Ana Luísa
Ana Luísa sempre foi muito estudiosa e dedicada, sendo na maioria das vezes a preferida de vários professores, estava quase no fim do último ano do ensino médio e ainda não tinha em mente qual carreira seguir, pra se livrar das perguntas de seus pais, sempre dizia que seria professora, mas ainda havia muita dúvida nela sobre qual profissão seguir.
Com apenas 17 ela jamais passou perto de reprovar. Estava cada vez mais apreensiva para descobrir uma faculdade que se identificasse, sabia que seus pais lutavam por anos pra lhe oferecer vagas nas melhores escolas e ter todo o estudo que eles não tiveram. Mas toda a pressão sobre ela não ajudava.
Todos os dias dava o seu melhor em casa, o seu melhor com os amigos e na escola fazia questão de estar sempre em destaque. Tinha facilidade nos estudos e bastava apenas algumas leituras pra que ela se tornasse mestre em algum assunto.
Ela não gostava muito de ajudar, mas na maioria das vezes ficava com pena dos colegas que se esforçaram mas não conseguiam por nada entender as matérias então acabava dando algumas explicações simplificadas para que ao menos eles conseguissem notas dentro da média.
Era uma filha boa para seus pais, não tinham que cobrar dela boas notas, bons comportamentos e sabia que confiança na relação de pais e filha também não era um problema. Sempre que queria sair com alguma amiga não tinha problemas com permissões.
Seus pais não tinham os melhores empregos, mas eram financeiramente estáveis, as vezes até conseguiam fazer pequenas viagens, era por eles que Analu tentava sempre ser a melhor.
Ela até tinha bastante colegas na escola mas sabia que maioria deles estavam próximos para conseguir dicas de estudo, amigos de verdade ela só tinha 2: Jonas e Beatriz.
Vinícius
Vinicius estava com 21 anos e cursava o terceiro período da faculdade de administração. Era o famoso BadBoy de filmes, branquelo, olhos claros e sempre com os cabelos longos, roupas escuras e aquele jeito de andar que deixa qualquer adolescente de queixo caído.
Sempre teve cobrança sobre seus estudos pela sua mãe, mas como vem de uma família muito rica, ele prefere pegar o dinheiro que sua avó o oferece vez ou outra pra gastar em festas e bebidas. A verdade é que ele não liga muito se vai achar um bom emprego ou não, sua mãe até tenta mas o conhece bem.
Vinícius andava sempre rodeado de colegas, maioria deles querendo se enturmar para conseguir mais mulheres com quem pudessem sair, se relacionarem e obviamente namorar, mas ele não ligava pra isso. Sabia que as únicas pessoas com quem podia contar de verdade era sua mãe e seu amigo Bruno que o conhecia desde pequeno. Se desconfiasse que alguém da sua turma estava tentando tirar vantagem dele, ele tiraria também e não via nenhum problema nisso.
Sua mãe foi professora muito antes dele nascer, e depois que ele cresceu muitas de suas alunas demonstravam interesse nele. Não era muito difícil pra ele conseguir mulher e sabia aproveitar bem a fama que tinha.
A sua maior complicação na vida, era o fato de sua mãe odiar todo o dinheiro que gastava da avó, mesmo sabendo que não faria falta a ela.
Ana Luiza
Minha cabeça não está muito tranquila ultimamente, tenho vivido com um medo enorme de causar uma decepção para os meus pais. Não quero e nem posso me dar ao luxo de ser uma desempregada, um fardo. Não que estejamos passando necessidades, mas o meu sonho é poder dar uma vida tranquila pra que eles possam descansar, retribuir o que já fizeram por mim.
Na escola eu tento me deixar levar com outros assuntos quando estou com meus amigos, mas nem sempre esse método se torna eficar. Por exemplo, agora. Vejo Vinícius passando por algumas janelas do refeitório, Presumo que ele vai entrar aqui quando lembro que sua mãe está do outro lado.
Durante anos eu tive crush no pior garoto da escola: Vinícius. Ele é filho da professora Fernanda e um tremendo mulherengo. Por esse motivo nunca contei sobre isso pra ninguém.
Não era uma paixão, não sentia amor, mas vê-lo todos os dias no colégio era uma das razões que fazia daquele lugar, o meu favorito.
A sua mãe, Fernanda, é uma das professoras que tenho mais intimidade e apreciação dentro da escola. Sua forma de trabalhar, sua dedicação ao ensinar, me deixam completamente fascinada. Ela ama o que faz. E eu admiro muito isso.
Estou no refeitório com meus dois melhores amigos: Beatriz e Jonas. Os dois vivem dizendo que preciso viver, arrumar um namorado, curtir e etc... Mas não me sinto encaixada nesse tipo de vida. Gosto dos meus livros, meus estudos e minhas músicas.
Assim que terminamos de comer, observamos todo o refeitório se virando para a entrada. Lá estava ele. O típico badboy de filmes americanos, o gostosão sem coração que pega quantas mulheres quiser, na hora que quiser.
Jonas: Esse cara é um pedaço de pecado.
Beatriz: Me casaria fácil com ele.
Ana Luiza: Vocês são umas Marias vai com as outras. Eu não vejo nada de demais.
Jonas: Nossa eu tenho certeza que esse homem vai envelhecer como vinho.
Ana Luiza: Eu duvido muito.
Beatriz: Ah é? Cite um cara que envelheceu como vinho na "sua opinião"
Ana Luiza: Fácil demais. Dan Reynolds.
Beatriz: Agora vou ter que concordar com a Ana .
