O tipo de adrenalina que eu simplesmente amo, os gritos desespero e o sangue respingando pelos cantos, as suas expressões de horror. Ah, não há nada melhor do que isso, é sensação que simplesmente adoro e sempre vou gostar, nada me faz querer parar de fazer isso.
Eu devia ter dito isso antes de conhecer aquele maldito policial metido, como pode ser tão atraente, me traz pensamentos além do que deveria. Não me atrevo a dizer o que penso, ou trocar palavras com alguém que não posso, ou talvez sim. Se ele soubesse a minha real identidade, seria capaz mesmo de ficar ao meu lado? Ah, dane-se! Só consigo imaginar ele fodendo comigo. Céus, como um policial pode ser assim, tão atraente, capaz de causar excitação em mim assim tão fácil. Aquele homem é quem eu quero agora, seja para me foder ou não, quero ele só para mim.
Por um tiro, tudo isso começou. Quando o vi pela primeira, simplesmente por acaso. Zyan Ackermin — Porra, até o seu nome é bom. Olhei cada parte do seu corpo, incrivelmente esbelto, da forma que me atrai mais ainda. Não há regras que dizem sobre se apaixonar por um policial bonitão sendo um assassino procurado, não é. Então ninguém pode me impedir de querer adquirir aquele policial atraente, algo dia o terei na minha cama.
...☼︎Por Lian☼︎...
Por volta de uma e duas da manhã, enquanto terminava mais um trabalho bem-feito, encontrei por acaso um policial machucado. Bala perdida, suponho. Estava escuro demais, mas foi o suficiente para eu o vê-lo claramente, era incrivelmente bonito. O sangue manchava completamente as minhas roupas, mas ele nem mesmo percebeu isso. Naquela noite, queria simplesmente esquecer tudo e deixa-lo ali mesmo onde estava, mas não pude, não sei o porque hesitei.
E por fim, acabei levando aquele policial para a minha casa. Obviamente, ele estava desacordado. Já não bastava o sangue que havia nas minhas roupas, sujou-me mais com o seu sangue, cheiro puro e fresco, nem me incomodei com a sujeira que acabou fazendo e os rastros de sangue que deixei pela casa. Cuidei rapidamente do seu ferimento, a bala não foi num local fatal, mas havia perdido sangue demais. O melhor, seria levá-lo ao hospital, mas como eu iria até lá levando um policial ferido sendo que sou procurado pela polícia? Que irônico! Acabou que cuidei dele na minha própria casa, não é como se eu quisesse, mas troquei as suas roupas enquanto estava inconsciente. E que maldita ideia eu tive. Despir ele foi como uma tortura, o seu corpo era esbelto e com um físico incrivelmente bom, o que eu mais esperava, né? Ele é policial, claro que seria dessa forma. Percebi que havia uma marca de tiro no seu ombro direito, mas um pouco apagado, quase não dando para ver. Observando o seu corpo inteiro daquela forma foi pura tentação, capaz de me deixar de pau duro só de olhá-lo.
Ele ficou desacordado o tempo inteiro, nem deve ter percebido que alguém estava o tocando. Se estivesse acordado, talvez, algo mais acontecesse. Após trocar as roupas que estavam sujas de sangue por uma limpa, o levei até o meu quarto para descansar e logo após isso fui trocar a minha roupa, limpar os rastros de sangue que deixei pela casa e todo o resto. Não demorou muito para fazer tudo isso, fiz rápido, de certa forma. O policial ainda ficou inconsciente, me pergunto se é normal uma pessoa ficar tanto tempo assim.
Não é como se isso me importasse, de fato, mas é arriscado manter um inimigo por perto. Se descobrisse que sou procurado pela polícia local, qual seria o desfecho disso tudo? Inimaginável.
E demorou até de mais para aquele policial acordar, no momento que abriu os olhos, eu estava trocando o curativo que fiz antes. Os seus olhos expressavam grande confusão na situação que estava. Claro, nem sabia quem era eu e assim que deve ser. Ele agarrou o meu pulso com força, isso só fez um sorriso genuíno se expandir no meu rosto.
