Maria Flor Carmona, 27 anos, é fisiatra especializada em condicionamento físico de atletas e boxeadora nas horas vagas.
Carla Carmona, 48 anos, é esteticista e divorciada.
Carolina Carmona, 68 anos, é artista plástica aposentada, mãe de Carla e avó de Maria Flor e Viviane.
Viviane Carmona, 23 anos, é comunicadora social, influenciadora digital e aspirante a modelo, filha mais nova de Carla.
Capítulo 1 - Péssimas notícias.
Um dos melhores prazeres de morar no Rio de Janeiro é poder voltar para casa pela ciclovia.
A vista é espetacular nessa época do ano. À medida que o sol vai se pondo no horizonte, o céu se ilumina com tons de laranja, rosa e dourado.
Ela pedala sua bicicleta com design moderno e leve, aro 29.
O quadro é feito de alumínio, com geometria de XC Trail e trilhas.
Maria Flor admira a paisagem da orla de Ipanema, onde trabalha, até o Flamengo, onde mora. É de tirar o fôlego; isso renova toda a sua energia que lhe foi tirada ao ter que ficar trancafiada na academia o dia inteiro.
Ela mantém seu corpo e mente em perfeita harmonia. Não abre mão de uma vida ligada à natureza. Para, em um sinal vermelho, aguardando para atravessar a Rua Dez de Dezembro.
Só mais dois prédios e estará em casa.
— Oi! Severino, abre o portão da garagem de baixo para mim! — grita para o porteiro que a conhece desde a barriga da mãe. Ele é irmão da Cidinha, a moça que trabalha na sua casa há uns quinze anos.
— Oi, Florzinha! Já vou! — grita o porteiro. Ela desce da bicicleta, entra no prédio e vai para o bicicletário. Estranha, vê que o carro da mãe está na garagem e verifica as horas.
Sobe as escadas correndo até a portaria. — E aí, Severo, como está tudo? — os dois se cumprimentam com um soquinho.
— Tudo bem. Flor, você viu a luta de sábado? — diz, caminhando na frente dela em direção ao elevador.
— Para mim, foi marmelada; Bobó entregou a luta.
— Menina arretada, achei o mesmo! Fiquei com raiva de ter ficado madrugada adentro para ver a luta e depois ficar com cara de tacho. Oxente, como assim ele perdeu? — ela ri do jeito dele.
— André Mendonça foi mediano a temporada toda e o bobo que era o favorito perdeu no primeiro round.
— A luta foi comprada, com certeza. — Seu tom de voz demonstra toda a sua indignação.
O elevador chega e Severino abre a porta. Saem de dentro duas mulheres muito chiques. Olham para Maria Flor e fazem cara de nojo.
— Nossa, essas garotas de hoje parecem homens de tanto músculo. — diz uma mulher para a outra.
— Não liga, Florzinha, inveja “músculos.”
— Com certeza! — brinca ela, dando um soquinho na mão dele. — Valeu, Severino, até amanhã.
Apertando o número nove, se encosta no metal frio. Pega o telefone do bolso de fora da mochila e vê dez chamadas do Duda, além de várias mensagens no WhatsApp. Volta a guardar o celular na mochila.
O dia foi tranquilo; não estava disposta a estragar a sua noite com o choramingo do Duda. A insistência para voltarem estava enchendo a paciência. Teve coragem para trair, agora aguenta as consequências. Ela entra em casa e tira o sapato na área de serviço.
— Oi! Tem alguém em casa?
— Estamos na sala. — grita Carla.
Maria Flor caminha para a sala, desconfiada do que está acontecendo. — Quem morreu? — pergunta Maria Flor.
— Do que está falando, sua doida desmiolada? — Viviane, com cara de tédio, está sentada na poltrona bege com flores em tons de vermelho.
— Você está em casa às oito horas de sexta-feira; só pode ter acontecido algo muito ruim.
Para falar a verdade, a mamãe também.
— Sente-se, Flor; o assunto é sério. — gaguejou Carla.
Carla mexe as mãos trêmulas; ela precisa convencer a filha mais velha e super independente de que elas não podem se separar. Então, continua seu discurso.
