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Dependente De Você

Prólogo & Apresentação

Nyanni Olliver é uma jovem universitária que está lutando para colocar a própria vida no lugar. Enfrentando uma grave crise financeira, a moça se vê morando na pensão mais barata que encontrou nos subúrbios da Califórnia. Ela ainda não sabe, mas a sua vida está prestes a mudar drasticamente, uma vez que a sua melhor amiga, Marianne conseguiu para ela um emprego, onde a mesma trabalhará como assistente pessoal do seu tio, Apolo Hoffmann, um renomado auditor e ao mesmo tempo, o viúvo mais cobiçado da Califórnia.

Até mesmo o rumo dos sentimentos de Apolo mudarão ao conhecer a jovem que é 20 e poucos anos mais nova que ele. Será mesmo que isso daria certo?! O que será que o destino tem reservado para esses dois corações, essas duas almas completamente distintas? Só lendo para saber...

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✦ PERSONAGENS QUE APARECERÃO MAIS NO COMEÇO 👇🏻👇🏻👇🏻

ps:. haverão outros, mas vou colocando aqui a medida que forem aparecendo. Lembrando: se tratam de INSPIRAÇÕES, imaginem como bem quiserem!

NYANNI OLLIVER

MARIANNE WILLIAMSON

APOLO HOFFMANN

PAUL [namorado da Marianne]

Bryant ["namorado" de Nyanni]

🚨 aviso final: essa novela não é hot.

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“Indo em direção ao telefone porque eu não consigo mais lutar contra isso. E eu me pergunto se eu ainda passo pela sua cabeça. Pois, você está na minha o tempo todo..." | Need You Know - Lady A

— Não posso acreditar que as férias se passaram tão rápido. Mal pude aproveitar o esplendor das Maldivas! — Marianne disse num tom doce, apaixonado, como se estivesse falando do seu namorado, Paul, ao qual ela também é perdidamente louca.

— Ah, sério? Que pena. — respondi, sem dar muita importância aquilo tudo. Até porque as minhas férias foram... Turbinadas, digamos assim. Alguns bicos aqui, outros ali até que eu conseguisse juntar dinheiro o suficiente para sair da casa da minha tia materna, já que estava comendo o pão que o diabo amassou por lá.

— Nossa, amiga. Por que você está falando assim? Até parece que não está feliz também. Sei que não é tão bom voltar a essa rotina chata e tediosa, mas também não é tão ruim... Com certeza é pior pra mim, acredite. Eu jamais deixaria aquele paraíso.

Aí está. Marianne, por que você precisa ser tão superficial na maior parte do tempo?

Esses riquinhos sempre parecem ter algo em comum.

— Claro, Mari. Foi muito ruim vir embora pra Califórnia depois desses dias gloriosos que você teve nas Maldivas. Minhas férias até que foram boas, sabe? Eu só trabalhei feito uma escrava pra conseguir um pouco de dinheiro e alugar uma pensão num subúrbio qualquer. Você sabe como é...

Quando falei assim, ela arregalou os olhos.

— Ai, Ny... Eu não sabia que você ainda estava enfrentando aqueles problemas com a sua tia, — ela se referiu às intensas brigas que tínhamos, tais quais haviam se tornado rotina, além da bebedeira incessante de minha tia com o marido e a tentativa do mesmo de me estuprar. — Porque você não me falava sobre isso quando eu perguntava. Achei mesmo que tudo tivesse se resolvido.

Marianne está falando dessa forma porque nunca descobriu a parte em que o marido de minha tia tentava, inúmeras vezes, abusar de mim. Foram vários os episódios em que o flagrei me espionando tarde da noite enquanto eu dormia. Também não faz a mínima ideia da vez em que ele tentou me espionar enquanto eu estava no banho... E dessa vez, a minha tia viu. Só que, ao contrário do que eu imaginei, ela não acreditou em mim e simplesmente me ameaçou, e quase me bateu.

Minha amiga só sabe das brigas. Eu não tenho coragem o suficiente para me abrir com ela sobre a outra parte. Pelo menos não ainda. — Não queria estragar as suas férias, Mari. Você tinha que se divertir... Eu sabia que tinha que lidar com meus problemas sozinha.

O sinal bateu, indicando que devíamos entrar nas nossas salas. É por essas e outras que eu ainda me sinto no colegial, porque a organização daqui me lembra muito aquela época e é óbvio que eu me sinto muito bem assim.