— Nada mal para um policial.
Dito isso, recuei. Parei de fazer o que estava fazendo, ele ajeitou-se na cama e sentou-se. Em nenhum momento tirou os olhos de cima de mim, me observava com indiferença.
— O que pensa que está fazendo?
Ele perguntou com os olhos cravados nos meus, não me afetava o seu olhar, era divertido.
— Trocando o seu curativo.
Recolhi os curativos manchados de sangue e os joguei fora antes voltar o meu olhar para ele.
— Não se lembra o que aconteceu?
Perguntei a ele com um toque de curiosidade. Observando-o de cima baixo, os meus olhos pairando pelo seu físico outra vez. Ele olhou ao redor do quarto, tentando se lembrar de algo, mas pelo seu silêncio, a sua resposta já era óbvia antes mesmo de me responder.
— Encontrei você ferido perto de um beco. Suponho que isso aconteceu porque estava perseguindo um bandido, não é, Zyan?
Quando disse o seu nome, ele arregalou os olhos mais confuso ainda. Talvez devesse se perguntar como eu sabia o seu nome, mas se surpreenderia se eu dissesse o seu nome completo.
— Como sabe o meu nome?
Ele falou com dúvida. Sentimentos negativos o cercando. Os seus olhos pairavam pelo meu corpo da mesma forma que eu fazia com ele, que belo jeito de agir. Não me intimidei por seus questionamentos ou olhares indiferentes.
— Eu vi no seu uniforme.
Por um instante, fui até a sala e voltei com o seu uniforme. Nele, havia o seu nome completo e o departamento que estava, além de que atrás estava escrito "Polícia". Não entreguei isso a ele, ainda havia sangue nas suas roupas.
A sua expressão suavizou-se e suspirou de alívio percebendo que não havia nada de errado.
— Zyan Ackermin é um nome diferente, você não é daqui? De onde é então?
— Não te interessa.
Zyan respondeu com grosseria, mas mantive o sorriso no rosto mesmo já estando ficando irritado com cada palavra dele.
— Onde estou?
Ele tentou se levantar e sair da cama, mas quando tentou o fazer, sentiu uma forte dor no local do tiro e manteve-se no mesmo lugar.
— Na minha casa. Mas não se preocupe, não fiz nada com você enquanto estava desacordado. Não sou um criminoso, caso pense isso de mim.
É irônico dizer essas palavras, já sabendo da verdade. Eu sou um criminoso. Mas isso não quer dizer que iria machucar alguém de tal forma. Abuso e tortura não são algo que eu gosto de fazer, na verdade, roubos e hackear as coisas são a minha especialidade.
— Não sei se posso confiar nas suas palavras. Afinal, já estou com roupas diferentes do que estava antes.
Zyan proferiu olhando para mim como se fosse me matar, literalmente.
— Policial, menos, por favor. Só troquei você porque as suas roupas estavam sujas de sangue e também me fez sujar toda a minha casa com o seu sangue, ainda me vê como errado? Você que foi muito descuidado e levou um tiro.
As minhas palavras pareciam como uma provocação e percebi claramente o quão irritado eu o deixei, mas ele que começou isso. Infelizmente, eu o via diferente, mais do que um policial.
Não poderia deixar que esses sentimentos se aflorem mais, nem deveriam existir, na verdade. Mas algo me diz que esse não será o nosso último encontro, terá outros e quem sabe lá o que pode acontecer ao longo do tempo. É um mistério que gradualmente se revelará e posso esperar pacientemente por isso. Zyan Ackermin, lembrarei de você, pode ter certeza que sim.
Zyan é o tipo de policial que parece ser todo correto, mas tem o seu lado sombrio. Aparentemente é um cara legal, mas poxa, escolheu logo essa profissão para seguir. E acabou que eu, como um fugitivo da polícia, fiquei encantado apenas de vê-lo pela primeira vez. E espero que não seja a última. Poderíamos ter algo, amizade talvez, ou algo mais. Deixei esses pensamentos idiotas se dissiparem com o tempo, mas não foi tão eficiente para esquecer Zyan.
