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Meu Romance Proibido

Prólogo.

...Isis....

— Quem será que vai substituir a Hellen?— Manuela questiona, enquanto saímos da sala de aula.

— Não faço ideia, mas espero que seja alguém legal e que explique melhor do que ela.— respondo, fazendo uma careta.

Hellen é uma senhora de quase setenta anos, já aposentada e ainda dava aula, porém, teve que parar de vez ao descobrir que está com problemas no pulmão. Ela estava administrando a matéria de anatomia humana, e, apesar de ser uma excelente enfermeira, já não estava mais conseguindo passar seus conhecimentos com tanta clareza.

Por ser uma das principais matérias do curso, acho que merecemos um bom professor que saiba realmente explicar tudo o que precisamos aprender.

— Tomara que seja um professor, bem bonito e gostoso.— ouço Bárbara dizer para sua amiga, passando por nós.— Se for, ele com certeza será meu.

— Ela é uma vadia mesmo.— Manuela resmungou, revirando os olhos.

Bárbara é nossa colega de classe, vem de uma família que tem bastante dinheiro, mas não o suficiente para pagar medicina, como ela realmente queria. Porém, isso não muda o fato de ela ser extremamente metida e nojenta, se acha melhor do que todos e a mais gostosa, sua autoestima é tudo que eu queria ter.

Mas, ela pode se achar, diferente de mim que é apenas uma das mulheres brasileiras comum, pele negra, cabelos ondulados, olhos castanhos, magra... Bárbara tem a pele branca, olhos verdes e os cabelos loiros longos, ela tem o corpo bem avantajado, seios médios, bunda grande, cintura fina, diria que é alguém que dá inveja em muitas pessoas e chama a atenção por onde passa.

Manuela também é bonita, com sua pele parda, os cabelos pretos e bem lisos com uma franjinha tampando sua testa, o corpo bem desenhado e estruturado. Somos amigas desde o ensino médio, diferente de mim, ela tem boa condição de vida. Assim como eu, também não gosta muito de nossa colega, Bárbara, por motivos passados.

— Não liga pra ela, Manu.— Me volto para si.— Sabe que ela só implica.

— Tomara que caia um meteoro na cabeça dela!

Isso me fez rir. Manuela as vezes era bem exagerada.

— Mas não vou me importar — continua.— Hoje é sexta, dia de beber!

— Ah, não sei se tô afim...

— Oi? Isis, não faça essa desfeita.— Ela para de andar, me fazendo parar também.— E você não recusa uma cervejinha após uma semana conturbada.

— Eu sei, mas não quero correr o risco de encontrar o Daniel.— murmuro.— Sabe que ele gosta de beber depois da aula.

Daniel é meu ex-namorado, ele era um homem extraordinário, apesar de ser um ano mais novo, se mostrava ser bastante maduro, saber o que queria e me conquistou com suas conversas furadas. Porém, quando começamos a nós relacionar seriamente, ele começou a se mostrar como realmente é. Na época eu não percebi, mas Daniel era abusivo, tóxico e reclamava de tudo, até mesmo da roupa em que eu vestia, mas a única coisa que me fez separar dele foi a traição, não foi uma, nem duas, mas cinco vezes; ele me traiu na cara dura, tive provas e mesmo assim se faz de santo e a mim de louca.

— Você não pode parar sua vida por causa daquele traste. E se eu o ver, dou um chute nas bolas dele e tudo certo.

Abro um sorriso pequeno para Manuela. Ela sempre sabia o momento de me fazer rir, era uma boa amiga, apesar de suas maluquices.

— Você é demais, Manu.

— Você vai no bar? Vai que encontra um homem bem lindo e gostoso? Você está precisando de um bom trato!

— Tudo bem, eu vou.— Solto um riso baixo.— Mas só para beber, deixa homem para lá.

— Ok, só de você ir é uma vitória!— Me abraça de lado.— Essa noite é nossa.

[...]

O plano era sair da faculdade direto para o bar, porém, Manuela fez questão de irmos até sua casa trocar de roupa e mudou a rota do nosso destino.

