O livro está em processo de revisão!
...5 anos antes...
– E agora, eu estou grávida – disse aumentando o tom de voz
Ao ouvir as palavras de Amanda, meu coração acelerou, e a ansiedade tomou conta de mim. O nervosismo se fez presente em minha pergunta, ansiando por uma resposta que pudesse aliviar a tensão que pairava no ar. A revelação de sua gravidez foi como um turbilhão de emoções, misturando surpresa e incredulidade diante da magnitude da notícia.
– Você tem certeza? – pergunto nervoso
– Claro! fiz o teste ontem, eu sou muito jovem ainda, tenho muitos planos pra mim, não estou preparada, eu vou abortar
– Amanda Eu Te Amo. Você não pode fazer isso, é nossa filha, você não tem esse direito.
– Oque você quer fazer então? – pergunta...
...9 meses depois...
– Eu quero que você suma das nossas vidas – Falei lhe dando uma bolsa com dinheiro, e pegando a pequena menininha do seu colo.
– Qual é o nome? – pergunto
– Alice – diz por fim e então a mesma se foi.
– Senhor ela estava lhe traindo – diz Félix.
– há quanto tempo – falo nervoso, o encarando
– A dois anos e meio, Mais ela falou a verdade, o teste de dna deu positivo! E ela também conseguiu roubar algumas joias da família – diz
A revelação da traição de Amanda, feita por Félix, atingiu-me como um golpe. O tempo parecia ter congelado enquanto eu processava a informação.
– Pelo menos agora ela sumiu de nossas vidas – digo olhando para a pequena Alice.
O olhar para o futuro era incerto, mas a presença da pequena Alice trouxe uma luz de esperança em meio às sombras.
......6 anos depois......
Aqui estava eu, solitária, assentada em um banco de praça, absorta em reflexões sobre o labirinto da minha vida.
Uma semana parecia uma eternidade desde que perdi meu emprego, e a pressão de responsabilidades pesava sobre mim como uma carga insuportável. Meu pai travava uma batalha inclemente contra uma doença devastadora, enquanto eu, por outro lado, carregava o fardo de cuidar de minha irmãzinha pequena, uma lembrança viva do casamento de minha mãe, que nos deixou prematuramente. A dor da perda materna, assim como as circunstâncias que a envolveram, continuavam a reverberar em minha mente, ferindo-me de maneira constante e profunda.
Ninguém havia me preparado para a complexidade do luto, especialmente quando vidas dependentes de mim estavam em jogo. Meu estágio, que outrora representou esperança, havia chegado ao fim, e encontrar outro emprego, sem experiência, revelava-se uma batalha árdua e solitária.
Meu sonho de ajudar o desenvolvimento de crianças, proporcionando-lhes a educação necessária para seguir seus próprios destinos, parecia mais distante do que nunca. Naquele momento, estava disposta a agarrar qualquer oportunidade que cruzasse o meu caminho, não importando quão modesta ou insatisfatória pudesse parecer.
Por um instante, abandonei o turbilhão de pensamentos que tumultuavam minha mente e continuei a caminhar. Com o celular em mãos, liguei para o meu pai. Sua voz, cansada e preocupada, preenchia meus ouvidos.
"Oi, filha, você está bem?" ele perguntou, sua preocupação era palpável.
"Está tudo bem," eu disse, uma tristeza contida permeava minha voz. "A Yasmim já está na escolinha?" Minha irmã, com seus cinco anos, era uma das maiores fontes de preocupação em minha vida.
Meu pai confirmou que sim. "Que alívio. Tenho que desligar. Te amo," eu disse, com sinceridade.
Ele retribuiu o amor com um simples "Também te amo, filha" antes de desligarmos. Uma sensação de urgência cresceu em meu peito. Abri o aplicativo de notas no celular, onde estava meticulosamente anotado o plano para o meu futuro. A primeira tarefa era encontrar qualquer emprego, pois minhas economias desapareciam rapidamente, e algumas contas já acumulavam atrasos.
