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A Vilã Prefere o Vilão...

Capítulo 1

A história é quase sempre a mesma, um atraente príncipe herdeiro, obrigado a ficar noivo de uma mulher que não ama, enquanto ao conhecer a irmã dela, cai perdidamente apaixonado por ela, então, sua prometida, a vilã, neste caso, Layla Amary, filha mais velha do ducado Amary, enfurece ao saber que sua irmã mais nova e seu noivo se gostam, então, ao ver que o casal quer ser feliz juntos, Layla começa a perseguir sua jovem irmã, que sempre é a vítima inocente e é resgatada pelo bravo príncipe que enfrenta sua malvada noiva, até seus pais defendem a protagonista inocente, até que finalmente Layla tenta assassinar a protagonista, quando o príncipe finalmente consegue romper o noivado, mas é impedida a tempo, sendo condenada a uma execução pública, onde todos a odeiam por querer assassinar uma moça tão inocente e amável.

Após sua execução, os protagonistas se noivam, tornando-se o casal mais admirado pelo império, mas antes de seu final feliz, enfrentam diversos problemas, entre eles, deter o irmão do imperador que deseja tomar o trono e é conhecido como o dragão de espinhos, devido à sua facilidade de matar seu inimigo sem compaixão usando sua magia de espinhos, mas os protagonistas o enfrentam com astúcia, ganhando essa batalha, onde finalmente o imperador nomeia seu filho como imperador e a protagonista, ao proteger o império, ganha a confiança do pai do príncipe herdeiro, e assim têm seu final feliz.

Um clichê muito conhecido, onde a protagonista é amada por todos só porque é bonita e gentil, enquanto que os vilões são considerados escória só porque tentaram recuperar o que lhes foi tirado, pois a vilã Layla se preparou por anos após o anúncio de seu noivado com o príncipe herdeiro. Layla era sociável, tinha influência entre as damas da sociedade, tinha talento para tudo, até para a magia, mas depois, um doce sorriso de sua irmã mais nova e seu noivo a deixou por esta, além de seus pais dizerem que ela não deveria agir com raiva, pois com sua reputação, facilmente poderia conseguir outro noivado, ou seja, favoreciam a irmã mais nova.

Não queriam ver o quão ruim isso se parecia, inclusive propuseram a Layla se casar com o duque Mondragon, o irmão mais novo do imperador, que possuía um grande território e grande fama por ter sido o protetor do império quando anos atrás estourou a guerra, inclusive foi ele quem conseguiu o direito ao trono, mas após três anos de seu casamento, ele e sua esposa não conseguiram conceber um filho, sua esposa também adoeceu e se disse que ele era estéril, coisa que nunca foi desmentida, o que fez a sociedade sentir pena por sua esposa, que morreu por sua doença sem ter deixado um descendente e devido a isso, o imperador não quis deixar-lhe o trono, porque se fosse estéril, não teria descendentes, por isso passou o trono ao atual imperador, que era o irmão mais velho, mas sem nenhum mérito importante, já que durante a guerra, nunca quis ir à batalha.

Layla certamente se recusou a aceitar "migalhas" porque ela havia estudado e se esforçado para ser a imperatriz, mas seus pais consideraram isso um capricho, então foi nesse momento que Layla decidiu assassinar sua irmã mais nova, mas tudo falhou e ela acabou sendo executada. Hanna um dia acordou sendo Layla Amary, justo quando já havia sido comprometida com o príncipe herdeiro, no começo tudo foi confuso, mas aos poucos se acostumou a essa nova vida, mas ao contrário da verdadeira Layla, ela não se importa com esse príncipe infiel, pois em alguns anos, sabe que ele e sua irmã se apaixonarão.

Mesmo assim, ela continuou se preparando, deixando que tudo acontecesse naturalmente, até o momento em que ela deve fazer seu movimento para mudar seu destino. Enquanto ela se dedicava a estudar, seus pais mimavam sua irmã mais nova, Felicia Amary, uma menina de 10 anos, enquanto Layla tinha 12. Felicia às vezes procurava Layla e pedia para brincar com ela, mas Layla apenas dizia para ela se afastar, fazendo com que Felicia chorasse e procurasse um de seus pais para dizer que Layla a havia rejeitado para brincar, isso levava o duque ou a duquesa a procurar Layla para repreendê-la por ter feito Felicia chorar.