Ela me fez colocar um vestido bem curto no corpo, ajeitou meus cabelos e fez maquiagem em meu rosto. Confesso que estava realmente bonita.

Manu também se trocou, optou por shorts de alfaiataria e um cropped branco. Prendeu os cabelos em rabo de cavalo e se maquiou.

Por causa de Daniel, preferiu ir para outro bar. Chamamos um Uber e fomos para um que fica próximo da Vila Mariana, um dos bairros mais nobres de São Paulo.

O bar tem um ar rústico, é bem escuro e estava cheio de jovens, casais e amigos bebendo. Só pela estrutura, eu já sabia que ali era um lugar caríssimo.

— Manu, não vou conseguir pagar um copo aqui.— murmuro perto de seu ouvido.

Havia uma música no local, nada que fosse estrondoso. Achei bem agradável.

— Relaxa, amiga. Hoje é por minha conta!— Piscou.— Apenas aproveite.

Não gosto muito que paguem as coisas para mim, desde nova aprendi a ser independente, ainda no ensino médio trabalhava no período da tarde em uma lanchonete, carregava bandeja, varria o chão, fazia sucos e cremes, tudo para ajudar nas despesas de casa. Porém, Manu sempre faz questão de pagar as coisas para mim, em partes é bom, mas me sinto em divida com ela, sem contar na sensação ruim em não poder pagar uma cerveja em um lugar bacana.

Sem lhe responder, fomos até o balcão e pedimos nossas bebidas. Resolvemos ficar sentadas por ali mesmo, batendo um papo e aproveitando o ambiente.

— Aí, já começou a vontade de mijar.— Manuela reclamou, se levantando.— Isis, já volto.

Me deixando sozinha, ela corre até o banheiro.

Tomo o resto de minha cerveja e fico observando o local. Lembranças de quando eu namorava Daniel me atingiram, toda sexta saímos da aula direto para o bar.

Estava tão distraída que nem mesmo percebi quando uma pessoa se sentou ao meu lado, reparei, em um susto, quando ele chamou minha atenção:

— Posso pagar outra rodada?— a voz soou, me assustando.— Opa! Não quis lhe assustar.

Olho para o dono da voz tão grossa e me surpreendo, era um homem alto, com a barba bem feita, lábios médios e nem rosado, seus olhos eram azuis e os cabelos negros.

Ele é lindo...

— Me desculpe.— Sorrio sem graça.— Eu não te notei aí.

— Percebi.— Riu.— Mas então, será que posso te pagar outra bebida? Estou te observando a um tempo e te achei bem bonita.

Sinto meu coração disparar como louco e bobo. Ele me acha bonita? Desde que terminei, ninguém havia me elogiado, fora Manu.

— Bom — Sorrio sem graça outra vez —, eu aceito.

— Ótimo!— Se vira para o barman.— Duas cervejas, por favor.— Volta para mim novamente.— Eu me chamo Rafael.

— Isis.

— Isis.— repete, me fazendo arrepiar. Como meu nome ficou soou tão bom em sua voz.— É um lindo nome.

— Obrigada, Rafael.— Agradeço, sentindo minhas bochechas quentes.

O barman nos entrega nossa cerveja e agradeço, já tomando um gole.

— Então, o que você faz da vida, Isis?— perguntou.

— Sou universitária. Estudante de enfermagem e trabalho durante o dia.

— Uau, uma mulher guerreira. Isso me atraí muito.

Solto um riso envergonhada. Rafael parecia ser bem mais velho, apesar de sua aparência jovem.

De longe, pude avistar Manuela, ela já estava conversando com outras pessoas, mandou um "joinha" para mim e sorriu. Minha amiga faz amizade facilmente.

Rafael e eu ficamos conversando e bebendo por boas horas, descobri que ele é nova anos mais velho que eu, mas aquilo não foi problema, ele era educado, tem bom papo e confesso que já estava encantada por aquele homem.