Ele ficou na minha casa até o dia seguinte, de manhã, mesmo com dor, foi embora. Pouco antes de eu acordar, ele já não estava mais no meu quarto. Nem pensei muito sobre isso, o trabalho o aguardava, mas não sei se conseguiria fazer algo na delegacia ou nas ruas estando ferido daquela forma. Pouco me importa o que acontece com ele, é problema dele agora.
O dia passou rápido demais, não havia tantas coisas para fazer, é puro tédio então.
Durante a tarde me encontrei com dois amigos que haviam voltado de viagem, estavam de volta a Nova York. Fazia dois anos desde que Max e Mihian foram morar em Bangkok, senti falta até do pequeno Alli. Sei que esse afastamento do país aconteceu por causa da morte do namorado do Max, o machucou demais, mas espero que ele já esteja melhor e tenha esquecido o que teve com Alisson no passado. Não tive a oportunidade de conhecê-lo, mas imagino que era um cara legal.
Assim que cheguei ao local que marcamos, vi eles conversando e quando Alli me viu se aproximando, correu até mim e me abraçou forte.
— Tio Lian!
Alli falou com um enorme sorriso no rosto, se afastando brevemente de mim para ir até a sua mãe. Max e ela aproximaram-se e me cumprimentaram.
— Vejo que está melhor, Max. Superou bem a morte do seu namorado.
Dito isso, coloquei as mãos no bolso do casaco e olhei para baixo, encontrando os olhos de Alli. Me abaixei até a sua altura e lhe entreguei um doce. Coloquei as mãos novamente dentro do bolso do casaco e esperei dizerem algo.
— Não esqueci completamente dele, machuca pensar nisso.
Ele suspirou. Era claro que quando citei do Alisson, ele lembrou dos momentos que passou com aquele garoto. Antes mesmo que Max continuasse a falar, Alli tomou a frente.
— Tio Max já tem namorado.
Alli falou com um sorriso genuíno, não parecia ser uma brincadeira dele. Ele não é o tipo de criança que mente para os outros assim, eu o conheço bem. Mihian, então, pegou o seu filho no colo e entre-olhou para mim e Max.
— Desde quando você tem namorado? Você mesmo acabou de dizer que ainda não esqueceu sobre a morte do Alisson…
Questionei a ele, intrigado com essa revelação. Mas que sentido isso faz? Nem mesmo esqueceu a morte do seu namorado há dois anos e agora essa história de namorado, mas o que há com ele?
Max me olhou seriamente e proferiu:
— O fato de eu não esquecer sobre o Ali não quer dizer que não posso me apaixonar por outro. Ele fez parte da minha vida, e agora que se foi, preciso seguir como era antes. Foi isso que me disse antes de morrer.
Eu estreitei os olhos, ainda não acreditando. Mas é a sua vida, então dane-se o que acaba fazendo. E já era hora de seguir em frente, mesmo que esse garoto invada os seus pensamentos, não pode invadir a sua vida novamente.
— Quem é esse cara?
— Juan Romero.
Mihian respondeu por Max, mesmo que hesitante, ela acabou falando.
Ao escutar esse nome, lembrei imediatamente quem era. Outra vez me surpreendeu. Mordi o lábio para conter que um sorriso escapasse dos meus lábios involuntariamente.
— O ex do Kiyoki, sério? Desde quando você namora ele?
— Quase um ano, suponho.
Max respondeu, tentando lembrar o tempo exato. Mas Mihian fez isso por ele e disse:
— Já fazem um ano e dois meses.
A medida que essa conversa avançava, mas eu ficava intrigado como as coisas se desenrolaram. Realmente, eu não esperava que Max ficaria com esse cara, mas se gostam, não importa.
— Titio Romero é legal comigo. No meu aniversário, ele me deu celular!
Alli contou sorridente, terminando de comer o doce que dei a ele.
— Celular não é para criança, Alli.
Avise-o. O mesmo fez beicinho, como se estivesse emborrado pelo que disse a ele.
