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Combinação Perfeita

Cap 01 A FUGA

Carol _ Por favor Isabela não chore, senão vão nos pegar.

Gabrielle _ Deixa ela comigo, afinal ela quase não te conhece. 

Carol_ Por favor Gaby, isso não é hora! Quer que nos peguem?

Matheus _ Tá vindo alguém. Vamos nos esconder. 

Os quatro se escondem em um depósito de material de limpeza. E nem respiram de medo de serem pegos.

Matheus _ Ele já foi. Era o vigia. Agora é hora do café dele, temos que ir.

Eles saem do esconderijo e se esgueiram pelos corredores. 

Carol _ Venham por aqui, nós vamos pular o muro por aqui. Já deixei uma corda para ajudar a escalar.

Gabrielle _ Nossa Grande plano! Você esqueceu que a Isa só tem três anos?

Carol _ Não esqueci, eu trouxe um equipamento que vai ajudar escalar com ela amarrada nas minhas costas.

Gabrielle _ Melhor que eu faça isso. Você não a conhece bem!

Carol _ Gaby? Vamos parar por favor? Eu estou mais acostumada com escaladas e levando equipamentos, e você vai primeiro para ajudar o Matheus do outro lado.

Matheus _ Por favor isso não é hora de discutir! Eu tenho sete anos e até eu sei disso!

Gabrielle _ Está bem! Vamos Matheus, eu ajudo você. Eu vou primeiro e ajudo você do outro lado do muro. 

E assim eles fazem, Gabrielle escala o muro  com a ajuda da corda em seguida o Matheus, e ela ajuda para que ele chegue ao outro lado sem problemas. 

Carol _ Agora somos nós pequena, não se assuste! É só uma aventura! Somos igual ao macaco no zoológico. 

Isabela _ Eu não tenho medo Calol.

Carol _ Isso mesmo, você é uma garotinha corajosa. Segure-se em mim e vamos sair daqui. 

Carol sobe na corda com a pequena em suas costas e escala o muro e logo estão do outro lado. 

Matheus _ Conseguimos!

Gabrielle _ E agora?

Carol _ Eu deixei um carro na rua de baixo, depressa!

Eles saem correndo e entram no carro. 

Gabrielle _ E agora para onde vamos?

Carol _Primeiro temos que ficar o mais longe possível. Depois veremos para onde vamos. 

Carol dirige a noite toda, ao amanhecer, ela para em um posto de combustível e coloca gasolina no carro e entra na loja de conveniência para comprar algumas coisas para seus irmãos comerem.

Na saída dá de cara com um policial e se treme inteira. Ele abre a porta para ela, que passa por ele agradecendo. 

Entra no carro e sai depressa dali, olha para a sua irmã no banco a seu lado e nota que ela está acordando. 

Gabrielle _ Porquê não me acordou? A gente poderia ter usado o banheiro do posto. Mas como sempre você só se preocupa consigo mesma! 

Carol _ Será que você pode parar com isso? Eu não tenho culpa do que aquele miserável fez com você.

Gabrielle _ Não toque nesse assunto! Eles podem ouvir. 

Carol _ ok, eu saí do posto porque tinha um policial lá e eu me assustei. 

Gabrielle _ Eles estão vindo atrás de nós?

Carol _ Não, nem devem ter dado a falta de vocês no orfanato ainda. É bem cedo. 

Gabrielle _ Aquele nojento além de não ter ficado preso pelo que fez comigo, ainda queria pegar os dois de volta!

Carol _ Por isso resolvi sequestrar vocês! Eu não ia ficar parada, depois do que ele fez com você, deixar as crianças com aquele verme.

Gabrielle _ Mas agora o que vamos fazer? A mamãe antes de morrer vendeu a fazenda que o nosso pai deixou e comprou a casa onde morávamos, e a casa está no nome dele.

Carol _ Eu não sei! Não posso viver na república da faculdade e ainda levar vocês para lá. Será o primeiro lugar que a polícia vai procurar. 

Gabrielle _ Você tem algum dinheiro?

Carol _ Tenho, mas é pouco, dá para gasolina e comida por alguns dias. Temos que alugar uma casa e eu vou arrumar um emprego. 

Gabrielle _ Eu também posso trabalhar. 

Carol _ E quem fica com as crianças?

Gabrielle _ Droga! É tudo culpa minha!