O céu começou a escurecer, e uma garoa fina começou a cair quando cruzei uma rua estreita. Foi nesse momento que esbarrei em um homem. Ele parecia apressado e visivelmente irritado, vestindo uma camisa social branca, um blazer preto e calças combinando. Seus cabelos estavam desalinhados, e seus olhos tinham uma profundidade que capturava a atenção de qualquer um.
Ele era, sem dúvida, o homem mais atraente que eu já havia encontrado.
–Peço desculpas – murmurei, encarando-o pela primeira vez. Seus olhos me observaram com intensidade, uma mistura de surpresa e curiosidade.
– que seja – ele respondeu, desviando o olhar e arqueando uma sobrancelha, revelando uma pitada de irritação. A razão de sua exasperação permanecia um mistério. Continuei meu caminho, agora um tanto perturbada por esse encontro inesperado.
Enquanto caminhava pelas ruas, percebi uma mudança no clima que me pegou de surpresa. O frio, há tanto tempo ausente naquela cidade onde o calor era predominante, começou a fazer sua presença ser sentida. Uma brisa gelada cortava o ar, fazendo-me tremer involuntariamente e encolher os ombros em busca de calor.
Instintivamente, alcancei minha bolsa e retirei um fino casaco que sempre levava comigo para emergências como essa.
Eram 12h30, hora do pico, a chuva havia abaixado, então olhei minha bolsa e peguei alguns currículos, eu estava em frente ao "The Carter's restaurant" o melhor restaurante da cidade, eu poderia trabalhar como garçonete ou auxiliar de limpeza.
Quando eu estava ainda cursando a faculdade de pedagogia, eu fazia muito desses bicos, eu agora estava com 22 anos, uma idade péssima, pois muitos me achavam muito nova e não me davam confiança.
Ao entrar no restaurante, meu olhar vagava pelo ambiente, observando os detalhes e as pessoas ao meu redor. Foi então que algo familiar chamou minha atenção um homem virado de costas para mim, mas algo em sua postura ou talvez em sua silhueta parecia estranhamente familiar. Uma sensação de déjà vu percorreu minha mente, e um leve arrepio percorreu minha espinha enquanto tentava decifrar o que poderia ser essa semelhança.
– Posso ajudar – diz uma garota, fazendo eu perder o interesse no rapaz
Seu cabelo era grande e preto, e seus olhos eram azuis, ela era um pouco pálida, e de uma estatura baixa.
– vocês tão contratando? – pergunto na mesma hora
– por enquanto não, desculpe – diz com um leve suspiro
– haa – susurro meio tristonha indo em direção à saída.
Ao sair do restaurante, distraída em meus pensamentos, esbarrei em uma garotinha, fazendo-a cair. O coração apertou ao ouvir seu choro, e meu estômago se revirou de culpa. A menina, com sua pele branquinha e olhos azuis como o céu, parecia ainda mais vulnerável no chão. Ajoelhei-me ao seu lado, sentindo um aperto no peito ao ver seu joelho avermelhado pelo impacto. Um misto de preocupação e arrependimento inundou meu ser, enquanto buscava consolar a pequena desconhecida.
– Calma princesa! Já vai sarar, venha – disse entrando no banheiro. Peguei um papel e molhei, e passei em seu joelho
– Está melhor? – perguntei com um certo receio
– um pouco – disse meio chorosa.
– olá, está tudo bem aqui – um homem alto e magro perguntou chegando em nosso encontro – ouvi um barulho – continua
– há sim, vou levar ela para seus pais – digo me levantando do chão em que a linda menininha estava
– Se precisar de algo pode falar
– ok, muito obrigada
Assim que ele se foi, olho novamente para a garotinha e pego sua mão pequena
– Cadê seus pais? Quer que eu te leve até eles? – perguntei
– Sim! Brigada – diz ainda meio envergonhada
A menininha levou-me até uma mesa onde o vi...
