NovelToon NovelToon

Sob O Signo Da Revanche

Rebecca Salles

Enquanto você dirige de volta à sua cidade natal, a noite cai sobre o Rio Grande do Sul, envolvendo tudo em um manto de escuridão. A chuva martela impiedosamente o para-brisa, criando um ritmo frenético que ecoa o tumulto dentro do seu peito. Você se pega desejando que o vento pudesse dissipar a tempestade dentro de você tão rapidamente quanto varre as gotas de chuva do vidro.

Os batimentos do seu coração acompanham o som da chuva, um ritmo acelerado e descompassado, uma sinfonia de dor e desespero. Tututu... Tututu... Cada batida parece ecoar a lembrança do momento em que foi jogada no poço, como se o passado insistisse em ressurgir das profundezas escuras da sua mente.

Você se vê novamente naquele instante fatídico, revivendo cada detalhe vívido e cruel. O ar gélido corta sua pele enquanto você é empurrada para o abismo, a sensação de queda livre dominando seus sentidos. A água escura, se abre diante de você, como uma boca voraz ansiosa para engoli-la inteira.

O medo aperta seu peito enquanto você afunda na escuridão gelada, lutando contra as correntes invisíveis que tentam puxá-la para baixo. Cada parte do seu corpo clama por ar, por luz, por salvação. Mas nada vem, exceto a sensação sufocante de desamparo e dor.

O tempo parece se esticar infinitamente enquanto você luta pela superfície, suas mãos arranhando desesperadamente as paredes de pedra lisa. Cada respiração é um grito silencioso por socorro, perdido no vácuo do poço escuro e silencioso.

E então, como um raio de luz em meio à escuridão, uma mão se estende para você, rompendo a superfície da água como um anjo salvador. Você se agarra a ela com todas as suas forças, sua mente turva pela exaustão e pelo alívio.

Finalmente emergindo da escuridão, você se encontra de volta ao presente, o som da chuva e dos seus próprios batimentos cardíacos preenchendo o silêncio ao seu redor. A jornada de volta à sua cidade natal torna-se não apenas uma viagem física, mas uma jornada emocional através das profundezas da sua própria alma atormentada.

Estou de volta à minha cidade natal, mas desta vez não como Anneliese Müller, e sim como Rebeca Salles. É hora de acertar as contas, de fazer justiça por tudo o que eu e minha família sofremos nas mãos desses nomes que agora ecoam em minha mente como juras de vingança.

Maciel Tatto, Leandro Pires, Lucinda Ferreira, Elena Weber, Senhor Carlos Dantas... e, por fim, ela, Sarah Weber. Cada um deles será alvo da minha fúria, da minha determinação em fazer com que sintam na própria pele o peso das lágrimas derramadas, das noites de angústia e do sangue derramado.

Não haverá piedade. Não haverá perdão. Eles não tiveram piedade de mim, da minha família, da minha inocência destruída. Agora é a minha vez de fazê-los pagar, um por um, por cada tormento, por cada injustiça, por cada cicatriz que carrego no corpo e na alma.

Faz tanto tempo desde aqueles dias sombrios, desde que fui jogada da ponte e deixada para morrer. Mas eu não esqueci. Nunca esqueci. E agora, com a determinação de uma sobrevivente, estou de volta para cumprir o destino que me foi negado naquela fatídica noite.

Que eles se lembrem de Maria Chiquinha. Que sintam o peso do seu nome ecoando como um presságio sombrio, anunciando o fim dos seus dias de impunidade. A vingança será minha, implacável e inevitável. E eu não descansarei até que cada um deles pague pelo que fez.

Segredos de Ponta a Ponta

Você está de pé na ponte, olhando para as águas turbulentas do rio abaixo. A chuva cai forte, lavando as lembranças dolorosas do passado. Você se lembra da época em que sua mãe foi injustamente acusada, e como as pessoas da cidade viraram as costas para vocês.

Um dia, tudo piorou. Elena, movida pela maldade, obrigou sua irmã, Sarah, a expô-la na frente de todos. Você lembra do empurrão, do frio da água quando caiu da ponte. Todos pensaram que você tinha ido embora para sempre.

Mas você lutou. Nadou contra a correnteza, agarrando-se à vida com todas as suas forças. Um estranho gentil te resgatou, te deu abrigo e esperança naquela noite escura.

Agora, de pé na mesma ponte, você sente o desejo de vingança queimando dentro de você. Cada batida do seu coração é uma promessa de justiça. Com lágrimas nos olhos, você jura que não descansará até que todos que te machucaram paguem pelo que fizeram.

Depois do terrível incidente na ponte, você sente um misto de dor e amargura que se torna insuportável. As calúnias sobre sua mãe, uma mulher solteira com dois filhos sem que ninguém soubesse quem eram os pais, pesam como uma pedra em seu coração. O rumor infundado de que ela tinha casos com todos na cidade espalhou-se como fogo, mesmo sem uma pitada de verdade.

