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Clara

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🔞 NÃO INDICADO PARA MENORES DE 18 🔞

O livro CLARA, diferente do Livro Lizzie que vocês também podem encontrar na biblioteca do autor, narra a versão do casal dando ênfase também, no dia a dia do personagem masculino, vai ser uma estória mais densa, mas não menos envolvente. Vai ser minha primeira vez escrevendo assim, espero que gostem. <3

Ah e se gostam e querem mais atualizações, comentem, curtam e presenteiem os autores dentro da plataforma. Peço paciência, os capítulos serão postados sempre que possível, uma dica pra conter a ansiedade, é ler algum livro meu já finalizado enquanto os em andamento atualizam. Não peço contribuição por fora do aplicativo. Qualquer tentativa de arrecadação de dinheiro em meu nome é golpe.

Escrevo por amor, leiam com amor. <3

MarielB

-

(Clara)

TOC.. TOC..

_ Mãe tá em casa?

TOC.. TOC..

_ Oi Filha, um segundo, vou abrir.

_ Esqueci a chave de novo, desculpa. Benção?

_ Vem entra, não se preocupa com pouca coisa, deve ser o cansaço de todos os trabalhos minha filha. Deus te abençoe.

_ Como está Eva?

_ Agora já está dormindo.

Entro direto no quarto da minha irmã, beijo sua testa, ela remexe um pouco e continua dormindo. Minha mãe teve que largar as faxinas para ficar com ela em casa por tempo integral, quando ela completou cinco anos descobrimos comorbidades no coraçãozinho dela e desde então ela precisa de cuidados especiais, como não temos condições financeiras pra cirurgia de emergência, minha mãe cuida enquanto a cirurgia não sai pelo governo. A fila é imensa de espera, mas temos fé que logo chegará nossa hora.

_ Dona Sueli, Dona Sueli. Está se alimentando, Dona Sueli? Olha essa blusa folgando nos braços, e o short? É já que precisa de um cinto. Não faz isso mãe, precisamos da senhora forte. A cirurgia da Eva vai sair, logo estaremos melhor de vida, com ela feliz e correndo como antes, vai ver.

_ Eu sei minha filha, mas não sinto fome, vê você saindo de casa cinco da manhã e chegando meia noite todo dia sem poder fazer nada pra ajudar, sua irmã adoecida, meu coração de mãe fica dilacerado, minhas filhas precisando de mim e eu não podendo fazer nada.

_ Mãe, senhora nos deu a vida, cuidou e cuida de nós duas com tanto amor, não fala isso. O que teria sido da minha vida se não tivesse me achado aquele dia na porta da paróquia? Me dado tanto cuidado como se tivesse me gestado. E a Eva então? Senhora é perfeita, vem cá me abraça. Para de neura Dona Sueli.

Devo minha vida a esta mulher, desde que minha mãe biológica me abandonou ainda bebê numa caixa de papelão, é ela quem me dá vida, cuidado, colo. Mesmo não tendo condições financeiras, me acolheu, me amou. Ela e Eva são minha vida inteirinha, faço tudo pelo sorriso das duas. Eu to cansada, mas cada pingo de suor nas faxinas são de agradecimento pelo que ela fez por mim e farei muito mais.

_ Filha, Berenice te ligou hoje a tarde. Liga pra ela antes de sair pra trabalhar amanhã. To indo deitar já, não demora pra descansar melhor.

_ Tá, mas saio muito cedo, ela acorda tarde, passo lá na venda na hora do almoço e falo com ela.

Berê, Berê!

A amiga mais doidinha que alguém poderia ter, topa tudo, as vezes sai comigo pra fazer até faxina quando o pai dela da folga lá na venda. Seu Carmo é um figurão aqui do bairro. Muito simpático e sempre de bom humor, falando alto e contando histórias. Apesar de humildes não passam dificuldades, a mãe de Berê é outra peça rara conhecida por aqui, anda com os brincos enormes e braceletes amarelos que ela jura ser ouro puro que ganhou de casamento, mas todo mundo sabe que ela compra na feirinha das irmãs aos sábados, no estacionamento da paróquia Santa Maria do Mar. Aqui de casa quase sempre escuto os gritos dela procurando pelo filho mais novo, Josefino que vive na rua com a molecada da região.

TOC TOC TOC..

_ Meu Deus, essa hora.. quem pode ser.

_ Quem é? _ Falo cochichando me aproximando da porta. Mãe já deitou.

_ Sou eu. Abre que tá frio. _ Berê cochicha do lado de fora.

_ Amiga que que houve? Tá tarde.

_ Amiga quero morar aqui. Cansei da loucura da minha casa.

_ Tá maluca Berê? Só se dormir no sofá, só temos um quarto pra três já.

_ To brincando amiga, mas não aguento mais todo dia uma gritaria naquela casa. Como você está? Liguei hoje a tarde, mas tu tá trabalhando mais que a dentadura que meu pai usa a trinta e oito anos.

