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Einnar

O visionário

Toda grande era é marcada por um guerreiro, cujo poder parece ter sido forjado nas chamas dos deuses. Um guerreiro capaz de inspirar o respeito e o temor necessários para ascender ao trono. Mas em helten, nem todo Rei se torna um herói. O poder neste reino é uma lâmina afiada, cortando igualmente aqueles que ousam empunhá-la e os que se opõem. No mar de ambições que é helten, a ascensão de um homem pode significar a queda de muitos.

11 ANOS ATRÁSA

A câmara do trono do Vale dos Leões era uma fortaleza de pedra fria e ancestral, onde o eco das palavras de Azinar reverberava com uma força avassaladora.

— Eu, Azinar, lorde do Vale dos Leões, desafio o Rei Rob para uma luta até a morte.

Seu tom era tão implacável quanto o inverno que se aproximava, e a promessa de sangue pairava no ar.

— Os nomes dos nossos guerreiros serão gravados nas memórias dos Nove Reinos. Eles nos trancaram aqui, esqueceram-se de quem somos. Mas eu, Azinar, os farei lembrar. Vamos romper as correntes e mostrar ao mundo que os leões ainda caçam. Somos os guerreiros mais temidos e brutais que este mundo já conheceu.

O silêncio se abateu sobre a sala, tão pesado quanto o destino que se desenrolava. Cada coração batia no compasso da expectativa, até que uma voz, hesitante e carregada de esperança, quebrou a tensão.

— Você realmente acredita que ele conseguirá abrir as fronteiras?

— Não seja tolo, respondeu outra voz, gelada como a morte. As fronteiras estão seladas há décadas. Nenhum homem, por mais abençoado que seja, pode fazer o impossível.

— Azinar é mais do que um homem.Uma terceira voz murmurou, cheia de reverência. Ele é o escolhido pelos deuses. Se alguém pode realizar esse milagre, é ele.

Azinar ergueu sua espada, o brilho nos seus olhos quase sobrenatural.

— Hoje, uma nova era começa. A era dos visionários. Eu guiarei meu povo rumo à glória, ou morrerei tentando.

DIAS ATUAIS...

O pátio de treinamento estava saturado pelo som de metal contra metal, mas nada abafava o sarcasmo cortante de Aysha.

- Você mal consegue levantar um escudo, quanto mais brandir sua espada. Suas palavras eram afiadas como a lâmina que ela manejava com destreza.

Einnar sentiu o desprezo como um golpe direto no orgulho.

— Cala a boca! Ele rosnou, seus olhos ardendo com uma mistura de vergonha e raiva. Você só se acha porque veste essa armadura que mamãe te deu!

Aysha sorriu, um sorriso que não alcançou os olhos.

— E me diga, Einnar, como pretende se tornar o maior guerreiro de Helten se não consegue sequer segurar uma espada?

— Eu não precisarei dela para realizar meu sonho. Einnar rebateu, quase como um sussurro para si mesmo. Não precisarei dela para vencer você.

Ele avançou contra Aysha, mas ela, com a graça letal de um predador, o derrubou com um movimento fluido. O escudo dela se chocou contra o rosto de Einnar, deixando uma marca que ele jamais esqueceria.

Antes que ele pudesse se levantar, Edwin, o irmão mais velho, surgiu. Seus olhos, duros mas sem maldade, revelavam mais decepção do que crueldade.

— Não se ache tanto, Aysha. Só porque Einnar não tem habilidade com armas não significa que você é melhor.

Aysha girou para encará-lo, surpresa e indignada.

— Eu nunca disse que era melhor que ele!

— Não, você não disse. Edwin respondeu, seus olhos fixos nos dela. Mas age como se fosse.

Einnar se levantou, o sangue escorrendo do corte em seu rosto.

— Eu não preciso que você me defenda, Edwin! Sei do meu potencial. Sei que um dia me tornarei um guerreiro lendário.

— Quando vocês vão parar de fantasiar? Edwin exclamou, o cansaço evidente em sua voz. Vivemos como fazendeiros, e o Rei nos esqueceu. Este reino está morrendo.

Einnar não recuou. Avançou, a determinação brilhando em seus olhos.