— Eu já falei sobre isso para ele.
Mihian contou, sorrindo de canto ao falar.
— Pelo que sei, Juan é da Argentina. Onde se conheceram?
— Através do próprio Kiyoki.
Mihian revirou os olhos, mas não chateada com isso. Não sei bem o que pensava disso, mas isso era incomum. Porque o próprio Kiyoki entregaria de bandeja o seu namorado para outro? Ainda mais Max, eles são amigos. Não seriam capazes de "dividir" Juan, ou seriam?
— E caso pergunte, na época, os dois haviam terminado. Kiyoki voltou para o Japão e ficou por lá, mas acredito que voltou para cá um pouco antes de nós. E ele já tem namorado, quer dizer, namorados.
Quando Mihian disse isso, dei um suspiro aliviado. Eu tinha realmente pensado que Juan havia traído Kiyoki com o Max, mas ainda bem que não foi assim. E raciocinando bem, escutei claramente quando Mihian ressaltou que Kiyoki já namorava e usou a palavra namorado no plural.
— Quer dizer que…
Antes que eu terminasse de falar, Max interrompeu.
— Sei o que vai dizer e já adianto que sim, Kiyoki tem mais de um namorado. Um deles ex-membro da Yakuza, para ficar pior.
Fiquei boquiaberto com o que ouvi. Como um idiota como o Kiyoki acabou se envolvendo com um cara da máfia japonesa? Nada havia sentido, e a minha cabeça ficou com mil questionamentos e possivelmente, a maioria sem respostas. Pode ter certeza que quando encontra-lo novamente, vou perguntar melhor sobre isso, com Max e Mihian não há tanto o que descobrir. Como se falassem para mim algo relevante, né.
Acabou que esse encontro foi melhor que imaginava, soube cada detalhe e acontecimento nos últimos dois anos. Além do namoro do Max e Kiyoki, havia mais que isso. Há tantas perguntas sem respostas, a minha animação ultrapassa qualquer outro sentimento no momento.
Soube que Mihian continuou o namoro com o pai do Alli, o detetive de araque chamado Kasem. Não vou muito com a cara dele, desde do momento que o vi pela primeira vez, mas também não posso causar desconfianças a tal ponto. Afinal, ele é um detetive. E mesmo que tenhamos contato direto, ele nem imagina quem sou eu de verdade. Também descobri que a terceira envolvida com Kiyoki era o Yamura. Até onde eu sabia dessa história maluca era que Yamura deixou o país pouco meses antes da morte do Alisson e ficou no Japão por quase um ano, mas ainda assim, mantendo contato com todos. Talvez nessa viajem ao seu país de origem, se envolveu com quem não devia. No caso, Kiyoki e o ex-membro da Yakuza, Takashi.
A minha vida foi a única que não teve tantas emoções como as dos outros, simplesmente só mantive a minha rotina e continuando a fazer o que é ilegal, mesmo sendo procurado, não são capazes de me acharem na cidade. Tudo ficaria divertido se me envolvesse com aquele policial chamado Zyan, o qual conheci na noite anterior. Posso imaginar coisas tão excitantes ao lado dele e o seu corpo não sai da minha cabeça, assim como qualquer coisa relacionada a ele. Esse maldito policial invadiu minha vida primeiro e agora não vou deixar isso impune.
...☕︎Por Zyan☕︎...
Logo cedo, eu já estava de pé. O local onde fui atingido ainda doía bastante, mas não poderia abandonar o trabalho assim; sem explicação nenhuma. Se eu o fizesse, aquele idiota do Dylan daria algum jeito de me ferrar.
Coloquei o uniforme da polícia mais uma vez, com grande esforço para não me causar muita dor. Então, fui embora daquela casa. Não esperei que aquele cara acordasse, também nem era necessário fazer isso. Por que eu deveria dar explicações a alguém que não conheço direito? Deixa para lá, é um assunto sem importância para mim agora.
Finalmente quando cheguei a delegacia, ao meu departamento, dei logo de cara com Dylan. Com um copo de café na mão e ao lado do nosso chefe, e com um maldito sorriso no rosto. Ao me verem, cumprimentaram-me normalmente, mas a tensão preenchia o ambiente.
