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O Destino De Anne

Adeus Vilarejo

As imagens daquele homem esfaqueando o meu papai não me saem da cabeça, agora o meu destino é ser empregada no Palácio do Duque. 

Enquanto arrumo minhas poucas peças de roupa em uma mala velha, as lágrimas me molham o rosto, com as lembranças que me vem, dos momentos felizes que vivi aqui nesse vilarejo com o meu papai.

O carroceiro Carmino chega, jogo minha mala na carroça e estava prestes a subir quando lembro dos meus materiais de pintura, a qual é a minha única alegria nesses últimos dias.

Entro correndo na velha e humilde casa, pego o caixote com pincéis e tintas e algumas telas. Antes de ir, entro uma última vez no quarto do meu pai e decido levar uma camisa dele comigo, quando vejo uma caixa dentro do armário me desperta curiosidade. 

_ Anda, menina, não tenho o dia todo!_ O Carmino me chama impaciente.

Jogo a caixa no caixote e vou correndo para fora.

Conforme íamos nos distanciando do vilarejo meu coração se apertava, um nó se formava em minha garganta e logo as lágrimas me escorria no rosto, eu nunca havia saído do vilarejo, e sempre sonhava em saber como era o mundo fora la fora, sabia que um dia eu ia sair dali, mas não imaginava que seria dessa forma.

Sem o meu papai, sinto uma raiva quando lembro daquele maldito ladrão que tirou a vida do meu pai.

Conforme o Carmino ia pela estrada, eu ia admirando a beleza das árvores e flores, não me aguentei quando vi aquele lago tão bonito. 

_ Deixe-me ir tomar banho, carmino?

_ Não, já parei para você comer, para colher flores, para pegar aquelas laranjas, agora precisamos seguir o nosso caminho. 

_ Ah, por favor? Só cinco minutos? 

_ Não, não pode ficar com as roupas molhadas, se não vai adoecer, e se chegar lá doente, a Mercedes vai brigar comigo.

_. Por isso, é cheio de rugas, não vivi direito a vida. Carmino, não aproveita as chances que a vida te dá. Quando vai ver um lago bonito desse de novo? 

_ Não vai me convencer, tenho rugas porque já estou velho, beirando os setenta anos.

Foram quatro dias de viagem, tudo que eu queria era um banho, uma boa tigela de sopa e uma cama para dormir.

Era manhã quando chegamos, eu estava para lá de impressionada com a grandeza daquele lugar, nunca nem em meus sonhos tinha visto um Palácio, e nem imaginaria que seria tão bonito. 

Quando papai me contava histórias da época em que ele servia à realeza e me falava de como era bonito, eu ficava sonhando em um dia poder trabalhar em um também. 

Conforme Carmino se aproximava, a minha boca se abria ainda mais.

_ Fecha a boca se não entra moscas.

_ Me deixa Carmino, eu nunca havia visto um Palácio em minha vida, então eu vou ficar admirando tudo.

Começo a usar minha imaginação.

_ Carmino, você é um cavalheiro e essa carroça é uma carruagem, e eu sou a duquesa. _ Falo sonhando acordada.

_ Hahahaha!

_ Do que está rindo, carmino? 

_ Parece uma lunática.

_ Estou sonhando acordada. 

_ Já és uma jovem, não é mais criança para ficar criando histórias.

_ Eu sou uma sonhadora.

_  E uma tagarela. 

_ Rabugento, falarei à tia Mercedes que passou toda a viagem me reprimindo. 

_ Além de tagarela e fofoqueira. 

Ele parou nos fundos do Palácio. 

_ Graça a Deus, chegamos e meus ouvidos terão descanso. _ Ele fala me provocando. 

_ E eu terei descanso da sua reclamação. 

_ Atrevida.

Já ia lhe da uma má resposta, quando a tia Mercedes apareceu, limpando as mãos em seu avental, os cabelos brancos e seu sorriso afetuoso. 

_ Minha Anne, como mudou desde a última vez que a vi._ Ela fala me abraçando. 

_ Ah, tia Mercedes, como é bom vê-la .

_ Carmino, obrigada! _ Ela o agradece. 

_ Eu quero uns beijinhos como forma de agradecimento. _ Ele fala fazendo bico, a tia Mercedes puxa a orelha dele.

_ Aí eu estou brincando. 

_ Isso é para você aprender a não ser abusado. 