Marianne cursa medicina, então ela, após se despedir de mim e prometer que conversaríamos melhor num momento oportuno, caminhou numa direção contrária à minha, enquanto eu me dirigi à minha sala. Eu curso Radiologia, e graças a Deus em um ano poderei finalmente concluir este curso e me considerar formada.

— Nyanni! — eu ouvi a voz alta de Bryant, o meu namorado. Me virei para encará-lo e o vi correr em minha direção. Estava suado e com o uniforme do seu treino de futebol.

— Ah, oi... O que faz aqui?! — perguntei sem entender, olhando em volta ao perceber que a atenção dos que estavam pelos corredores estavam em nós dois.

— Vim te ver, né. Oras... — ele respondeu, como se fosse óbvio e se curvou para selar nossos lábios. — Eu tenho aula daqui a pouco, mas não podia deixar de vir aqui. Até porque você tem me evitado há tempos e eu só queria um momento contigo. Podemos sair este fim de semana?

Fiquei apreensiva quando ele me disse essas palavras.

Sim, eu o tenho evitado... Mas é porque não tenho tempo para sair com o mesmo. Minha rotina tem estado bastante agitada nas últimas semanas. Como eu já expliquei, estive ocupada procurando lugar pra morar e que saísse em conta, até porque continuar morando com a minha tia por mais um ano estava completamente fora de cogitação.

— Não sei, eu acho que tenho-

— Não seja chata, Nyanni. Estamos há tanto tempo sem nos ver... Não me diga que não está sentindo saudades? — Bryant se aproximou mais e se grudou em meu corpo, me abraçando com muita força. Ele está molhado de suor, então eu senti a sua pele deslizando na minha por causa do hidratante que eu passei no corpo mais cedo.

— Eu... Sim, sinto saudades, mas-

— Sem "mas", meu amor. Eu te busco na sua casa às 20h. Esteja pronta antes disso, quero te levar a um lugar muito especial! — ditas essas palavras, ele me beijou mais uma vez, mais demorado e simplesmente se afastou. — Até logo! Não vou te atrapalhar mais, você precisa estudar.

E saiu, da mesma forma que entrou: Correndo.

Suspirei profundamente, me perguntando como vou lidar com isso, agora. Porque, além de todos os meus problemas, Bryant não faz a mínima ideia de que estou morando num subúrbio, e que preciso trabalhar durante a tarde e a noite, virando quase que a madrugada. E para recompensar as horas que eu passo na universidade nos dias de semana, fico trabalhando aos sábados e domingos. Como explicar isso a alguém como Bryant?

E eu falo dessa forma porque ele jamais me entenderia, uma vez que nasceu em berço de ouro. Ele vem de uma família extremamente rica e influente aqui na Califórnia, e até mesmo fora dela, até porque ele e sua família são suíços. A forma como nos conhecemos é a mais irônica possível, até hoje não consigo entender a razão pela qual ele segue namorando comigo. Somos distintos um do outro e não somente pelas nossas condições financeiras.

Conheci Bryant no ensino médio, há alguns anos. Eu estava estudando numa escola pública, obviamente, mas fizemos uma excursão pelo museu fundado pelo dono da escola em que ele estudava. Por sinal, a melhor dos Estados Unidos. Foi então que esbarrei com ele e quando o mesmo sorriu para mim, eu meio que "me apaixonei". Ele foi muito gentil comigo desde sempre, dificilmente brigamos, mas ainda não consigo aceitar completamente que estamos namorando.

Até porque tudo aconteceu muito rápido.

Mas enfim... Não tenho tempo para pensar nisso por enquanto.

Somente rumei para a minha sala e tentei me concentrar nos estudos, afinal de contas, quero receber o meu diploma e simplesmente começar a usar o dinheiro que eu pago para cobrir a bolsa que ganhei numa outra coisa. Talvez ir embora daqui, tentar a vida num outro lugar porque a Califórnia já se mostrou voraz ao meu respeito; me sinto numa selva, e também sinto que serei engolida por ela a qualquer momento.

• • •

Logo após minhas aulas acabarem, não esperei Marianne que já tinha me feito prometer que a iria esperar para que pudesse me levar na minha casa. Me sinto extremamente envergonhada e sem jeito de ela simplesmente aparecer em minha casa e perceber a decadência do local onde agora posso chamar de 'meu lar', até o momento. Não é o melhor lugar do mundo, mas é o que posso pagar. Não que eu ache que vá permanecer aqui por muito tempo.

