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Renasci Em Um Jogo De Conquista

Capítulo 1.

— Aff! — Um suspiro melancólico escapou dos lábios da menina, seus olhos vagavam pela paisagem além da janela da sala de aula.

"—Que aula entediante! — murmurou ela suavemente. — Mal posso esperar para voltar para casa e mergulhar nos meus romances. Hoje é a parte em que Clarice dá um pé na bunda daquele bastardo!".

— Lana Montes! — chamou a professora, interrompendo os devaneios da menina que estava perdida em seus próprios pensamentos e não ouviu o chamado.

— Senhorita Montes! — a mulher de meia-idade, com um clássico coque no cabelo e óculos estilo gatinho, bateu na mesa com um estrondo que fez Lana saltar de susto.

A menina endireitou-se na cadeira, abriu seu caderno e o livro sobre a mesa, ambos imaculadamente organizados. Em seguida, virou-se para um colega de classe, fazendo um discreto sinal e sussurrando:

— Qual a página?

Mas antes que ele pudesse responder, a professora interrompeu com sua voz estridente e irritada:

— Posso saber em que estava pensando tão profundamente que não sabe nem em que página do livro estamos? — questionou a professora com uma ponta de impaciência em sua voz.

— A senhora até pode, mas não vai gostar da resposta! — respondeu Lana com sinceridade, sua voz carregada de determinação.

— Como é que é? Responda minha pergunta, diga para toda a sala ouvir o que passa por essa bela cabecinha oca! — a professora desafiou, enquanto os olhares dos colegas se voltavam para Lana, aguardando sua resposta.

A menina soltou um longo suspiro resignado, consciente de que seria mais uma vez enviada para a direção da escola, como já era de costume.

Lana respondeu já se levantando rumo à diretoria:

— Que sua aula é chata! — provocou, enquanto um sorriso travesso brincava em seus lábios. A sala inteira sorriu, enquanto a professora ficava furiosa.

— Já para a diretoria! — ordenou a mulher, fula da vida, com sua voz carregada de indignação.

Enquanto Lana seguia pelo corredor em direção à diretoria, um encontro inesperado iluminou seu caminho: Jane, uma das suas queridas amigas de leitura.

Embora não compartilhassem a mesma sala de aula, o vínculo entre elas era profundo, especialmente em relação aos seus gostos literários. O primeiro encontro entre as duas garotas aconteceu em evento que acontecia anualmente em toda cidade chamado: Salão do Livro, uma tradição que enchia a cidade de encanto e histórias.

No início, o encontro entre elas não foi tão harmonioso. Um conflito surgiu quando, sem querer, ambas agarraram o último exemplar de um romance que estava causando furor na época. Uma disputa acalorada irrompeu entre as duas meninas, que acabaram brigando e se estapeando para determinar quem ficaria com o tão cobiçado livro. O incidente chamou a atenção dos seguranças do evento, que as escoltaram até a sala de segurança e as baniram do local por dois anos consecutivos.

A surpresa foi imensa quando se encontraram no dia seguinte na escola. Jane prontamente se desculpou por sua imaturidade, enquanto Lana, com um sorriso travesso nos lábios, respondeu: "Foi uma batalha épica por um livro sagrado!"

Jane não pôde conter o riso diante das expressões e gestos divertidos de Lana. A partir desse dia, as duas meninas tornaram-se amigas inseparáveis, compartilhando não apenas volumes de romances, mas também momentos de cumplicidade e aventuras literárias.

— Você foi expulsa da sala de novo? — Jane perguntou, sorrindo.

— Liberdade é o meu nome do meio, minha jovem dama! Sou um espírito livre que não pode ser contido em um único lugar, eu pertenço ao mundo! — Lana respondeu, fazendo uma pose cavalheiresca que arrancou risadas de Jane.

— Hahaha! Só você mesmo! Mas me diga, o que foi dessa vez? — perguntou Jane, entre risos.

— Aaahh! Eu estava pensando no romance que li mais cedo! — explicou Lana, com um suspiro dramático, enquanto as duas compartilhavam mais uma risada cúmplice.

— Você precisa tentar se concentrar enquanto estamos na escola, precisamos pensar no futuro, Lana! — Jane chamou a atenção da amiga, com um tom de seriedade.

— Aquela velha bruxa, ela não sabe dar aulas de feitiços! — Lana retrucou, referindo-se à aula de Biologia e Química com um toque de humor.