Quando entramos pela cozinha, havia uma mesa grande e os empregados estavam fazendo o desjejum.

Uma mesa repleta de bolo, café, pão, frutas e sucos. Minha barriga roncou alto com cheiro maravilhoso de toda aquela comida.

_ Está com fome, né? Mas vou apresentá-la primeiro aos meus amigos.

_ Sim.

_ Pessoal, essa é Anne, minha sobrinha que tanto falei para vocês nesses últimos dias.

_ Prazer conhecê-la, senhorita, eu sou o Leopoldo. _ Diz um belo jovem. 

_ E eu sou Elizabeth.

 E assim todos foram um por um se apresentando, tinha mais de vinte empregados, mas a única coisa em que eu conseguia me concentrar era naquela mesa.

_ Faltam alguns, mas esses estão a serviço no momento. 

_ Uau! Aqui trabalha tanta gente assim?

_, sim, mas do que possa imaginar. 

Entra um senhor pigarreia antes de falar quando chega e percebe o alvoroço que está a cozinha.

_ O que está acontecendo aqui?_ Ele fala sério. 

Percebi a tia Mercedes corar as bochechas quando ouvi a voz dele.

_ Desculpe, senhor Alfredo, mas a minha sobrinha chegou, e estamos todos alegres.

_ Então essa é a famosa Anne?_ Ele pergunta se aproximando. 

_. Sim, senhor. _ Respondo.

_ Seja bem-vinda.

_ Eu sou o major domus do Palácio. _ Ele fala.

_ Então, o senhor é quem administra tudo isso? — Pergunto. 

_ Sim, eu mesmo.

Após conhecer todos, eu me juntei a eles na mesa, eram todos ali bem legais, cada um me contava um pouco do que fazia, e eu só sacudia a cabeça enquanto minha boca estava ocupada mastigando.

Eu comi tanto que depois pensei que fosse morrer de barriga cheia.

_ Agora que comeu, precisa de um banho, não pode aparecer assim lá nos aposentos do Duque._ Tia Mercedes fala.

_ E como ele é? _ Pergunto curiosa. 

_ Um homem muito bonito, diria que aqui não tem homem tão formoso como ele, era alegre, mas desde que perdeu a esposa e o filho, se tornou mal-humorado, nada para ele está bom.

_ Pobre homem, e como morreram a esposa e o filho? 

_ Ela não aguentou dar à luz, foram horas de sofrimento, o bebê nasceu morto e logo em seguida ela também morreu. 

Fico triste com a história, consigo entender o pobre Duque, imagino perder duas pessoas que ama, perdi o meu pai, e meu coração sangra de dor.

_. Mas agora vá tomar seu banho e ficar apresentável. 

Após o banho, tia Mercedes me levou para me orientar qual seria o meu serviço. Eu estava ocupando a vaga de uma empregada que arrumava os quartos. 

_ Não mexa em nada além das coisas que te mostrei, não entre no quarto sem que o Alfredo te dê a permissão para entrar e arrumar.

_ Entendi, só posso fazer o meu serviço quando o Alfredo dê a permissão. 

_ Isso mesmo; só pode vir aqui quando for chamada.

Anne

Me arrancou um sorriso

Voltar para o Palácio é sempre uma tortura, as lembranças da minha Isabel estão por todo lugar ali, desde que ela partiu dessa vida parece que a minha vida foi com ela, nada mais me alegra, por que a vida é assim? Pessoas boas morrem e as ruins continuam vivas fazendo maldade. 

Estávamos tão felizes e ansiosos pelo nascimento do bebê, e o dia que era para ser o mais feliz das nossas vidas foi a pior desgraça, ela se foi e o nosso pequeno Benjamin também. 

_ Senhor Duque, a carruagem o espera.

_ Já estou indo, Aleffe.

Era noite quando a carruagem parou na frente do Palácio, meu coração já pesava e a tristeza me consumia, sentia uma raiva ao pensar que agora poderia estar sendo recebido por minha Isabel e o nosso menino. 

Os empregados estão todos em suas posições e me dão Boas-vindas, e curvam-se me cumprimentando.

_ Alfredo me acompanha até o escritório._ Ordeno. 

_. Sim, senhor. 

No escritório, Alfredo me deixa a par de tudo, me entrega as cartas da realeza e um convite para o baile. 

Eu detesto ir a esses bailes, houve uma época em que eu gostava, mas isso foi antes da vida me arrancar a alegria. 