— Por que é minha culpa? Eu tenho que estudar e ir às minhas aulas, isso é ruim? — pergunta com total seriedade.

Seus pais perceberam que Layla havia mudado, antes abaixava a cabeça e se desculpava com Felicia, desta vez não o fez e até expressou seu incômodo.

— Deixem minha neta fazer o que ela quiser, vocês não podem forçá-la a brincar com Felicia, na verdade, Felicia deveria parar de ser tão preguiçosa e estudar. — opina a mãe do duque.

Felicia ao ouvir isso, se esconde atrás da saia da sua mãe e começa a chorar baixinho, alegando que ela não é preguiçosa e que estuda. Mas a ex-duquesa se mantém firme em seu incômodo.

— Vocês não podem castigá-la só porque prefere estudar. — acrescenta a ex-duquesa. — Vamos Layla, é hora das suas aulas de piano.

A mulher mais velha leva Layla pela mão, enquanto Felicia fica com seus pais e não pode evitar chorar, dizendo que sua avó a odeia. Isso causa mal-estar nos duques, mas mesmo que reclamem com a ex-duquesa, esta se mantém firme e diz que se isso fizer Felicia odiá-la, está tudo bem, não pensa em mimar excessivamente apenas uma menina.

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— Avó, por que meus pais só dão favoritismo à minha irmã? — pergunta Layla.

Claro, ela sabe o porquê, mas apenas finge agir como uma criança, dessa forma, talvez possa pelo menos ter sua avó ao seu lado, de modo que seus pais não a incomodem tanto em relação a Felicia.

— Não é assim minha menina, só que às vezes os pais se concentram no irmão mais novo porque são eles que precisam de mais ajuda.— se desculpa.

— Isso significa que os irmãos mais novos são burros? É por isso que ela não estuda porque não aprenderia nada? — mostra uma expressão de dúvida e inocência.

A ex-duquesa ri das perguntas da neta, mas lhe dá razão, embora peça para ela não dizer isso na frente dos pais ou eles podem ficar bravos. Os dias continuam passando, Layla costuma passar tempo com sua avó depois de todas as suas aulas e em várias ocasiões tentaram incluir Felicia, mas quando ela se junta a elas e falam apenas sobre problemas políticos, sociais ou de livros, Felicia se entedia, fazendo birra porque não brincam com ela.

— Já te disse para deixar Layla em paz, ela não está interessada nos jogos, você não pode forçá-la. — reclama a ex-duquesa para sua nora.

— Felicia é uma criança, vocês não podem falar com ela apenas de coisas que a entediam e Layla é a irmã mais velha, deveria brincar com Felicia. —

— Layla também é uma criança, você deveria ter vergonha de repreendê-la só porque não satisfaz o capricho de Felicia. Se continuarem assim, falarei com a imperatriz e pedirei para me deixar levar a Layla para minha casa de campo. —

— Ela é minha filha, você não pode fazer isso, direi ao meu marido, você nunca poderá levar Layla. — aponta para Layla.— vai brincar com Felicia.

—E por que você não vai? Se quer fazê-la feliz, deveria ser quem vai brincar com ela, se eu for, não brincarei, apenas me sentarei para ver como Felicia age como um macaco sem cérebro. — responde Layla.

A duquesa se aproxima rapidamente de Layla e lhe dá um tapa, a ex-duquesa, Celestine, ao ver isso, grita com sua nora pelo que fez, mas ouvem Layla rir baixinho e levantar o olhar.

— Mãe, com isso eu comprovo que vocês não me amam, depois não me culpem por não sentir simpatia por você e seu esposo. —

Dito isso, Layla se vira, saindo daquele salão para ir ao seu quarto, enquanto a ex-duquesa e sua nora ficam discutindo, Felicia por sua vez, só chora inconsolável segurando a saia de sua mãe.

*****

— Por sua culpa a avó e mamãe estão brigando. — reclama Felicia.

—Minha? Tudo aconteceu porque você fez birra, se quer brincar busque amigas ou brinque com suas babás, eu não vou perder meu tempo com uma idiota. — já a tem farta.

