...Cecília Hunter…...

Cecília: E o que você gosta de fazer no seu tempo livre?

- Eu gosto de sair com os meus amigos, não sei bem o que dizer agora, mas gosto de fazer várias coisas.

Cecília: Entendi…Você me disse que tem filhos, qual sua relação com eles?

- Eu não tenho muito contato com o meu mais velho, mas com os outros três eu falo pelo menos uma vez por semana.

Cecília: Você tem quatro filhos? E fala com eles uma vez por semana?

- Na verdade não, esses são os que eu tenho contato, os outros dois eu não vejo desde que saíram da maternidade…Em relação a falar com eles, sim, eu sempre gosto de me fazer presente então ligo toda semana, sabe como é, um papai curuja.

Aos poucos o meu brilho ia sumindo.

Cecília: Bom, você deve ser um homem bem ocupado, pagar pensão para tantos filhos…

Ele riu bem descontraído.

- Na verdade eu não estou pagando pensão no momento, eu tinha um emprego, mas acabei sendo demitido e moro com os meus pais no momento.

A cada revelação fico mais surpresa com a cara de pau do cara.

Cecília: Você está procurando algo?

- Como assim?

Cecília: Emprego…

- Ah, claro, claro…

Ele sorri e reparo um pesado de carde presa no dente dele.

- O que foi?

Cecília: O quê? Não, nada…É, eu vou no banheiro rapidinho.

Levanto e vou até o banheiro sufocada daquela conversa, pego o celular e ligo para a Nayla.

📲 Nayla: Oi amiga, e aí como tá sendo o encontro?

📲 Cecília: O cara é um parasita, acredita que ele tem seis filhos? E pior, liga para os filhos uma vez por semana e se acha o superpai!

📲 Nayla: Nossa amiga, é esse o problema de marcar encontros com esses caras da internet, geralmente só compartilham qualidades, pessoalmente vemos a bomba.

📲 Cecília: Eu vou voltar e dizer que estou me sentindo mal, o único jeito de me livrar logo dele.

📲 Nayla: Faz isso, esse tá na cara que não vale a pena.

Nos despedimos e eu desligo o celular. Retoquei a maquiagem e saí do banheiro.

Cecília: Ué…

Levanto a mão pra chamar o garçom e ele vem até mim.

Cecília: O rapaz que estava nessa mesa, você viu se ele foi ao banheiro?

Garçom: Não senhora, ele disse que precisava ir.

Achei estranho.

Cecília: Não há mais nada na mesa, ele pagou a conta?

Garçom: Não senhora, pediu para embalar o que restou e disse que a senhora pagaria.

Fico chocada com a ousadia dele.

Cecília: Obrigado, pode trazer a conta por favor.

Garçom: Sim senhora.

Ele se retira.

Cecília: Mais que filho da put4…

Depois de pagar a conta saio do restaurante direto para o meu apartamento. Ainda não acredito que desperdicei o meu dia de folga para me dedicar a estar bonita para este encontro vagabundo.

Tomo um banho, bebo um vinho vestida com o meu roupão e depois deito na cama para descansar. Assim que fecho os olhos a minha mente me leva para aquele dia novamente.

...Flashback on…...

📲 São eles, ele está no carro do meio.

📲Cecília: Sairam dois caras, qual deles é o Otto?

📲Gravata listrada, ele não vai ficar muito tempo aí então é melhor você atirar o quanto antes.

Coloco o dedo gatilho, mas algo me chama atenção.

📲Cecília: Espera, tem uma criança.

📲Vamos Cecília, atira logo.

📲Cecília: Tem uma criança droga, não me escutou?

📲Essa é nossa chance de ouro, isso não acontece com frequência Cecília, atira!

Volto a por o dedo no gatilho e quando estava preste a atirar escuto um disparo.

...Flashback off…...

- Dona Cecilia?

Acordo atordoada.

Cecília: Jaqueline, você ainda não foi embora?

Jaqueline: Dona Cecília, sabe que dia é hoje?

Viro e olho para o relógio no criado mudo, eram 11hrs do dia seguinte.

Cecília: Meu Deus, eu dormi isso tudo?

Jaqueline: Provavelmente, pois ontem quando eu fui embora a senhora já estava dormindo.

Cecília: Bom dia Jaque, me desculpe.

Jaqueline: Sem problemas dona Cecília, só queria saber se está bem, se tomou os seus remédios.

Cecília: Ainda não, pode trazer um copo d’água para mim por gentileza?

Jaqueline: Claro.