Estou esperando poder encontrar um emprego melhor em que meu salário possa cobrir um aluguel mais digno.

Andei a passos apressados até a minha casa, passando por vielas e becos que me trazem uma sensação estranha. Eu poderia não ter vindo por aqui, mas é um atalho em que posso chegar mais rápido. Estou atrasada para o trabalho e se eu o perder, não sei o que será de minha vida. Por aqui, não se pode atrasar o aluguel nem mesmo um dia sequer.

— Boa tarde, gatinha! — eu ouvi um homem dizer, e notei também a sombra dele se aproximando de mim. Meu coração disparou e eu comecei a apressar mais os meus passos. O ouvi rindo baixo, mas a medida que fui caminhando, ele não me seguiu e eu agradeci aos céus por isso.

Assim que cheguei, me tranquei em casa e joguei minha bolsa, meu tênis e tudo o que tem haver com a universidade no pequeno sofá velho na sala e corri pro banheiro para tomar um banho. Fui fazendo tudo isso na velocidade da luz, porque o tempo não é o meu amigo neste momento.

Nyanni estava apressada tomando seu banho, tão entretida e focada para voar até a lanchonete em que estava trabalhando que não chegou a ouvir o seu telefone tocando incansavelmente dentro de sua bolsa — e é óbvio que não teria como.

Se tratava de Marianne. A moça notou que havia algo diferente no semblante de sua amiga, algo completamente novo que a mesma não notara antes das férias de verão. Ela se preocupou, seu instinto foi muito mais forte e a mesma ordenou que seu motorista se dirigisse até a casa da tia da mesma, numa rua mais distante da universidade.

Foi então que ficou sabendo que, na verdade, Nyanni já não estava morando ali há uns dias. Marianne ficou nervosa e se sentindo culpada, porque ela não se preocupou em questionar Nyanni sobre sua situação, somente em falar sobre como suas férias foram boas em Maldivas e como ela fez amor com seu namorado em todos os lugares possíveis e até mesmo os mais improváveis.

Ela ficou envergonhada. Por Deus! Nyanni estava passando por um momento difícil, mas mesmo assim se dispôs a ouvir as baboseiras vindas da moça rica.

A tia de Nyanni não queria informar aonde ela estava morando. Marianne lhe ofereceu 50 dólares para que a mesma desse uma resposta e mesmo sem saber o paradeiro da sobrinha, Grace deu um endereço errado somente pelo dinheiro e assim que Marianne foi embora, a golpista trancou todas as portas e janelas de sua casa, feliz da vida por estar com o dinheiro que pagaria a sua bebida de mais tarde.

Marianne só percebeu que havia sido enganada pela tia de Nyanni quando chegou num bosque quase que no final da cidade. Ficou revoltada, mas não deu importância a isso, somente ligou mais para a sua amiga e não obteve uma resposta. À essa altura, Nyanni já estava se dirigindo ao seu emprego, com muita pressa e torcendo para não ser demitida e chegar a tempo.

— Jesus! Onde essa garota se meteu?

Era a pergunta que Marianne se fazia, mas não tinha uma resposta. E era isso o que a frustrava muito mais.

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Capítulo 1

A rotina cansativa de Nyanni por aquele dia estava ainda começando. Vários clientes para atender, pedidos para realizar... A maioria das pessoas que pisavam naquela lanchonete, naquele dia em específico, estavam estressadas e ranzinzas; xingamentos, grosseria e falta de respeito era o que Nyanni mais tinha que lidar durante sua carga horária, sem poder ao menos parar um pouco para pensar e refletir em tudo o que precisava ouvir. Se fizesse isso, acabaria desanimando, e isso não podia acontecer. Em hipótese alguma.

Por outro lado, Marianne continuava bastante preocupada com a sua melhor amiga. A moça lotou o aparelho celular de Nyanni de mensagens, ligações e recados, estes que não foram respondidos pela falta de tempo da garota.

— Nyanni, clientes novos chegando na mesa 17! Vai lá agora! — rosnou o seu chefe, sua voz irritadiça não passou despercebida pela moça, que já estava acostumada com o temperamento de Luiz, já que o mesmo agia dessa forma na maior parte do tempo. A sua rotina cansativa em casa era o que o deixava tão estressado, principalmente o tratamento de sua esposa. Ambos já não se davam bem, por isso mesmo todo aquele mau humor.

