Oi! Olha eu pagando o que eu devo 🤗
Essa história aqui é da Silvia e do Eric e se você está perdido (a) eu sugiro que leia "Além da Paixão e do Desejo", depois leia "Olhos Castanhos", aí você lê "Sintonia" e fica sabendo quem é Silvia e Eric.
Sim, é um esquema de Pirâmide Literaria.
Espero que vocês gostem de Sinergia como gostaram tanto dos outros.
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Termino de secar uma garrafinha de isotônico enquanto me concentro em um croqui.
Minha cabeça dói, mas eu não posso mais adiar esse desenho se não vou zerar a nota na bendita matéria.
Alguém bate na porta e eu digo que pode entrar.
- Você devia estar descansando, princesinha.
Abro um sorriso pra meu pai que vem carregando uma bandeja com um sanduíche e um suco.
- Eu já estou acabando aqui, aí prometo que me deito e fico quietinha.
O senhor Stanton deixa a bandeja na minha mesa de estudos e para perto de mim observando o desenho.
- Isso está muito bom.
Reviro meus olhos pra ele.
- Não vale elogio seu, qualquer coisa que eu faça o senhor diz que está muito bom porque é meu pai. Ainda mais comigo doente.
Ele dá de ombros.
- Se te serve de consolo eu tenho dois pais e os dois vivem de me amassar, mesmo eu não sendo mais um garoto. Eu doente é motivo pra eles me amassarem mais ainda. Ficam dizendo que eu estou me descuidando.
Nós dois não seguramos a risada pensando naqueles dois velhos descontrolados.
- Deve ter sido uma loucura crescer no meio do furacão e o mar revolto.
O senhor Mitchell diz que sim, ele coça o rosto enquanto me responde pensativo.
- Mas é muito melhor crescer com amor em excesso do que com ele em falta, por isso que eu te criei do jeito que criei.
Estreito meus olhos na direção dele e estalo a língua.
- Não, o senhor as vezes ultrapassa os limites.
Ele faz a cara clássica de menino carente que sempre usa quando faz alguma coisa errada e que costuma deixar minha mãe de guarda baixa e não matar ele.
- Só um pouquinho, mas bem pouquinho.
Meu telefone toca em uma chamada de vídeo em grupo e ele se prepara pra sair do meu quarto. Me dá um beijo na minha cabeça e quando está perto de sair pela porta eu resolvo dizer:
- Hey, Malvadão...
O senhor Stanton olha pra mim uma última vez.
- Eu te amo muito.
Viro minha atenção para a tela do celular e logo surgem as minhas duas melhores amigas: Madie e Tiff.
Nos conhecemos no curso de moda e graças a Deus estamos no último ano agora. Nossos planos são de abrir um negócio juntas e eu acho que vai dar bom. Quer dizer, é só olhar pra minha tia Cloe e a prima Sakura e ver que moda é sucesso! A marca de sapatos delas é incrível e muito bem conceituada no mercado.
A primeira a falar comigo é Tiffany, ela está bordando algo a mão e usa um par de óculos em modelo gatinho.
📱- Como estão as coisas? Melhorou da gripe?
📱- Estou melhorando, achei que isso nunca ia acontecer.
Madison parece espetar a mão com um alfinete enquanto ajeita o corpo de um vestido no manequim do quarto dela.
📱- Está tomando os remédios direitinho?
Digo que sim e pergunto se as duas terminaram o raio do desenho. Eu estou vendo elas já mexendo com as roupas reais e eu nem ao menos consegui ficar satisfeita com meu croqui, quem dirá mexer nos tecidos.
As duas me mostram os papéis com as representações das roupas e eu solto um gemido de desgosto vendo que eu estou super atrasada.
UM INFERNO!
Madie deixa o croqui dela de lado e sorri.
📱- Eu quero contar uma coisa pra vocês: estou quase conseguindo comprar o meu bebê!
Ah, ela está fixa no tal Camaro.