— Shiii! Fala baixo, se descobrirem que você renomeia as matérias desse jeito vão te dar uma advertência!— aconselhou Jane, com um olhar preocupado.

— Nessa escola, só você fala comigo. Todo mundo me acha estranha! — respondeu Lana, dando de ombros. — Mas e você, o que faz fora da sala?

— Agora sou a líder de turma e preciso ir a biblioteca pegar alguns livros pro professor!

— Ui, toda importante ela! Hahaha! — Lana brincou com a amiga que sorriu com o jeito debochado de Lana.

As meninas seguiram juntas, conversando animadamente sobre seus livros preferidos, até chegarem à porta do diretor.

— Te vejo mais tarde, tenho algo para te mostrar. Você vai amar a surpresa! — Jane falou, enquanto se despedia da amiga e seguia em direção à biblioteca.

Lana estava mais uma vez parada em frente à sala do diretor, sentindo um suor frio correr por sua testa. Ela sabia o que lhe esperava lá dentro: uma sessão de advertências, seguida por olhares de pena.

A menina detestava aquela sensação. Não suportava quando as pessoas a olhavam com piedade, mesmo tendo perdido os pais cedo e sido criada pela tia, que acabou indo embora depois de roubar toda sua herança.

Lana era uma menina forte, que conseguiu se criar praticamente sozinha. Após vender quase toda a mobília valiosa da casa de seus pais, que estava em seu nome, ela estava prestes a completar 18 anos. Isso significava que logo poderia vender a casa e obter um bom dinheiro, o que lhe daria uma chance de conseguir um trabalho mais digno, longe dos bicos de garçonete e vendedora de sorvetes que sempre fazia para sobreviver.

Ela suspirou profundamente e girou a maçaneta da grande porta de madeira. Logo deparou-se com o senhor de cabelos grisalhos e óculos na ponta do nariz, sentado atrás de uma grande pilha de papéis.

Lana caminhou até a cadeira em frente à mesa e se sentou, preparando-se mentalmente para enfrentar mais uma vez as consequências de suas travessuras.

— Vejo que a senhorita gosta muito dessa sala! Quer ser a diretora? — brincou o velho, enquanto folheava alguns papéis sem se dar ao trabalho de levantar o rosto para ver quem acabara de entrar em sua sala.

— Como sabe que sou eu? — perguntou Lana, com um misto de surpresa e curiosidade na voz.

— Eu sou um elfo que viveu mil anos e agora consigo sentir a magia distinta de cada aluno desse lugar! — brincou novamente o diretor, gesticulando como se fosse realizar algum truque mágico, o que arrancou um sorriso de Lana.

Com tantas idas e vindas da menina à diretoria, o velho diretor sabia sobre o gosto peculiar de Lana por misturar o real com o fantasioso. Ele desenvolveu essa técnica para conseguir prender a atenção da garota e tornar suas visitas à diretoria um pouco mais leves e descontraídas.

— O senhor parece mais um anão do que um elfo! — Lana entrou na brincadeira, o que provocou uma gargalhada sincera do diretor.

— Agora me conta o que você fez dessa vez! — o diretor perguntou, dessa vez olhando fixamente para a garota, Indicando que a brincadeira havia chegado ao fim e era hora de discutir os assuntos sérios.

— Fui rude com a professora! — Lana respondeu honestamente.

— Ah! — o velho diretor suspirou. — E o que você disse para ela?

— Que era chata!

O diretor arregalou os olhos, surpreso com a franqueza de Lana. Apesar da incredulidade, um sorriso sincero se formou em seus lábios, admirando a sinceridade da jovem.

— Querida, dessa vez você foi longe demais, e não poderei apenas te dar uma advertência verbal. Você será suspensa por 3 dias, e...

Antes que o diretor pudesse terminar de falar, Lana levantou-se da cadeira, dando pequenos saltos de alegria.

— Serio? Se eu soubesse que era tão fácil ter um recesso da escola, teria chamado aquela bruxa de chata mais vezes! Obrigada, diretor, o senhor é um anjo! — Lana saiu da sala, batendo a porta em seguida, sem dar ao velho homem a chance de terminar de falar.

Ela estava radiante de felicidade. Há dias que queria colocar seus livros preferidos em dia, e essa era uma grande oportunidade.

Capítulo 2.