Helena, movida pela raiva e pela vingança, tramou sua queda até a ponte para humilhá-la e expô-la diante de todos. Ela usou sua irmã, Sarah, para atrair você até lá, para obrigar você confessar que sua mãe tinha o caso com pai dela. Sarah, sem saber das intenções malignas da irmã, convidou, ela não ficou para ver o desfecho trágico.

No momento crítico, um dos rapazes, movido por uma birra e uma raiva mal direcionada, empurrou você da ponte. Você caiu na escuridão da água gelada, enquanto Helena e outros tentaram salvá-la, mas foram impedidos.

Agora, com o coração pesado e a mente cheia de perguntas sem respostas, você parte em busca de um novo começo. A vingança queimar dentro de você, um fogo que não se apaga.

Mas há algo mais, uma ferida mais profunda que lateja em seu coração. Você acredita que o rapaz com quem namorava na cidade tenha cometido suicídio por causa do boato sobre sua morte. O peso dessa culpa imaginária se mistura à sua raiva e dor, alimentando sua determinação de fazer com que todos que contribuíram para sua angústia paguem pelo que fizeram.E assim, diante da ponte onde tudo começou, você se vê envolvida pelas águas turbulentas do rio, o vento sussurrando palavras de fúria em seus ouvidos. Com o coração pesado e a mente em chamas.

Molhada pela chuva, Anneliese entra no carro e segue em direção à cidadezinha de Selena. Ao chegar, ela estaciona em frente ao hotel da família Weber. Desce do carro e adentra a recepção, mas não encontra ninguém ali. Aguarda por um momento, mas ao perceber que não será atendida, é atraída por um aroma delicioso vindo da cozinha.

Curiosa, ela se encaminha para a cozinha, de onde escuta uma rádio tocando ao fundo. A voz do locutor anuncia: "Olá caros ouvintes, aqui é a rádio oficial de Selena, trazendo uma seleção especial para os corações apaixonados..."

Enquanto a música toca, Anneliese reconhece a melodia e a letra, cantada por Zezé de Camargo e Luciano. "Mentes Tão Bem". Apesar de não ser exatamente o seu estilo preferido, ela compreende a preferência dos habitantes de Selena por músicas Sertanejo.

A atmosfera do ambiente se enche de nostalgia e melancolia enquanto a música preenche o espaço da cozinha. Hanna Weber, a matriarca da família, está ocupada preparando o jantar, acompanhada por uma mulher de cabelos loiros. Anneliese observa a cena, tentando identificar se aquela é Elena ou Sarah, mas a semelhança entre elas torna a tarefa difícil.

— Desculpe, mas todos aqui precisam usar toucas ou lenços no cabelo", disse a mulher, a matriarca do local.

— Desculpe, é que passei horas na recepção e ninguém me atendeu. Resolvi verificar aqui para ver se tinha alguém, respondi. A mulher loira, que estava secando as mãos em um avental, se ofereceu para me ajudar e seguiu em direção à recepção.

— Peço desculpas pelos modos da minha mãe. Sou Sarah, ela se apresentou, estendendo a mão para mim. Seus olhos azuis-acinzentados me fizeram lembrar de Sarah , minha antiga amiga. Elena tinha olhos azuis, mas Sarah tinha azuis cinza. Sarah era aquela que eu mais odiava. Éramos melhores amigas, mas ela me levou para uma armadilha. Demorei um pouco para estender a mão para cumprimentá-la, enquanto revivia meu passado, com a música "Mentes Tão Bem" ecoando ao fundo.Finalmente, cumprimentei-a, embora seu sorriso só aumentasse minha raiva. Na verdade, eu estava repleta de ódio, determinada a machucá-la assim como ela me machucou.

— Então, você quer um quarto?,ela perguntou com simpatia.

— Sim, um quarto.

— Por quantos dias você pretende ficar?

Ela pegou uma caneta para anotar, e percebi que o computador ali era mais para decoração, já que ainda anotavam tudo manualmente.

— Por tempo indeterminado. Preciso resolver alguns assuntos por aqui, então pode demorar.

— Entendi. Vou apenas registrar o dia em que você está fazendo o check-in. O valor é de 150 reais por noite.

— Tudo bem.

— Oferecemos café da manhã, e por uma taxa diária adicional, você pode ter direito ao jantar. O almoço não é servido aqui.

— Está ótimo.

— Entendido. Você quer que a janta, já esteja incluso?" Ela tentou entender.

— Sim, por favor. Posso subir para o quarto? Estou completamente molhada.

— Ah, desculpe pela falta de educação. Pode subir. Se quiser, faço um chá para você. Não quero que minha mais nova hóspede fique resfriada.