Ela sai do quarto e eu me levanto, sigo para o banheiro e tomo um banho para acordar. Depois que saio, bebo os remédios com a água que a Jaqueline deixou no quarto e termino de me arrumar.

Cecília: Jaque, estou saindo.

Saio do apartamento e sigo para a agência.

Cecília: Bom dia!

Falo com todos e c ou direto para a minha sala.

Enquanto checo alguns papéis a assistente do meu chefe entra na sala.

Assistente: Com licença agente, o Sr.J gostaria de falar com a senhora.

Cecília: Vou assim que possível, obrigada.

Ela sai e eu termino de ler o documento, após guardar tudo e trancar a gaveta, saio em direção a sala do Jerry.

Jerry é o diretor geral da agência, com ele eu aprendi muitas coisas e tenho orgulho de dizer que fui treinada pelo melhor.

Bato na porta que geralmente fica trancada, mas dessa vez estava aberta.

Jerry: Entre.

Cecília: Bom dia Sr.J , a que devo a honra do seu chamado?

Brinco.

Jerry: Sente-se agente C, não estou com tempo para suas gracinhas hoje.

Sento.

Jerry: Bom dia agente C, aproveitou bem a sua folga?

Cecília: Digamos que não foi a folga mais desgraçada que já tive.

Jerry: Pelo menos espero que tenha recarregado as energias, se é que me entende.

Cecília: Ah isso sim, hibernei como um urso.

Jerry: Ótimo, temos um novo trabalho e eu não preciso de uma espiã cansada.

Cecília: Temos um novo caso?

Jerry: França. Paris pra ser mais específico.

Ele virou a tela do notebook com a foto de uma garotinha.

Jerry: Lisette Durand, oito anos, filha de um advogado bem sucedido e de uma arquiteta famosa na França, sua irmã é popular no país e acumula quase quarenta milhões de seguidores nas redes sociais.

Cecília: O que aconteceu com essa gracinha?

Jerry: Ela desapareceu durante uma excursão da escola em um acampamento em Montmartre, Paris.

Ele me entrega um papel.

Cecília: O que é isso?

Jerry: Cecília, a família da garota está desesperada, fazem seis dias desde o desaparecimento e ninguém ligou, você sabe como é a polícia francesa, eles não querem dar tanta mídia para o caso, isso acaba queimando o filme deles, por isso o pai da Lisette entrou em contato comigo e me pediu para que eu enviasse o melhor agente, ele está disposto a pagar o triplo do que costumamos receber nesses casos, porém…

Cecília: Sempre tem um porém.

Jerry: Você vai precisar trabalhar em conjunto com a polícia francesa, como uma auxiliar.

Cecília: Auxiliar? Você tá de brincadeira? Jerry, não fazemos esse tipo de serviço.

Jerry: O triplo Cecília, e não se preocupe pois o seu pagamento será mais que a metade desse valor, tenho certeza que vai conseguir contribuir bastante com as investigações, obviamente eles vão sair com todos os créditos, mas o que importa é levar a garota de volta para a família.

Cecília: Ok, vamos lá…Quero o relatório com todas as informações já coletadas a respeito desse caso.

Levanto.

Jerry: É a única coisa que temos Cecília, como eu disse, a polícia francesa não libera essas informações nem mesmo para a família, isso é tudo que sabemos.

Cecília: Você tá de brincadeira comigo?

Jerry: Não, eles são realmente sigilosos.

Cecília: Eles que são sigilosos ou ainda não há nenhuma informação descente? Bom, vamos descobrir.

Jerry: Uma mala pequena, o jatinho sai amanhã bem cedo com você e todo o matéria necessário, estarei aqui caso precise de um assistente virtual, mas lembre-se Cecília, sigilo.

Cecília: Pode deixar, vou tentar ser o menos controladora possível.

Jerry: Pode voltar pra casa mais cedo hoje, já que só vai conseguir ter mais informações do caso lá você pode ir se despedir de sua família.

Cecília: Hoje é aniversário da minha irmã, você e a Sheron estão convidados para o jantar, será na casa dos meus país. Au revoir (tchau).

Jerry: À plus tard (até logo)

Saio da sala.

Depois de sair da agência eu passei em uma loja de joias e comprei um presente para a Luna, voltei pro carro e fui pra casa.

Jaqueline: Dona Cecília, lembra que eu disse que hoje a minha filha tinha médico?

Cecília: Claro Jaque, está liberada.

Jaqueline: Obrigada dona Cecília, saio mais tarde amanhã.