Lana exalava alegria enquanto seguia rumo ao seu lar, movendo-se com uma graciosidade desajeitada ao som envolvente de sua música favorita, tocando no último volume através de seus fones de ouvido. Brincava com os passos na calçada, quando um anúncio próximo a um mercado capturou sua atenção.

"Salgadinhos e Chocolates em Promoção!"

"O dia está cada dia melhor! — murmurou ela para si mesma, enquanto saltitava levemente, envolta em uma aura de felicidade.

A jovem adentrou o estabelecimento, que apesar de não ser vasto em dimensões, oferecia um espaço amplo o bastante para abrigar todos as suas guloseimas preferidas.

Ela encantava-se em saborear salgadinhos enquanto mergulhava nas páginas de livros e séries, tudo acompanhado a um copo generoso de refrigerante. E claro, não podiam faltar seus fiéis companheiros, os "chocolates", para acompanhar suas maratonas de novelas melancólicas.

Absorta em devaneios sobre qual livro mergulhar após descobrir o desfecho do embate entre Clarice e o vilão, Lana não percebeu a entrada furtiva de um homem encapuzado no estabelecimento, anunciando, sorrateiramente, um assalto...

Enquanto o homem "fazia o limpa" nos pertences dos poucos clientes presentes, Lana permanecia imersa em seu próprio universo, concentrada na difícil escolha entre as diversas marcas de chocolate que se apresentavam diante dela.

— Passa a bolsa! — vociferou o assaltante para Lana, porém suas palavras foram abafadas pela música alta que ecoava em seus fones de ouvido.

— Você não está me ouvindo, garota? Passa a bolsa! — repetiu o assaltante, agora visivelmente tenso e irritado.

Uma vez mais, Lana permaneceu alheia às demandas do assaltante. O homem, prestes a pressionar a arma contra as costelas da garota, ficou atônito quando ela começou a se mover ao ritmo da música, e cantarolando sua canção favorita como se estivesse em uma discoteca dos anos 2000.

"Mas que diabos é isso?" — pensou o homem, perplexo, observando a garota contorcer-se como uma minhoca no asfalto quente, em uma tentativa frustrada do que ela própria chamaria de "dança"!

— Hey, tá maluca? Tira esse fo...— o assaltante gritou, puxando o fone de ouvido de Lana.

Instintivamente, ela virou-se e sem querer desferiu uma cotovelada no rosto do assaltante, nocauteando-o instantaneamente.

Todos os presentes no local aplaudiram a atitude corajosa da moça, sem saber que não fora algo planejado. Os proprietários da loja chamaram a polícia, que chegou prontamente ao local e encontraram o assaltante ainda inconsciente no chão.

Lana estava assustada. Após nocauteá-lo, ela tomou consciência da gravidade da situação. Seu corpo tremia pelo perigo que acabara de enfrentar. Por sorte, o assaltante não havia atirado nela.

Os donos do mercado, habituados a serem vítimas frequentes do mesmo bandido, expressaram profunda gratidão pela ajuda providencial de Lana. Em reconhecimento, ofereceram-lhe um mês inteiro de guloseimas grátis como gesto de apreço.

"Quase morri, mas um mês de guloseimas grátis? É a melhor recompensa do mundo!" — pensava consigo mesma, enquanto ouvia os policiais discorrerem sobre os perigos de reagir a um assalto.

Por fora, Lana parecia séria e concentrada no que o oficial estava dizendo, mas por dentro, ela cantarolava alegremente:

"Yupe! Quem é a menina de sorte? Eu sou a menina de sorte! Uhum, uhum, eu sou a menina de sorte!"

— Você já pode ir, mas lembre-se do que falamos! — disse o policial, liberando Lana para que pudesse voltar para casa.

Sem ter ouvido uma palavra sequer do que o oficial havia dito, a garota apenas assentiu com a cabeça, fazendo um sinal de positivo. Pegou sua pequena sacola e partiu em direção à sua residência.

                        ********

—Ah, Clarice como você é boba, não percebeu que Liam estava apaixonado por você? — Lana resmungava em frustação, após ler o último capítulo de seu livro favorito.

A garota ficou ali, rolando de um lado para o outro, entregue à imaginação de como seria se fosse transportada para um mundo de fantasia. Seus olhos brilhavam intensamente ao conceber a ideia de ser uma heroína destemida ou, quem sabe, uma vilã astuta.