_ Não irei ao baile.

_. Mas esse o senhor não pode rejeitar. É um convite da rainha.

_ Tudo bem, mas preciso que me arrume uma acompanhante, não quero aquelas moças oferecidas me cercando. 

_ Sim, senhor, como deseja, assim farei.

Acordo no meio da noite, olho na janela e vejo algo que me chama atenção. Ela é branca como a lua e os cabelos loiros ondulados, está rodopiando no jardim, que maluca! A essa hora, dançando sozinha no meio da noite. 

Fico ali um tempo observando ela, não sei como conseguiu, mas essas maluquices que ela faz me tira um sorriso, nem lembrava mais como era essa sensação de achar algo engraçado, e quando ela cai entre os arbustos eu acabo rindo alto e isso chama atenção dela que procura de onde vem, me escondo atrás da cortina e vejo ela procurar e sair correndo parecendo assustada. 

As manhãs são ainda mais terríveis para mim, sozinho, uma mesa grande e farta, olho para o lugar onde ela se sentava e é como se eu ouvisse ela conversar comigo, seu sorriso angelical, suas mãos delicadas segurando a xícara de chá. 

_ Alfredo, sente-se e tome café comigo.

_. Sim, senhor. 

_ Mercedes sente-se também. _ Peço e ela olha-me receosa. 

_ Vai ficar me olhando? 

_ Não, senhor._ Ela fala, sentando-se ao lado de Alfredo. 

Eles ficam constrangidos, e não é para menos, acho que em nenhum Palácio os empregados ousaram sentar à mesa com os seus senhores, mas eu não me importo, não quero ficar tomando meu café da manhã sozinho. 

_ Me conte algo novo, Mercedes._ Falo e ela arregala os olhos. 

_ Contratamos uma empregada nova, minha sobrinha, o pai faleceu e ela ficou sozinha e eu sou seu único familiar. 

_ E você, Alfredo? 

_ Não tenho nada novo, senhor.

_ Imaginei, nunca sai desse Palácio, Alfredo, mande que me prepare o meu cavalo, quero cavalgar.

Estava pelos arredores do Palácio quando resolve ir até o lago onde costumava fazer piquenique com a Isabel. De longe, avisto alguém lá, desço do cavalo e vou devagar para não fazer barulho, me escondo atrás de uma árvore e fico observando, é a maluca de ontem à noite. 

Ela canta como um pássaro enquanto desliza o pincel na tela branca, tem uma linda voz, acabo pisando em um galho seco fazendo barulho e ela olha para trás assustada.

Fico quieto, imóvel, escondido, torcendo para ela não vir averiguar de onde veio o barulho. 

_ Não te ensinaram que é errado ficar bisbilhotando a vida alheia. _ Ela fala de forma atrevida, as palavras me parecem sumir, com aqueles olhos esverdeado me encarando.

Me pergunto: como não ouvir ela chegar? 

_ Quem pensa que é para falar comigo dessa maneira?_ Pergunto, tomando a minha razão e olhando para ela de forma dominadora, mas ela demonstra não estar nenhum pouco intimidada. Esse olhar sempre funciona com todos, mas ela simplesmente não se importou e continuou me encarando com altivez. 

_ Eu sou a prima da condessa do Palácio vizinho. _Ela fala com ousadia.

Mentirosa, se estava no meu jardim, deve ser empregada do Palácio e deve ser muito doida para não saber quem sou eu.

_ E o que faz uma dama sozinha nesse lago? 

_ Eu... Não é da sua conta!_ Ela fala e isso me irrita profundamente. 

_ Mal criada, para uma prima da condessa lhe faltam modos de uma.

_ E você é um arrogante bisbilhoteiro, e me dê licença que vou terminar a minha pintura. _ Ela fala, saindo em direção ao lago.

_ Vou lhe fazer companhia._ Falo sentando em uma pedra.

_ Eu preciso que saia, estou pintando essa parte do lago.

_. Pois pinte comigo aqui, eu venho aqui há anos, então ele é praticamente meu._ Falo como um garoto birrento.

O que a comigo? Por que estou agindo assim?  Quero ir, mas é mais forte do que eu a vontade de ficar e brigar.

_ Então fique aí, pintarei essa parte e um sapo feio sentado nas pedras._ Ela fala atrevidamente. 

_ O sapo, no caso, seria eu? 

_ Sim, feio como um sapo!