Quando percebi, já estávamos no banheiro do bar aos amassos. Normalmente não sou esse tipo de mulher, mas eu queria aquilo, precisava disso e foi o que fiz, aproveitei. Nos beijamos e o tesão subiu, a excitação estava tão grande, que Rafael apenas me virou de costas, vestiu uma camisinha e me fudeu ali mesmo, agarrando meus cabelos e sussurrando palavras sujas em meu ouvido.

Essa definitivamente foi a melhor transa que eu já tive, e nunca me esquecerei dela.

Capítulo 01.

...Rafael....

Hoje é meu primeiro dia como professor na universidade. Confesso que estou me sentindo nervoso, porém, confiante de que darei o meu melhor.

Sou professor a dois anos, mas nunca havia administrado em uma faculdade tão renomada como essa. Ficar no lugar de uma professora aposentada que tem tantos conhecimentos seria uma honra.

Me despedi de meus antigos colegas em um bar, tomando alguns drinks e cerveja. Tive a sorte de conhecer Isis, uma bela mulher que me deixou encantado, não me esqueci do seu rosto, do seu cheiro e nem mesmo de como nossa noite foi boa, queria poder repetir, mas nem mesmo sei se um dia irei vê-la novamente.

Encaro meu reflexo no espelho, escolhi usar uma roupa simples, mas que não me deixasse desleixado, uma camiseta de cor preta e mangas curtas, o que deixou um pouco a mostra minha tatuagem, calça estilo social também preto e tênis brancos.

— Acho que está bom.— murmuro sozinho.

Pego minha mochila com minhas coisas e  minha chave do carro.

Moro sozinho em um apartamento, em um bom bairro de São Paulo. Me divorciei a pouco tempo e tenho uma filha de dois anos, minha pequena Ayla. Estou começando a reerguer minha vida, fui traído pela pessoa que mais amava e ela escolheu outro, não me quis, porém, também não quer me ver feliz. Cresci em uma família humilde, sempre conquistei tudo o que tenho e por isso não permiti que minha ex-mulher, Camila, levasse nada, pois por si, teria carregado até minhas cuecas para dar ao seu amante. Mas, ela conseguiu tirar o que me é mais precioso, minha filha.

Saio de meu apartamento e desço os lances de escadas. Moro no terceiro e último andar do pequeno prédio, e já considero essa escadaria um bom cardio, também comecei a malhar, academia tem me feito bem, meus músculos estão começando a ter resultado, o que chama a atenção de algumas mulheres.

Entro em meu Civic branco, no qual comprei com muito esforço e suor, e vou rumo a universidade. Durante o dia, trabalho como professor em um colégio militar, dar aulas a noite seria uma ótima maneira de conseguir um dinheiro a mais, por isso não pensei duas vezes antes de aceitar a proposta. Irei administrar a matéria de anatomia humana para uma turma de enfermagem, eles pensaram uma ótima ideia por eu ser formado em biologia e ciências.

Só espero que eu consiga passar tudo de uma boa maneira e que entendam.

[...]

Estaciono meu carro em frente ao prédio espelhado. Só de olhar, já sei que a mensalidade aqui não é nada barata.

Pego minhas coisas e saio do automóvel, entrando no prédio. Havia alguns alunos andando pelos corredores, despreocupados com a vida. Pude perceber que há um bar na frente do prédio, aposto que a maioria foge no meio da aula, após a chamada, para ir beber. Eu fiz muito isso na minha época de faculdade, principalmente com Camila.

Se arrependimento matasse...

— Boa noite.— cumprimento a mulher da secretaria.

Seus olhos escuros se voltam para mim, parecendo surpresos.

— Boa noite...— Sua voz saiu baixa.— O que posso ajudar? É aluno novo?

— Ah, não!— Abro um sorriso sem graça. Não é a primeira vez que sou confundido com com um aluno.— Sou o novo professor de anatomia da turma de enfermagem.

— Oh!— exclamou surpresa, rindo.— Me desculpe. O que precisa...

— Rafael.

— Rafael.— repetiu, parecendo maravilhada.— Sou Fernanda.