Tiffany dá uma risada alta com certeza pensando no mesmo que eu: a saga que esse carro representa.
📱- Olha, vamos ter um carro cheio de personalidade pra andar por aí!
📱- Se tudo der certo, sim!
Uso um lenço de papel pra limpar o meu nariz antes de responder.
📱- Você provavelmente vai precisar de um bom mecânico, esse carro é antigo. Eu vou te levar na oficina do meu irmão, Brand é especialista em calhambeques.
📱- Não fala assim do meu bebê!
Reviro meus olhos na tela, mas paro no meio do ato sentindo minha cabeça doer com isso.
📱- Tá, tá bom. Enfim, assim que eu melhorar eu te levo na Saved. Agora eu vou desligar porque eu preciso começar a costurar alguma coisa.
*********
Eu tenho um guarda costas e ele se chama Tony. Está comigo desde que eu era um cotoco de gente como minha mãe gosta de dizer.
Ele para o carro em frente à faculdade e abre a porta pra mim.
- Te pego na saída, princesinha.
Salto do carro ajeitando a minha mochila.
- Hoje eu preciso que você me leve na oficina do Brand, nós vamos deixar o carro da Madie lá.
Ele faz um gesto de cabeça pra mim concordando e eu avisto Madie conversando com Tiff que está perto de um dos meninos do futebol. Eu nunca lembro o nome desse infeliz, só sei que ele é chato e fica forçando se aproximar dela.
Eu acho que é Tedy. Um trem assim...
Depois da aula Tony nos leva pra oficina seguido do cara do reboque que está levando o museu que Madison arrematou em um leilão. Esse carro vai dar um trabalho enorme pra meu irmão.
Nós duas esperamos pelo motorista desengatando o guincho e depois do carro solto eu ando com as meninas até entrar na oficina.
Tem uma barulheira saindo do sistema de som no estilo musical que meu irmão gosta. Corey Taylor berra em Psychosocial. Ele está socando um saco de areia enorme que tem o dobro do tamanho convencional, porque Brandon tem um mentro e noventa de altura e parece um armário duplo que não consegue se exercitar direito com um saco comum.
Em pé está meu outro irmão, o Nikolai.
Ele está fazendo uma gracinha com uma salsicha por dentro do fecho aberto da calça social que veste.
- *Estou sendo humilde e igualando meu p*u ao de vocês*.
Ah, dá um tempo!
Decido mostrar que estou aqui.
- Não duvido nada que os três sejam desse tamanho aí mesmo. E ainda acham doidas pra experimentar.
Ele fica desesperado fechando o zíper da calça pra sair dessa situação feia na qual eu flagrei ele.
No sofá tem o melhor amigo deles jogado com uma corda de exercícios. O Eric é gente boa, só que não vale o chão que pisa exatamente como meus irmãos. Por isso os três se dão tão bem. Ele tem os cabelos pretos em um corte moderno e os olhos azuis esgateados. Ele também é grande e curte musculação e rock pesado, tem várias tatuagens pelos braços em desenhos realistas.
Conheceu Brandon primeiro na faculdade e os dois trabalham juntos aqui mexendo com carros. Eric é designe industrial, ele que pinta e desenha nos carros restaurados.
Vou dizer o que me incomoda aqui: o fato dele não tirar os olhos de mim. Eric nunca avançou o sinal, nem nada do tipo, eu provavelmente sou nova demais pra ele e sinceramente? Ele não faz o meu tipo. Parece um ogro metaleiro, enorme e cheio de tatuagens com alguns pierncings pelo rosto a fora.
Veja bem, ele não é feio, pelo contrário, está longe disso. Mulher é o que não falta, eu já disse aqui que não vale nada igual aos meus irmãos, mas é sem condições. Não, definitivamente, não.
Eu estou interessada em um outro carinha aí, o Douglas, e acho que a gente combina bastante.
Bastante mesmo.