— Demorou bastante para chegar hoje, Policial Zyan. Houve algum imprevisto?
O chefe proferiu, tomando um gole do café. Olhava-me dê forma indiferente, ficando óbvio que Dylan falou algo para ele sobre mim enquanto eu estava fora.
— Não querendo ser grosso, Chefe. Mas, pela maneira que cheguei aqui já não demonstra nada? Ontem a noite, enquanto estava perseguindo alguns bandidos, fui atingido por uma bala. Por isso cheguei mais tarde do que o habitual.
Sorri forçado. A sua expressão suavizou e a expressão de Dylan, ao contrário, se fechou. As minhas palavras haviam realmente incomodado ele? Chega a ser um pouco infantil as suas atitudes. Não sei como esse desgraçado consegue coagir o nosso chefe tão facilmente, é um ótimo manipulador. Há tantos motivos para odiá-lo e ainda diz me amar, que irônico. Quer ferrar a minha vida na delegacia, mas que descarado ao dizer que me ama e me quer, mas que droga esse idiota usou para dizer isso sem parecer uma mentira.
— Sr. Collins. O que o Policial Zyan disse parece ser verdade, melhor deixarmos isso para trás, não é? Afinal, ele já está de volta ao seu posto.
Haru interviu. Se pondo no meio de nós três, tentando manter uma certa distância e impedir que aquela conversa prosseguisse de forma ruim. Dylan diria algo, mas calou-se no mesmo instante que Haru apareceu. Um sorriso então, curvou entre os meus lábios, percebendo o seu incômodo com a presença do Haru.
O chefe apenas assentiu com a cabeça e seguiu o seu caminho até a sua sala, finalmente nos deixando para trás com o idiota do Dylan. Ele nos olhou com desgosto e um certo desdém, mas ao olhar para mim, de cima a baixo, os seus olhos demonstraram um brilho diferente de antes.
— Se levou um tiro ou não, não me importa. Mas você parece incrivelmente bem, Zyan.
Dylan proferiu com um sorriso malicioso no rosto. Ele aproximou-se de mim e colocou a mão sobre o local que levei o tiro, que infelizmente era perto da minha virilha, ele tocou e até pressionou para me provocar dor. Senti a pontada quando fez esse movimento, mas não demonstrei o que estava sentindo na frente dele.
Logo após isso, sussurrou algo no meu ouvido.
— Odeio a maneira como você me olha, Zyan. Isso me deixa mal. Eu só quero ter você para mim.
Se eu não fosse um policial e estivesse na delegacia, não hesitaria em partir para cima do Dylan. Ele sempre consegue me tirar do sério, a pouco paciência que me resta, ele consegue esgotar numa fração de segundos, que insuportável.
— Não aja de forma imprudente. Estamos numa delegacia e você, Dylan, é um policial. Sabe que toques indesejados podem ser considerados como assédio, né. Então, pela consideração que diz ter com o Zyan, mantenha-se longe dele.
Haru deu um passo a frente, afastando Dylan de mim. Finalmente alguém fez algo, já não era capaz de aguentar Dylan em cima de mim e provocando daquela forma. Fez questão de pressionar o local da bala, queria poder ver a minha expressão com o gesto que fez, mas não conseguiu o que queria.
— Me esqueça, Dylan!
— Não tão rápido.
Não sei se foi por Haru, mas Dylan afastou-se de mim sem nem mesmo dizer nada contra. Ele piscou para mim e saiu do local, deixando apenas eu e Haru.
— Está bem, Zyan?
Haru me perguntou preocupado, largando a fachada de seriedade que usou com Dylan minutos antes.
— Bem mesmo, não, mas vou ficar.
Indaguei de forma sincera a ele. Não tinha motivos para mentir para Haru, sempre me defendeu e é um amigo que nunca escondo o que acontece comigo, assim como ele nunca me esconde nada do que acontece com ele, ou seja, não há segredos entre nós. É uma amizade perfeita no meio de um mar de palavras vazias ditas uns aos outros.