Ao me aproximar, observei-o sentado com sua postura séria e seus cabelos desalinhados conferindo-lhe um charme peculiar. Seu foco no notebook era evidente, mas algo na maneira como ele se inclinava levemente em direção à mulher ao seu lado me intrigava. Ela parecia mais velha, e a cena despertou em mim uma sensação de curiosidade misturada com um lampejo de inveja, imaginando qual seria a relação entre os dois. Um turbilhão de emoções me invadiu, enquanto eu lutava para não deixar transparecer minha curiosidade.
"É ele! o moço que esbarrei pensei"
Quando chegamos em sua mesa, tentei soar normal.
– Papai – disse a menina
– Onde você estava! – Diz bravo – E quem é essa? De novo você, está me seguindo? – seus olhos estavam com uma fúria inexplicável
– É.... É que sua filha havia caído no chão, então passei uma água em seu joelho – Disse com hesitação – Mais ela não chorou muito – terminei
– que bom! Só foi um arranhão – diz a mulher ao seu lado, e então sorrio para a mesma
– Então pode sair ou vai querer algo em troca – seu tom era indiferente e o mesmo nem se quer me olhou
– como? algo em troca – falo confusa
– Você é surda ou oque? quer dinheiro, aposto que precisa – sua voz aumentou novamente isso fez com que eu ficasse com medo e me recuasse
– não eu não... não quero nada.
– Então porque ainda está aqui – Ele olhou para mim e em seguida olhou para fora do restaurante, fazendo com que eu saísse de lá o mais rápido possível.
Eu estava assustada nunca havia sido tratada daquela forma e muito menos com pessoas me olhando com um olhar de vergonha por mim, meus olhos estavam lacrimejando relembrando da cena. Mais quando estava indo para casa a mulher que estava junto ao homem, veio até mim.
– você trabalha com algo? – pergunta apressada
– não, na verdade estou a procura de um emprego
– qual seu ramo? – pergunta novamente
– há eu acabei de terminar a faculdade de pedagogia
– Que interessante, meu chefe está contratando alguém para babá
– Sério, eu posso deixar meu número com você? – pergunto animada
– Claro menina – diz anotando meu número no seu celular
– obrigada – digo por fim
"tomara que eu tenha alguma chance- pensei."
(...)
Ao sentir o calor do sol invadir o quarto, despertei lentamente, relutante em deixar o conforto da cama. No entanto, o dia já começava, e eu sabia que precisava me levantar. Encarei o espelho do banheiro enquanto a água quente caía sobre mim, uma sensação reconfortante que parecia dissipar um pouco da névoa que cobria minha mente. Ao me vestir, escolhi uma roupa simples, mas confortável, uma tentativa de enfrentar o mundo lá fora com um mínimo de confiança.
Enquanto encarava o meu reflexo no espelho, não pude deixar de notar a tristeza que parecia refletir de volta para mim. Os meus olhos, normalmente brilhantes em um azul vivo, agora pareciam sombrios, tingidos de um verde escuro que refletia o peso das minhas preocupações. Com cuidado, passei a escova pelos fios emaranhados do meu cabelo, prendendo-o em um rabo de cavalo desleixado, deixando alguns fios soltos como uma tentativa de disfarçar a bagunça que estava dentro de mim.
Enquanto preparava o café da manhã na cozinha silenciosa, a sensação de solidão parecia me envolver, apesar da presença adormecida de meu pai e irmã. O ato de preparar o café era uma tentativa de trazer um pouco de normalidade para nossas vidas turbulentas. Ao terminar, fiz o caminho até o quarto da minha irmã, um lugar simples e desprovido de decoração, exceto pelos seus preciosos ursinhos e bonecas. A presença desses objetos, embora simples, injetava um toque de alegria e inocência em um ambiente que às vezes parecia tão sombrio. Ao vê-la ali, envolta em seu sono tranquilo, uma mistura de ternura e preocupação inundou meu coração.