— Podemos mudar isso, Edwin. Vamos nos tornar guerreiros lendários, guerreiros que escrevem seus próprios destinos.

— Einnar, você fala como um homem, mas age como uma criança. Edwin disse, sem esconder a irritação. Se quer ser um guerreiro, deve aprender a respeitar seus limites.

Neste momento, Einnar levou um segundo golpe, tão rápido que até mesmo Aysha mal percebeu. Edwin se moveu como uma sombra, e Einnar caiu novamente, sem nem saber o que o atingiu.

A voz de Lady Brenna cortou o ar como uma lâmina.

— O reino está caindo aos pedaços, e vocês brincam de guerreiros. Edwin, fui convocada pelo Rei. Preciso que você mantenha a ordem enquanto estou fora. Aysha, o cavaleiro Havel espera por você para continuar o treinamento. Einnar, fique no castelo e, pelo amor dos deuses, não arranje problemas!

Lady Brenna deixou o pátio, seus passos firmes, mas algo em seu olhar perturbava Einnar.

— Mamãe estava com uma expressão estranha, ele murmurou, mais para si mesmo do que para os outros. Não sei se era felicidade ou aflição. Talvez o Rei queira presenteá-la.

— Você vive em outro mundo, Einnar, Aysha respondeu com desdém. Se distrai facilmente e não é alguém em quem podemos confiar.

Edwin permaneceu em silêncio, observando Lady Brenna se afastar. Três cavaleiros a seguiram, guardiões silenciosos.

— Os boatos de uma nova rebelião estão se espalhando. Edwin disse finalmente, sua voz baixa e carregada de pressentimentos. Algo grande está para acontecer. Onze anos se passaram, e o reino continua à beira do abismo.

— Mamãe sabe se cuidar, Aysha respondeu, tentando esconder a preocupação em sua voz. O problema está nos inimigos que espreitam nas sombras.

— Vocês ouviram nossa mãe. Voltem ao trabalho.

Na sala do trono, o Rei Azinar estava cercado por seus oito guerreiros mais leais. A atmosfera era densa, carregada com a tensão que precede uma tempestade.

— Meu Rei. Lorde Eratos começou, sua voz pesada com a gravidade da situação. Bardok, o primogênito do antigo Rei, está por trás disso.

— Ele deseja o trono e acredita que tem o direito de desafiar Vossa Majestade. Cavaleira Aiko acrescentou, seus dedos apertando o cabo de sua espada.

— Os únicos que podem reivindicar o trono estão nesta sala, Cavaleiro Stenn disse, seus olhos fixos no Rei. Lorde Eratos e Lady Brenna.

Um ruído sutil interrompeu a reunião. A porta se abriu e a Princesa Alitha entrou, seu olhar de aço fixando-se em cada homem e mulher presente.

— Se alguém deseja trair o Rei, que o faça agora! Ela ordenou, sua voz cortante. Vocês juraram proteger o Rei com suas vidas. E, se necessário, morrer por ele.

Todos se ajoelharam, renovando seus juramentos com uma solenidade que fazia o ar parecer mais pesado.

— Acredito que Bardok tenha outros planos. Cavaleiro Enok disse, quebrando o silêncio. Ele está reunindo um exército... pequeno, mas poderoso.

— Não importa quem ele traga, Lady Brenna declarou, sua voz firme. Nós somos o escudo e a lança deste reino. Escolhemos este caminho há onze anos.

— Onze anos atrás, qualquer um de nós poderia desafiar o Rei. Cavaleiro Egberto lembrou, sua voz cheia de lembranças. Mas fizemos a lei de que apenas os Lorde tem esse direito agora. Que ela seja respeitada.

— É uma honra servir Vossa Majestade. Cavaleiro Folki, o Gigante, disse, sua voz ressoando na sala.

— Pelo Reino de Helten! — Cavaleira Charlotte exclamou, com fervor. Vida longa ao Rei!

Um cavaleiro entrou apressado, sua urgência palpável.

— Vossa Majestade, recebemos um pedido de ajuda vindo da vila de Montakus!

— Lady Brenna, Cavaleiro Folki, o Gigante, começou a dizer. Seu castelo fica naquela direção...