Seus planos eram permanecer distante da história e, quando os protagonistas fossem felizes, ela se retiraria em silêncio. Porém, o fato de Felicia sempre lhe causar problemas e de a duquesa a ter agredido apenas a irritou mais. Não importava se Felicia era apenas uma criança; quando tudo começasse, ela acabaria com todos, aproveitando para vê-los sofrer.

— Não sou estúpida, peça desculpas ou direi ao papai. — responde irritada.

— Vá em frente, diga. Assim, assim como à duquesa, você a estará condenando a um fim doloroso. — exibe um sorriso malicioso.

Ao vê-la, Felicia sente um arrepio. O olhar de Layla estava a assustando, então ela apenas sai correndo do lugar. Layla espera que, com isso, ela pare de incomodá-la por um tempo.

Capítulo 2

Dois anos depois...

Desde a vez em que assustou Felicia, ela tem mantido distância, mas não é incomum que quando se cruzam na mansão, e se algo acontece com Felicia enquanto Layla está por perto, seus pais a façam sentir como se fosse culpa dela por não "cuidar da irmã". Layla simplesmente os ignora, mas no fundo, ela está apenas esperando o momento certo para acabar com todos.

Naquele dia, Layla e Celestine, sua avó, visitavam o palácio imperial, pois a ex-duquesa havia sido convidada pela imperatriz para tomar chá. Quando a duquesa soube disso e que Layla iria, exigiu que levassem Felicia. No entanto, a ex-duquesa lhe fez entender que ela era uma criança e não sabia se comportar, que se fizesse algo que ofendesse a imperatriz, sua família estaria em apuros. Mesmo assim, a duquesa insistiu, então Celestine propôs um teste para Felicia: sentou-se com ela na hora do chá e conversou sobre assuntos comuns entre as jovens. Felicia não soube responder a nenhuma pergunta. Embora tivesse 12 anos, tudo o que a ex-duquesa perguntava eram coisas que as meninas já sabiam naquela idade. Como Felicia não sabia, ela se levantou da mesa irritada, reclamando que tudo era chato. Isso apenas fez com que Celestine provasse à duquesa que Felicia não estava pronta para comparecer a um evento importante.

Então, apenas Layla pôde ir com ela, enquanto na mansão Amary, Felicia ficou fazendo escândalo porque não a levaram para conhecer a imperatriz. Layla e Celestine chegaram ao jardim da imperatriz, onde a mulher, já idosa, as esperava. Layla e sua avó fizeram uma reverência, e a imperatriz elogiou Layla por sua saudação perfeita.

"Não há dúvida de que fizemos uma ótima escolha para a prometida do príncipe herdeiro", disse a imperatriz.

"Sinto-me honrada em ouvir palavras tão maravilhosas vindas de você, Majestade", disse Layla, inclinando a cabeça. Isso permitiu que ela escondesse sua expressão de desagrado.

"Estou apenas dizendo a verdade. É uma pena que o príncipe herdeiro não esteja presente, eu gostaria que vocês se conhecessem."

"É realmente uma pena, mas o príncipe herdeiro deve ter seus afazeres, e eles são de vital importância para o império", respondeu Layla com um sorriso, embora por dentro sentisse apenas desprezo.

A ex-duquesa e a imperatriz começaram a conversar, enquanto Layla se limitava a ouvir e responder quando a imperatriz lhe perguntava algo, causando grande impressão nela devido ao seu conhecimento em tão tenra idade. Após a hora do chá, a imperatriz as convidou para passear pelo palácio enquanto contava a Layla sobre a história da família imperial. Mas quando falou sobre o atual imperador, mencionou que ele ganhou seu lugar não apenas por ser o irmão mais velho, mas também por ser o mais audacioso e inteligente, apesar de ser filho de uma concubina, enquanto o filho da imperatriz, por ser mais novo, não conseguiu o trono por ser apenas um selvagem viciado em guerras. Layla pensou em como isso era absurdo, especialmente porque ela sabia como realmente aconteceu e por que o filho da ex-imperatriz não pôde assumir o trono.

"Eu acredito que o segundo príncipe seja um homem inteligente e corajoso, pois enfrentou a guerra para proteger o império quando jovem. É digno de admiração", disse Layla com um sorriso gentil.

