hipnotizado pela face concentrada que Ben tinha, como alguém pode se dedicar tanto a algo tão simples como isso, pensou, mas, com vergonha desvia o olhar do rapaz a sua frente.
- Você tem um cheiro tão bom e é tão delicado que parece que vai quebrar a qualquer momento Gus.
O garoto envergonhado volta a olhar para a frente e encontra um Ben compenetrado e bem próximo do seu rosto, podia sentir a respiração do loiro bater na sua face, surpreso prende a sua respiração, seus olhos estão completamente vidrados um no outro. Gus olha para a boca incrivelmente rosada do rapaz...
- Gus! porque você veio para essa parte da loja, sabe o quanto eu já te procurei? Diz Lipe passando no meio de uma fileira de ternos que estava ali.
Os dois que estavam em transe até alguns segundos atrás, despertam e voltam a sua posição normal. Ben se levanta com a maleta em mãos e vai a sala deixar tudo, Gus repete o gesto e também se levanta indo para próximo do amigo.
- Eu acabei caindo e soltando um pouco de sangue pela cabeça, aí o Ben me ajudou, e por isso estou aqui, não foi nada demais. Fala Gus explicando a situação ao amigo.
- Huuu. Resmunga Lipe olhando para a sala que o vendedor vinha saindo.
- Vamos lá para a parte da frente, irei embalar seu terno. Disse Ben olhando para Gus.
- Certo, vamos Lipe. Já escolheu o seu?
- Ainda não.
- Não, ele não escolheu por que não pode passar um minuto longe de você Gus. Diz Mary saindo pela mesma fileira de terno que Lipe tinha saído há algum tempo.
Os quatro seguem para a parte da frente da loja, Ben entrega o embrulho com o terno de Gus.
- Olha nos bolsos quando abrir. Diz Ben baixo o suficiente só para Gus ouvir e se vai entre as roupas de festa que ali tinha.
Gus se vira e vai em direção aos amigos.
- Vamos escolher logo ou você quer colocar uma coleira no Gus também Lipe? Pergunta Mary em um tom irritado.
- Okay, mas eu já tenho o meu favorito, é aquele vermelho que às vezes parece que tá brilhando quando se move.
- Ele brilha?... Pergunta Gus sorrindo.
- Não é que ele realmente brilha, só parece. Explica Lipe.
- Tá bem Lipe, entra na cabine, e tira a roupa, para provar, eu vou pegar ele para você. Fala Mary saindo do local.
Lipe vai em direção a cabine e Gus se senta em um banco que estava ali esperando, Mary vinha com o terno em mãos e entra dentro da cabine, se eles andando de braços dados já estava estranho, aquilo deixou Gus mais confuso ainda, será que eles estavam em uma relação e não contou a ele por pena, pensou o rapaz confuso em seu banco.
- Porque você entrou aqui Maryyy! Lipe falou alto suficiente para metade da loja ouvir aquilo.
- Logo depois Mary sai de dentro com uma cara de desapontada e irritada, indo em direção a Gus se sentando no banco.
- Lipe tem momentos muito estourados. Disse a garota
- Mas porque você entrou lá? Pergunta Gus.
- Porque eu ia entregar o terno a ele. Fala a garota fazendo pouco caso.
- Mas poderia ter colocado o braço para dentro da cabine com o terno.
- Affs até você Gus. Diz Mary em tom ríspido.
- Okay, não sabia que você é tão estressada fazendo compras.
- Não sou, eu só quero ser prestativa, mas parece que não se importam. Fala de maneira desanimada a garota.
- Claro que nos importamos. Mas, pode ser menos prestativa. Diz Gus pegando na mão dela.
- Tudo bem, você sempre sendo um bom amigo.
Lipe sai de dentro do provador e todos ficam olhando o quanto perfeito ficou, por assim dizer, o rapaz com traços norueguês dentro daquele terno.
- Está bom?
- Está ótimo. tanto Mary quanto Gus disseram.
- Então vai ser esse.
A escolha de Mary foi bem mais rápida do que se esperava, escolheu um vestido vermelho com detalhes de rosas em tom preto, que ia até a altura dos tornozelos, vindo acompanhados de saltos também vermelho. Após isso foram embora da loja com suas compras, almoçando ali mesmo no shopping e seguindo para casa, Mary se despediu na entrada do local, já que sua casa ficava ali perto. Lipe e Gus fizeram a viajem de volta no corro.
- Chegamos. Disse Lipe parando em frente a casa de Gus.
- Obrigado.
- Você devia tomar mais cuidado com as pessoas quando sair.
- Mas eu tomo, e que conversa estranha é essa Lipe?
- Digo porque você estava muito perto do carinha da loja lá.
- Óbvio, ele estava limpando meu ferimento e meu pescoço sujo de sangue.
- Então você deixou ele pegar em seu pescoço também, nunca mais deixo você sozinho. Lipe diz em tom irritado.
- Meu Deus, que surto, eu posso ter contato com outras pessoas também, não vou ficar apenas com você e a Mary para sempre. Diz Gus que começava a se irritar com os excessos de cuidado do amigo.
- Huu. resmungou Lipe.
- Venha me pegar às 19:30. Falou o garoto saindo do carro.
- Okay.
Lipe deu a partida no carro e voltou para casa. Gus entra em sua casa e vê que já não tinha mais ninguém lá, isso o deixava aliviado, subiu para seu quarto para tirar um cochilo antes da noite, não queria ficar com sono enquanto estivesse no baile.
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