— Antes de você chegar, o pateta estava falando com o chefe sobre você. Mais especificamente, do seu trabalho.
Pateta é como Haru chama Dylan. É engraçado ouvi-lo chamar ele assim, mas gosto desse apelido dado a Dylan.
Prestei atenção nas suas palavras e até então não tinha tanta importância, é o habitual do Dylan. Sempre acaba falando algo para o chefe sobre mim ou para outra pessoa, de alguma forma tenta me ferrar ou arranjar pretextos para me fazer ficar perto dele, é outro problema sobre ele que simplesmente não aguento mais.
— E o que ele falou? Você sabe?
Perguntei a ele com curiosidade e até um pouco apreensivo com o que me diria. Mas já não estava tanto dessa vez. Antes que falasse, sentei-me numa cadeira próxima e esperei que me dissesse o que era.
— Atraso, troca de departamento e a sua eficiência no trabalho.
Suspirei profundamente, aliviado por ser apenas isso. Mas estranhei, Dylan realmente falou apenas isso ao Chefe? Era pouco comparado as difamações que fez contra mim antes.
— Mas, que troca de departamento? Eu não troquei de departamento.
Uma parte do que não entendi das palavras do Haru. Ou entendi mal ou Haru não soube dizer exatamente o que era, mas fiquei confuso. No departamento que fui designado, eu fiquei e em nenhum momento eu troquei para outro.
— No caso, a troca era dele mesmo.
Haru falou com um ar de desapontamento. Era outro que não suportava Dylan. Temos as nossas razões por isso, e Dylan também não colabora. Mas agora, dito isso, eu entendi. Mordi o lábio inferior e fechei os punhos com raiva.
— Ele quer trocar de departamento?
— Sim. E para o mesmo departamento que o seu. É óbvio que fez isso para ficar perto de você mais ainda, e o chefe aceitou essa maldita troca. Não faço ideia de como o pateta convenceu o chefe a fazer uma coisa estúpidas dessas.
Ao ouvir as palavras do Haru, bati com força na mesa e o assustei quando fiz isso. Na mesma hora, o seu rosto veio a minha mente e o maldito sorriso cruzando os seus lábios. Talvez por isso que parecia tão radiante, era isso do que se tratava. Essa troca de departamento.
— Não se irrite com isso. Dylan não merece a sua raiva.
Haru falou com a voz trêmula, talvez temia o meu próximo passo. O ódio nos meus olhos era tão visível, quase palpável.
— Tem razão.
Proferi. Sorrindo de maneira forçada para Haru. O mesmo me olhou um pouco mais aliviado, mas ainda não terminei.
— Ele merece uma surra, isso sim!
Bati contra vez contra a mesa, com menos força do que a última batida. Haru estreitou os olhos em desaprovação, mas sabia perfeitamente bem que eu não iria voltar atrás com as minhas palavras. Sempre cumpro o que digo.
Dito isso, levantei-me e fui atrás do Dylan. Deixando Haru sozinho, mas logo voltaria. O que eu faria é algo que até eu mesmo não sei, mas o que houve hoje, não ficaria sem respostas.
Eu já não o suporto na delegacia, imagina vê-lo sempre, a todo o lugar que vou. No mesmo departamento e nem sequer é área de especialidade dele. Com um motivo estúpido e com uma manipulação sutil, ele conseguiu a aprovação do Sr.Collins. Maldito seja esse cara!
Não demorei para encontra-lo, estava justamente no meu departamento, se apropriando daquele lugar na primeira oportunidade que teve. Sentado a uma cadeira e com um copo de café na mão, exibindo o seu sorriso cínico de sempre. Ao me ver, agiu normalmente, mal sabia a raiva que havia acumulado comigo por todo o que já fez e o que pode fazer ainda.
— Qual é o motivo da sua raiva, docinho?
Dylan falou calmamente, um brilho diferente surgiu nos seus olhos. Eu contive a minha raiva, antes de realmente explodir com ele.