Carol para o carro no acostamento da estrada e segura sua irmã pelos ombros. 

Carol _ Nunca mais repita isso! Você não tem culpa de nada! Você nem completou dezesseis anos ainda! Ele que foi um monstro desgraçado! Eu não estava lá. Mas prometo a você que esse miserável não toca em você de novo!

Gabrielle _ Obrigada, por acreditar em mim. A polícia não acreditou.

Carol _ Acho que ele pagou para o seu namorado para que mentisse. Se eu estivesse mais perto de vocês, teríamos ido a delegacia logo que aconteceu e eles teriam feito o exame de corpo de delito. Ele não teria se safado, com certeza, mas depois de várias semanas, tudo o que puderam comprovar foi que você não era mais virgem. 

Gabrielle _ Fiquei decepcionada com o Rafael ele sempre tentou e eu não quis e agora ele ajuda aquele miserável, e diz que foi ele que tirou a minha virgindade e que foi consensual? 

Carol _ Por favor não chore! Nenhum dos dois merece suas lágrimas. Assim que nos estabelecermos você irá procurar ajuda profissional. Eu sei que você me culpa pelo que aconteceu, mas depois que a mamãe morreu eu só queria terminar meu curso de veterinária para voltar para casa.

Gabrielle_ Me desculpe, eu sei que não é sua culpa, mas eu ando com tanto ódio dentro de mim que eu só quero machucar todos assim como eu estou machucada.

Matheus _ Já chegamos?

Carol _ Não, querido, só parei por um instante para conversar com a Gaby.

Matheus _ Fizeram as pazes? Já estava ficando chato as brigas das duas. Mamãe não iria gostar disso!

Carol _ Você está certo! Ela não iria gostar nem um pouco. 

Matheus _ Tenho saudades da mamãe. 

Gabrielle _ Eu também tenho!

Carol _ Todos nós temos, mas não vamos deixar a tristeza comandar nossas vidas! E aí onde gostariam de morar?

Matheus _ Eu gostaria de voltar a viver em uma fazenda, adoraria viver como antes, tudo mudou quando eles venderam a fazenda e nos mudamos para a cidade, tudo piorou, papai ficou insuportável e a mamãe ficou doente. 

Carol _ Você tem razão, meu lindo! Éramos muito felizes lá. Mas precisamos de uma cidade grande, onde ninguém nos note. Não podemos chamar a atenção. 

Gabrielle _ Que tal Atlanta? É uma cidade grande mas tem muitas fazendas por lá e talvez você possa trabalhar como veterinária. 

Carol _ Ainda não estou formada. Só faltavam seis meses para completar o curso. Mas quem sabe posso me tornar assistente de algum veterinário?

Gabrielle _ Você vai conseguir. 

Carol _ Então Atlanta, aqui vamos nós!

Isabela 03 anos

Matheus 07 anos

Gabrielle 15 anos

Carol 23 anos

cap.2 Desventuras em série

Carol

Depois que decidimos o destino, eu acredito ser mais prudente ir por estradas secundárias, levará mais tempo, porém tem menos patrulha, já que agora nos tornamos fugitivos. 

Em Jacksonville, fizemos uma parada para passar a noite.  Estava exausta por dirigir por tanto tempo sem dormir. 

Carol _ Vamos parar um pouco eu estou cansada. 

Gabrielle _ Vamos ficar em algum hotel?

Carol _ Não, infelizmente o dinheiro não dá para isso, e depois é perigoso, nossas fotos podem estar no jornal a essa hora. 

Matheus _ Será que estamos em uns cartazes de procurados?

Gabrielle _ Não fale besteira garoto!

Carol _ Tomara que não, meu lindo. Se nos acharem, irão nos separar. 

Matheus _ Não entendo porque o papai nos quer. Nunca ligou para a gente!

Isabela _ Papai mau! Glitou com a Isa, e bateu. 

Carol _ Não se preocupem, ele nunca mais vai bater em nenhum de nós. 

Matheus _ Eu vi quando ele deu um tapa na sua cara.

Carol _ Só vamos esquecer tudo isso!

Gabrielle _ Eu nunca vou esquecer!

Matheus _ Eu acordei quando ele estava no quarto da Gaby, ele estava batendo tanto nela que a cama dela fazia barulho e batia na parede, e eu acordei, ela estava gritando muito. 