— Filha, o que tenho para falar é muito sério.
— Isso eu não duvido. — Ela joga-se no sofá, colocando uma almofada embaixo da cabeça.
— Dá para ter modos, por favor? — reclama Carla.
— Tem coisas que se adquirem no berço, mamãe; esse não é o caso de certas pessoas.
— Fique quieta, viva, filha, me ouça sem me interromper, promete? — Carla tenta acalmar sua filha.
— Flor, sua mãe perdeu nosso apartamento. — grita sua avó Carolina, desesperada.
— Cala a boca, mamãe! Eu falei que iria contar para ela.
— Isso é pegadinha, né? Como assim perdeu nossa casa?
— Sabe aquela viagem que Viviane ganhou no concurso de beleza no ano passado, uma viagem de oito meses pela Europa, com tudo pago? — Dona Carolina ri descontroladamente.
— Sim, vozinha, eu lembro.
— Tudo fake news; elas inventaram tudo. Flor, tudinho, detalhe por detalhe.
— Vó, elas seriam incapazes de tamanho loucura. — Maria Flor tenta acalmar a avó.
— Querida, aí que você se engana; elas são. Toda a viagem pela Europa foi paga com o dinheiro do nosso apartamento.
— Alto lá, mamãe! O apartamento era a garantia, não o pagamento. — se justifica Carla.
— Que diferença isso faz, Carla? O que importa é que você perdeu nossa casa. — Dona Carolina está inconsolável.
— De quanto estamos falando, mamãe? — Nesse momento, Maria Flor já estava de pé, encarando a mãe.
— Um milhão. — fala Carla baixinho.
— Você só pode estar brincando! Você colocou nossa casa em risco por quê? Uma falsa proposta de casamento agora, tudo faz sentido. O herdeiro dos cosméticos, Paris, vem ao Brasil. Viviane se envolveu com ele e fez um pedido de casamento mentiroso para ela. Voltou para casa com a desculpa de que “papai tá chamando” e vocês duas idiotas acreditaram? Quanta tolice.
— Claro que sim! No final, ele casou com a filha do dono daquela companhia marítima que esqueci o nome.
— Mermaid Company, vovó. — diz Viviane, a caçula. — Que bobagem! Não sei por que estão tão chateadas.
— Vou te mover, Vivi! Vou te quebrar todinha! — Maria Flor avança em cima da irmã. — A covarde começa a gritar pela mãe, sua protetora. Sua cúmplice no crime entra na frente, impedindo.
— Maria Flor, pare agora! Não tem como voltar; eu assumo a culpa, a merda já está feita. Vamos tentar resolver sem matar ninguém.
Dona Carolina balança a cabeça, concordando com a filha.
— Filha, o leite já derramou; não tem mais jeito. Não vamos brigar, por favor. Além do quê, ela é muito magrinha e você, super forte, vai matá-la. Não que elas não mereçam, mas elas vão para o cemitério, você vai para a cadeia e eu vou para onde? — choraminga Dona Carolina. — Não posso viver sem você, florzinha.
— Desculpa, vó, não vou te deixar sozinha, nunquinha. Quanto tempo nos resta? — pergunta Maria Flor.
— Temos quinze dias para desocupar a casa, antes de sermos despejadas. — explica Carla.
— Para onde vamos em quinze dias? — Maria Flor pergunta, chocada.
— Só existe um lugar para onde podemos ir: para o Vale das Videiras, para a casa do vovô Firmino — anuncia Carla, abaixando o tom de voz.
As três mulheres surtam.
— O quê? Você ficou louca? — diz Viviane.
— Para o interior? Aí não! — reclama Dona Carolina.
— Tenho uma vida, um emprego; não vou para aquele fim do mundo. — anuncia Maria Flor.
Ricardo Correia Schmidt e seu cavalo correm ao vento. Sempre que algo o incomoda, esse é o seu remédio: sair a correr sem destino com seu cavalo preferido.
Eles percorrem a fazenda, gastando a energia acumulada, tanto do cavalo quanto do seu cavaleiro, enquanto correm. Rico observa seu patrimônio. Nada foi conquistado com facilidade; começou a trabalhar aos quatorze anos em uma fazenda de gado aqui no sul do Brasil. Aos dezesseis anos, ele conseguiu sua primeira vitória no lombo de um touro bravo.