Ele me chamou pra jantar domingo e eu vou, já até escolhi minha roupa. Eu acho o Douglas um príncipe, mas ele não caga e nem sai da moita como a minha familia por parte de mãe gosta de dizer. Estou esperando esse infeliz me pedir em mamoro já tem quase seis meses e nada! Não é possivel que eu vou ter que fazer isso!
Cadê o romantismo?!
Enfim...
Depois de apresentar Madison e Brandon e os dois se estranharem, o que não é de se espantar porque são duas pessoas completamente opostas, nós vamos embora com ela deixando o bebê pra conserto.
- Seu irmão é bom mesmo nisso, né?
Estalo a língua.
- Como um peixe nadando no oceano. Agora vamos que eu preciso tomar um bom banho e deitar.
Essa semana está estressante de uma maneira incomum, o alívio vai ser o aniversário do Jeff, um outro jogador de futebol que ao que parece está interessado em Madison.
Eu e as meninas estamos animadas. Nossa primeira ida a uma boate depois de fazer vinte e um. Tá certo que os meninos vão ir, mas é melhor sair com eles do que não sair, meu pai enche o saco.
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Pisco umas três vezes e encaro o teto do quarto de hotel.
Eu não gosto de sair no meio da semana, mas Mel vai se mudar da California pro Texas e eu não podia desperdiçar a oportunidade de passar a noite com ela.
Olho pro lado e ela está apagada na cama com um lençol que tampa só a b*nda bonita que tem. Dou um pulo da cama e tomo um banho rápido depois de catar as minhas coisas espalhadas pelo quarto.
📞 - Hey, French, é o Eric. Fecha a conta pra mim com o café da manhã incluso, vou deixar pra minha companhia.
Calço meus coturnos e depois me aproximo dela na cama. Afasto uma mecha de cabelo e dou um beijo na bochecha de Mel.
- Foi uma delícia, mas eu tenho que ir trabalhar agora. Boa viagem e boa vida.
Ela geme e abre só um olho pra mim.
- Mas já? Você não tem que trabalhar, Hitch, e sabe disso.
Dou um sorriso de canto pra ela.
- Não, eu não tenho, mas eu gosto de manter a minha cabeça ocupada. Não se preocupa que a conta já tá paga, incluindo o café da manhã. Tchau, gostosa.
Passo na recepção e acerto a conta antes de fazer sinal pra um táxi e ir direto pra oficina. Eu preciso começar a pintar aquele Dodge e não quero nem saber se Brandon terminou aquele motor.
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Aperto os controles pra abrir a oficina.
São seis portas automáticas que se abrem ao mesmo tempo quando eu digito o comando, não demora e o pessoal chega pra se colocar a postos e fazer esse negócio girar. A primeira coisa que eu faço é ligar a cafeteira pra fazer o café mais forte que eu consiga, não dormi quase nada essa noite, a minha companhia me exigiu muito esforço.
Tomo uma xícara cheia e me sinto pronto pra começar de verdade o meu dia.
Depois de um tempo Brand chega, eu já estou me preparando pra começar a aplicação da primeira camada de tinta no Dodge Challenger 1973 na minha frente. Esse carro é uma jóia, meu coração chega a ficar quente quando eu olho pra ele.
Acoplo a caneca na Bellaria no instante em que meu amigo se aproxima.
- Bom dia pau no rabo!
Olho pra ele e mostro o dedo do meio da mão esquerda.
- Espero que você já tenha terminado o motor desse aqui.
Brandon tira a jaqueta quando dou a primeira jatada de tinta na lateral direita do carro. Ele anda até o aparelho de som e coloca Canibal Corpse pra tocar, depois pega uma cadeira e vira de costas pra se sentar e acender um cigarro enquanto conversa comigo.
- Terminei sim, tá no ponto! Coloquei um V8, seis "caneco", vai correr igual um Dart.
Ele me pergunta qual designe vou colocar na belezinha aqui na minha frente e eu respondo sem tirar os olhos do meu trabalho.
- Clássico, pintura metálica e tribal em preto nas laterais.