Flashback

Rebeca, você está passando por momentos difíceis. Eu percebo que você está tentando lidar com seus sentimentos enquanto navega entre o passado e o presente. Você decide acordar cedo e sair do hotel, preferindo evitar o café da manhã lá. Você chega em uma fazenda abandonada, e ao olhar ao redor, é como se as memórias do passado ressurgissem.

Você lembra claramente da época em que trabalhou nessa fazenda, quando era mais jovem. Em um flashback vívido, vejo você começando a trabalhar, enquanto um garoto da sua idade se aproxima e começa a brincar com você, puxando seu cabelo e você corre atrás dele . Os dois caem na palha e, em um momento de inocência, ele te dá um beijo simples. Vocês ficam sem jeito, pois é o primeiro amor para ambos.

Ele expressa o desejo de namorar com você, mas você hesita, preocupada com a opinião dos outros sobre sua mãe. Ele assegura que isso não importa e propõe manter o namoro em segredo, até mesmo escondido da sua melhor amiga, Sarah, para evitar que a notícia se espalhe e prejudique o relacionamento.

Você percebe que a amizade entre você e Sarah naquela época era forte, confiando nela para manter o segredo do namoro.

Enquanto você está perdida em seus pensamentos na fazenda abandonada, um rapaz se aproxima e inicia um diálogo.

— Escuta, o que você está fazendo aqui? Dizem que essa fazenda aqui é mal-assombrada, hein? Ele comenta, com um ar de curiosidade.

Você olha para ele com um olhar curioso e, instantaneamente, reconhece quem ele é. Sabe que é um dos indivíduos que precisa se vingar. Com determinação, olha nos olhos dele e pensa para si mesma:

💭"Ah, eu não precisei ir muito longe para te encontrar."💭

Ele continua, explicando a história por trás da fama de mal-assombrada da fazenda. Conta que um jovem se suicidou ali, e seu pai, abalado, decidiu abandonar o local. Ninguém quis morar lá desde então, pois a reputação de mal-assombrada afastava os interessados, ele disse que não gostava de passar por lá pois sente medo, não de fastasma real, mas de coisas que ocorrerem na cidade no passado.

— "Sabe, o passado sempre nos assombra, né?" Você responde, refletindo. "Ele sempre fica nos rodeando, querendo de alguma maneira nos avisar que nem tudo que a gente acha que está encerrado está. Às vezes a gente tem que consertar aquilo que ficou quebrado, senão a gente nunca vai conseguir seguir em frente."

Ele balança a cabeça, compreendendo suas palavras, e você decide perguntar:

— Tem alguma coisa do passado que te assombra?

— Bom, eu acho que tem várias coisas, ele responde, com um olhar pensativo.

Você o observa, notando sua beleza e pensa para si mesma:

💭 "Nossa, ele continua bonito, ele tem um corpo escultural... Ele não se lembra de mim, mas eu não esqueço nenhum detalhe do rosto dele."💭

— Seu rosto não é estranho? Eu te conheci em algum lugar? Ele pergunta, olhando para você com curiosidade.

Você percebe que ele está tentando reconhecê-la, mas decide manter sua identidade oculta.

— Acho que você está confundindo com outra pessoa. Não, acho que não nos conhecemos.

Ele continua observando você com um olhar inquisitivo. Você se lembra de ter mudado a cor do cabelo recentemente, antes era loira e pintou de preto. Além disso, usa lentes de contato para escurecer a cor dos olhos. Seus olhos são naturalmente verdes, mas as lentes são castanho escuro, alterando completamente sua aparência. Além disso, tem um pequeno corte no rosto, resultado do acidente na água, que precisou de uma pequena cirurgia. Essas pequenas mudanças no visual foram o suficiente para alterar consideravelmente sua aparência.

Você sorri, tentando disfarçar a tensão.

— Acho que é só impressão sua. Não sou de por aqui, estou apenas de passagem.

Ele continua insistindo, e você decide brincar com a situação.

— Bom, podemos até ter nos conhecido, você diz, colocando sua mão sobre a dele. Ele fica sem jeito, pois é noivo de Elena, uma das mulheres que você mais odeia e pretende se vingar.

Enquanto ele fica desconfortável, você sorri interiormente, pensando:

💭" Bom, vou começar a minha primeira obra de arte, né? Que é, literalmente, fazer esse babaca que já foi apaixonado por mim, se apaixonar novamente, e abandonar a Helena para depois eu destruir em pedaços, quebrar o coraçãozinho dele."💭

Ele desconversa um pouco, claramente desconfortável com a situação, e muda de assunto.

— Desculpa, seu nome? Ele pergunta, tentando retomar a conversa em um tom mais casual.

Você decide manter o nome falso, respondendo: — "Rebeca Salles."

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!