Jonas: Olha para o Vinícius. Tenho certeza de quando envelhecer vai chegar bem perto dele.
Eu e Beatriz nos olhamos e rimos em uníssono. Uma risada mais do que sincera. O garoto era bonitinho sim, mas comparar com o Dan? hahaha totalmente fora de cogitação.
Jonas: Eu aposto com vocês, na velhice quando vocês esquecerem, eu vou lembrar. Vou lembrar de que estava certo e cada uma vai me dever um favor.
Ana Luiza: Ok... mas se você perder deve dois favores a cada uma de nós.
Beatriz: Vale tudo exceto crimes. Apostado?
Jonas: Eu sei que vocês não vão nem lembrar mas combinado, porque eu vou ganhar.
Paramos de olhar ele assim que chega pra falar com a mãe. Eu arrumo minhas coisas já com pressa de descer para a sala.
Jonas: Você não cansa de ser certinha?
Ana Luiza: Vocês não cansam de não serem? Pelo amor de Deus levantem.
Beatriz: Pode ir, vamos logo após de você.
Eu sorrio, por que sei que é mentira, só vão sair caso ele saia.
Vinícius
Eu simplesmente estou na melhor época da minha vida. A faculdade é lotada de festas e eu fico com todas as universitárias que consigo. Sendo maior de idade eu já estou indo sem pensar duas vezes.
Antes dos meus 18 era mais fácil, todas as menininhas faziam de tudo pelo filhinho querido da professora Fernanda, mas depois passou a ser perigoso demais. Então resolvi escutar a minha mãe e parar de me encontrar com as meninas do ensino médio. Cá entre nós foi uma boa escolha, universitárias são mais experientes e não preciso ficar ensinando nada, sempre sabem o que fazer e fazem bem feito.
Minha mãe se preocupa de que eu acabe virando pai e fazendo igual ao meu. Mas eu não sou tão irresponsável assim, camisinha tá aí pra isso. Sempre ando com elas pra que eu não tenha desculpas, e nem IST's.
Chego na escola pra falar com a minha mãe e eu sei que arranco belos olharem em minha direção, é uma pena não poder saciar a vontade dessas meninas. Mas tudo é questão de tempo.
Fernanda: Oi Vini, como foi a faculdade hoje?
Vinícius: "Vinícius" mãe, odeio que me chamem assim e você sabe.
Fernanda: Carrego 9 meses pra no final ser tratada assim. O que isso tem de demais? Só estou sendo carinhosa...
Vinícius: Deixo me chamar de Vini se durante uma semana eu puder voltar a ser menor de idade.
Fernanda: Tava demorando... o que você veio fazer aqui?
Vinícius: Adivinha mamãe...
Fernanda: Quer minhas chaves de novo?
Vinícius: Se não for muito pra você.
Fernanda: O chaveiro já deve ter umas 5 dessas guardadas pra você.
Vinícius: Deixa de ser exagerada. Vou indo.
Dou um beijo em sua testa e me viro pra ir embora, noto que maioria das meninas me encaravam, e faço uma cara de cínico, nada preocupado pra sair dali sem que ninguém tente falar comigo ainda mais na frente da minha mãe.
Eu vivia perdendo minhas chaves e tinha sorte da escola ser tão perto da minha casa pra sempre passar aqui e pegar as chaves da minha mãe. Ela não é muito a favor das minhas visitas a escola, sabe que eu não sou nenhum santo e que por mais que eu tente ficar longe, mulher é meu ponto fraco.
Já não faço nem ideia de quantas mulheres da universidade ou da escola que minha mãe trabalha eu já fiquei, sei que são muitas e eu não tenho intenção nenhuma de parar.
Algumas pessoas pensam que eu namorei e fui magoado e por isso eu não me comprometo a ninguém, mas isso nunca aconteceu. Eu simplesmente sei que é melhor não me apegar a ninguém e então eu continuo levando a vida sem problemas e sem dor de cabeça.
Depois de atravessar o refeitório cheio de mesas, saio pelo corredor da escola, tiro os fones do bolso e abaixo a cabeça pra conectar eles ao bluetooth do meu celular, mas acabo não me atentando a uma garota na minha frente e acabo esbarrando nela.
Parecia cena de filme, milhares de folhas voaram pra cima e em milésimos de segundos todas elas estavam no chão, a garota de abaixa no mesmo instante pra recolher.
Garota: Você não olha por onde anda?
Ela fala com a voz alterada, visivelmente estressada.
Vinícius: E você, também não?
Garota: Eu estava de costas!!! Você é um...
Ela para de falar assim que ergue a cabeça e vê quem sou eu.
Vinícius: Sou o que?
Garota: Vinícius...
Vinícius: E você é a?
Garota: Eu, é... Eu tenho que ir.
Alguns papéis ficaram no chão, pego todos enquanto estou rindo e entrego pra uma menina que estava só nos observando.
Vinícius: Gatinha, você pode entregar pra ela depois?
Garota 2: Meu nome é Ana Luísa e não, eu não posso.
Ela diz enquanto me empurra de volta os papéis.
Vinícius: E eu posso saber o porquê?
Dou um sorriso de canto enquanto encaro-a no fundo dos olhos.
Ana Luísa: Isso costuma funcionar?
Ela começa a rir e se vira, andando pelo corredor rumo as salas de aula.
Só o que me faltava, paguei de otário e ainda sobrei com uma dúzia de papéis. Olha que ótimo dia senhor Vinícius, um verdadeiro e ótimo dia.
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