— Escutem bem! O Rei Azinar interrompeu, sua voz carregada de autoridade. Conhecendo o antigo Rei Rob, sei que ele usará distrações para nos enfraquecer. Precisamos agir com cautela. Princesa Alitha, Cavaleira Aiko, vocês escoltarão Lady Brenna até seu castelo. Que os deuses estejam com vocês.

Lady Brenna partiu em direção à vila de Montakus, sabendo que cada passo poderia ser o último.

— Lorde Eratos, o Rei continuou, você tem permissão para fazer o mesmo. Leve um ou dois cavaleiros e parta em segurança, meu irmão.

Continua...

Presságio

O caminho de Helten a Montakus deveria ser breve, quarenta minutos de cavalgada, mas para Lady Brenna, aqueles eram os quarenta minutos mais longos de sua vida. Cada batida do coração ressoava como um tambor de guerra, preparando-a para um destino que sempre soubera inevitável.

— Lady Brenna, a voz de Aiko, a cavaleira fiel, cortou o ar pesado. Faltam apenas alguns minutos para avistarmos o castelo. Tenho certeza de que estará tudo bem!

Mas as palavras de conforto eram como folhas ao vento. Brenna sabia que nada estaria bem. Não com Bardok à solta.

— Esse Bardok é tão cruel ao ponto de atacar um vilarejo cheio de inocentes, só para afetar um lorde? Princesa Alitha perguntou, sua voz um misto de incredulidade e fúria.

Lady Brenna lançou-lhe um olhar sombrio.

— Durante o reinado de seu pai, o antigo Rei Rob, Bardok governava com mão de ferro. Os impostos eram absurdamente altos e qualquer um que ousasse desafiar o poder real não saía impune.

— Ele é um guerreiro assustador, Aiko acrescentou com um tremor na voz. Onze anos atrás, ele foi um oponente formidável.

Alitha, no entanto, não era facilmente intimidada.

— Então vamos torcer para que não seja ele. Mas, se for, não temos o luxo de escolher nossos adversários.

— Logo depois dessa montanha, saberemos o que nos espera. Aiko respondeu com uma firmeza que escondia o medo.

Quando a visão do vilarejo devastado se revelou diante delas, as palavras secaram nas bocas. Metade do castelo fora reduzida a escombros, e o vilarejo, uma vez próspero, era agora um cemitério em chamas. Lady Brenna permaneceu imóvel, sem reação, seu olhar fixo na destruição que sabia ser inevitável.

— Eu sempre soube, ela murmurou para si mesma, sempre foi uma questão de tempo. Meu passado voltou para me assombrar. Primeiro Anlaf, e agora meus filhos.

Alguns minutos antes, no pátio de treinamento do castelo...

— Aysha, você viu Einnar por aí? — perguntou Edwin, a preocupação em sua voz evidente.

— Não faço ideia de onde aquele idiota possa estar. Aliás, faço sim. Deve estar com aqueles outros idiotas que chama de amigos.

— É bom ele estar de volta em casa antes do retorno da mam...

Mas antes que pudesse terminar, o chão sob seus pés tremeu. Uma torre desabou, seguida pelo colapso de metade do castelo. Em meio ao caos, o Cavaleiro Havel apareceu, carregando Aysha desacordada nos braços.

— Edwin, a Aysha está bem, apenas desmaiada. Sofremos um ataque, mas não sei de que direção...

O semblante de Havel empalideceu quando Bardok emergiu dos escombros, sua presença avassaladora.

— Havel, preciso que encontre Einnar e vá para aquele lugar! — Edwin ordenou com urgência.

— Mas senhor, permita-me ajud...

— Havel, isso foi uma ordem! Edwin interrompeu, sua voz agora carregada de autoridade inquestionável.

Havel não hesitou. Com Aysha nos braços, partiu em direção ao vilarejo. Mas as palavras de Edwin ecoaram em sua mente, gelando seu sangue.

— Agora sim, não quero distrações durante essa batalha. Quero ver de perto o potencial do Príncipe Bardok.

— Droga, Havel murmurou para si, o que esse cara está fazendo aqui? Que aura assustadora é essa?! Eu preciso encontrar Einnar o mais rápido possível.