Ao ouvir aquela ordem expressa, Nyanni simplesmente pegou o cardápio e saiu correndo na direção da mesa que acabara de ser ocupada. Assim que chegou perto o suficiente, ela não reconheceu de imediato, mas foi só ouvir aquela voz característica que suas lembranças foram atiçadas. Era o homem que a tinha chamado de "gatinha" mais cedo.

Para a surpresa de Nyanni, ele não era feio. Não! Muito pelo contrário... Mas a gengiva escurecida e os dentes com manchas também escuras no momento em que aquele homem sorriu não passou batido pelo olhar da garota. Ela notou pelo cheiro forte de cigarro que aquele homem era um fumante. Provavelmente usuário de drogas, o que não seria incomum, se levarmos em consideração o local em que se encontram. — O que temos pra hoje, amor? — questionou o desconhecido, olhando fixamente nos olhos de Nyanni, que tremeu na base de tão nervosa.

Aquela voz poderia ser reconhecida por ela há quilômetros de distância. — Aqui está o cardápio, senhor. Assim que escolher o que quer comer, virei anotar o seu pedido. — ela explicou, evitando até mesmo manter o contato visual, para não dar aquele homem esperanças falsas. Ela também não queria ser perseguida tarde da noite quando saísse do seu trabalho... Por isso sabia que tinha de ser educada e não retrucar ao ouví-lo chamá-la daqueles apelidos carinhosos que tanto a incomoda.

— Não me chame de senhor, eu só tenho 28 anos! — rebateu, severo. — Me chame de Steve. Este é o meu nome!

— Ok, Steve... Me desculpe. Posso passar depois para recolher o seu pedido? — insistiu ela, soando formal.

— Não, eu não quero escolher nada. Quero que você me traga o melhor prato, o mais pedido aqui! — disse Steve. — Eu confio no seu potencial.

Ela até tentou falar algo sobre isso, afirmar que não podia fazer aquilo, mas não se atreveria, até porque aquele desconhecido a olhou de uma maneira que demonstrou que ele não estava ali para ser contestado e sim obedecido.

E por não querer perder o emprego, Nyanni ficou em silêncio.

Se dirigiu à cozinha e anotou o pedido de Steve. Uma porção de fritas, justamente com frango empanado e um x-burguer de bacon. Era o que ela achava que o homem gostaria de comer.

Nyanni o serviu e Steve pareceu gostar muito do que lhe foi servido. A questão é que ela não conseguiu parar de pensar na forma como aquele homem a olhou, como ele parecia saber de sua vida. Até porque ele apareceu na lanchonete que ela trabalhava, mesmo sendo distante de onde ela ouviu a sua voz. Steve parecia a estar seguindo! Ela estava com muito medo do que poderia lhe acontecer.

As horas foram se arrastando, lentamente, como sempre acontece. As pernas de Nyanni doíam, assim como suas costas... Seu corpo só clamava por um alívio, enquanto seu estômago implorava por comida. Já faziam horas que ela estava sem comer, não teve tempo de parar para almoçar e tampouco seu chefe se importou. Pelo menos ele sempre demonstra estar nem aí para seus funcionários, como fez com um antigo colega de trabalho de Nyanni, que acabou desmaiando no meio do expediente justamente por não ter tido tempo para comer.

O rapaz era diabético e quase morreu pela falta de alimento. Nyanni não estava trabalhando naquele ambiente nem há 4 meses e já havia presenciado o descaso com os funcionários. Sabia que ninguém se importaria com ela caso desmaiasse também, por isso mesmo, vez ou outra, comia as sobras do que restava nos pratos dos clientes, estes que eram experts em desperdícios.

Porém, este é um segredo que Nyanni carrega consigo. Ninguém, absolutamente ninguém sabe que ela faz isso.

Logo após o término do seu expediente, ela simplesmente saiu correndo da lanchonete e se certificou de andar pela rua, onde a iluminação pública se fazia presente, e também havia algumas viaturas fazendo rondas vez ou outra. Ela sabia que era o melhor a ser feito, pegar atalhos nem pensar já que havia algum louco a perseguindo por aí.

