Marina é uma jovem que sempre trabalhou... A sua família, composta apenas por ela e pela sua mãe, Elsa...
Desde os seis anos que andava a vender pastilhas elásticas e doces pelas ruas; na escola vendia de tudo, trazia sempre na mochila lápis, canetas, marcadores e doces para vender aos colegas... Nunca teve vergonha de o fazer...
Aos catorze anos, a sua mãe é diagnosticada com cancro, foi uma luta constante, mas infelizmente o cancro venceu a sua mãe... e deixou-a sozinha aos dezasseis anos... não lhe restou outra alternativa senão continuar a vender o que podia...
Com o passar dos anos, conseguiu uma carrinha e encheu-a com todo o tipo de objetos, parava nas ruas ou vendia pela Internet... Ao abrir as portas da carrinha era uma loja ambulante, encontrava-se todo o tipo de mercadoria com a Marina... Artigos de roupa, acessórios, artigos para o lar, brinquedos, tirava uma geleira onde tinha água, refrigerantes e, por vezes, cerveja, foi várias vezes parada pela polícia porque a sua carrinha estava demasiado cheia... Podia tapar-lhe a visão e causar um acidente... Mas ela não ligava... Em tempos de calor era um verdadeiro forno, os vidros da sua velha carrinha não abriam... Mas ela tinha uma pequena ventoinha que colocava no espelho retrovisor para suportar o calor... Também vendia ventoinhas...
Mas nem tudo era trabalho; vivia sozinha, mas tinha amigas e, por vezes, saía à noite para bares, claro que levava consigo preservativos, lubrificantes, toalhitas húmidas e afins... Carregava uma mala enorme para aproveitar e vender nas casas de banho dos bares... De facto, para ela tudo era trabalho... As pessoas conheciam-na e sabiam que era assim que ela se sustentava, era uma jovem órfã... Deixavam-na vender a sua mercadoria, afinal de contas não fazia mal a ninguém, não eram drogas...
Com o passar dos anos, viveu com um homem em união de facto, mas não correu como ela queria porque o homem era bastante preguiçoso, muito bonito, mas muito sustentado; farta disto, pegou nas suas coisas e pô-lo na rua... Não vai permitir que se aproveitem dela... Se ela conseguiu trabalhar para ter as suas coisas... Qualquer um consegue, e se aquele vadio não o faz... é por pura preguiça...
Continuava com a sua carrinha que, se antes era considerada velhinha... Com o passar dos anos... Já era uma lata velha... Mas ela não a queria largar, a sua mercadoria cabia lá na perfeição...
Estava triste com a rutura que tinha acontecido, já não era nenhuma menina e parecia que os galãs escasseavam, se não eram casados, não gostavam de mulheres ou simplesmente queriam alguém mais novo... Apesar de ela ser uma beleza... Mas não queria continuar a sustentar homens e um mais novo, nem pensar, a esse tinha que lhe pagar até a faculdade...
O calor começou a afetá-la porque vinha na estrada, dirigia-se a um festival nos arredores da cidade, por isso encheu bastante a sua carrinha... Mas começou a transpirar demasiado... Pegou na sua mini ventoinha e colocou-a no espelho retrovisor e ligou-a... Sentiu o ar e respirou, estava a sufocar, mas... Algo aconteceu ao aparelho e este explodiu, parecendo ter sobrecarregado... Provocando um grito de susto na Marina, a mini ventoinha começou a deitar fumo... Uma mini chama saía dela... A Marina tentou desligá-la, mas ao largar um pouco o volante, a carrinha foi-se para o lado... Quando tentou endireitá-la, o peso da carrinha ganhou, fazendo com que a carrinha tombasse... e caísse para o lado da estrada, capotando por uma pequena ravina... Quando finalmente caiu... Os últimos pensamentos da Marina foram:
- A minha mercadoria! -
Marina acordou se espreguiçando com o lençol no rosto, sempre dormia assim, ao abaixá-lo viu um teto bem cuidado pintado e enfeites douradas nas laterais... sua casa tinha o teto rachado e não era dessa cor...
-Estou sonhando?-
Cobriu-se novamente, mas lembrou-se de algo: sua cama não era desse tamanho e também não tinha lençóis brancos. Lentamente, foi baixando o lençol e descobriu apenas até os olhos para ver o que estava acontecendo.
-Bem, não é um sonho, fui levada para um hospital de luxo... E agora, como vou pagar?... Se eu for embora talvez não percebam e não pago...
-Me perdoe Deus, mas você sabe que sou pobre... foi assim que você me fez... Outra dívida eu não aguento, e muito menos se perderam minhas mercadorias... com certeza os policiais mendigos já roubaram minha van... Minha van!... Minha pobre Lencha!... como você ficou toda machucada... Mas vou reclamar... Malditos chineses com seu mini ventilador...-
Mas ao sair da cama viu seus pés...
-Tiraram minha pedicure... droga... Mas eu não sou tão branca e nem são tão pequenos...- Levantou-se, virou-se e viu uma jovem.
-Ah, que bom, uma janela, agora haverá testemunhas da minha fuga!...-
-Minha nossa!... É um espelho!!... O que aconteceu com você?...-
Marina se perguntava. Então ouviu-se um grito de um homem...
-Alessia De Santis!... levante-se!... Já é meio-dia... Como podem ser tão preguiçosas nesta casa?....-
-Está falando comigo?... não, boba, você não se chama Alessia... Mas também não é meu rosto e pelo visto tenho uns quatorze anos...- Então ela se lembrou de sua amiga Hilda...