Edwin sabia que seu tempo era curto, mas estava determinado a ganhar o máximo possível até que Havel encontrasse Einnar e partisse em segurança.

— Levando em consideração como você falou com seu capacho, creio que você seja Edwin, primogênito de Anlaf, Bardok disse, sua voz um trovão.

— Nos primeiros segundos após toda essa destruição, eu já sabia quem era você, Bardok. Nada silencioso, pouca inteligência e muito músculo.

Um sorriso cruel se formou nos lábios de Bardok.

— Você fala demais para alguém da sua idade, garoto. Vejo que Brenna falhou na sua educação...

— Que rápido! — Edwin mal teve tempo de reagir quando Bardok avançou.

Os golpes trocados eram rápidos, violentos, ultrapassando a velocidade do som. Bardok, com sua clava e escudo, era um oponente formidável, um verdadeiro titã. Edwin, armado com espada e escudo, lutava com uma ferocidade alimentada pela necessidade de sobrevivência. A luta, porém, causava tanta destruição quanto o próprio ataque de Bardok ao castelo e vilarejo.

— Você seria um belo aliado, filho de Anlaf. É uma pena que nossos destinos não estejam alinhados. Técnica suprema, "Clava do Destino".

— É aí que você se engana, seu asno. Nosso destino era estar bem aqui... Escudo celestial, "Bloqueio dos Deuses".

Edwin estava no limite, cada golpe uma luta pela sobrevivência. Mas tudo parecia correr bem, até que uma voz familiar cortou o ar.

— Edwinnnnnnn!

— Einnar, eu preciso que você fu...

A distração foi fatal. Bardok percebeu a abertura e avançou em direção a Einnar. Edwin, movido pelo desespero, conseguiu se interpor, mas sua defesa estava longe de ser ideal. O escudo celestial partiu-se em dois, e Edwin recebeu metade do impacto. Tudo aconteceu rápido demais; a última visão de Einnar foi de seu irmão caindo diante de seus olhos.

— Que velocidade foi essa?! Por um instante, achei que acertaria esse bastardo. Mas agora tanto faz... Vou matar dois coelhos com uma cajadada só!

Antes que pudesse finalizar seu ataque, um golpe flamejante cortou o ar. A Cavaleira Aiko, rápida como um relâmpago, cortou o braço esquerdo de Bardok, enquanto Lady Brenna, com um punho de ferro, o atingiu no estômago.

— Eu não acredito que demorei tanto! Disse Lady Brenna, os olhos ardendo de raiva. Mais um pouco e tudo estaria perdido. Princesa Alitha, cheque a saúde desses dois enquanto eu cuido desse desgraçado.

— Lady Brenna... ele... o Edwin não tem sinais vitais!

Brenna sentiu o chão desaparecer sob seus pés.

— Como assim não tem sinais vitais?! Até pouco tempo eu ainda sentia a aura dele!

Einnar, em estado de choque, não conseguia desviar o olhar do corpo sem vida de seu irmão.

— Eu confesso que me surpreendi com esse garoto, — Bardok zombou. Tão jovem e já usa uma arma celestial. Infelizmente para ele, nem mesmo um escudo celestial conseguiu salvá-lo. Ele demonstrou ser fraco ao tentar salvar seu irm...

Mas Bardok não teve tempo de terminar. O golpe de Lady Brenna foi rápido. Porém, a Princesa Alitha já sabia que aquela vitória havia chegado tarde demais.

— Que golpe foi esse?! Alitha murmurou, sua voz baixa, quase inaudível. Preciso tirar esses dois daqui. Cavaleira Aiko, por favor, pegue o corpo de Edwin. Einnar, precisamos sair daqui, agora!

— Eu vou matar esse maldito, nem que seja a última coisa que faça na vida! Gritou Einnar, sua dor transformada em raiva. Preciso ajudar minha mãe.

Alitha o segurou com força.

— Cala a boca, você é patético como guerreiro. Seu irmão se sacrificou para salvar sua vida. Com esse nível de poder, só vai atrapalhar todos. Se você ama alguém, tem que se tornar forte o suficiente para protegê-los!