Foi somente quando chegou e trancou tudo que pôde pegar no telefone. Ela viu as mensagens de sua amiga e as retornou, sem entender muito bem o que estava acontecendo.

Marianne viu a resposta no mesmo segundo e já ligou para a amiga, desesperada.

— Meu Deus, Nyanni! Eu fui na casa da sua tia e não te encontrei! Onde você está morando, pelo amor de Deus?! — ela perguntou, num desespero que chegava quase a ser palpável.

— Mari...

— Não, não mente pra mim! Eu sabia, sabia que havia algo errado, sabia que você estava escondendo uma informação séria de mim. Desde quando você saiu da casa da Grace? Me explica.

Suspirando, Nyanni entendeu que precisaria ser sincera com a sua amiga, já que a mesma descobriria toda a verdade de um jeito ou de outro. Ela disse que não estava conseguindo se manter com a sua tia por muito mais tempo, que sabia que não podia contar mais com ela e que não mais cabia naquele ambiente.

Marianne, do outro lado da linha, escutava tudo atentamente. — Jesus Cristo, e onde você está morando, Nyanni? Você não me disse isso. Eu preciso saber... Só me diz que você não tá-

Nyanni sabia ao que ela estava se referindo.

— Sim, eu estou aqui! E o pior, eu não sei o que fazer porque o Bryant está querendo sair comigo no fim de semana e eu não quero que ele saiba onde estou morando, como estou vivendo... Amiga, eu estou desesperada! Não estou bem com nada disso o que está me acontecendo, mas não há nada que eu possa fazer. — complementou a garota, sentindo um nó se formando em sua garganta. — Eu não posso sair daqui, Marianne. Não posso sair do meu emprego, eu sei que não está certo e eu estou correndo perigo em viver aqui, mas é a minha única opção.

— Amiga, eu não sei nem o que te dizer porque tudo isso é uma baita surpresa pra mim. Jamais imaginei que você estaria vivendo assim... — para Marianne, se imaginar dentro de uma realidade como a de Nyanni era algo quase impossível. Ela não entendia o que a garota estava passando, mas sabia que tinha que ajudá-la.

E a forma como a ajudaria ainda era uma incógnita. Mas ela daria um jeito... Sabia que tinha de dar.

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Capítulo 2

A semana se passava de uma maneira agonizante e mesmo que não comentasse nada com Nyanni, ciente de que a mesma recusaria, Marianne estava procurando algo para ajudar a sua amiga.

O seu desespero aumentou ainda mais quando ela percebeu aonde que Nyanni estava morando, até porque a mesma foi até a sua casa com ela. E droga... O ambiente não era nada agradável, Marianne se sentiu mal ali dentro; sua amiga não combinava com aquele lugar. A tal visita aquele subúrbio só a fez perceber que precisava dar um jeito rápido.

Mas enquanto não conseguia encontrar nenhum emprego que valesse a pena o suficiente, Marianne tentava ajudar Nyanni de outra maneira. Bom... Ela levou comida, produtos de limpeza e vários outros itens que seriam de extrema importância na limpeza, manutenção da casa e na alimentação de Nyanni. Até porque ninguém sobrevive de fast-food.

— Não precisa se preocupar comigo, Mari. Vou ficar bem! Não percebe que estou completamente sem jeito por você estar fazendo tudo isso por mim?

É claro que ela reclamaria, mas Marianne não se deixou levar e continuou a ajudando. Até mesmo desfez a sua pose de patricinha e se dispôs a ajudar a amiga a limpar toda a casa e dar uma geral em tudo, pois ela não conseguiria sozinha.

As suas buscas não pararam. Encontrar um emprego não era tão difícil, o problema mesmo era o currículo de Nyanni que não era tão agradável assim à vista dos empregadores.

Desistir não era uma opção, no entanto. E em duas semanas, uma oportunidade surgiu: foi quando Apolo Hoffmann, o tio paterno de Marianne, começou a divulgar uma vaga de emprego pra lá de tentadora, para muitas mulheres na Califórnia.

Ele estava precisando urgentemente se uma assistente. Alguém que pudesse o ajudar em seus afazeres administrativos, uma vez que ser auditor fiscal da TransAtlantic toma muito de seu tempo e ele quase não pode atender aos seus compromissos externos ao seu trabalho. Sua assistente atuaria justamente nesta área e o melhor de tudo é que ele pagaria muito bem.