Fernanda me olhava de maneira diferente desde o segundo em que contei ser professor. Ela começou a enrolar uma mecha de seus cabelos em seu dedo, confesso que queria rir.

Não que seja uma mulher feia, mas evidentemente é bem mais velha e não gosto disso. Prefiro pessoas pouco mais nova ou da minha idade.

— Preciso falar com o senhor Oliveira. Ele está?

— Claro, pode entrar, ele te espera.

— Obrigado, Fernanda.

Dou um rápido aceno e vou em direção a sala do diretor. Bato em sua porta e logo sou autorizado a entrar.

Oliveira é um homem baixinho, barrigudo e de cabelos brancos. Ele se levanta e me cumprimenta com um aperto de mão.

— Rafael, seja bem-vindo.

— Obrigado senhor Oliveira.

— Ah, por favor, me chame de Hugo. Sou tão jovem quanto você.— Riu.

Minha nossa senhora...

Solto um riso forçado, não achando graça nenhuma. Mas tenho que fingir, afinal, quero o emprego.

— Tudo bem, Hugo.

— Certo. Olhe, as coisas por aqui são bem básicas.— começou a explicar.— Por enquanto, irá administrar as aulas de anatomia para a turma do primeiro semestre de enfermagem, duas vezes por semana. Se você se encaixar na universidade, lhe damos mais matérias e turmas para trabalhar, entendeu?

— Sim, muito bem.

— Ótimo! Espero que se dê bem com os alunos, estava cansado de receber reclamações daquela velha da Hellen.— Suspirou.— Aquela mulher já não se aguentava mais em pé, não sei o que queria aqui.

Fico em silêncio. Ele está desrespeitando outra professora em minha frente, imagina o que irá falar de mim quando sair por aquela porta.

— Enfim, não se apaixone por uma das alunas, Rafael.— continuou, brincando.— Sei que é jovem e bonito, mas isso pode te prejudicar e a aluna também. Há muitas bolsistas nessa universidade, não seria nada bom para elas.

— Não se preocupe, Hugo.— Me levanto, já querendo fugir dali.— Vim apenas para dar aulas, não tenho interesse em namorar ninguém.

— Ótimo! Ala B, sala trinta. Boa sorte.

— Obrigado.

Saio da sala de Hugo rapidamente, antes que ele fale mais uma atrocidade.

Procuro pela ala B e logo encontro. Caminho pelo corredor longo e mal iluminado, o que esse prédio tem de bonito por fora, tem de sombrio por dentro.

Ao encontrar a sala trinta, abro a porta de madeira que faz um rangido alto, fazendo todos me olharem curioso.

Ótimo!

Entro na sala me sentindo um pouco constrangido por todos aqueles olhares, não estava reconhecendo nenhum rosto ali.

— Ei novato, senta logo em algum lugar.— um rapaz gritou no fundo da sala.

Deixo minha mochila na mesa do professor e cruzo meus braços.

— Qual é cara, o professor já vai chegar. Senta logo novato.— Outro falou.

Mas não respondo.

Observo toda a sala, ela é grande e está bem cheia. Primeiro semestre, todos animados, pensando que tudo está bom, mas a verdade é que as coisas só vão piorar, no último semestre, capaz de ter uns dez alunos só.

Passo meus olhos por todo o espaço, até chegar na fileira da frente, onde acabo me espantando.

Lá estava ela, sentada na primeira cadeira, com uma calça jeans, regata e os cabelos presos em um coque. Bem diferente da noite bar, mas ainda sim, está linda.

Porém, há um problema... Isis agora é minha aluna.

— Boa noite a todos.— saúdo, sem conseguir desviar minha atenção da morena.— Eu sinto lhes decepcionar, mas não sou um novato. Sou o professor.

E ao olhar para Isis novamente, pude ver a surpresa percorrer seu rosto.

Capítulo 02.

...Isis....

Professor...

Meu coração estava disparado no peito. Ainda não conseguia acreditar que o homem, cujo passou todo o final de semana na minha cabeça, é o meu novo professor.