A imperatriz e a ex-duquesa ficaram surpresas com as palavras de Layla. Claro, quem não pareceu feliz com essas palavras de admiração foi a imperatriz.

"C-claro, mas isso não foi suficiente para ele ganhar o trono", disse ela, um tanto irritada.

Layla apenas sorriu e mudou de assunto, falando sobre como as flores do jardim da imperatriz eram bonitas. A imperatriz respondeu que elas haviam sido plantadas pela ex-imperatriz e que ainda as mantinham vivas em sua homenagem, especialmente as rosas vermelhas. Layla caminhou em direção a elas e notou, em um banco perto do caminho, um belo jovem ruivo. Ao olhar para Layla, ela pôde notar a bela cor de seus olhos e deduziu de quem se tratava. Layla fez uma reverência para ele e, naquele momento, foi alcançada pela imperatriz e Celestine. O ruivo, ao ver a imperatriz, fez uma leve reverência.

"Ah! Duque Mondragon, eu não sabia que você estava no palácio e que havia vindo ao meu jardim", disse ela com certa hostilidade.

"Eu só vim ver as rosas da minha mãe. Agradeço à imperatriz por ainda mantê-las", respondeu ele calmamente.

Layla percebeu a tensão. Devia ser porque a imperatriz tinha rancor do jovem, e ele dela.

"A propósito, esta é a ex-duquesa Celestine Amary e a senhorita Layla Amary, a prometida do príncipe herdeiro."

Layla fez uma reverência e os cumprimentou com cortesia.

"Madame, senhorita, este é meu cunhado, o Duque Hades Mondragon, filho da falecida ex-imperatriz."

"Oh! Que honra estar na presença do comandante que levou as tropas à vitória. Eu li sobre você e sou sua admiradora", disse Layla com entusiasmo.

Mas, ao perceber que se empolgou demais, ela se curvou, pedindo desculpas pelo momento embaraçoso. Hades apenas riu.

"Não se preocupe, sinto-me honrado em ser admirado por uma jovem tão bela", respondeu ele gentilmente.

Layla o observou atentamente. Se a diferença de idade entre eles era de 10 anos, significava que ele devia ter 24 anos naquela época. Foi há dois anos que ele perdeu a esposa e um boato malicioso se espalhou, fazendo com que ele perdesse seu lugar como herdeiro, que foi tomado pelo atual imperador.

"Com licença, Duque, as damas e eu continuaremos nosso passeio", disse a imperatriz, apressando-se para encerrar o encontro.

Layla sabia por que a imperatriz estava agindo assim: ela não queria que Layla se aproximasse dele. Embora Layla tivesse apenas 14 anos, isso não significava que o Duque Mondragon não pudesse se interessar por ela, e isso não era do interesse da imperatriz. Se ela perdesse o apoio dos Amary, o imperador perderia grande parte do seu próprio apoio. Mas Layla pensou que era absurdo; o Duque Mondragon não era louco de se interessar por uma jovem de 14 anos. Mas ninguém disse que ela não poderia se interessar pelo duque, e aquele homem estava em seus planos. Ele era o que ela precisava para ter influência.

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Após aquela visita, Layla foi convidada pela imperatriz em outras ocasiões. Felicia insistia em ir, e a duquesa até falou com o marido para que ele obrigasse Layla a levar Felicia. Celestine não permitiu, enfatizando que Felicia não tinha a educação necessária. Mas ela disse à duquesa que, se ela queria tanto que a imperatriz conhecesse Felicia, marcaria um encontro para que a duquesa a levasse, mas avisou ao seu filho que, se Felicia ofendesse a imperatriz, as consequências seriam dele e da duquesa.

E assim, uma reunião foi arranjada. A imperatriz concordou em receber a duquesa e Felicia, mas Celestine avisou à imperatriz que a duquesa mimou muito Felicia e que, se algo acontecesse, ela mesma lhe daria uma lição. E exatamente como Celestine previu, no dia do encontro, Felicia não fez a reverência correta, nem a saudação como deveria. Ela até falou quando não devia e, no final, derramou chá no vestido da imperatriz, culpando-a por fazê-la servir o chá muito quente. A imperatriz, furiosa, disse que Felicia não tinha o direito de entrar no palácio até que atingisse a maioridade e fez com que a duquesa fosse punida pela falta de educação de sua filha, que não sabia nem mesmo as etiquetas básicas.