_ kakakakkakakaaakak. Ai Berê, você é ótima. Dorme aqui, vou pegar travesseiro e cobertor, mas só cabe no sofá.

_ Melhor que lá em casa em cama macia de algodão egípcio que a Dona Herminia jura que ganhou do primo distante, ela só esquece que eu fui com ela na feirinha do rolo comprar quando era criança. Amanhã vou com você nas faxinas te ajudar, você tá com cara de cansada á dias, me acorda tá ?

_ Obrigada Berê. Boa noite.

04:30

_ Berê.. Berê.. acorda .. não posso atrasar.

_ O que ? Quem ?

_ Berê sou eu, Clara. Vamos pra Faxina. Anda, fiz pão com ovo na cozinha.

Acordar Berenice não é uma tarefa muito fácil. Nunca foi. Ela tem sono pra dar e vender.

Saímos cedo e o frio tá começando dar sinais, o que significa que logo logo tudo começa subir de preço no supermercado. Se não fosse a Berê me ajudando não sei se daria conta de tanta faxina, ontem mesmo minhas costas estavam me matando e ainda é quarta-feira. Se eu ao menos trabalhasse e desse pra pagar todas as contas, tem mês que eu vejo as mais importantes e pago, se não, pode faltar para os remédios da Eva.

_ Berê seu pai sabe que não vai abrir a venda?

_ Quando ele vê que não estou em casa, ele abre. Deixa pra lá, eles se resolvem.

_ Você é doidinha né Berê?

_ Se eu não sair de casa logo vou ficar de vez e sem reversão. Você vai cuidar de mim?

_ Ah não, já cuido da Eva e da mamãe, se vira. Não fique doida por favor.

_ hahhahaha eu sei que cuida sim.

_ Tá eu cuidaria mesmo, mas por favor não fique.

-

(Hector)

Toc toc toc ..

Mas que merda. Quem poderá ser essa hora. Quantas vezes avisei que pela manhã eu odeio ser incomodado. Né possível uma coisa dessa.

Toc .. toc .. A porta se abre.

_ Senhor Hector desculpa incomodar, eu …

_ Seja direto, não tenho todo tempo do mundo.

_ A .. A..

_ “ A” O que Júlio? Fala logo.

_ Aquela mulher está na portaria senhor.

_ Não deixe entrar, usem a força, chame mais segurança se ela insistir.

_ Tudo bem Senhor. Ordenarei na portaria. Com licença.

Júlio sai e deixa a porta do meu escritório entre aberta, o que inevitavelmente faz com que eu escute os sussurros dos empregados. Moro nesta mansão a dez anos apenas, eles mal sabem o que essa mulher que diz ser minha mãe é capaz, por isso me pintam como monstro. E eu não me importo, no fundo eu sou mesmo, e sem um pingo de remorso por isso.

Escuto um barulho forte e largo meus papéis na mesa, é Brian entrando sem bater.

_ Mano que isso ? Chega, você vai conversar comigo sobre isso agora. Até quando essa palhaçada? Ela é sua mãe cara. Nunca te questionei sobre isso mas hoje está beirando humilhação, ela tá lá fora a mais de hora na chuva bicho.

_ Brian, enquanto eu tiver vida, essa mulher não falará comigo. E só vou te deixar sair vivo dessa sala falando comigo desse jeito, porque é meu irmão. Segura tua onda. Essa interesseira não tocará em um centavo do meu dinheiro. Esse inferno aí na porta da mansão começou depois que a mídia me descobriu como a cabeça do nossos negócios. Acha que é saudade de mãe? Ela é uma vigarista como toda mulher que conheço. Ela quer parte do conglomerado que construímos. Começou a vir aqui porque descobriu que tenho o que ela quer.

E quer saber ? Sai daqui Brian, já falei pra não entrar sem bater, não já?

Me deixa sozinho, vocês me irritaram pela manhã. Sai.

_ Você vai morrer sozinho se continuar desse jeito, irmão.

Escuto ele bater a porta forte novamente. Brian cresceu comigo na rua, é como se fosse um irmão de sangue mas tem hora que me tira do sério. Nunca deixei ele nem ninguém saber do meu passado, nunca toquei no nome desse fantasma e agora ela vem a minha porta quase todo dia. Era só o que me faltava.

Busco o telefone na minha mesa e aperto chamando no rádio do motorista.

_ Prepara meu carro que vou pra empresa nele hoje, você está dispensado.

Decido ir logo trabalhar, matar essas reuniões da tarde e sair a noite, descontar minha raiva no wiskey e em mulheres do meu clube privativo. Gosto de puta porque não são hipocritas, querem só meu dinheiro e não te mentem quanto a isso, muito menos me enchem o saco. Coloco muito dinheiro pra essa casa funcionar, então ali posso ir tranquilo, todas as meninas são examinadas e vacinadas a pedido meu, e obrigadas a trabalhar usando camisinha, se alguma desobedece paga multa milionária. Se alguma engravida ali dentro tem que devolver todo dinheiro que já conseguiram lá. E não é pouca grana não, elas ganham muito bem pra fazer o que fazem. É o melhor clube privativo de Madri, só frequenta milionário, então nossos contratos são muito bem redigidos pra não dar dor de cabeça depois.