Brand sabe que meu vício além de mulher é café, ele se levanta e serve uma xícara pra ele e enche de novo a minha.
- Por falar em tribal, sábado Nick e eu vamos dar um pulo lá na boate. Você vem? Parece que é aniversário de um colega de faculdade da Sil, ela acabou de fazer vinte e um cara, não dá pra gente deixar ela solta por aí.
Huuum, Silvia.
Não gosto muito de ficar pensando nela. Acho que se Brandon sabe que eu imagino quão linda deva ser aquela b*nda enorme por baixo da roupa ele me mata sem pensar duas vezes. Digamos que eu tenho uma quedinha pela irmã dele, mas eu corro de relacionamento sério e sei que não dá pra fazer com ela o mesmo que eu faço por aí.
Eu não repito mulheres. Nunca, jamais, em situação alguma. Só de pensar em me ver preso em um relacionamento sério me dá urticária, e Sil infelizmente é meiga e patricinha demais pra se divertir só por uma noite.
É uma pena, eu sei.
Se ela fosse mais atirada como a minha irmã é eu me vingaria desse imbecil na minha frente. Ele teve a ousadia de sair com a Mandy, a minha irmã mais velha. Olha, sinceramente, eu achei que ela no auge dos seus vinte e nove não cairia na lábia de um cara com vinte e seis, ainda mais um que ela conhece desde que eu estava na faculdade. Qual é? Ele tem a minha idade.
Vou ter que me contentar com o murro que eu dei na cara dele quando descobri.
- É lógico que eu vou. Tô precisando beber, essa oficina tá me matando.
Brandon ri enquanto me entrega a minha xícara.
- Pode largar tudo e ir assumir o banco do papai.
Reviro meus olhos e deixo o material de pintura de lado pra beber o meu café.
- Deus que me livre! Eu deixo isso pra minha irmã.
Eu odeio esse negócio de ficar o dia inteiro enfiado em um terno e sentado no ar condicionado mexendo com papéis. Se eu fosse filho único estaria f*dido. Quero distância de ficar engravatado.
*********
Não malhei hoje de manhã, então resolvo fazer uma hora de corda direto. Meu amigo faz um comentário quando me vê segurando a corda e andando em direção ao aparelho de som pra colocar uma playlist de Slipknot pra tocar.
- Qualquer dia desses você vai arrebentar seus joelhos.
Dou uma risada e me preparo pra me exercitar. Só foco em seguir as batidas das músicas e colocar meu corpo pra se movimentar o tempo inteiro. Atividade física virou a minha a melhor amiga na vida, uma válvula de escape pra conseguir deixar de lado várias decisões ruins que eu tomei quando era mais novo e que quase me levaram pro buraco.
Depois de sessenta minutos pulando sem parar eu me jogo no sofá o puro cansaço. Uso uma toalha pra me enxugar e sinto meus pés formigando.
Vejo Nikolai chegando animado, é o estado de espírito habitual dele.
- E aí, tem alguma coisa pra comer nesse lugar?
Brand está socando um saco de areia e responde que tem cachorro quente. Eles têm uma mãe estrangeira que os ensinou a comer o lanche cheio de coisas, até uvas passas eles colocam no negócio, eu prefiro o tradicional daqui. Nick sai de perto de nós e entra na cozinha pra buscar alguma coisa, depois de um tempo volta fazendo uma gracinha e usando uma salsicha no meio das calças abertas.
Abro a boca pra acabar com ele, mas sou surpreendido com a voz gostosa pra caramba de Silvia.
Veio com mais duas amigas e eu admiro calado a figura bonita que ela é.
Está usando uma calça jeans justa que destaca o quadril feminino pra cacete que ela tem e uma blusa de mangas curtas estampada com três coelhinhas em representação infanfil. Os bichinhos estão carregando sacolas de compras, é uma roupa que combina com ela.
Silvia tem um cabelo loiro natural que usa abaixo do busto, os olhos castanhos dela são doces e ela tem um jeito fofo. É uma menina num corpo de mulherão, isso atiça pra c*ralho a minha imaginação.