Tudo ali foi ganho graças a Deus e com a força de seus braços. Um dia, sua filha Cecília herdaria tudo aquilo. Mas como seria isso com a menina presa a uma cadeira de rodas? Eles voltaram há pouco da última consulta da menina, que, por estar muito traumatizada com médicos, agulhas e remédios, não aceita ser tocada, dificultando o tratamento de reabilitação.
Ele conduz o cavalo de volta para a sede da fazenda e vai diminuindo a velocidade até estarem em um trote lento.
Seu irmão, seu melhor amigo e seu homem de confiança, aproximou seu cavalo do de Rico.
— Está melhor? — pergunta Zé Luiz.
— Como posso estar melhor, após ouvir do médico que a Cecília está cada dia mais atrofiada e pode nunca mais voltar a andar?
— Ela vai melhorar, tenha fé.
— E agora, como vamos arrumar uma babá decente para cuidar dela, sem que a mesma largue o serviço para ficar andando atrás de mim?
— Irmão, você precisa arranjar uma babá que não seja do vale ou redondezas, que não seja sua fã. Para organizar as coisas da guria, uma moça da cidade — ele coça a cabeça — tipo “mulher Amélia” da música “Amélia, mulher de verdade”, sabe? Você precisa de uma igual, “ela não tinha a menor vaidade”.
— Os dois caem na gargalhada.
— Isso existe? — pergunta Ricardo, cético.
— Talvez, pode ser até de outro estado que não saiba quem você é. Ou pense que pode conquistar o título de patroa.
— Talvez você tenha razão, uma mulher de outra cidade, mas precisa ser feia, estranha, que não venha achar que pode me conquistar. Não estou procurando uma esposa. Também tem que ser forte; não aguento mais essas que são cheias de frescuras. Não dá, e essa é a terceira só este mês que tive que dispensar.
— Pensam que numa fazenda não tem mosquito, aranhas. Tchê — a gargalhada dos dois faz as aves voarem.
— Zé Luiz, não quero que fique dando em cima de mim. Estou cansado de não ter paz dentro da minha própria casa — reclama ele.
— Vamos mandar Dona Vanusa preparar um anúncio para colocar no jornal de domingo?
— Vou pensar no assunto.
Sacudindo as rédeas, faz Castanho correr o restante do percurso, deixando Zé Luiz para trás.
Fazenda Rico Gaúcho.
Um casarão restaurado do início do século, 20 com grandes janelas e portas amarelas na varanda, sofás de madeira com almofadas brancas e vários vasos de flores enfeitam o local.
Passando pela porteira da sua fazenda e observando os funcionários guardarem os cavalos naquele final de tarde, ele é cumprimentado com um aceno de cabeça e ele retribui.
Sua! Essa palavrinha tão pequena tinha um significado enorme para ele. Quando criança, Rico ouvia as histórias do pai, que tinha o desejo de criar cavalo Quarto de Milha. Hoje era mais um sonho, e sim a mais pura realidade.
Ele desceu do cavalo e um jovem veio correndo e levou Castanho para o estábulo. Rico caminhou para o seu escritório na administração da fazenda Rico Gaúcho, nome reconhecido nos rodeios do Brasil e do mundo.
Abriu a porta, acendeu a luz e foi em direção à grande mesa de jatobá que adquiriu em um leilão em uma fazenda de Minas Gerais. Ele restaurou-a e a colocou no centro do amplo cômodo, com suas janelas azuis que iam do chão ao teto, o que o fazia se sentir pequeno, apesar de sua altura de um metro e oitenta e cinco.
O homem tirou o chapéu, deixando à mostra os seus cabelos, e o colocou no gancho na parede. Acomodou-se em uma confortável poltrona revestida com o couro de um búfalo negro como a noite, presente que recebeu de seu pai quando completou treze anos. Esse ano marcou a vida de Rico como nenhum outro, pois seu pai era um homem forte que, acostumado a lidar com gado, adoeceu repentinamente e, em poucos meses, morreu, deixando uma mulher e dois filhos.