Estava tudo girando, queria me esconder debaixo daquela cadeira, meus olhos ainda não acreditavam no que viam.

E o pior é que ele estava incrivelmente lindo, ainda mais do que naquela noite. As roupas pretas lhe caíram como uma luva, destacavam mais seus belos olhos azuis. Aquela calça social marcando seu membro... Ah, eu me lembrava exatamente do tamanho, da espessura, como poderia esquecer aquela maravilha?

— Professor? Uau! Parece bem novo para isso.— Bárbara comentou, me fazendo despertar de pensamentos.

Olho para ela, que se senta poucos centímetros de mim, percebendo que há um sorriso malicioso no canto de sua boca rosada. É claro que ela o achou bonito, a pessoa que não achar Rafael atraente e bonito teria que ter muito mal gosto.

— Sou mais velho do que parece.— Riu.— Tenho vinte e nove anos, mas não se preocupem, prometo que serei um bom professor.

— Tenho certeza que sim.— a loira sorriu grandiosamente.— Aliás, sou Bárbara, representante de turma.

Não porque eu quis, fui uma das que não votaram em Bárbara, mas não adiantou, a maioria caiu em seu papo furado.

Qual é, quem vai acreditar que tudo isso vai melhorar? Estamos na faculdade, não no colegial.

— Me chamo Rafael Antunes, mas podem me chamar de Rafa. Creio que seremos bons amigos, e, se nos darmos bem, pegarei mais matérias com vocês.

— Com certeza vamos nos dar bem, Rafa!— Rebeca, a amiga de Bárbara, fez questão de afirmar, fazendo algumas meninas rirem.

Acabo não controlando a vontade de revirar os olhos.

Rafael estava levemente corado, o que o deixava fofo.

— Bom, vamos começar a aula. Por favor, abram seus cadernos ou tablets, quero que coloquem a mão na massa. Não há maneira melhor de aprender do que escrevendo.

Rafael se vira para o quadro branco, escrevendo com um pincel vermelho que iríamos revisar toda a matéria de osso esquelético.

Sinto um breve cutucar em meu ombro e me viro para trás, olhando para Manu.

— Isis, esse não é o cara do bar?— perguntou baixinho.

Mordo meus lábios de leve, assentindo.

— Não acredito!— Sussurrou, colocando a mão na boca.— Porra, ele é nosso professor.

— Eu sei! Nem mesmo consigo pensar, Manu.— Balanço a cabeça.— Vou ficar louca.

— Relaxa amiga, só finge que nada aconteceu.

Apenas aceno em concordância.

Me viro para frente novamente e passo a escrever em meu caderno.

A maioria tem tablets, mas tive que escolher, os livros ou pelo eletrônico, não conseguiria comprar os dois.

Mas creio que um dia serei abençoada. Me esforço para que no futuro, eu seja recompensada.

[...]

Devo admitir que Rafael é um ótimo professor. Além da leveza, ele sabe como explicar tudo de forma fácil de entender.

Revisamos metade da matéria do sistema esquelético, no qual foi a única coisa que estudamos com a senhora Hellen. Tudo o que eu não havia entendido, agora compreendo com clareza.

Ele é bastante profissional, apesar dos olhares em minha direção, não tentou conversar comigo fora responder minhas dúvidas sobre a matéria, o que me deixou aliviada. Prefiro não ter contato, sou bolsista, não posso perder minha vaga.

Felizmente, a aula finalizou. Arrumo minhas coisas e saio da sala, sem olhar para trás.

— Esse novo professor é uma perdição!— Rebeca falou para a amiga, passando por nós.

— Eu sei, e ele será meu!— Bárbara exclamou, olhando para mim.— Ouviu Isis? Nem adianta olhar para ele.

— Eu venho para estudar, Bárbara, e não pensar em pegar professor. Faça bom aproveito.

Passo a andar mais rápido, com Manuela ao meu lado.

— Essas duas são tão irritantes. Parecem criança!— minha amiga reclamou.

— Pois é. Não entendo para que tanta implicância.