– Ya, vamos acordar – falo sentando em sua cama - Você tem que ir para a escola – continuo
– Ha, não – diz puxando sua coberta para si
– Você não quer ser uma menina inteligente? – pergunto a olhando
– não – diz me encarando de volta
– bom! – digo lhe dando um sorriso - Você quer ficar aqui sozinha? - falo
– Humm...
– sem fazer nada? Eu vou ter que sair – falo
– ok, ok – diz por fim
Lhe dou um sorriso e volto para a cozinha, assim que sinto meu celular apitar o pego o atendendo.
– alô? – pergunto esperando a resposta
– Você é Melissa Hansen? – a voz de mulher me pergunta
– sim, é ela mesma. Posso ajudar em algo?
– eu queria saber se você aceitaria fazer uma entrevista para babá – diz
– como, eu não entreguei nenhum currículo para babá – respondo assustada
– meu nome é Clarisse, eu vi você ontem, no restaurante – diz
– eu me lembro, eu te dei meu número
– sim essa mesmo, você quer fazer a entrevista? Eu irei te mandar a localização
– Sim, eu irei! – exclamo por fim ainda meio atordoada pelo oque havia acabado de acontecer
Mais ainda não poderia cantar Vitória, precisaria fazer a bendita entrevista.
– pai! – o chamo indo até seu quarto com uma bandeira de frutas e uma xícara com café
– oi filha, não precisava – fala olhando para a bandeja
– há não é nada, você está bem? – pergunto
– a mesma coisa de sempre – diz tomando um pouco de café
– toma – digo-lhe dando três comprimidos, eram seus remédios diários – eu já vou ter que sair, talvez eu consiga um emprego – falo animada
– que bom minha filha – diz colocando a sua mão em cima da minha – espero que consiga – diz por fim.
Assim que eu havia deixado minha irmã na escola fui para o endereço que a mulher havia me mandado, como eu não tinha dinheiro eu fui a pé mesmo.
Mais antes resolvi ir para um lugar que a algum tempo não ia.
O sol se crescia lentamente no horizonte, tingindo o céu de tons dourados e alaranjados enquanto eu me dirigia ao cemitério. Cada passo que eu dava parecia mais pesado que o anterior, carregado com a dor e a saudade que sempre me acompanhavam nessas visitas. Ao me aproximar do túmulo de minha mãe, uma sensação de melancolia tomou conta de mim, como se um véu de tristeza pairasse sobre o local.
Meus olhos percorreram as lápides silenciosas, cada uma contendo uma história, um legado deixado para trás. Encontrei o túmulo de minha mãe entre elas, marcado por uma simples lápide de mármore. Ajoelhei-me diante dela, sentindo um aperto no peito enquanto as lembranças inundavam minha mente. Lembrei-me dos momentos felizes que compartilhamos, das conversas tarde da noite e dos abraços reconfortantes que ela sempre me oferecia.
Uma lágrima solitária escapou de meus olhos, rolando suavemente por minha bochecha, uma expressão silenciosa da dor que ainda habitava em meu coração. Mesmo depois de tanto tempo, a perda de minha mãe continuava a me afetar profundamente, deixando um vazio que nunca poderia ser preenchido.
Fiquei ali por um tempo, perdida em minhas lembranças e pensamentos, buscando conforto na presença silenciosa de sua sepultura. Sabia que, embora ela não estivesse mais fisicamente presente, seu amor e sua influência continuariam a me guiar ao longo da vida.
Ao me levantar para partir, senti um leve alívio, como se um peso tivesse sido tirado de meus ombros. Apesar da tristeza que sempre acompanhava essas visitas, havia também um sentimento de gratidão por ter tido minha mãe em minha vida, mesmo que por um tempo tão curto. E enquanto eu me afastava do túmulo, prometi a mim mesma que sempre manteria viva sua memória em meu coração.
Para mais, baixe o APP de MangaToon!