Salário este que fez os olhos de Marianne brilharem. Ela sabia que aquela era a oportunidade perfeita para Nyanni. As duas não poderiam perder aquilo por nada!

Mas obviamente, ela não comentou nada com a sua amiga até que falasse com o seu tio. Ela sabe muito bem que Apolo é um homem extremamente difícil de lidar, muito exigente e ranzinza até demais. Depois da morte de sua esposa há 6 anos atrás ele ficou ainda pior.

Não seria fácil achar um jeito de conversar com Apolo. Marianne não podia mandar mensagens para o mesmo pois ele não respondia, nem atendia ligações. Ele estava em seu horário de trabalho!

Depois de pensar muito, a moça decidiu se arriscar e se dirigir ao local de trabalho de Apolo: a sede da TransAtlantic, o aeroporto principal do estado.

Como estaria livre durante aquele dia por não ter aulas na faculdade, ela decidiu que tentaria conseguir essa vaga de emprego para a sua amiga. Ela precisava de ajuda.

— Frederic, me leve ao aeroporto, por favor! — pediu ao seu motorista e ele prontamente e sem a questionar, assentiu e abriu a porta do carro para a mesma entrar.

No caminho, Marianne entrou em contato com alguns funcionários do aeroporto que não são seus conhecidos, mas sim do seu pai. Ela sabia que só conseguiria entrar na área administrativa do aeroporto com a ajuda de alguém.

Ela conseguiu o que queria (o que não é uma novidade) e só foi chegar no aeroporto que já havia um segurança a aguardando para guiá-la até a sala de Apolo. — O Sr. Hoffmann está numa reunião nesse momento, se puder esperar até que ele termine... Ele não gosta de ser interrompido.

Aquele era o problema. Como era uma vaga muito disputada, Marianne sabia que não podia perder tempo, precisava conversar com seu tio o mais rápido possível para garantir aquela vaga. Se Nyanni não a conseguisse, seria o fim.

— Mesmo assim, eu vou me arriscar. É muito importante o que tenho para discutir com o meu tio. — explicou e o segurava a olhou meio desconfiado. Ele sabe muito bem a forma como Apolo age com alguns funcionários e como é grosso e estúpido com qualquer um que ouse cruzar o seu caminho.

— Tudo bem, se a senhorita deseja assim...

O homem não esperou mais nem um segundo. Simplesmente saiu dali o mais depressa possível, sem querer ver a merda que aquilo daria.

Duas batidas na porta e Marianne virou a maçaneta. Num único “click” a porta se abriu e ela entrou, a passos lentos, na sala ampla e espaçosa.

Seu tio estava ali. Sentado na sua mesa , com um notebook diante de seus olhos. Seu perfume era possível sentir em todo o ambiente, e quando aqueles olhos azuis fitaram o corpo esbelto da sua sobrinha, ele ergueu uma sobrancelha.

Sim, estava no meio de uma reunião! — Um momento, Thompson. Tenho algo para resolver, em instantes continuamos a nossa conversa! — ditas essas palavras, Apolo não esperou ao menos uma resposta, já encerrou a videochamada. — O que está fazendo aqui, Marianne? Eu estava no meio de uma reunião!

Ele já alterou um pouco o tom de voz.

— Se acalme, tio. Não precisa ficar estressado, eu só-

— Me dê um bom motivo para eu não me estressar. Porque eu estava numa ligação com a droga do cara que ia me vender três aviões extremamente desejados pela companhia aérea. E num ótimo preço... Ah, meu Deus. — ele passou as mãos pelo rosto, pela sua barba bem aparada e aquele detalhe não passou despercebido por Marianne.

Ela sempre achou o seu tio um verdadeiro gato!

— É um bom motivo... Bom pelo menos para mim. — respondeu, mas continuou logo em seguida: — Tem haver com a vaga de emprego que o senhor ofertou há alguns dias. Eu preciso dela, ah-

Uma risada sem humor ecoou naquela sala. — O quê?! Não me diga que você quer trabalhar? Pelo amor de Deus, tu nunca nem pegou um ônibus na vida, Marianne.

— Não é do meu interesse esta vaga e sim de uma amiga minha. — respondeu Marianne, engolindo a seco. Por um milésimo de segundo ela esqueceu completamente das provocações irritantes de seu tio.