_ Hahahaha! Mentirosa, eu tenho espelho e sei quão bonito é charmoso eu sou.

_ E cego também, porque enxergar beleza onde não tem._ Ela fala e começa a cantar alto e volta a atenção para a tela como se eu não estivesse ali.

Fico observando ela pintar a tela, por um momento me perco e, tirando todo atrevimento e mau comportamento, ela é uma jovem belíssima, assim que chegar ao Palácio saberei quem é ela, e quero ver se diante do Duque ela terá esse mesmo atrevimento que está agora.

Já imagino a cara dela quando descobri quem sou eu. Saio sem dizer uma palavra e volto para o Palácio. 

Durante o almoço, eu consigo juntar as peças, a maluca deve ser a sobrinha da Mercedes, eu conheço todos os empregados do Palácio e essa moça nunca tinha visto aqui, então ela é a sobrinha da Mercedes.

_ Mercedes, qual a ocupação da sua sobrinha aqui no Palácio? _ Pergunto quando ela me serve a sobremesa. 

_ Ela está no lugar da Bernadete, na limpeza dos quartos.

_ Então, peça que ela troque as colchas da minha cama, não gostei das que ela colocou, e quero que faça agora mesmo. 

_. Sim, senhor. _ Ela fala e se retira. 

Espero por um tempo e depois vou para o meu quarto. Ela está dançando valsa com o meu travesseiro, está tão entretida que nem me percebi minha presença, eu devia estar com raiva como sempre fico, mas dela simplesmente não consigo.

Duque Charles Cadogan

Em maus lençóis

Fico pensando naquele homem bonito, olho a tela onde está a figura dele, por mais que ele tenha saído antes que eu terminasse a pintura, consegui terminar de fazer seu desenho na tela, gravei todos os traços e bastasse que fechasse os olhos para que seu rosto aparecesse perfeitamente em minha lembrança. 

Mas bem que eu poderia ter pintando um sapo, como havia falado, nunca em minha vida havia visto um homem tão bonito.  Desvio minha atenção para o caixote, à minha frente, e só então me lembro da caixa que encontrei no guarda-roupa do meu pai. Caminho até lá curiosa para saber o que tem lá, pego a caixa e estava prestes a abrir quando tia Mercedes aparece. 

_ Anne, querida, precisa ir imediatamente trocar as roupas de cama do Duque. 

_. Mas por quê? Eu as troquei hoje e escolhi umas tão lindas, até deite...

_ Você deitou na cama do Duque? _ Ela pergunta.

_ Foi só para ver como era a sensação de dormi em lençóis tão finos, e não foram cinco minutos!

_ Menina, não faça isso de novo, e vá agora mesmo e seja rápida. 

_ Está bem, tia.

Volto ao quarto do Duque, pego novos lençóis e começo a trocar os forros da cama, de repente pego o travesseiro e eu me imagino em um salão de festas da rainha, um baile onde o príncipe irá escolher sua esposa. Eu estou lá vestida com um lindo vestido com muitas pedrarias e brilhando como um diamante.

Príncipe: linda dama, posso saber qual é a sua graça?

Eu: Sou a princesa da Inglaterra. 

Príncipe: Me dê a honra dessa dança? 

Eu: Sim, vossa alteza.

E dançamos uma valsa pelo salão, ele me guia perfeitamente e beija-me nos lábios, me escolhendo como a sua esposa.

Ouço alguém pigarrear, tirando-me da minha imaginação.

Que vergonha! Será o Alfredo? Me viro e só então vejo o sapo do lago.

_ O que faz aqui nos aposentos do Duque? Está me seguindo? — Pergunto, olhando feio para ele.

_ Outras pessoas costumam curvar-se quando me veem, me chamam de vossa graça, é a primeira que trata mal um Duque, admiro a sua coragem, é uma rebelde? 

Mas como eu sou burra!  Olha os trajes que ele está vestido? Lógico que é alguém importante, mas e agora, o que faço?  Devo me fingir de doida? Fico ali paralisada sem saber o que fazer, e se eu fingir um desmaio? E agora eu destratei um Duque! Essa minha língua solta!

_ Que foi? O gato comeu sua língua? _ Ele pergunta e então eu finjo o desmaio. 

Finjo estar tonta e Caio no chão. 

_ É uma ótima atriz, devia fazer parte do espetáculo de teatro da rainha._ Ele fala e eu continuo lá de olhos fechados. 