Gabrielle _ Oh meu Deus! Ele ouviu!

Carol _ Por favor Gaby, não chore! Matheus não vamos mais falar do seu pai, está bem?

Matheus _ Eu não quero mesmo mais falar dele! EU NÃO TENHO MAIS PAI!

Que inferno. Aquele idiota asqueroso fez tanto mal ao meus irmãos, desgraçado. 

Nós tínhamos uma vida maravilhosa na fazenda dos meus pais. Nasci e cresci naquele lugar, quando completei sete anos, minhas preces foram atendidas e meus pais tiveram mais um filho, me dando a tão sonhada irmãzinha. 

Quando completei doze anos, experimentei a tristeza pela primeira vez na vida. O meu pai morreu em um acidente. Foi tirar um bezerro do rio em meio a uma tempestade, salvou o bezerro que voltou para a margem, ele escorregou, bateu a cabeça em uma pedra e a enchente levou o seu corpo para longe. 

Depois de três dias procurando, quando as águas enfim baixaram, o seu corpo foi encontrado sem vida. 

Três anos depois, a minha mãe conheceu o padrasto Richard e se casou com ele na velocidade da luz. Logo engravidou do Matheus e depois da Isabela.

Quando estava grávida da Isabela o padrasto a convenceu a vender a fazenda, ela ainda conseguiu pagar a faculdade de veterinária com a parte que seria minha, e colocar a parte que seria da Gabrielle em um fundo que ela só poderá usar quando entrar na faculdade ou fizer dezoito anos. Mas todo o resto ficou nas mãos do Richard para que administrasse. 

Ela sofreu um acidente de carro, quando desmaiou ao volante por causa da doença, dez meses atrás e os filhos menores ficaram sob a guarda do pai.

Eu estava tão preocupada em me formar que só visitava nos feriados e férias. Até as férias em que vim para casa e descobri o que aconteceu. 

Minha irmã estava tão diferente daquela menina alegre e doce que conhecia. Agredindo a todos, rebelde, triste e calada as notas caíram. Tentei de tudo para que minha  irmã se abrisse e não consegui. Richard também, tinha mudado muito, mostrando sua verdadeira face depois que a minha mãe morreu. 

Chegou em casa bêbado e deve ter esquecido que eu estava em casa e entrou novamente no quarto da Gabrielle.

Acordei com os gritos da minha irmã, abri a

porta do quarto e a cena que presenciei, nunca mais sairá da minha cabeça. Minha irmã amarrada na cama com as roupas já em pedaços e o desgraçado com as calças no joelho, entrei  no quarto e peguei a primeira coisa que vi. Era um abajur, que bati  com todas as minhas forças na cabeça do maldito. 

Ele caiu desmaiado e desamarrei e abracei minha irmã, depois da crise de choro, Gabrielle me contou o que aconteceu. Assim que amanheceu o dia, pegamos as crianças e fomos para a delegacia prestar queixa contra ele, mas o delegado que era amigo dele não deu crédito a história. Mas consegui que a promotora ouvisse a minha irmã. Como já havia passado várias semanas não foi possível comprovar o estupro. Mas ele foi para a cadeia, enquanto apurava o caso. E as crianças colocadas em um abrigo. 

Tentei entrar com um pedido de guarda, mas o juiz não aceitou, o padrasto saiu da cadeia pois o depoimento do namorado da Gabrielle, desacreditou a garota. Dizendo que ele fez sexo com ela e não o padrasto, que ela só ficou com medo da reação da família e mentiu dizendo que foi o padrasto. 

Quando soube que ele ia tirar os filhos dele do abrigo e levar para casa, resolvi sequestrá-los.

Foi ao túmulo da minha mãe e prometi  que os protegeria de tudo. Fui a casa e peguei o essencial para cada um, o carro da mamãe  e algumas fotos e jóias dela e saí de lá. Vendi  o carro e comprei outro mais barato e mais velho.

Carol _ Mas eu pensei sobre isso e por isso trouxe barraca de camping e tudo o que iremos precisar para acampar.

Matheus _ Oba! Eu adoro acampar !

Gabrielle _ Você nunca acampou. Como você adora?

Matheus _ Eu já vi nos filmes!

Carol _ Nós acampavamos sempre com o nosso pai.