Acho graça porque ela olha de relance pra mim quando cumprimenta os irmãos, provavelmente ela percebe o meu interesse mas não dá indicativo algum de que se importa com isso. As vezes faz uma cara de irritada, como se quisesse que eu parasse de olhar, mas não estou nem aí, vou continuar olhando.
Um segredo sobre a senhorita Stanton: ela muitas vezes tem um gênio ruim também. Acho que é em razão de se ter uma avó com raízes latinas e uma mãe vinda diretamente do Brasil. Silvia não perde a paciência fácil, mas quando acontece ela solta os cachorros. Brandon e Nikolai de vez em quando reclamam que ela é muito mimada e turrona.
Eu adoraria domesticar essa fera.
Quem sabe um dia? Ela ainda é muito nova, talvez quando deixar de achar que só os almofadinhas valem a pena perceba que eu posso dar a ela uma diversão que nenhum deles consegue dar.
Até lá eu só aprecio de longe essa menina.
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Acordo sentindo minha boca com um gosto ruim pra caramba.
Acho que é efeito do álcool ontem, essa noite foi louca. Teve bebedeira, teve beijo, teve briga... Isso foi o que eu consegui ver, imagina o que eu não consegui.
Tiff e Madie dormiram aqui comigo, colocamos três colchões no chão e apagamos. Madison é a pior de nós três, ela nunca bebeu antes, quase foi de arrasta ontem e o pivô da briga foi ela. Achei que Brandon ia dobrar o Jeff no meio.
Me espreguiço e me levanto pra usar o banheiro, pego meu celular e vejo que são onze e vinte e dois da manhã. Uso o vaso sanitário e tomo um banho lavando meu cabelo pra me livrar do laquê que usei ontem pra fixar as ondas no meu cabelo. Coloco uma hidratação nos meus fios e aplico uma máscara no meu rosto.
Quero estar no auge da beleza hoje a noite, estou confiante que Douglas vai finalmente me pedir em namoro.
Volto pro quarto e encontro Tiffany se levantando, ela também entra no banheiro pra tomar um banho e quando sai vai direto pro closet conversar comigo sem que a gente acorde a Bela Adormecida ressaqueada.
- Porque já está assim toda cheia de creme?
Abro um sorriso enquanto procuro uma pinça no meio das minhas coisas na penteadeira.
- Douglas me chamou pra jantar hoje.
Ela cruza os braços pra mim.
- Acha que ele vai fazer as coisas andarem dessa vez? Já tem o quê, uns cinco meses que vocês ficam?
Arranco um pelinho rebelde na minha sobrancelha.
- Seis, e eu espero que ele resolva a vida dele hoje sim porque não me imagino dando certo com mais ninguém além dele.
Douglas é o que meus irmãos chamam de playboy, mas eu não acho, ele é super inteirado com os negócios da família desde muito jovem, tem interesse mesmo pelas coisas como meu pai sempre teve pelas empresas do clã Rivers-Stanton. Sempre anda engravatado, cabelo bem penteado, sapatos caros e um cheiro bom pra cacete. Fico pensando que se a gente der certo mesmo nossas fotos nos natais vão ser a coisa mais linda, sabe, imagina nossos filhos que lindos vão ser.
- Tá viajando na maionese de novo pensando no futuro com ele?
Tiff e eu damos uma risada juntas.
- Pior que sim! Ele é o tipo de homem que eu cresci admirando. Mas vamos mudar um pouco de assunto. Que foi aquilo ontem? Estou até agora tentando entender porque Nikolai queria controlar sua bebida.
Minha amiga faz uma cara ruim lembrando disso.
- Pois se você não entendeu, imagina eu. Ao invés dele controlar a bebida daquela garota que estava com ele.
Reviro meus olhos.
- Eu nem sei como se chama aquela fulana, ele cada dia tá com uma diferente.
Tiff estreita os olhos pra mim.