Cecília: Não Jaque, na verdede eu vou fazer uma viagem amanhã bem cedo, não sei ao certo quantos dias vou passar lá, mas provavelmente algumas semanas…

Jaqueline: Entendi, a senhora quer que eu venha apenas manter a casa sem poeira, certo?

Cecília: Isso, você pode tirar as suas folgas normalmente também.

Jaqueline: Vou aproveitar pra limpar a biblioteca, você tem tantos livros.

Cecília: Obrigada Jaque, agora vai antes que se atrase.

Nos abraçamos.

Jaqueline: Boa viagem dona Cecília, se cuide.

Nos despedimos e ela vai embora. Sento no sofá e fico observando a vista através da janela.

...Flashback on…...

📲 Cecília? Cecília você tá bem!?

Eu até tentei responder, mas o que os meus olhos viam no momento era impactante demais.

...Flashback off…...

Acordo com o meu celular tocando. Olho na janela e já era noite.

📲 Cecília: Alô?

📲 Lorenzo: Cecília, você não vem?

📲 Cecília: Pai! É claro que eu vou, eu já vou me arrumar!

Desligo o celular e vou para o banheiro correndo, tomo banho e me arrumo.

...Na mansão…...

Ainda do lado de fora vejo que levaram a sério a festa da Luna, acho que essa casa nunca esteve tão cheia, nem com todos os netos e bisnetos, sim, bisnetos.

Falo com a Alícia e o Noah que estão na sala com Lara, Ethan, Lourenço e Nayla. Em seguida vou falar com os outros.

Nayla: atrasada!

Lourenço: Você está surpresa com o atraso e eu por ela ter vindo.

Cecília: Boa noite pra você também irmão, onde está a Luna?

Nayla: Acho que lá fora com os outros.

Cecília: E o Ethan, porque tá com essa cara emburrada?

Lara: Tia, ele tá de castigo por ter jogado água nos pés do tio Liam.

Ethan: Não foi por mal, me libera aí pai!

Lourenço: Vão ficar sentado um pouco.

Cecília: Fica quietinho que logo ele te libera.

Pisco para ele.

Beijo os meus sobrinhos e vou até a área da piscina.

Davi: E aí tia!

Lucca: Fala tia!

Miguel: Qual é tia, achei que não vinha mais!

Cecília: Oi meus amores, mas é claro que eu não ia faltar, Davi e Miguel, onde está a mãe de vocês?

Davi: Os meus pais estão logo ali, com o meu avô e a minha vó.

Cecília: Vou lá falar com eles!

Me aproximo deles, falo com todos e abraço os meus pais, brinco com a Mia (filha caçula de Lourenço e Nayla) que estava no colo do meu pai.

Cecília: Oi cunhado.

Liam: Oi cunhada, que milagre.

Cecília: Oi mana, feliz aniversário! Deixei seu presente na sala.

Abraço ela.

Luna: Obrigada irmã, estou feliz que tenha arrumado um tempo para a família, sentimos saudades.

Cecília: Eu sei, eu também queria ter mais tempo, mas vocês sabem…E o Anthony com o Bernardo?

Anastasia: O Anthony já está vindo, o Bernardo e a Jane foram com a Lía no banheiro, a pobrezinha comeu muito bolo de chocolate.

Cecília: Ai tadinha, a Livia e o Matteo não vieram?

Anastasia: Estão chegando.

Cecília: Vocês falam de mim, mas eu não fui a única a me atrasar.

Lorenzo: É porque geralmente você é a única que se atrasa, quis me previnir e liguei.

Eu ri.

Lorenzo: Ana segura ela, quero apresentar a Cecília a um amigo meu.

Cecília: Pai…

Lorenzo: Não é pretendente, vamos logo.

Ele entrega a Mia para a minha mãe segurar e me oferece o braço para segurar. Tenho certeza que vai me apresentar pra algum engravatado.

Ficamos por alguns minutos conversando, felizmente era só uma amigo que ele queria me apresentar mesmo, depois de um tempo vi a Lívia chegando com o Matteo e a namorada dele que está grávida, o primeiro bisneto, ele se chamará Lorenzo em homenagem ao meu pai.

Vou até eles e nos cumprimentamos, logo Jane, Lia e Bernardo se juntam a nós. Todos estão na área da piscina agora, fico observando a minha família de longe, estava sentindo muita falta deles.

Estou distraída olhando eles quando alguém se aproxima.

- Família bonita.

Cecília: Michael…

Meu ex caso, Michael Diaz. O Michael e eu nos pegamos por muito tempo, a gente meio que se usava, mas nunca foi nada sério…Agora me pergunto o que ele faz aqui.