Naquela tarde, quando voltaram, Felicia chorava desconsolada, enquanto a duquesa estava com as mãos doloridas porque a imperatriz mandou uma criada bater em suas mãos cinco vezes com uma placa de madeira. Ela também enviou uma reclamação ao duque, que naquela noite gritou com a duquesa e Felicia por envergonhá-lo. Na mesma carta, ele elogiou Layla por ser uma jovem muito bem-educada e disse que Felicia deveria ter aulas rigorosas de etiqueta. A duquesa chorava por causa das mãos doloridas.

"Você teve sorte de não ter sido executada. Toda a sociedade agora sabe da vergonha que Felicia fez a família passar", disse Layla com escárnio.

A duquesa apenas gritou com ela, culpando-a por não ajudar a irmã, mas Layla simplesmente a ignorou.

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Após aquele incidente, dois dias depois, o príncipe herdeiro apareceu na mansão, pedindo ao duque permissão para ver Layla. O príncipe herdeiro, chamado Denis Mondragon, era um rapaz da mesma idade que Layla, com cabelos loiros e olhos verdes. Ele era bonito, mas para Layla, o Duque Mondragon era muito mais atraente. Layla o recebeu gentilmente e pediu que lhes servissem chá. Ela até pediu que trouxessem alguns biscoitos de aveia sem açúcar, pois a imperatriz havia lhe dito que o príncipe não gostava de comer coisas muito doces.

"Vejo que minha mãe lhe contou sobre meus gostos", disse ele ao ver os biscoitos.

"Tomei a liberdade de perguntar quando soube que você viria. Eu queria que se sentisse confortável e não hesitasse em comer os doces", respondeu Layla.

"Agradeço, mas não precisava se dar ao trabalho. Afinal, esta visita é uma obrigação", acrescentou ele com uma expressão de aborrecimento.

Layla cobriu os lábios com o leque que tinha na mão para esconder a careta que fez. Como se ela gostasse daquele compromisso! Se dependesse dela, ela o teria envenenado e acabado com tudo. Mas onde estaria a diversão nisso?

"Estou ciente disso, Alteza, mas não podemos escolher com quem nos casar. Quem me dera ter essa sorte", respondeu ela com uma expressão triste.

Ao contrário do que o príncipe esperava, ela também estava demonstrando infelicidade com o compromisso. Isso o fez se perguntar por quê. Qualquer garota ficaria feliz.

...

Capítulo 3

Intrigado com a reação de Layla, ele pediu outro encontro com ela. Queria saber por que ela, ao contrário de outras garotas, não parecia feliz com o noivado. Ao chegar ao ducado, a duquesa foi quem os recebeu, juntamente com Layla, e foi gentil com ela, mas Layla a ignorou até que o príncipe a convidou para um passeio no jardim, deixando a duquesa para trás. Eles caminharam pelo jardim colorido enquanto, da janela, Felicia observava, encantada com a beleza do príncipe.

— Mamãe, eu também quero um noivo bonito, que seja um príncipe — disse Felicia à mãe.

— Quando você crescer, terá — respondeu a duquesa.

Mas, infelizmente, a imperatriz não tinha mais filhos homens. O príncipe herdeiro tinha apenas duas irmãs da idade de Felicia. Mas talvez, se Felicia conseguisse impressionar o príncipe, eles poderiam trocar a noiva. Ela tinha certeza de que, dentro de alguns anos, seria uma jovem muito mais bonita que Layla.

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— Minha mãe me disse que gostou do jardim de rosas do palácio — disse ele.

— É lindo. Eu gosto de rosas, especialmente as vermelhas. Falando nisso, seu tio tem essa cor de cabelo. Eu o vi uma vez, e o cabelo dele é lindo — respondeu Layla.

— Então você o conhece? Ele não é um bom homem. Todos dizem que ele é um louco por guerras.

— Não acho que ele seja assim. Além disso, graças a ele, a guerra acabou. Espero que você também seja um guerreiro corajoso no futuro — disse ela, sorrindo.

— É o que eu tento ser, mas não acho que seja necessário tanto treinamento. Além do mais, quando eu for imperador, passarei mais tempo em um escritório — disse ele, com um longo suspiro.