Ao se ver como a protagonista de uma história épica, começou a executar "golpes de artes marciais" no ar, visualizando-se enfrentando algum bandido malvado, tal como fizera na vida real. Um sorriso travesso despontou em seu rosto, revelando o quão divertido era perder-se nos confins da imaginação.

'Toc, Toc, Toc.'

Um batida na porta fez Lana despertar de seus devaneios, retornando bruscamente à realidade.

— Quem ousa bater à porta desta honorável feiticeira? Está em busca de conselhos ou simplesmente procura a morte? — proclamou Lana ao se aproximar da porta.

— É o carteiro, senhorita Montes!— respondeu o carteiro, familiarizado com o jeito peculiar de Lana. Ele já conhecia a história da garota e acreditava que suas excentricidades serviam como uma forma de autopreservação. Afinal, quem ousaria invadir a casa de uma "doida"?

— Ah, meu fiel informante, o que te traz à minha residência? —disse a garota, abrindo a porta com um sorriso amistoso.

Carlos, o carteiro, sempre ria do jeito inusitado que a garota lhe recebia. Era um ponto de alívio no seu dia cansativo e cheio de estresse.

— Jovem mestra, recebi a incumbência de lhe trazer este objeto mágico que a transportará para outro mundo! — disse Carlos, entrando no personagem e fazendo uma reverência, enquanto entregava um par de óculos de realidade virtual acompanhado de uma carta escrita por Jane.

— Ué, ela disse que viria aqui. Hmm. E por que mandou uma carta? Ela podia ter ligado! — Lana indagava para si mesma em voz alta. Depois, dirigindo-se a Carlos, ela acrescentou: — Obrigada, Carlos!

Lana se despediu do carteiro com um aceno e, ansiosa, logo abriu a carta para descobrir seu conteúdo.

...Lana,...

...Houve um imprevisto: meu avô adoeceu e precisamos viajar às pressas para vê-lo. Esta pode ser a última chance de minha mãe vê-lo com vida. Ela está muito abalada, então decidi acompanhá-la. Iremos passar uma semana fora, mas estou enviando esta carta com um presente. Há um jogo dentro dele, é um beta que a empresa do meu pai está desenvolvendo. Espero que goste e que possamos jogar juntas depois....

...Ps: Conquiste todos os gatinhos! ;)...

...Enviei a carta, para fazer mistério. Kkkkkk...

...Jane...

Lana sorriu com o conteúdo da carta, embora não gostasse muito de jogos ela se sentia querida. Muitas pessoas a sua volta acostumaram com o seu jeito "estranho" e sempre entravam em suas brincadeiras fantasiosas.

"Espero que elas fiquem bem! Jane sabe que não curto muito jogos, e o que ela quis dizer com 'conquiste todos os gatinhos?' Suspeito!" — Lana pensou enquanto subia as escada em direção ao seu quarto para ver o que sua amiga havia lhe presenteado.

Ao plugar os óculos no computador e colocá-los sobre seus olhos, Lana foi teleportada para um mundo mágico repleto de flores, um campo aberto onde não havia construções além de árvores, rios e flores.

De repente, um pequeno gato laranja apareceu flutuando diante dela.

..."Bem-vinda à minha PEQUENA GRANDE HISTÓRIA. Sou Leo, seu guia virtual. O objetivo do jogo é conquistar o coração daquele capaz de destruir este mundo e fazê-lo desistir desse mal, mostrando-lhe o amor que ele esqueceu há muito tempo!"...

"Ué, em vez de derrotar o chefão, eu tenho que conquistá-lo?" Lana pensou, enquanto se fascinava com o design gráfico daquele lugar.

..."Irei explicar o passo a passo, por favor, preste muita atenção. Este jogo de realidade virtual tem uma dificuldade no nível S, ou seja, uma vez que você morra dentro dele, terá que começar do início novamente..."...

Leo continuava a explicar, mas Lana não ouvia completamente. Ela estava encantada, como se estivesse verdadeiramente em um mundo mágico. Até a sensação do vento passando por seus cabelos era real.

Capítulo 3

Lana estava envolta em encanto, seus passos ágeis dançavam pelo cenário deslumbrante.

"Ah, que maravilha! Preciso enviar uma carta de parabéns ao pai da Jane, este lugar é simplesmente incrível!" — Lana murmurava consigo mesma, imersa na beleza que a cercava.