Em poucos meses, sua mãe viu-se responsável pelo sustento da casa com um filho de treze e outro de oito.
Eles residiam em um local onde as mulheres tinham poucas opções de trabalho. Ela trabalhou na roça, onde, dia após dia, foi perdendo o seu vigor. Não importava quanto ela trabalhava; não era suficiente para o sustento da família.
Ela lutou arduamente para que seus filhos não saíssem da escola, mas, aos quatorze anos, Rico foi a um rodeio e, depois disso, decidiu, com toda a sua força, que seria pião de rodeio.
Quando ele completou quinze anos, eles perderam a mãe.
A irmã de sua mãe decidiu ficar com Zé Luiz, porém achou que um menino de quinze anos era velho demais para ela colocar dentro da casa dela.
Um ano depois, Rico ganhou seu primeiro campeonato estadual de montaria.
E no ano seguinte, ele ganhou o terceiro lugar no nacional; daí para frente, ele ganhou praticamente todas as provas de que participou. Aos dezoito anos, ele entrou na justiça pedindo a guarda do seu irmão e demorou seis meses para que ele tivesse sucesso.
José Luiz Correia Schmidt, 30 anos.
Desde aquele dia, eles nunca mais se separaram. Ele fez questão de pagar os estudos de Zé Luiz, que se formou com louvor na faculdade de administração. Homem bom e de coração puro e o melhor amigo do irmão Rico.
As mulheres estão em choque.
Carla tenta a todo custo não parecer desesperada; ela sente o suor escorrendo por suas costas.
Mas continua a falar com falso otimismo: — Não é tão mal assim! Proponho tirarmos um ano sabático.
Maria Flor encara a mãe com uma das sobrancelhas erguida.
— Aí não! — Dona Carol geme. —
De todos os lugares deste mundo, o último que gostaria de voltar é para o vale.
— Isso é para a senhora aprender a guardar essa língua na boca, mamãe. Vivi, pegue esse bloco e a caneta, não esse, o com folhas maiores, isso, menina.
— Ano sabático? Tenho o emprego dos sonhos! Para que vou tirar um ano sabático, mamãe? — Maria Flor solta um som incrédulo.
Vivi traz o que a mãe pediu. —
Você enlouqueceu, mamãe? Definitivamente odeio o interior. Não estamos acostumadas com mosquitos, vacas, muito menos com um monte de verde. Acho que posso até ter uma crise alérgica.
— Por enquanto, o importante é permanecermos juntas e, lá no sul, teremos um teto sobre nossas cabeças. Carla tenta voltar ao assunto principal.
— Sou uma influencer digital. Como vou ter material orgânico para o meu Insta? Preciso postar diariamente! Como viverei no meio do mato, sem praia, sem shopping, sem festas, sem dinheiro? Como ficará o engajamento dos meus posts? Quero morrer!
Carla sempre investiu na carreira da filha mais nova. Ela pensa que sua filha favorita ficará milionária a qualquer momento. Primeiro foi como YouTuber, agora Instagram, ou talvez encontrando o príncipe encantado.
Viviane é uma mulher de vinte e três anos, muito bonita. Já ganhou diversos prêmios de beleza e fez trabalho freelance de modelo. Ela é a típica garota da cidade grande, acostumada com praias de dia e festas à noite. Vive rodeada de amigos e seguidores.
Num dia normal, jamais estaria em casa nessa hora.
— Por que não alugamos uma casa com a aposentadoria da vovó? Seu salário, posso ajudar mais nas despesas. Vivi também contribui com uma parte dos seus ganhos.
— Pode esquecer, sua maluca! Não posso abdicar dos cuidados diários. Tenho academia duas vezes por semana, Pilates três vezes, massagem modeladora, cabeleireira, manutenção das minhas unhas, alimentação balanceada, roupas da moda, maquiagem e o transporte de aplicativo. Não sobra nada para ajudar.
— Para que adianta tanto investimento se você ainda continua solteira? — zomba Maria Flor.
— Pior você, que só teve um namorado, uma esquisita com gosto duvidoso para roupas. — Maria Flor abriu a boca para responder, mas sua mãe gritou para que elas se calassem.