- Aquele amigo dos seus irmãos não tirava os olhos de você também, mesmo estando acompanhado.
Paro de mexer na minha sobrancelha e faço uma careta.
- Eric sempre está de olho em mim, eu aposto um bom dinheiro que se não fosse irmã dos meninos ele já teria tentado me fazer cair na lábia dele. Aquilo ali é igualzinho aos outros dois.
- Ah, mas ele é gato. Vai dizer que não acha?
Faço um mais ou menos com a mão.
- Ele é bonitinho, dá pro gasto. Mas eu não beijaria ele nem que fosse o último cara disponível, olha bem pra ele e olha pra mim...
Viro meu corpo todo pra olhar pra ela.
- É quase como a Madie tendo um envolvimento com o Brand. Olha que coisa mais nada a ver.
Ela explode na gargalhada.
- É, desafia as leis da física e a ordem natural das coisas.
Pois é!
Madie aparece no closet enrolada em uma toalha, acabou de tomar banho e nem escutamos.
- Eu tô com fome e com a cabeça horrível. Nunca mais eu bebo! Vou parar de andar com vocês duas.
Tiff faz uma careta pra ela.
- Você que é má companhia, causou discórdia ontem naquela boate.
Nossa amiga coloca a mão na cabeça e solta um gemido de desgosto.
- Jeff é um idiota de marca maior!
Bato três palmas pra chamar atenção delas.
- Vamos lá em baixo comer alguma coisa e depois a gente volta pra cá. Eu quero ajuda de vocês pra decidir os meus sapatos e acessórios pra hoje a noite.
**********
Desço as escadas arrumada e encontro meu pai passando com uma bandeja. O senhor Stanton está descamisado expondo o tanquinho que conserva desde a juventude e o tigre realista tatuado na costela direita. Acho que ele e mamãe estão assistindo alguma coisa na sala de cinema aqui de casa.
- Nossa, onde vai assim?
Dou uma voltinha expondo meu look.
Escolhi um vermelho de uma manga só, ele tem uma pequena abertura atrás pra facilitar meu caminhar e vai até abaixo dos meus joelhos. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto, acessórios discretos em ouro e coloquei um par de Tom Ford. São sandálias nudes com o salto dourado.
- Gostou? Eu vou sair pra jantar com uma pessoa especial.
Meu pai faz uma cara ruim, e bem ruim.
- É com quem eu estou pensando?
O ciúme dele dessa vez não é um ciúme apenas, mas ele implica com Douglas. Ele faz negócios com o Douglas pai, a família Strauss lida com borracha, e meu pai sempre diz que o Douglas filho é um filhinho de papai mimado.
- É com ele sim. Papai, o senhor tem que parar de implicar com o Douglas, ele é um cara legal. Tenho certeza de que assim que conviverem mais vai ver como ele é uma pessoa ótima.
Meu pai me olha cético.
- O meu radar não falha, Silvia, esse rapaz não me agrada, mas eu não posso tomar decisões por você, não é?
Aaaah, ele queria tomar sim. O senhor Mitchell se segura pra não levar um surra da dona Eva. Digamos que meu pai tem dificuldade em se controlar quando se trata de proteger as mulheres com quem ele tem alguma espécie de vínculo, ele passava muito dos limites quando era mais jovem.
De repente a minha mãe aparece. Ela está com o cabelo solto e usa um blusão do meu pai que fica feito um vestido nela.
- Por que a demora, malvadão?
Ela bate os olhos em mim e abre um sorriso.
- Nossa, que linda que você está, princesinha.
Faço uma reverência de brincadeira.
- Muito obrigada!
Ela me pergunta onde estou indo.
- Vou jantar com o Douglas.
Minha mãe pisca pra mim.
- No máximo às onze em casa, viu mocinha? Sabe que quando sai sem o Tony eu quase morro.
Minha mãe é muito neurótica com segurança. Quando estou com Tony ela não liga, posso virar a noite na rua, mas como é folga dele hoje ela vai ficar de olho em mim voltando pra casa.