Pego minha carteira e saio do escritório.

_ Brian .. ôh Briannn. Ta onde ? Vou pro clube hoje, não me procurem no telefone, não vou atender.

_ Hector, espera, para com isso cara. Fica em casa hoje. Vamos atirar mais tarde na fazenda. Esfriar cabeça.

_ Porque não vamos juntos pro clube Brian? Vê se arruma uma mulher lá pra se distrair e parar de cuidar da minha vida. Come alguém e para de me encher o saco. Você me irritou demais hoje.

_ Eu ? Tchau Hector. Some. Só não me liga quando tiver doidão por aí com problema.

(Brian)

Minha vida e de Hector desde a infância nas ruas até os dias de hoje são muito próximas, ele é meu extremo oposto e isso nunca mudou, nunca fui de briga, os moleques que tentavam me maltratar eram assustados pelo tamanho dele, e pela amargura que ele carrega no coração, ele tem uma enorme sombra nos olhos, de longe se vê. Mais jovens eu não sabia brigar e tinha peso pena, já Hector não tinha medo de nada nem de ninguém, sem ele, eu não teria sobrevivido as ruas. O admiro absurdamente por todo império que construiu, temos pouca diferença de idade mas ele sempre se comportou como muito mais velho, o que hoje em dia nem parece mais, pareço ser o irmão chato e preocupado o tempo todo, mas tenho motivos. Saímos do absoluto nada para tudo isso que vivemos hoje, ajudei em partes, mas as ideias sempre vinham dele, ele tinha sangue no olho pra vencer na vida como se quisesse provar algo pra alguém. Ele nunca tocou no assunto de sua família biológica, não gostava quando alguém perguntava e aprendi a respeitar essa discrição , o que tem sido muito difícil ultimamente porque essa mulher que tem aparecido aqui na mansão diz ser a mãe dele, tem vindo frequentemente e todas as vezes o clima fica pesado, ele se estressa, sai para noitada, viaja com mulheres que com certeza são garotas de programa lá do clube, aparece cinco dias depois como se nada tivesse acontecido. As empresas são muito bem consolidada já, tento segurar as pontas nas reuniões porque tenho cargo de confiança mas ultimamente as coisas tem saído do controle. Mas ja sei onde encontrar respostas. E eu preciso ir atrás delas pra ajudar meu irmão. Não quero perdê-lo. Nossos negócios já não são os mais fáceis de lidar, mexemos com gente da pesada, nossas empresas precisam dele bem. Queria ver ele casado e feliz, mas ele jura que mulher não serve pra nada. A dias estou relutando em ligar pra Hércule, mas de hoje não passa.

📲 Call investigador.

_ Alô Senhor Hércule, sou eu Brian, preciso que investigue a vida de uma mulher mas só tenho uma filmagem de portaria e algumas fotos, consegue algo pra mim a partir disso?

_ Claro Senhor Brian, me envia tudo no e-mail criptografado, em algumas horas retorno com alguma coisa sobre ela.

Trabalhamos com Hercule a muito tempo, ele sempre faz as investigações que precisamos com muita precisão e sigilo. Eu sei que Hector não vai gostar nada de saber que estou atrás disso, mas preciso saber o que esta acontecendo, ele vai se acabar desse jeito.

Em poucas horas recebo um dossiê quase completo da vida dela. Helenor Vandória. 59 anos, viúva. Tentou casar de novo após o falecimento do último marido o que não deu certo. 4 casamentos no currículo, sendo o primeiro com pai de Héctor que foi abandonado por ela e morreu logo em seguida de depressão, e isso tudo quando Hector era ainda uma criança. Após a morte do pai sem ter onde ir, voltou morar com a mãe. Seu então novo marido na época, Gian Rancini, viciado em jogos e drogas, espancava Héctor mesmo ele tendo tão pouca idade. Heleonor não fazia nada pelo filho, pelo contrário, o via ser abusado fisicamente e psicologicamente, e ao que tudo indica deixou o marido expulsar Héctor de casa aos 7 anos, e foi exatamente isso mesmo, porque foi quando nos conhecemos morando nas ruas de Madri, até onde lembro, iriamos fazer oito anos logo depois que ele apareceu.

Ter sido expulso talvez tenha sido o que salvou sua vida. De certo modo as coisas começam fazer sentido. A forma como Héctor se recusa falar na família, como trata as mulheres, como não confia em ninguém. Meu estômago deu uma revirada lendo isso aqui, o ódio que ele carrega tem nome e sobrenome, e é quem colocou ele no mundo. Pode parecer contraditório, mas por fora Hector parece muito mais duro do que realmente é, eu sei que tem alguma ponta de bondade ali dentro, se ele não fosse bom não teria me salvado das ruas, da fome, das drogas.

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