Matheus _ Vocês têm sorte! Eu queria que ele não tivesse morrido, para que eu e a Isa fossemos filhos dele.

Carol _ Vamos procurar um lugar legal para acampar.

Gabrielle_ Eu vi uma placa de camping lá atrás, vou olhar na Internet. 

Carol _ Gaby, melhor jogar esse chip fora, eu já tirei o meu antes de ir pegar vocês. 

Gabrielle _ Melhor mesmo! Eles podem nos rastrear. 

Ela tira o chip e joga fora, pesquisa na Internet e dá as orientações para chegar à área de camping. 

Rapidamente nós três tiramos as coisas do carro e montamos a barraca de acampamento. Fizemos uma fogueira e assamos linguiça e põe no pão que tinhamos comprado na parada que fizemos mais cedo. 

Carol _ Eu trouxe uma surpresa! 

Isabela _ O que Calol?

Carol _ Marshmallow! 

Matheus _ Que delícia!

Isabela _ Oba!

Carol _ Vamos assar e comer. Depois dormir que amanhã a estrada é longa.

Passamos a noite no camping e logo cedo pegamos a estrada. Na hora do almoço paramos  em um restaurante pequeno e nos sentamos para desfrutar de uma boa refeição.

Quando estávamos quase chegando em Atlanta o motor do carro começa a sair fumaça. 

Gabrielle _ O quê é isso agora?

Carol _ Eu não sei! Vou parar e dar uma olhada.

Gabrielle_ E você entende de motor?

Carol _ Não. Mas pode estar sem água ou sei lá. 

Ela sai e abre o capô, fazendo que uma fumaça preta se espalhe.

Matheus _ Eu acho que já era. 

Gabrielle _ E aí?

Carol _ E aí, eu acho que o Matheus está certo. O carro já era!

Gabrielle _ E o que faremos?

Carol _ Não temos outra opção se não for andar e achar uma fazenda para pedir ajuda. Estamos no meio do nada, se ficarmos parados na estrada podemos ser pegos.

Gabrielle _ Então vamos tirar tudo do carro. 

Carol _ Não iremos mais precisar do equipamento de escalada, podemos usar só uma parte para carregar a Isa. O resto fica para não carregarmos peso desnecessário. 

Gabrielle _ Vamos levar a barraca?

Carol _ Melhor levarmos, não sabemos se teremos abrigo para a noite.

Dividimos as coisas e saimos caminhando longe da estrada para não sermos vistos. Caminhamos até o anoitecer e montamos a barraca, acendemos a fogueira e comemos  o resto das provisões que ainda tínhamos. 

Carol _ Amanhã precisamos encontrar comida e abrigo em alguma fazenda. 

Gabrielle _ Eu acho que não podemos pedir ajuda. E se nos entregarem para a polícia? E se tiver algum homem mal intencionado e fizer algo com a gente?

Carol _ Amanhã decidiremos o que fazer. Agora vamos dormir.

 Era madrugada ainda quando começa a maior tempestade. Entra água por todos os lados e Isabela, que tinha medo de trovões, acorda chorando. 

Carol _ Calma meu amor, eu estou aqui, e só barulho! Não machuca!

Gabrielle _ Está piorando é melhor procurar abrigo. 

Carol _ Aqui estamos mais seguros do que lá fora! 

 Nem bem acabei de falar, e a barraca saiu voando, assustando todos os quatro. 

Carol _ Vamos! Deixem tudo aí. 

Matheus _ Para onde vamos?

Carol _ Olhem para lá tem luz.

Gabrielle _ Então vamos!

Nós três corremos, eu com a Isa no colo, e vamos  em direção à luz, depois de uns trinta minutos correndo na chuva. Conseguimos chegar em uma fazenda e pular a cerca.

Matheus _ Olhem a casa e para lá. 

Gabrielle _ Não! Melhor o celeiro. Daquele lado.

Carol _ Vamos para o celeiro então. 

Nós corremos e nos  abrigamos da chuva. Fui até os fundos do lugar e achei uma baia vazia.

Carol _ Venham aqui está seco e quente.

Todos se ajeitam para dormir. Isa e Matheus dormem rapidamente, e Carol e Gaby ficam conversando.

Carol _ Só espero que ninguém fique doente por estarmos molhados.

Gabrielle _ Acho melhor sairmos amanhã cedo, sem que ninguém nos veja.