As palavras de Alitha eram duras, mas necessárias. A dor de perder seu irmão diante dos seus olhos era apenas mais uma prova do quão despreparado Einnar estava. E assim, carregando o corpo sem vida de Edwin, eles bateram em retirada.

— Parece que você está precisando de uma mãozinha, Bardok, uma voz fria ecoou no campo de batalha. Eu já desconfiava que você não seria páreo para a belíssima Lady Brenna. Deixe-me participar da brincadeira!

Continua...

A traição

O vento frio cortava como lâminas enquanto a Princesa Alitha e a Cavaleira Aiko corriam pelo caminho sinuoso que levava ao esconderijo. Suas respirações eram rápidas, e a tensão entre elas era palpável, mas não proferiram uma única palavra. A chegada foi súbita, como o encontro com o destino inevitável, e ao dobrar a esquina estreita da entrada, depararam-se com o Cavaleiro Havel. Seus olhos endurecidos revelavam a gravidade do momento que se desenrolava à sua frente.

— Precisamos voltar para Lady Brenna disse Alitha, sua voz ecoando com urgência. Se o Rei Rob está determinado a exterminar os lordes, Bardok será apenas o primeiro. Havel, precisamos de você para manter tudo sob controle até voltarmos.

Aiko, mais prática, mais direta, adicionou sem rodeios:

— Havel, certifique-se de que o navio esteja pronto. Se as coisas derem errado... será nossa única chance de sobrevivência.

Havel assentiu solenemente. Que os deuses estejam com vocês. Vida longa ao Rei Azinar.

Com isso, as duas se lançaram de volta ao caos que as aguardava. O caminho de volta parecia mais longo, mais sombrio, como se cada passo as aproximasse do abismo. E, de fato, o abismo as aguardava.

Bardok estava de pé diante de Lady Brenna, o sangue escorrendo do coto onde seu braço estivera. Seu sorriso era uma mistura de desespero e raiva, um reflexo do homem que perdera mais do que um membro naquela batalha.

— Parece que o velho não confia nas minhas habilidades, Lady Brenna. Talvez, se eu voltar com sua cabeça em uma bandeja, ele finalmente reconheça meu valor, disse ele, com uma risada amarga.

— Hahaha! Respondeu Brenna, os olhos faiscando de desprezo. Além de ex-príncipe, agora você se tornou o bobo da corte? Que triste, Bardok, sua profissão está em extinção.

Luke, ao lado de Bardok, observava em silêncio, sua espada pesada descansando contra o ombro. Quando ele finalmente falou, sua voz era uma mistura de respeito e cansaço.

— Digamos que o príncipe Bardok seja um pouco... precipitado, minha Lady. Mas já falamos demais. Vamos ao que interessa.

— Venham, respondeu Brenna, sua voz gélida como o inverno que assombrava aquelas terras. Vou matar vocês dois, de qualquer jeito.

A batalha que se seguiu foi um turbilhão de aço e sangue. Brenna, tomada pela raiva, moveu-se com a velocidade de uma tempestade, focando em Bardok. Sua lâmina cortou o ar, visou o coração do ex-príncipe, mas Luke, sempre atento, interveio, bloqueando o golpe com uma precisão calculada.

— Vou te enterrar viva nos escombros do seu próprio castelo! Clava do Destino... “Enterro Digno” bradou Bardok, sua voz carregada de uma loucura crescente.

— Espere, seu maldito! Vai acabar me acertando também... gritou Luke, tentando conter a fúria de seu companheiro.

Mas Brenna era rápida. Ela se esquivou, ignorando Luke, e, num movimento que mal podia ser seguido pelos olhos, cravou sua lâmina no peito de Bardok. O sangue jorrou, quente e abundante, mas a vitória foi amarga e curta. Bardok, ainda vivo apesar do ferimento mortal, segurou o braço de Brenna enquanto Luke, com um golpe preciso, arrancou seu braço direito.

— Hahaha! Luke gargalhou, segurando o membro decepado. — Parece que a moda aqui é arrancar membros. Vamos ver quanto mais você pode perder antes de cair.

— Eu não me importo, sussurrou Brenna, os olhos fixos no céu. Os deuses estão comigo. Meu destino já está traçado.

Luke, percebendo a resignação em suas palavras, inclinou a cabeça.