— Meninas — fala com voz mais branda. — Já chega! Além de perdermos a casa, eu também perdi meu emprego e foi por justa causa, tudo por sua causa: Maria Flor, não receberei nada.
Não temos dinheiro para pagar nem o carreto, e se ficarmos aqui, serei perseguida pelo pai daquele lunático.
— Por minha causa? Mamãe, está de brincadeira, né? Desde quando gasto o que não tenho?
— Tudo porque você se envolveu com o Eduardo. Dr. Castelo Branco veio com um papo para eu ajudar a juntar vocês.
Então vomitei tudo que estava entalado na minha garganta. Não quero você envolvida com aquele psicopata. Até em armas você estava pegando! Deixei claro que não permitirei que você namore o filho dele. A discussão saiu do controle e bati nele.
— Você ficou louca, Carla? Bater no cirurgião plástico mais renomado de todo o Brasil?
— Agora é tarde, mamãe. Fui expulsa da clínica e ele quer o dinheiro que me emprestou. Como não tenho como pagar, terei que dar nosso apartamento ou ir para a cadeia. Vocês escolhem.
— Você venceu, Dona Carla, mas deixou tudo para trás? Tenho meus equipamentos de ginástica. Sem eles, uma preparadora física não existe.
— Tenho o meu estúdio. Preciso levar tudo, também roupas e sapatos, enfim, todo o meu quarto. Que tragédia abateu-se sobre nossa família.
Dona Carolina, que havia cochilado, parece ter acordado exatamente na hora de ouvir.
“Deixar tudo para trás”.
— Se minha TV não for, eu também não vou!
Quando quatro mulheres conversavam ao mesmo tempo, ninguém se entendia. Já era uma experiência dolorosa ir para o interior; imagina deixar tudo para trás, impossível.
— Posso participar de uma luta, que fui convidada. Se eu ganhar o segundo lugar, terei o dinheiro do carreto.
Também precisamos de algum dinheiro para ajeitar essa casa; ela já está um tempão alugada, né?
— Prefiro morrer a ver você se meter nesse negócio de luta. — diz Carla, chorosa.
— Se eu lutar, garanto pelo menos uns cem mil. Deve dar para levar as nossas coisas e fazer uma reforma básica na casa.
Mas você teria que concordar, mamãe. Você precisará me acompanhar.
— Você sabe que odeio violência. Eu não posso ver isso. Ainda mais sabendo que ocasionalmente aparecem uns defuntos, cheios de marcas de pancadas que ninguém explica de onde vieram, sempre com o mesmo histórico: homem ou mulher atleta adepto a essas lutas. Por isso eu te digo que você não irá lutar, coisa nenhuma.
— Votação! — grita Dona Carolina, com a mão levantada. Quando alguém da família pede votação, todas têm que calar na hora.
— Vamos votar. — diz Viviane.
— Vovó?
— Meu voto é sim! — declara Dona Carolina.
— Mamãe?
— Claro que não! — diz Carla, visivelmente aborrecida com a atitude da mãe.
— Flo?
— Sim!
— E Viviane sim! Então você perdeu, mamãe, a Flor vai lutar.
— Isso foi jogo sujo até para você, mamãe — diz Carla, e Dona Carolina dá de ombros.
— Não podemos deixar as nossas coisas para trás.
Elas ouvem a porta da cozinha se abrir — Oi, de casa cheguei.
— Estamos na sala, Cida Maria — grita Viviane.
Elas ouvem os passos se aproximando. — Oxi, quem morreu?
— Até você, Cida Maria. — resmunga Carla, aborrecida.
— Temos uma notícia muito triste, minha filha. — disse Dona Carolina, chorosa — perdemos a nossa casa e teremos que ir morar lá no interior.
Cida Maria 30 anos solteira, nordestina com orgulho e estudante de assistência social.
— É piada, né? — Cida Maria abraça a sua patroa e melhor amiga.
— Infelizmente é verdade, teremos quinze dias para entregarmos o apartamento — confirma Maria Flor.
— Gente, como vou viver sem vocês? — Cida Maria diz, soluçando.
As cinco mulheres se abraçam, chorando.
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