..."Por favor escolha que tipo de heroína você irá ser:...

A voz de Leo ecoou evocando uma barra de opções diante de Lana.

— Ah, realmente. Ainda não defini nenhuma característica para o meu personagem. Vamos explorar as opções disponíveis... — refletia ela, contemplando a janela de escolhas flutuantes.

...Escolha a característica que melhor se alinha com sua essência:...

...□ Radiante;...

...□ Melancólica;...

...□ Cativante;...

...□ Contemplativa;...

...□ Ansiosa;...

...□ Serena;...

...□ Terna;...

...□ Apaixonada;...

...□ Divertida;...

...□ Soberana;...

...□ Perspicaz;...

...□ Impulsiva;...

...□ Confiável;...

...□ Afetuosa;...

...□ Leal....

— Oh, não era para escolher as características do personagem? — Lana parecia confusa diante das opções.

"Será que posso selecionar todas?" — ela ponderou enquanto marcava todas as opções e percebia que era viável..

"Este jogo está com problemas! Mesmo sendo a versão Beta, um defeito como esse logo no início não é aceitável."

...Você tem certeza da sua escolha...

...e deseja prosseguir?...

...■ Sim...

Após fazer sua escolha, uma aura começou a envolver todo o corpo de Lana, subitamente privando-a de sua visão por um breve momento.

Lana piscou repetidas vezes até que sua visão retornasse ao normal. De repente, ela sentiu-se diminuída, olhando ao redor e percebendo as árvores pareciam muito maiores do que antes.

"Ou eu encolhi, ou tudo à minha volta cresceu?" — ela refletiu enquanto tentava mover-se.

"Por que não consigo sair do lugar? Minhas pernas estão presas?" — questionou-se, perplexa, ao perceber que não conseguia se mover.

Olhando para baixo, Lana percebeu que não possuía pernas; em vez disso, seu corpo assumia a forma de uma planta. Seu pequeno corpo se resumia ao caule que se estendia como suas pernas, duas folhas amplas, agora parecendo seus braços e mãos, e a parte superior da planta, representando sua cabeça.

— Que diabos de jogo é esse, afinal? Eu virei uma planta? Isso é absurdo! — ela resmungou, amaldiçoando o jogo com todas as suas forças.

— Oi, Leo! Leo! Apareça, seu gato danado! — Lana chamava pelo guia virtual, mas sem obter resposta alguma.

— Que inferno! Como eu saio daqui? Como jogo esse jogo? Eu deveria estar conquistando heróis, não é? Como faço isso sendo uma planta? — Lana questionava a si mesma, sem perceber que as coisas ao seu redor haviam mudado. Embora ainda estivesse em um campo aberto, agora havia inúmeras plantas desprovidas de cores e vida.

Alguns minutos se passaram e Lana continuava incapaz de se mover ou desconectar-se do jogo.

— Se em algum momento causei mal a alguém, estou pagando o preço agora! — ela murmurou consigo mesma, resignada diante da situação.

— Como uma alma tão pequena pode ter causado dano a alguém? — uma voz masculina grave ecoou pelas costas da garota.

Lana tentou virar-se, mas era impossível para ela, sua condição de planta a mantinha imóvel.

— Seja homem e apareça, se não quiser morrer! — apesar das circunstâncias desfavoráveis, Lana esbravejou com coragem. Ela não temia; afinal, o que poderia acontecer? No máximo, ela morreria dentro do jogo e o reiniciaria, e isso era exatamente o que ela queria.

— Hahahaha! Que engraçadinha, você não se parece com ela. Mas fala como se fosse minha! — o homem disse mais uma vez, enquanto se aproximava da pequena Lana em forma de planta.

" Uau! Que lindo! Aceito ser sua! Mas pera aí, sua o quê?" — Lana perguntou a si mesma admirada, ao ver o belo homem em sua frente.

O homem abaixou-se, ficando de cócoras e aproximando seu rosto do de Lana. Nesse momento, a menina pôde observar com ainda mais clareza o rosto bem desenhado daquele homem.

Seus cabelos curtos e azul-escuros, quase negros, destacavam-se, assim como seus olhos vermelhos e a pele bronzeada que despertava inveja. No entanto, havia algumas marcas negras em seu rosto e corpo.