Carol _ Tem razão, eles podem chamar a polícia e seremos levados de volta.

Gabrielle _ Eu vou tentar dormir, você deveria também.

Carol _ Vou dar uma sondada por aí e já volto.

Gabrielle _ Toma cuidado!

Me levanto e saio, ao passar por uma baia, ouvi um barulho e abri a porta. Encontrei uma égua parindo e parece que ela está com problemas. 

Cap.3 A INVASÃO

Jake Cryngton 

Mamãe por favor não vá embora. Fica eu ajudo a cuidar do Jason. 

Não, eu não quero ficar. Eu não nasci para ser mãe. Já aturei demais tudo isso!

Jake,vai deitar filho, deixa que eu converso com a sua mãe, está bem?

Não papai, não deixe ela ir. 

Morgana, porque está fazendo isso?

Por que eu não aguento mais! Me casei com você porque você era rico e eu queria muito ter uma vida boa.

E não é isso o que você tem? Tem tudo o que o dinheiro pode comprar, uma casa enorme, joias, carros, um marido que te ama, e principalmente dois filhos lindos que te adoram!

Eu fico trancada nessa fazenda, eu quero sair conhecer o mundo, o que adianta ter o guarda roupa cheio de roupas se ninguém pode me ver? O que adianta todo esse dinheiro se eu não saio para gastar? Eu estou cheia! Estou farta de ser mãe! Não nasci para isso! Odeio você e essas crianças! 

Eu fico em pé de pijamas perto da escada com o meu urso de pelúcia na mão, chorando, enquanto ela pega as malas e sai batendo o salto no piso da sala. Meu pai se vira e me olha, também chorando.

Me perdoe filho eu não consegui fazer ela ficar. 

Acordo todo suado, lembrando que sonhei com aquela mulher de novo. Eu tinha seis anos quando eu acordei para ver porque o meu irmãozinho de apenas dois meses, estava chorando tanto e ninguém ia lá cuidar dele. E encontrei a minha mãe de malas prontas para sair de casa. Me lembro da dor de ouvir ela dizer que nos odiava, que não queria ser mãe. A única coisa que aquela mulher se importava era com dinheiro.

Jake _ Depois de tanto tempo, porque sonhei com aquela mulher?

Lembro-me muito bem o quanto o meu pai sofreu, por amar uma mulher que só se preocupava consigo mesma. 

Uma certeza eu tenho nessa vida. Jamais vou me apaixonar, muito menos me casar. As mulheres não passam de falsas e interesseiras. Já namorei algumas mulheres por aí e a maioria só estava realmente interessada no quanto eu tenho no banco. 

A fazenda é o meu lar e daqui não saio. Amo essas terras, os animais, o ar puro e acima de tudo, amo meu pai e meu irmão. E não quero saber de casamento, meu irmão que dê continuidade ao nome da família. 

Jake _ Já vi que perdi o sono mesmo. Vou aproveitar e dar uma olhada na minha égua preferida, minha campeã.

Visto meu jeans e uma camiseta e desço as escadas, saio pela porta dos fundos, calço as minhas botas, indo até o celeiro.

Ouço uma voz doce, como de um anjo, falando palavras de amor para alguém. Que coisa. Alguém está namorando no celeiro. 

Vou bem devagar para dar um susto nos amantes que eles vão aprender que no meu celeiro não é lugar de namorar.

Chego de mansinho e dou de cara com uma mulher acariciando e falando docemente com a minha égua. 

Jake _ Quem é você ? E o que está fazendo com a  minha égua?

Ela se vira para mim e vejo o quanto é linda. 

Carol _ Ela vai parir e o potro está atravessado, ela vai precisar de ajuda. 

Jake _ Oi querida, não se preocupe, vamos ajudar você. 

Carol _ Coloque ela no seu colo e tente mantê-la deitada e calma, eu vou ajudar no parto. 

Jake _ E quem é você? É veterinária?

Ela fica quieta e coloca o seu braço dentro água tentando virar potro. Sua testa está suando, mas ela não desiste e continua o trabalho ao mesmo tempo que fala com a égua palavras doces.

Carol _ Vamos, meu amor não tenha medo. Logo estará com o seu bebê, juntinho com você. Qual o nome dela?

Jake _ Sherazade. 