— Deve ser chato pensar assim, já que você costuma viajar muito — continuou ela.

— É por isso que aproveito para viajar agora. Depois, quase não poderei.

Como estavam falando sobre viagens, o príncipe contou a ela sobre os lugares que havia visitado, embora pudesse notar que Layla parecia um pouco entediada. Então, ele a convidou para a biblioteca do palácio, onde ela poderia encontrar uma infinidade de livros, especialmente de magia, pois ele sabia que Layla costumava praticar. Na biblioteca, Layla pegou vários livros de magia. Embora cada mago se especialize em um elemento, isso não significa que não possa lidar com outro, mas exige uma grande quantidade de mana para controlar dois ou três elementos. Por isso, a maioria prefere se especializar em apenas um e criar vários feitiços baseados nele.

— Você já escolheu seu elemento? Eu sou bom com magia de fogo — gabou-se ele.

— Ainda não. Todos eles têm suas vantagens e desvantagens, mas gosto de praticar vários feitiços — respondeu ela.

Eles passaram a maior parte do tempo na biblioteca, e Denis permitiu que Layla levasse alguns livros. Afinal, eles costumavam ter dois exemplares de cada um. Ela agradeceu. Pelo menos o príncipe era útil para alguma coisa.

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O tempo passou, e Felicia estava feliz porque já havia completado 17 anos. Era hora de sua estreia na sociedade, e agora ela poderia entrar novamente no palácio. Desta vez, a duquesa havia contratado professores de etiqueta para que Felicia pudesse se destacar e encantar a imperatriz, esperando ofuscar Layla.

Layla, por sua vez, havia feito sua estreia há dois anos, onde foi o centro das atenções porque Denis foi quem a acompanhou. Até agora, ambos mantinham um relacionamento pacífico, já que Layla vinha se comportando bem com Denis, mas ela sabia que se aproximava o momento em que ele se interessaria por Felicia. Além disso, mesmo que Felicia não existisse, ela nunca sentiria nada por ele. Ela possuía uma idade mental mais madura, então, aos seus olhos, Denis podia ter a mesma idade, mas para ela, ele era muito jovem, e ela não gostava de sua personalidade; ele era pacífico demais.

Naquela noite, tudo estava pronto no palácio para receber as debutantes, e todas estavam animadas porque o príncipe havia prometido escolher uma delas para dançar uma peça. Embora estivesse noivo, era um gesto de gentileza para com as jovens debutantes. Todos estavam chegando. Os Amary foram anunciados, com Felicia sendo o centro das atenções ao fazer sua estreia, entrando de braços dados com o pai. Ao vê-la, uma jovem muito bonita e sorridente, vários rapazes pareciam estar deslumbrados, aproximando-se para cumprimentar a família e se apresentarem a Felicia, mas ela era apenas gentil, recusando seus convites para a primeira dança. Felicia estava decidida a ter sua primeira dança com Denis.

Layla se afastou de sua família, ficando longe de tudo, perto de um conhecido muito especial. Layla o cumprimentou gentilmente, e ele respondeu ao cumprimento. Era Hades Mondragon, aquele conhecido.

— Acaso o duque veio para tirar uma dama para dançar? — perguntou ela, divertida.

— Não, elas são muito jovens para mim. Além disso, você deve ter ouvido os rumores. Duvido que algum pai queira casar sua filha comigo — disse ele, quase em um sussurro, apenas para que Layla ouvisse.

— Rumores são apenas rumores, não são a verdade. Talvez em breve você também ouça rumores sobre mim. Imagino se o duque acreditaria neles — disse ela, levantando os olhos para encará-lo.

— Só o tempo dirá — respondeu ele.

Depois disso, ele se afastou para cumprimentar alguns nobres conhecidos. A família imperial foi anunciada, e todos fizeram uma reverência em sinal de respeito. A imperatriz fez um breve discurso e parabenizou as jovens por sua estreia, pois não era apenas uma oportunidade de se apresentarem à sociedade, mas também de encontrar um bom pretendente. Para Layla, era um desfile de carnes, vendo qual cachorro levaria o melhor filé. Denis procurou Layla para dizer que, depois de dançar com uma das debutantes, dançaria com ela. Layla não se opôs, mas sabia que, assim que dançasse com Felicia, ele se esqueceria de sua promessa. Finalmente, o início do baile foi anunciado, a pista foi desobstruída, e o príncipe seria o primeiro a escolher qual jovem tiraria para dançar. Ele observou todas, mas uma em particular chamou sua atenção: uma bela jovem de cabelos negros e olhos azuis. Era Felicia.