- Pode deixar, senhora Rivers-Stanton.
Dou um beijo nela e no meu pai.
Saio de casa e ando pelo jardim até chegar na entrada, Douglas está do lado de fora do carro e sorri quando me vê.
- Nossa, que mulher maravilhosa!
Dou um beijo nele e me acomodo no banco do carona enquanto ele se senta pra dirigir.
- Onde vamos?
Espero pela resposta dele desejando que seja um certo restaurante em cima do Financial. Desde criança eu imagino que o homem certo pra mim vai me levar naquele bendito restaurante, é tipo um sinal na minha família de que o romance está mesmo sério. Nunca fui sozinha pra não estragar meus sonhos adolescentes de pisar naquele restaurante com o amor da minha vida.
Ele olha pra mim e me joga uma piscada.
- No Flemings, gosta de lá?
Ah...
Disfarço meu pequeno desapontamento.
- Gosto sim, a comida é ótima!
**********
Estamos sentados um do lado do outro enquanto bebemos um vinho rose, ele pediu uma garrafa de Covela.
- Já decidiu o que vai querer comer?
Confirmo com a cabeça.
- Quero o filé de costela com alho e purê de batatas.
Douglas faz o pedido e depois que o garçom se retira ele faz um carinho no meu braço direito.
- Vai dormir comigo hoje?
Sinto uma leve acelerada no meu coração ouvindo essa pergunta, é a primeira vez que ele me fala algo do tipo. Douglas sempre respeita meus limites, muito embora eu nunca tenha mencionado que nunca fui pra cama com alguém.
É, eu sei que eu já tenho vinte e um, que na minha idade já tem muita garota por aí mãe, mas eu nunca achei alguém que me fizesse sentir vontade de ir além. Agora tenho sentido com ele, mas ainda não me sinto preparada.
- Hoje não posso, prometi a minha mãe que voltaria no máximo às onze.
Ele sorri de canto pra mim.
- A princesinha da mamãe e do papai. Gosto disso, desse jeitinho seu de filhinha de papai.
Reviro os olhos de brincadeira pra ele.
- Que bom que gosta.
Depois do jantar nós dividimos a sobremesa. Uma torta de morangos com chantilly que ele me dá na boca sem se importar com as pessoas ao redor.
- Doug, quero saber uma coisa.
Ele segura o garfo me olhando.
- Todas que quiser, pode dizer.
Passo a língua pelos meus lábios tomando coragem pra abordar o assunto já que parece que ele não vai fazer isso.
- Não acha que já está na hora da gente tentar algo mais sério?
Ganho um sorriso de outdoor, mas a resposta não é necessariamente o que eu queria ouvir.
- Mais sério do que isso que já temos? Eu não tenho mais ninguém, e sei que você também não, está procurando um rótulo por quê?
Seguro o bico de todo tamanho que tenho vontade de fazer porque não quero que ele me veja como uma infantil mimada exatamente como meus irmãos me vêem.
Sabe o que é? É que eu quero viver algo do tipo dos meus pais e meus avós e eles não ficaram enrolando por seis meses antes de entrar em um relacionamento sério.
Por que eu vou perder tempo com alguém que não vai estar no meu futuro? Eu não gosto de perder tempo. Ou é certo ou não é, não tem meio termo. Ele percebe que eu estou pensando em alguma coisa.
- Não pensa bobagem, cada casal tem o tempo certo pra acontecer, com a gente vai ser do mesmo jeito.
Quando Douglas me deixa em casa são pouco antes das vinte e duas, eu entro com ele no jardim pra não ficar na rua do condominio. Vamos pra um canto mais afastado e com pouca iluminação e eu dou beijo pra me despedir.
Ele mais uma vez me respeita pra caramba, nada de mãos bobas e nem forçação de barra, porque Douglas sabe o que eu gosto e o que não, e quando ele vai embora eu fico pensando porque um cara como ele que respeita meu jeito não quer assumir um compromisso sério comigo.
Será que o problema sou eu?
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