Hilda era sua amiga, a única casada, e contou a ela sobre as histórias que lia, o que a deixou curiosa e ela também começou a lê-las... A maioria que ela leu era igual, a vilã se tornava a protagonista e a protagonista, a vilã... Todas começavam com "Era a clássica história..." e ela se cansou da clássica história... Então ela começou a procurar... Até que encontrou uma que aparentemente era a clássica história de que falavam... Esta vilã sim era vilã... Estava apaixonada pelo único Duque que existe neste Reino... Claro que ele aceita o compromisso, já que Alessia é uma mulher linda... quando visita sua casa, ele vê que maltratam a meia-irmã de Alessia... Eles a tinham como empregada, na verdade nunca se sabe se ela é ou não sua meia-irmã, mas era o que a protagonista dizia... Enfim, ele se apaixona por ela só de olhar... depois o príncipe deste Reino, sim, estava apaixonado por Alessia, mas ela só corre atrás do Duque... É claro que a protagonista consola o príncipe e ele acaba se apaixonando por ela, o mesmo acontece com um sacerdote e um Imperador de outro Reino que, ao vir visitar o Reino, cai aos pés da protagonista... Alessia praticamente acabou com os personagens da novela... Se alguém interferisse pela protagonista, ela simplesmente o matava... No final, eles queriam morrer por ela, então que morressem... então ela acabou tirando o visto do sacerdote, do Duque e do Imperador... Só se importava com o dinheiro porque seu pai estava quase falido... Assim ela foi abrindo caminho para que no final, é claro, ela ficasse com o príncipe... não havia mais pretendentes, Alessia os matou... Era lógico que ela ficaria com o único vivo... Ela até matou o Rei, pai do príncipe, para ficar com o Reino... e vencer o príncipe apaixonado pela irmã... no final eles a descobrem, ninguém imaginava que era ela quem estava por trás de tudo... Eles a julgam e a mandam para a guilhotina... Ela nunca se arrependeu de nada... E assim o Príncipe fica com a empregada... FIM
-Maldita Hilda, vou te matar-
Alessia não sabia que idade supostamente tinha. Trocou-se, arrumou seu quarto e estava saindo quando uma criada entrou.
- Boa tarde... Senhorita?
- Bem, que eu saiba, ainda...
A criada ficou surpresa, ela nunca tinha se levantado antes do meio-dia, muito menos arrumado o quarto sozinha... Quase desmaiou quando viu seu quarto organizado.
Alessia caminhava tentando gravar onde estava tudo, uma criada se colocou na sua frente, bloqueando seu caminho.
- Irmã... Perdão, quero dizer... Senhorita, o almoço está servido.
Esta é Aura, a protagonista e, segundo ela, meia-irmã de Alessia. Se tem algo que ela não suporta são lágrimas, não entende porque as pessoas choram por tudo... Ela então passou direto e não parou para causar pena... Então, essa mulher estar quase chorando por chamá-la de senhorita quase a fez explodir, mas ela se conteve. Ainda não era hora de causar problemas.
- Apenas me guie.
- Sim, ir... Senhorita.
Alessia a seguiu até a sala de jantar, sentou-se e olhou para os outros... Que apenas a observavam.
- Aconteceu alguma coisa?
- Você está aqui... Isso é algo.
- E onde eu deveria estar?
- Irmã, não é comum te ver aqui, mas estou feliz - disse um jovem.
- Sim, eu também estou muito feliz em vê-lo - disse a jovem.
- Sim, mana maio - disse um pequeno.
Os irmãos de Alessia morreram em um acidente, não é mencionado onde, apenas que faleceram, o que fez com que Alessia se fechasse ainda mais para as pessoas.
- Filha, é um milagre vê-la.
- Bem, alguém me acordou com um grito... Então...
O Marquês Pietro De Santis, um bom homem, mas ruim para os negócios... Infelizmente ele não tem ajuda suficiente, seus filhos apenas gastam... Ele é viúvo e precisa cuidar de seus quatro filhos, o que o faz negligenciar suas obrigações... E os administradores apenas pegam o que querem. Apesar de três já serem mais velhos, o mais novo precisa de seu pai.
- Irmã... Que vestido lindo... Você me empresta?
- Eu vendo para você... Quanto você oferece?
- Alessia, pelo amor de Deus! Você não pode fazer isso, ela é sua irmã, como você pode pensar em vender um vestido para Francis...
- Por que não?... Ela vai acabar comprando um na loja de qualquer maneira... Estou apenas economizando o caminho até lá... Além disso, este vestido é novo, em bom estado, usei apenas uma vez, e é de bom material...
O Marquês apenas a observava.
- Dou-lhe três moedas de ouro, é tudo.
- Negócio fechado.
- Irmã, já que você está fazendo negócios, que tal fazer minha lição de casa... Duas de prata?
O Marquês estava prestes a repreendê-lo quando ouviu Alessia.
- Trabalhos escolares, uma de ouro.
- Negócio fechado - disse Amadeo.
O assistente de Pietro entrou.
- Senhor, preciso que o senhor vá com o conselheiro, precisamos resolver os impostos, algo está errado.
- Mas precisamos cuidar do pequeno Fábio...
- Serviços de babá, duas de ouro - disse Alessia.
O Marquês apenas sorriu e disse:
- Negócio fechado.
Então, Alessia entregou o vestido para Francis, fez a lição de casa de Amadeo e cuidou de Fábio, e ganhou seis moedas de ouro, um dia frutífero, ela disse.
- Ei, Francis, quantos anos eu pareço ter?
- Onze.
- O quê?
- Não é minha culpa você não ter se desenvolvido ainda... Talvez depois você se desenvolva, você só tem treze anos, sou dois anos mais velho que você...
- Obrigada.
- Pelo quê?
- Por nada...
Por me dizer minha idade, pensou Alessia, ela só queria saber quantos anos tinha. Eles a achariam louca se ela perguntasse...
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