— Porque elas não tem o que fazer, são duas atoa.— Riu.— Mas o que você vai fazer? Uma hora terá que falar com o Rafael.

— Não vou falar nada. Como você disse, fingir que nada aconteceu.

— E vão ficar nessa troca de olhar intensa?

— Que troca de olhar, Manuela?— Solto um riso nevosa.— Tá maluca?

— Eu vejo as coisas, Isis. Mas se quer pagar de doida...

Manuela sorriu de lado e seguimos caminho, mudando o assunto.

Ao chegar no estacionamento da faculdade, vou com Manu até seu carro, um HB20 branco lindo. Ela me dá carona todos os dias, evitando que eu pegue ônibus lotado todos os dias.

Minha amiga destrava as portas e já estava prestes a entrar, quando ouço uma voz me chamar

— Isis!

Olho para o dono da voz, vendo ser Rafael.

— Ah não...— resmungo.

— Melhor falar com ele, amiga. Vou te esperar no carro.— Manuela diz, já entrando no automóvel.

Deixo um suspiro escapar e o olho se aproximar.

— Caramba! Eu fiquei muito surpreso quando lhe vi. Não via a hora da aula acabar para falar com você.— anuncia, sorrindo de lado.

Puta sorriso bonito...

— Rafael, não é certo que a gente converse aqui no estacionamento. Você é meu professor!

Seu sorriso vacila, mas ele assente.

— Então podemos ir para um lugar mais reservado. Precisamos conversar, Isis.

— Não temos nada para conversar.

— Por favor.— implorou.

Olho para os lados sentido-me agoniada. Se alguém nos ver, se o diretor Hugo nos ver, posso perder a minha bolsa.

Preciso dar um basta nisso antes que comece.

— Tudo bem. Vem comigo.

Aviso Manu que já volto e saio andando com Rafael atrás de mim. Vamos até os fundos do prédio, era um lugar bem precário e fedido, porém, bem escondido. Alguns alunos costumam vir aqui para fumar maconha em paz do olhar de todos.

— Esse lugar é bem fedido.— comentou quando parei.

— Os alunos fumam aqui.— expliquei.— Rafael, olha só, o que...

— Foi incrível.— respondeu, antes que eu terminasse minha fala.— Pensei em você o final de semana inteiro, Isis.

— Eu também, Rafael.— admito, sentindo um aperto no peito. Como queria poder beija-lo mais uma vez.— Foi maravilhoso o que tivemos naquela noite.

— Demais! Penso que foi o destino nos fazendo reencontrar, já que naquela noite me esqueci de pegar o seu número.

— Não.— Nego, balançando a cabeça.— Não podemos repetir isso. Foi muito bom, mas agora você é meu professor!

— Isis...

— Não podemos nos aproximar.— Afasto de si.— Você é meu professor, não podemos nos relacionar mais, de maneira nenhuma.

— Mas eu te quero, Isis. Podemos sim nos encontrar as escondidas...

— Eu sou bolsista, Rafael!— exclamo, já me sentindo alterada.— Se descobrirem, eu perco a minha bolsa! Eu lutei para conseguir entrar nessa faculdade, não posso perder essa vaga, entende?— Passo a mão por meu rosto, suspirando.— Foi tudo muito bom, de verdade, mas não podemos. Por favor, peço que fale comigo apenas em sala de aula ou se precisar perguntar algo sobre a matéria. Fora isso, não vamos ficar de papo pelo corredor.

A expressão de Rafael mudou, não parecia ter raiva, mas sim, compreensão.

Eu queria muito poder sair com ele mais uma vez, repetir o que fizemos no banheiro, nunca havia me sentido tão completa como naquela noite. Daniel nunca foi capaz de me dar tanto prazer como ele.

— Entendo. Imagino que não tenha sido fácil entrar nesse curso, você está certa. É uma pena, eu adoraria repetir isso. Mas tudo bem, até a próxima aula, Isis.

E sem me deixar dizer mais nada, Rafael me dá as costas e sai dali, me deixando sozinha.

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