Denis caminhou até ela e ofereceu sua mão. Feliz, Felicia não hesitou em aceitar, sentindo-se extremamente sortuda. A duquesa, é claro, estava radiante; sua filha havia sido escolhida pelo príncipe para dançar. A música começou, e eles abriram o baile. Após alguns minutos, os jovens começaram a se aproximar das debutantes que não tinham acompanhantes para convidá-las a dançar, e aquelas que já tinham, iniciaram sua dança. Denis, por sua vez, dançava confortavelmente com a jovem, que sorria e dizia o quão honrada estava por ter sua primeira dança com ele, pois sempre havia sido seu sonho dançar com um príncipe. Suas palavras deixaram Denis feliz, e ele pôde notar a diferença entre aquela garota e Layla, que costumava ser indiferente.

Quando a música terminou, eles se separaram e fizeram uma reverência. Denis pediu a Felicia que ficasse perto dele para conversarem um pouco, e descobriu que aquela linda jovem era a irmã mais nova de Layla. Ele sabia que ela tinha uma irmã, mas não imaginava que fosse tão bonita e gentil. Sem dúvida, a personalidade das duas era totalmente diferente. A duquesa, vendo-os conversando, comentou com o marido que Felicia era muito mais adequada para o príncipe, pois Layla era fria demais. O príncipe parecia muito mais divertido conversando com Felicia do que quando estava com Layla.

— Não podemos simplesmente trocá-las. Isso poderia enfurecer o imperador e a imperatriz. Lembre-se do que aconteceu quando ele conheceu Felicia — repreendeu o marido.

— Mas isso foi há anos. Foi um erro de criança. Agora nossa Felicia é uma jovem bem-educada.

A festa continuou, mas todos perceberam que Felicia e o príncipe passaram muito tempo juntos, enquanto Layla se sentava a uma mesa na companhia de outras jovens que costumavam se dar bem com ela e não hesitaram em criticar Felicia, afirmando que ela era uma atirada por monopolizar a atenção do noivo da irmã. Do seu trono, a imperatriz também observava, o que a deixava irritada, pois nunca havia gostado de Felicia desde que a conheceu, anos atrás. Além disso, sabia por Celestine que ela era uma menina muito mimada, e sua educação não incluía os temas necessários para ser uma imperatriz. Mais tarde, quando o príncipe e Felicia finalmente se separaram, ela atravessou o salão e esbarrou em Layla, que carregava uma taça de vinho. Obviamente, o vinho derramou no vestido de Felicia.

— Irmã! Por que você fez isso? — gritou Felicia.

O incidente chamou a atenção de todos, e a duquesa se aproximou rapidamente, repreendendo Layla por manchar o vestido de Felicia.

— Senhorita Amary, por que você fez isso? — perguntou o príncipe.

Agora todos olhavam para Layla com desaprovação, então, embora ela dissesse que havia sido um acidente, todos insinuavam que ela estava com ciúmes porque o príncipe não saía de perto de Felicia.

— A senhorita Amary tem razão. Foi a senhorita mais jovem que esbarrou nela. Não foi intencional — explicou Hades.

Todos ficaram em silêncio, sem saber o que dizer ou fazer. A duquesa lançou um olhar furioso para Hades e Layla.

— Se foi apenas um acidente, tudo bem — disse a duquesa.

Dito isso, ela levou Felicia embora, e Denis se ofereceu para acompanhá-las até a carruagem.

— Você não deveria se desculpar com sua noiva e acompanhá-la? — perguntou Hades a Denis.

Os novos murmúrios não demoraram a surgir, e agora era Denis quem estava sendo julgado. Ele ofereceu o braço a Layla, mas ela recusou e passou direto por ele. A imperatriz, que observava tudo, estava irritada. Ela sabia que aquele incidente daria muito o que falar.

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