— E por que a sua amiga não mandou-me o currículo dela? Achava mesmo que ia conseguir algum crédito por você ser a minha sobrinha? — rebateu Apolo, seco. — Vá embora, tenho muito mais o que fazer. Eu não vou contratar uma patricinha mimada e irresponsável por puro capricho seu, menina. Preciso de uma funcionária competente e não de um peso morto nas minhas costas.

— Você não me deixa ao menos explicar, tio! Droga! — um suspiro alto deixou Apolo ao ouvir a sua sobrinha.

— Então explique, mas explica rápido porque você sabe muito bem que eu não tenho tempo para suas asneiras.

— Ela não é uma patricinha mimada, muito pelo contrário! Eu só vim falar contigo pessoalmente pois sabia que seria complicado de contratá-la por causa do seu currículo, mas tio... Ela tem um potencial enorme. — explicou, se sentindo apreensiva, já que Apolo a encarava atentamente! — Nyanni é uma garota esforçada. Ela está morando num subúrbio, sendo explorada em seu trabalho atual e merece uma oportunidade. Trabalhar para o senhor é uma boa oportunidade pelo salário e os outros benefícios inclusos.

Um detalhe muito importante não mencionado antes: No anúncio da vaga, Apolo deixou expresso que a assistente contratada precisaria, obrigatoriamente, se instalar num apartamento (pertencente a ele) próximo da sua casa, justamente para estar 100% à disposição, quando ele precisasse. Em qualquer momento.

Em qualquer momento mesmo.

— Eu não sou centro de caridade, Marianne. Realmente estou precisando de uma assistente competente! Despedi a última justamente por ela ter demonstrado ser uma preguiçosa irresponsável. Que garantia eu teria de que essa sua amiga tem o perfil que eu procuro e espero na minha funcionária?!

Por um momento, Marianne ficou em silêncio. Estava vasculhando a sua cabeça em busca de uma resposta plausível para dar a seu tio. Antes dessa conversa, ela já sabia que não seria fácil convencê-lo, mas não voltaria pra casa com um "não".

O celular de Apolo começou a notificar algumas vezes e ele o olhou, percebendo se tratar do homem em que estava em reunião antes de sua sobrinha entrar em sua sala. Ele ficou nervoso, a compra daqueles aviões é muito, mas muito importante. Já faz um tempo que a TransAtlantic precisa aumentar os seus vôos semanais e a oportunidade perfeita estava nas mãos de Apolo, mas a sua sobrinha o estava atrapalhando!

— Entendo a sua preocupação, tio. Mas tudo o que eu lhe peço é uma chance... Só uma chance, porque a Nyanni precisa desse emprego, precisa dessa oportunidade e eu te garanto que ela não vai lhe decepcionar! — prometeu, algo que não sabia se podia cumprir. Apolo negou com a cabeça, revirando os olhos. Ele não estava colocando muita expectativa, não confia em sua sobrinha. — Só uma única chance. Se ela não atender aos seus pré-requisitos, não precisa a contratar. Tudo bem, procuro outra forma de a ajudar, mas só quero que permita que ela venha para a entrevista. Por favor...

Marianne implorou. Ela implorou, estava prestes a se ajoelhar e pedir, pedir muito mais. O seu desespero se dá por ela ter ciência de que não haverá uma outra oportunidade de tirar a sua amiga do subúrbio.

Cansado e com muita vontade de que ela fosse embora, Apolo bufou. Derrotado. — Tudo bem! — se deu por vencido. — Traga essa patricinha à minha casa no sábado, antes das 15h da tarde. Vou conversar com ela!

Marianne quase pulou de alegria ao ouvir aquelas palavras, mas se conteve. Ela só agradeceu e se retirou, pegando seu celular para contar a novidade, imediatamente, à sua amiga.

Estava muito animada, ao contrário de seu tio.

Ele sentia que perderia o seu tempo, já que não confia em nenhum dos amigos de Marianne... Eles são mimados e riquinhos como ela. Ainda é difícil para ele acreditar que Nyanni não seja uma. Apolo tem quase certeza que a sua sobrinha jamais teria amizade com alguém que não é da mesma classe social que a dela.

Para ele, todos os jovens da idade de Marianne são superficiais e extremamente estúpidos.

Mas ele estava errado a respeito de Nyanni. E descobriria isso mais tarde!

Mal imaginava que estava prestes a conhecer a moça que mudaria completamente o rumo da sua vida, dos seus pensamentos e sentimentos.

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