— Espero que estejam, minha Lady, pois Lorde Eratos e seus cavaleiros já se alinharam ao Rei Rob, um rei honrado. Não há mais volta para você.

Brenna piscou, surpresa. A revelação pesou sobre ela como um fardo novo e inesperado.

— Honra? Ela cuspiu a palavra, amarga. Você ousa falar de honra, Luke? Não manche o nome de um lorde com suas mentiras!

— Você nunca desconfiou dele, não é? Eratos sempre foi um excelente mentiroso, respondeu Luke, um sorriso frio brincando em seus lábios.

A mente de Brenna girava. "Droga, será que Aiko e Havel também são traidores?" A dúvida corroía sua mente, mas não havia tempo para hesitar. Ela fechou os olhos, buscando força nos deuses, e estendeu o braço restante, mirando o horizonte, onde se erguia o castelo do Reino de Helten.

— Ela vai até o fim com isso... murmurou Luke, percebendo a intenção da guerreira. Não vou deixar... vou arrancar seu outro braço!

Em um instante, Brenna empunhava sua katana celestial. Luke atacou, mas sua lâmina foi bloqueada com um clangor que reverberou no ar frio. Brenna, porém, já havia perdido muito sangue, e seu corpo começava a ceder ao cansaço.

— Fico lisonjeado que esteja levando essa luta a sério, Lady Brenna, disse Luke, sua voz carregada de um respeito relutante. Lutando com uma arma celestial... Você é uma das cinco mais poderosas guerreiras do Reino, sem dúvida.

— Chega de palavras, Luke. Você pagará caro por suas traições...

Mas suas forças estavam no fim. Quando ela tentou atacar, seus joelhos fraquejaram, e Luke não perdeu a oportunidade. Sua lâmina cortou o ar e abriu um talho profundo na cintura de Brenna. A vitória estava próxima.

— Este é o seu fim! exclamou Luke, preparando o golpe final. — “Machado Imponente!”

— Venha com tudo! — gritou Brenna, reunindo suas últimas forças. — “Katana Celestial, Sopro dos Deuses!”

O impacto das técnicas foi devastador. O chão tremeu, e o mar se agitou, como se os próprios deuses tivessem respondido ao chamado de Brenna. O machado de Luke partiu-se ao meio, e ele foi lançado contra os escombros do castelo.

Mas Brenna também pagou o preço. Ela caiu, seu corpo finalmente traído pela perda de sangue, enquanto Luke se aproximava, cambaleante, mas vitorioso.

— Não consigo mais me mover... pensou Brenna, a consciência começando a se esvair. Maldição... estou perdendo muito sangue.

Luke se preparava para capturá-la, sua missão quase completa, quando uma voz ecoou ao longe.

— Milady, aguente firme! Se ele der mais um passo, eu arranco a cabeça dele! — era Aiko, sua espada já erguida, pronta para o ataque.

— ESCUTEM BEM, ESSA É MINHA ÚLTIMA ORDEM COMO LADY! — gritou Brenna, reunindo suas últimas forças. O Rei Azinar foi traído por Lorde Eratos e seus cavaleiros. Aiko, leve a Princesa Alitha e una-se aos outros. Vocês farão da Princesa Alitha a Rainha do Reino de Helten, isso é uma ordem!

— Foi uma honra servi-la, milady. Obrigada por tudo! — respondeu Aiko, sua voz carregada de emoção.

Luke hesitou. Brenna havia jogado sua última carta, e ele sabia que a escolha diante dele era crucial.

— Tenho que salvar Lady Brenna... precisamos traçar um pla... começou a Princesa Alitha, mas antes que pudesse concluir, Aiko a golpeou na nuca, desacordando-a. Sabia que não havia tempo para vacilar.

As duas partiram em direção a Havel, o plano de Brenna agora em suas mãos.

— “Eles não matarão Lady Brenna... mas por quê? E se Havel for um traidor também? Devo proteger a princesa a todo custo.” — pensou Aiko, enquanto corria.

— Então, vocês finalmente acordaram... disse Havel, seus olhos sombrios fixos nas duas mulheres que se aproximavam. É hora de colocar o plano em ação!

Continua...

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