Cecília: O que você faz aqui, eu…

Uma mulher se aproximou e passou o braço em volta dele.

- Amor, tava te procurando…Ah, oi!

Cecília: Oi.

Michael: Amor essa é a Cecília, Cecília essa é a Deyse, minha esposa.

Deyse: Olá!

Nos cumprimentamos.

Cecília: Olá…

Deyse: Muito prazer Cecí! Posso te chamar assim?

Cecília: Claro Deyse, sem problemas…Se me derem licença eu tenho que falar com o meu irmão, foi um prazer Deyse, até mais Michael.

Me retiro e dou de cara com o Anthony entrando em casa.

Cecília: Meu Deus, você tá podre!

Anthony: Shi, eu vou tomar um banho.

Cecília: Vou te esperar lá fora com os outro, anda logo.

Ele sobe a escada.

Nayla: Nossa, ser mãe não é fácil…

Ela chega reclamando.

Cecília: O que eles aprontaram agora?

Nayla: Esquece, senta aí que eu quero conversar com você.

Sentamos no sofá.

Nayla: Fiquei tão triste que o seu encontro não deu certo…

Cecília: Acredita que ele foi embora e não pagou a conta?

Nayla: Não brinca Cecí!

Contei a ela tudo que aconteceu noite passada. Deyse e Michael passaram por nós e ela acenou pra mim.

Nayla: Quem são?

Cecília: A gente já transou algumas vezes, mas foi só isso…Agora ele tá aqui com essa loira dizendo que é esposa dele.

Nayla: Que babado Cecília, qual foi a última vez que vocês ficaram?

Cecília: Dois meses.

Nayla: E ele já casou? Amiga ele tava com as duas.

Viro o champanhe de uma só vez.

Anthony: Vocês estão fazendo o que aí sentadas? Vamos lá pra fora.

Levantamos e saímos

A noite foi incrível, a única coisa chata foi ter o Michael me olhando dançar enquanto a Deyse estava ao lado dele.

Depois que todos foram embora e só ficamos nós da família, nos reunimos na mesa para conversar e eu aproveitei para contar sobre a viagem, obviamente não pude falar sobre o caso para todos, apenas meu pai e o Anthony.

...Família Hunter…...

...*Aviso da autora…**✍🏽*...

Olá amores, como vocês estão? Pra quem é novo por aqui, essa história faz parte da série da Familia Hunter que eu deixarei a lista logo abaixo, mas não é necessário ler os outros livros, neste vocês vão ter tudo detalhado em relação a Cecília que é a protagonista, mas fiquem a vontade para ler os outros que ficará ainda mais fácil de entender a história!

Assim que chego em casa tomo um banho, arrumo a minha mala e deito para dormir.

O despertador toca antes do sol nascer, me troquei e fiquei esperando o carro da agência chegar. Em pouco tempo eu já estava embarcando para a França.

...França…...

Bruno: Sr.Tovar, é o Bruno, pai da Lisette Durand.

Jerry: Claro, o Sr.Durand! Alguma atualização do caso?

Bruno: A polícia não disse nada hoje, amanhã irei na delegacia bem cedo.

Jerry: Ótimo.

Bruno: E o espião, já está a caminho? Deu tudo certo?

Jerry: Sim, tudo como combinado! A agente C irá trabalhar em conjunto com a polícia para encontrar a sua filha.

Bruno: O senhor disse “ a agente”, ou foi impressão minha?

Jerry: Não, você escutou bem…Algum problema Sr.Durand?

Bruno: Você vai me entender, não sabemos com que tipo de pessoa estamos lidando, como uma mulher? Estou pagando o triplo pelos seus serviços, não quero ficar desapontado.

Jerry: E não vai, isso eu garanto. Você pediu para enviar o melhor profissional da empresa e eu enviei, terá que pedir desculpas a ela.

Bruno: Não, não diga nada…Foi um comentário infeliz, eu não deveria ter falo.

Jerry: Você não deveria pensar dessa forma, há muitas mulheres na área criminal hoje em dia Sr.Durant…Mulheres brilhantes, impecáveis.

Bruno: Estou ansioso para conhecer a agente C, ela será bem vinda e ficará hospedada em minha casa.

Jerry: Muito obrigado pela recepção, garanto que não vai se arrepender de contratar nossos serviços, logo a Lisette estará em casa.

Bruno: Que Deus lhe ouça…Muito obrigado Sr.Tovar, amanhã nos falamos.

Jerry: Até logo.