Carol _ Que nome lindo você tem! É uma verdadeira princesa árabe. E o seu príncipe está vindo, querida. 

Enquanto ela fala com a égua eu fico hipnotizado com aquela voz meiga e doce falando com amor com um animal que ela acabou de conhecer. 

Jake _ Você não me disse quem é e porque está no meu celeiro. 

Minha égua relincha de dor, e eu tento acalmá-la, enquanto a mulher lida com o parto. 

Carol _ Oh meu Deus! Acho que temos um problema dos grandes aqui, ou uma benção das grandes. 

Jake _ O que foi?

Carol _ Estou sentindo dois potros.

Jake _ Isso é impossível!

Carol _ Eu sei! Mas não é impossível! É extremamente raro, mas acontece. 

Jake _ Você tem certeza disso?

Carol _ Isso ou ele tem seis pernas!

Jake _ Isso não é perigoso?

Carol _ Sim é! Mas daremos um jeito! Não se preocupe. 

Jake _ Você já fez algo assim antes?

Carol _ Não! Já ajudei em partos de muitos animais, mas nunca gêmeos de égua, isso é muito raro pois os potros são grandes, geralmente é preciso sacrificar um dos embriões. O seu veterinário não notou?

Jake _ Não, na verdade ele está muito idoso teremos que contratar outro logo, mas ele não quer desistir de trabalhar. 

Carol _ Talvez ele só precise de uma assistente, para dar conta do trabalho. 

Jake _ Talvez. 

Carol _ Droga! Estou sem nenhum instrumento aqui. Vou tentar manualmente para que nenhum dos três sejam afetados. 

Jake _ Você acha que consegue?

Carol _ Vamos conseguir não é garota?

 A segurança dela é impressionante. Ela é tão nova, não sei nem se tem idade para já ter cursado veterinária, mas esbanja segurança e firmeza. Parece que já fez isso tantas vezes

E a voz dela é tão doce, tão envolvente que não só a égua está mais calma, como eu também. 

Carol _ O primeiro já está saindo, vamos, meu bem, vem com a mamãe. 

O primeiro sai e ela acaricia seu pelo coberto de sangue e deixa que a égua o limpe.

Carol _ Você tem iodo?

Jake _ Sim, vou pegar 

Carol _ Espere! Segure-a novamente o outro vem aí, depois cuidamos dos cordões umbilicais.

Ela consegue ajudar o outro potro a nascer. 

Jake _ Tinha razão! São gêmeos! Eu nunca tinha visto isso!

Carol _ Eu também não! Você pode pegar o iodo agora?

Eu pego o iodo que estava perto e volto passo para ela que usa no cordão. 

Carol _ Ela não expulsou a placenta ainda.

Jake _ E isso é ruim?

Carol _ Muito. Ela pode até morrer! Eu vou tirar manualmente. Vamos fazer com que se levante, talvez saia. 

Ajudamos a égua a ficar em pé e a placenta não saí.

Carol _ Vou ajudar.

Ela se ajoelha e enfia a mão, de repente a placenta saiu e a sujou toda, até a cara dela ficou suja, me preparei para uma explosão de raiva por ter se sujado, mas o que aconteceu me deixou de boca aberta.   

Ela gargalhou. E foi um som tão incrível, que só fiquei olhando. 

Carol _ Tomei um banho, mas valeu a pena, ela está bem agora. 

Jake _ Venha para casa, você precisa tomar um banho. 

Carol _ Não tem um chuveiro por aqui? Eu estou muito suja para entrar na casa.

Jake _ Não tem problema! Vamos. 

Carol _ Está bem.

A levo até em casa entrando pela porta dos fundos, subo com ela diretamente para o meu quarto. 

Jake _ Aqui é o banheiro pode ficar à vontade

Carol _ Obrigada. 

Ela entra no banheiro e fecha a porta, eu fico pensando porque trouxe ela para o meu quarto e não para algum banheiro da parte de baixo? Vou procurar alguma coisa para ela vestir, como aqui não tem roupa de mulher vai ter que se contentar com uma camisa minha. De onde será que veio? A essa hora da madrugada se tivesse vindo de carro, eu teria ouvido o barulho. 

Ela salvou a minha égua, é verdade, mas pode ser alguma ladra ou sei lá. Assim que sair do banho, vou interrogá-la. 

Jake Cryngton 27 anos

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