Lana estava tão fascinada, era como se aquela pessoa diante dela exercesse um ímã irresistível sobre ela. Impulsionada por um impulso inexplicável, a menina estendeu seu braço, agora em forma de folha, e tocou a marca no rosto do homem.

Nesse momento, uma pequena luz brilhou e a marca foi absorvida por Lana, que se assustou ao sentir o sabor de chocolate em sua "boca"!

"Que experiência deliciosa, jamais imaginei que seria possível sentir sabores em jogos!" — ela refletia, enquanto os olhos do homem se dilatavam em surpresa.

— O que você fez? — ele perguntou perplexo, ao perceber que uma de suas marcas havia desaparecido.

— Acredito que isso se chame fotossíntese! — exclamou Lana com um sorriso radiante no rosto.

Surpreso, o homem indagou novamente à menina:

— Consegue fazer de novo?

— Não sei, me dê sua mão!

Sem hesitar, o homem estendeu a mão, onde havia várias marcas. Lana tocou com sua folhagem nas marcas, e elas desapareceram novamente, envoltas pela pequena luz que emanava. A menina pôde sentir dessa vez, os sabores de diversas de suas guloseimas preferidas, um misto de sabores que era verdadeiramente encantador

Ainda tomado pela perplexidade do que acabara de presenciar, o homem sorriu com uma beleza tão radiante que parecia emanar a calorosa luz do sol ao nascer.

— Já tomei minha decisão! — anunciou ele, acariciando delicadamente a pequena planta que era Lana. — Você será minha filha, e não daquele idiota do Eric.

Lana surpreendeu-se ao ouvir a palavra "filha" e questionou, sem exitar:

— Ei! Você não parece tão velho assim, como você poderia ser meu pai? E quem é Eric? E você notou que eu sou uma planta, não posso ser filha de um "humano"!

— Hahahaha! — ele riu suavemente, — Você não é uma mera planta, você é uma alma, e este lugar é o núcleo da alma de sua mãe. E eu carrego comigo mais de mil anos de história!

— Ei, vamos com calma, é muita informação de uma vez só! — Lana disse suavemente, enquanto passava sua pequena mão em forma de folha sobre a cabeça, quando um barulho súbito interrompeu sua concentração.

'RONNNCCC!'

Um murmúrio escapou de sua barriga, deixando a menina envergonhada.

"Como é possível? Estou imersa em um jogo e sinto fome, mas sou apenas uma planta. Como pode uma planta ter estômago? Meu Deus, que jogo ilógico!" — ela ponderava enquanto deslizava suas "mãos" sobre onde supostamente estaria seu estômago.

— Hahaha! — o homem riu novamente. — Você realmente parece mais minha filha do que a dele.

— Querido, quem é ele? E pode parar de dizer que eu pareço sua filha? Isso é estranho...

— Não importa quem ele seja, você já concordou em ser minha filha, então temos um contrato.

— Quando eu concordei? Que tipo de... — Lana falava irritada, mas foi interrompida pelo sabor de chocolate em sua boca mais uma vez e a sensação de fome diminuído.

— Ei, quem lhe deu autorização para isso? — ela resmungou, ao perceber que o homem havia tocado com outra de suas marcas nas pequenas folhas de Lana.

— Você estava com fome, e eu notei o seu olhar de satisfação ao realizar o que você chama de "fotossíntese!" — o homem falou, seu sorriso tão puro no rosto, que Lana não sentiu mais vontade de brigar.

— Cof, cof! — a garota pigarreou, — Tudo bem, eu permito, mas apenas porque é delicioso.

O homem sorriu, seus olhos brilhavam como se uma ideia tivesse surgido em sua mente. Ele se afastou brevemente de Lana e logo retornou, parecendo esconder algo atrás de suas costas.

— Feche os olhos, tenho uma surpresa para você!

Apesar de ter acabado de conhecer aquele homem e de ele falar sobre ser o pai da garota, Lana não percebia más intenções nele. Com confiança, fechou os olhos e estendeu as mãos, como se estivesse prestes a receber um presente.

O homem então posicionou o presente diante de Lana, mas antes de toca-lo, ela abriu os olhos, não aguentando a curiosidade.

Seu mundo escureceu e Lana mal podia acreditar no que via: diante dela, o homem segurava uma fruta de aparência tão duvidosa quanto aquele jogo em que estava.

— Tá maluco? Não vou comer uma fruta podre!

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