Sinto-o se aproximar, me pega nos seus braços, meu coração agora dispara e parece que vai sair pela boca.

_ Pode abrir os olhos e para de fingir que desmaiou?

_ Você é maluca? 

Ele profere perguntas e sinto uma vontade de rir. Tá aí um problema que eu tenho, se me sinto nervosa, tenho vontade de rir. Não posso ri, aí, meu Deus!

_ Será que desmaiou mesmo de nervoso? 

Escuto-o se questionar. 

_ Moça? Acorde.

Sinto ele colocar-me no chão de volta, se afasta e então sinto água fria no meu rosto, abro os olhos assustados e ele está com um sorriso no rosto. A vontade que tenho é de xingá-lo de todos os palavrões que eu conheço, mas agora sabendo quem ele é, mantenho a minha boca fechada e saio correndo dali. 

Chego na cozinha, pego um copo com água e viro de uma vez. 

_ Que foi, menina? Parece que viu um fantasma._ Maria pergunta. 

_ Foi bem pior que isso!

_ Você parece ter os parafusos soltos na cabeça, outro dia disse que tinha uma alma assombrada no jardim, e agora diz que viu algo pior que o fantasma. 

_ Aquele do jardim foi uma alma assombrada, mas esse de hoje foi de carne e osso e estava vivo como eu e você.

_ O que anda aprontando? _ Ela pergunta. 

_ Nada, Maria, eu tenho uns parafusos soltos mesmo. 

Fala e ela balança a cabeça e volta a atenção para o bolo que estava confeitando. 

_ Maria, o que acontece se alguém desacatar o Duque? _ Pergunto. 

_ Por que da pergunta? Por acaso fez isso? 

_ Não, não, imagina eu fazer isso? Não. 

_ Então, por que pergunta?

_ Só curiosidade, Maria.

_ Eu não sei, nunca desacatei uma autoridade, e nunca vi ninguém fazer isso! E quem seria louco? 

_ É mesmo, quem seria louco de fazer uma coisa dessa? _ comento. 

Eu estou muito ferrada! Parabéns, Anne conseguiu ser a primeira pessoa a desacatar alguém da nobreza. 

Agora só preciso me manter escondida por aqui, só vou sair do quarto para cozinha e arrumar os quartos. 

_ Anne, o Duque deseja conhecê-la._ Tia Mercedes fala, aparecendo na cozinha. 

É agora que serei enforcada ou presa, sinto uma angústia só de pensar, logo eu que tinha tantos planos para mim, tudo bem que não eram tantos e nem sonhos grandes, mas eu sou muito jovem para morrer ou ser presa! 

_ Vamos, anda logo!

_ Já vou, tia.

Ela guia-me até o escritório, respiro fundo antes de bater na porta.

_ Estou muito orgulhosa, o Duque gostou muito do seu trabalho. Tia Mercedes comenta, e eu apenas lhe dou um sorriso. 

Mal sabe ela o problema que arrumei. 

_ Vai, bate na porta._ Ela fala e sai.

Bato na porta e a sua voz grave manda-me entrar. Quando entro, ele está a olhar para a janela, com as mãos no bolso das calças, numa postura firme e poderosa.

_ Vossa graça._ Falo-me curvando. 

Mantenho a minha cabeça baixa sem o encarar, o meu coração galopa como um cavalo que se libertou e corre para não ser pego.

Ele aproxima-se e sinto sinto as minhas pernas ficarem como gelatinas, um nó se forma na minha garganta e lágrimas começam a querer sair, respiro fundo tentando impedi-las.  

Ele ergue meu queixo com o seu dedo indicador e só então o encaro a encontrar seus lindos olhos azuis, ele olha-me firme e engulo seco.

_ Onde está a moça atrevida que conhece no lago? _ Ele pergunta, mas nenhuma palavra me sai da boca. 

_ Por que fugiu? 

_ Eu... eu... peço perdão, senhor Duque, por meu atrevimento, não sabia que o senhor era o Duque, imagina se eu soubesse não o teria tratado daquela maneira, o senhor não se parece com um sapo, e eu não pintei um sapo, fiz a sua figura._ Falo desesperadamente. 

Ele me encara se divertindo com o meu desespero, isso irrita-me, mas engulo o meu orgulho e retrato-me. 

_ Eu faço o que o senhor quiser, mas por favor me perdoe e nem conte para minha tia o ocorrido. 

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