...Dedico esse livro para Caio, meu mono Samira favorito. Essa história é para você!...
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Todo mundo tem seu preço. O meu, é todo o mundo.
Meu nome é Samira Nightshade, mas entre aqueles com quem trabalho, sou conhecida simplesmente como Samira. O sobrenome sombrio que carrego não é o meu original, na verdade, nem sei se nasci com um. Minha mãe estava ocupada demais me jogando em uma lata de lixo, enquanto fugia das garras do meu pai.
Depois de ser encontrada em uma sacola de lixo, alguém decidiu me levar para casa. Isso poderia parecer um gesto gentil, se não houvesse um preço. O preço? Como eu disse, todos têm o seu. O daquela pessoa era sangue.
Alex me criou debaixo de suas asas sombrias, sendo um homem com uma ganância inabalável que o levou a dever dinheiro para agiotas. E, no momento certo, ele me fez pagar o preço: uma bala bem certeira na cabeça do seu cobrador.
Desde então, fui moldada por um mundo onde a violência era a moeda de troca. E eu me tornei mestra em negociar com ela.
Alex foi meu mentor, um mestre das sombras, ensinando-me habilidades que agora são meu sustento e minha sentença. Ele me chamava de corajosa, dizia que eu tinha fogo nas veias. Mal sabia eu que ele me moldava para seu próprio benefício, sem se importar com o que aconteceria comigo.
Eu absorvi cada lição que Alex me ofereceu, alimentando meu interesse pela violência como se fosse uma chama voraz dentro de mim. A cada golpe, a cada estratégia meticulosamente planejada, eu me sentia mais viva, mais poderosa. Era como se a violência corresse em minhas veias, uma parte intrínseca do meu ser, alimentada pela escuridão que permeava minha existência desde o momento em que fui resgatada da lata de lixo.
E Alex sabia disso. Ele compreendia que seus elogios eram a gasolina para uma combustão completa dentro de mim. Cada palavra de encorajamento, cada louvor à minha coragem, só serviam para alimentar esse fogo interior, tornando-me mais determinada, mais implacável. Enquanto ele me via como uma aprendiz promissora, eu me via como uma guerreira em ascensão, pronta para desafiar não apenas os inimigos que ele designava, mas também o próprio Alex, se necessário fosse.
Pois eu sabia que, no final das contas, o verdadeiro preço do sangue sempre seria cobrado. E eu estava disposta a pagá-lo, custasse o que custasse.
Apontando a pistola para Alex, eu entendia muito bem isso. Antes, o preço dele era sangue. Hoje, o meu preço seria uma cicatriz em seu rosto.
— Escute, Samira, tudo não passa de um mau entendido! Diga ao seu chefe que não roubei nada! O dinheiro dele está comigo, aqui na bolsa. Estava guardando, para manter seguro. Vou te devolver, espere um momento. — Ele fez menção de se mover, e eu dei um último aviso.
— Mais um passo, e eu estouro seus miolos.
O suor começou a brotar em sua testa enquanto ele tentava manter a calma diante do cano da minha arma. Seus olhos, uma vez cheios de confiança e superioridade, agora mostravam um lampejo de medo e desespero. Ele sabia que eu não estava brincando.
— Samira, por favor, eu posso explicar tudo! Não precisa fazer isso! — Ele implorou, as palavras saindo em uma torrente de desespero.
Eu mantive a pistola firme, sem dar espaço para dúvidas. Minha mente estava calma, afiada como a lâmina de uma faca. Eu tinha aprendido com Alex a importância de ser impiedosa, de não hesitar quando chegasse o momento de agir. E esse momento era agora.
— Não há mais nada para explicar, Alex. Você sabe qual é o preço da traição. E agora é hora de pagar.
— Filha, minha filha querida. Samira, fui eu quem te criei, não foi? Pense nisso. Por favor, não faça nada que vá se arrepender! Seu pai sou eu. — Alex suplicou, suas palavras ecoando no espaço tenso entre nós.
Por um momento, as palavras dele me atingiram como um soco no estômago. Ele tinha razão em um ponto: ele havia sido a única figura paterna que eu conhecia, por mais distorcida que essa relação fosse. Mas suas ações recentes haviam apagado qualquer vestígio de lealdade ou afeto que eu pudesse ter sentido por ele.
Engolindo em seco, mantive a pistola firme, resistindo à tentação de baixá-la. Eu tinha que me lembrar do que ele havia feito, do dinheiro que ele tinha em suas mãos. E eu não podia permitir que sentimentos confusos nublassem meu julgamento e atrapalhasse meu trabalho.
— Você pode ter me criado, Alex, mas suas escolhas me mostraram quem você realmente é. E agora, é hora de enfrentar as consequências. — Minha voz saiu firme, mas por dentro, eu tremia com a decisão que estava prestes a tomar.
Alex olhou para mim, seus olhos suplicantes refletindo um misto de medo e desespero. Mas não havia mais espaço para hesitação. Eu sabia o que precisava ser feito.
— Agora, ande. Mostre onde está a maleta.
Alex se moveu lentamente, seus passos pesados ecoando pelo ambiente tenso enquanto eu o seguia de perto, mantendo a arma apontada para suas costas. Seu rosto estava pálido, os olhos desviando-se nervosamente enquanto ele me guiava em direção ao seu destino desconhecido.