— Que porra você fez para convencer o chefe a trocar você de departamento? Nem sequer é a sua área!
O agarrei pelo colarinho da roupa, extremamente enfurecido. Ver aquele sorriso no seu rosto, me incomodava bastante e ele sabia disso, mais do que ninguém.
— Quem disse que não é a minha área? Homicídios também tem um pouco a ver com investigação criminal, baby.
Cerrei os dentes, quase explodindo com o cinismo do Dylan. Sério, tudo nele me incomodava! Me pergunto como conseguiu um cargo na polícia agindo dessa forma.
— Você me tira do sério!
Bufei irritado, afastando-me. Soltei o seu colarinho, mas queria tanto partir para cima dele.
— Vou considerar como um elogio, docinho. O seu jeitinho estressado me encanta mais ainda.
Ele suspirou, suavizando a sua expressão. Deixou o copo do café em cima da mesa, ao lado do computador e veio na minha direção. Os seus passos diligentemente lentos, mas fez isso para me causar mais temor, mas não foi bem isso que acabou acontecendo. Não é como se fosse a primeira vez que alguém me enfrenta ou tenta se aproveitar de mim, o passado me atormenta, mas pude seguir em frente e sem agir de forma inocente outra vez.
— De hoje em diante, vai ter que me aturar o dia inteiro no trabalho. Mais do que antes, docinho.
Dylan aproximou-se mais, ao ponto de me encurralar contra uma parede. Não demonstrei emoções negativas com a aproximação dele, me mantive sereno e ainda extremamente furioso com ele. Demonstrar fraqueza é a pior coisa que alguém pode fazer. Qualquer atitude que ele tomasse contra mim, eu revidaria e digamos que não seria de forma amigável. O que mais odeio é o seu cinismo e maneira que consegue coagir os outros, os manipulando para o seu próprio benefício. Temo que esse seu jeito pode o fazer subir muito além do que deveria, acabando por abusar do poder que obter.
— Ameaça, assédio, manipulação e suborno, você sabe o que isso significa? São os crimes que cometeu até agora, mas ninguém percebe. Se houvesse provas sobre isso, estaria atrás das grades, Dylan.
O que eu disse era verídico. Dylan sempre me assediava e dava em cima de mim, ate mesmo de forma sutil na frente dos outros e ninguém simplesmente não fazia porra nenhuma para algo assim parar de ocorrer. Ameaça: trata-se de colocar medo a uma pessoa e a coagir a agir do jeito que você quer que seja feito, isso muitas vezes pode causar medos e traumas as pessoas e dificilmente são denunciados quando há. Esse é outro crime que Dylan cometeu contra mim, chantagem emocional também conta nessa lista! Há tantas vezes que me assediou e ameaçou fazer da minha vida um verdadeiro inferno, me matar, me torturar e conseguir tirar o meu cargo na polícia, mas mesmo com tudo isso, não me afeta tanto as suas palavras. Agora manipulação, não há muito o que dizer. Simplesmente o fato desse desgraçado conseguir convencer o Sr.Collins a trocá-lo de departamento mesmo não sendo a sua área de especialidade já condiz como manipulação, sutilmente, mas há. Suborno é um crime que suponho que ele tenha cometido, mas não é nada comprovado.
— Isso é uma ameaça?
Os seus olhos fixaram nos meus, dava para perceber que ele estava começando a se irritar comigo. Não é a primeira vez que o vejo assim, mas nem me abala mesmo.
— Entenda como quiser.
Eu revirei os olhos, não impressionado com o seu olhar irritado direcionado para mim. Dei um leve empurrão nele e me afastei, e inacreditavelmente, Dylan não se atreveu a me pressionar mais e me deixou se afastar dele.
— E fique longe de mim. Não se atreva a fazer algo assim de novo, você sabe muito bem como eu sou.
O encarei furiosamente e apenas reparei no sorriso que cruzava os seus lábios. Ele não disse nada, ficou completamente em silêncio. Não esperei que respondesse e sai apressadamente da sala.
— Docinho, quanto mais me dizer para não fazer, me dá mais vontade de fazer.
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