Desligo o telefone e jogo a cabeça para trás. Faz seis dias que não sei o que é dormir, sobrevivo à base de remédios, ainda não consigo acreditar que a minha pequena Lise desapareceu.

Levanto da cadeira e vou até a janela, olho para a área da piscina e vejo que a Camille está lá, mexendo no celular como sempre, não está sendo fácil pra ela também.

Fecho a cortina e saio do escritório, desço até a área da piscina para chamar ela.

Bruno: Filha, já está tarde.

Ela estava sentada na borda da piscina com a cabeça baixa.

Coloco a minha mão na frente dela e ela segura.

Bruno: Vamos meu amor.

Ela levanta e caminhamos abraçados até dentro.

Camille: Pai, porque tá demorando tanto?

Bruno: Eu também não sei filha.

Camille: As vezes acho que a polícia não dá a mínima, eles não descobrem nada.

Bruno: Não se preocupe querida, eu contratei uma agência e eles estão enviando a melhor agente deles para trabalhar lado a lado com a polícia, a Lise vai voltar pra nós, eu tenho certeza.

Abraço ela.

Camille: Não posso perder a Lise pai, a mamãe já se foi…

Bruno: Ei, olha pra mim Camille! O que aconteceu com a sua mãe foi uma fatalidade, com a Lise não, alguém pegou ela e vai nos devolver.

Ficamos abraçados por um tempo e depois levo ela até o quarto pra ela descansar.

Bruno: Boa noite princesa.

Deixo ela e vou para o meu quarto.

Bruno: Lise, onde você está…

...Flashback on…...

Chego mais uma vez tarde do trabalho, essa Semana completa dois anos da morte da minha esposa e eu estou bem reflexivo. Desde que ela se foi a minha vida está sem rumo certo, dedico 90% do meu tempo ao trabalho, manter essa casa, as minhas filhas e bancar tudo que elas precisam é o que importa para mim. Os outros 10% eu tento ser um pai melhor para elas, mas quanto mais tento me aproximar me sinto um verdadeiro estranho perto delas…Não sinto isso da parte delas, talvez o problema esteja comigo, pois depois que a minha esposa morreu eu nunca mais consegui ser o mesmo.

A Lisette é uma garota aventureira, se parece muito com a mãe, a Camille por outro lado é se parece muito com a personalidade da tia dela, mais extravagante, vaidosa…A diferença de idade também diz muito, a Camille tem 18, a Lisette acabou de completar 8 anos de idade.

As duas não são tão próximas, a Lisette até tenta, mas a Camille está numa fase totalmente diferente da dela, por um lado eu entendo, mesmo assim insisto para que ela deixe as redes sociais um pouco de lado e seja mais presente na vida da Lise. Logo agora que elas perderam a mãe, a Lise precisa de uma mulher para auxiliar ela, cuidar, orientar.

Estou cochilando na cadeira e vejo a visão da Camille em minha frente, ela me diz alguma coisa e só pra ela parar de falar, balanço a cabeça e ela vai embora.

Estava com sono e com dor de cabeça, só queria descansar um pouco.

Na manhã seguinte eu levanto, vou para o quarto e quando desço as duas estão tomando café da manhã.

Camille: Pai, não vai tomar café da manhã?

Lise: É pai, vem!

Bruno: Hoje não meninas, tenho reunião logo cedo.

Beijo elas e vou embora. Sigo para empresa com um sentimento ruim, nunca me senti assim antes…Ignoro e chego no trabalho para mais um dia. Vou para a reunião e saio um pouco melhor com o resultado que foi um sucesso, meu chefe me chama para comemorar e eu vou com ele e uns amigos.

Desligo o celular e decido aproveitar um pouco com meus colegas, em dois anos essa foi a primeira vez que eu aceitei um convite deles para sair, fizeram questão de pagar as bebidas mais caras pelo milagre.

Era noite quando saímos de lá, um amigo me levou de carro pra casa.

- Aguenta ir?

Bruno: Sim, obrigado.

Ele voltou para o carro e eu caminhei até a porta.

Abri a porta e vejo que tem mais gente que o normal em casa.

Camille: Pai! Onde você estava!?

Bruno: Camille, o que aconteceu…?

Camille: Você tá bebado?

Bruno: Bebado? Não, eu não estou bebado…

Camille: Meu Deus, olha só como você está, claro que está bebado! A Lisette desapareceu pai, ninguém sabe onde ela está!

Bruno: O quê?

Naquele momento eu me dei conta de quem estava em casa, era a polícia.

...Flashback off…...