Eu me mantive alerta, os sentidos aguçados enquanto observava cada movimento dele. Não podia me dar ao luxo de baixar a guarda, não quando estávamos tão perto de resolver esse impasse.
A maleta, carregada com o dinheiro que Alex havia roubado, era o objetivo final. E eu estava determinada a recuperá-la, custasse o que custasse.
Enquanto seguia Alex pelos corredores sombrios, eu me preparava para o que estava por vir. Não importava o que acontecesse, eu não iria vacilar. Eu estava decidida a cumprir minha missão, não importa o quê.
Finalmente, chegamos ao destino: uma sala pequena e pouco iluminada no final do corredor. Alex parou abruptamente e se virou para encarar-me, suas mãos tremendo enquanto segurava a maleta.
— Aqui está, Samira. Toma, é toda sua. Por favor, não faça nada precipitado. — Sua voz estava carregada de tensão e súplica, enquanto ele estendia a maleta na minha direção.
Encarei-o por um momento, avaliando suas palavras e suas intenções. Então, com um aceno de cabeça, eu aceitei a maleta, mantendo minha arma pronta em caso de qualquer movimento suspeito.
Após receber a maleta de Alex, eu mantive minha postura firme, enquanto ele se afastava lentamente. Observando-o de perto, percebi o tremor em suas mãos e o suor que brotava em sua testa.
— Muito bem, Alex. Você fez a escolha certa. Agora, limpe o suor da sua testa. Você fica horrível molhado. — Minha voz era calma, quase casual, enquanto eu o desafiava com um olhar penetrante.
A distração momentânea de Alex foi tudo o que eu precisava. Com um movimento rápido e preciso, saquei o canivete que mantinha escondido em meu bolso e o pressionei contra a pele dele. Um corte profundo se abriu em seu rosto, do maxilar até a bochecha, e um filete de sangue começou a escorrer, pintando o ar com um borrifo vermelho.
Alex soltou um grito abafado de dor e surpresa, sua mão voando para o ferimento enquanto recuava, chocado com a velocidade e ferocidade do meu ataque.
— Isso é um lembrete, Alex. Um lembrete de que você não pode confiar em ninguém, nem mesmo naqueles que você pensa conhecer bem.
Eu me concentrei na tela diante de mim, os últimos traços de tinta dando vida ao homem de terno preto que dominava a paisagem. Seus olhos, fixos no céu estrelado, pareciam refletir uma mistura de contemplação e mistério. Cada pincelada era cuidadosamente aplicada, buscando capturar a essência da cena que se desenrolava em minha mente.
Minha sacada oferecia uma visão privilegiada do céu noturno, estendendo-se além das plantas e da espreguiçadeira. Era um refúgio tranquilo em meio à agitação da cidade, onde eu podia me permitir um momento de paz e contemplação. Nos raros momentos de folga, encontrava conforto na companhia de um bom livro, deixando-me envolver pela serenidade da noite enquanto as páginas viravam.
O prédio que abrigava minha sacada não era extravagante, mas tampouco era humilde. Era o equilíbrio perfeito entre discrição e conforto, algo que se adequava perfeitamente à minha vida. Como assassina, era essencial passar despercebida, e esse ambiente discreto proporcionava exatamente isso. Enquanto meu trabalho me colocava no centro da violência e do caos, aqui eu encontrava uma fuga, um refúgio onde podia desfrutar dos pequenos prazeres da vida sem chamar atenção indesejada.
Não era apenas a vista que me atraía para essa sacada; era a sensação de estar um pouco mais próxima da natureza, mesmo no coração da cidade. Era como se, por alguns momentos, eu pudesse escapar das amarras da realidade e me perder na imensidão do universo. Talvez fosse isso que me impulsionava a capturar a beleza das estrelas em minhas pinturas, uma tentativa de eternizar a sensação de paz que encontrava nas noites estreladas.
Enquanto dava os últimos retoques na pintura, senti-me grata por este pequeno santuário que me oferecia um vislumbre de serenidade em um mundo tão turbulento. A vida podia ser dura e implacável, mas aqui, na quietude da minha sacada, encontrava um refúgio que tanto necessitava.
No entanto, ao observar mais atentamente, percebi que estava tudo estranhamente silencioso. O silêncio pairava no ar de forma quase palpável, incomum para aquela hora da noite. Uma sensação de inquietude começou a se insinuar dentro de mim, como se algo estivesse prestes a acontecer. Após anos de experiência como assassina, você desenvolve um sexto sentido aguçado para detectar perigos iminentes.
Além desse sexto sentido, meu olfato também se tornou mais sensível ao longo do tempo. Parecia que o cheiro do suor e do sangue impregnavam minha pele, amplificando minha capacidade de detectar odores sutis. E naquele momento, um aroma masculino, intenso e inconfundível, invadiu minhas narinas, interrompendo a quietude da noite. Era um perfume caro, com notas de madeira e musk, uma fragrância que instantaneamente me colocava em alerta, pois sabia que não era uma coincidência. Era a presença de alguém, alguém que não deveria estar ali.
— Pode sair das sombras, Will. Você criou uma mania detestável de aparecer sem ser convidado — murmurei, desviando brevemente o olhar da tela onde meus pincéis dançavam com a tinta, como se estivessem ensaiando uma coreografia meticulosa.
— Você é muito difícil de observar — Will respondeu, emergindo das sombras com uma leveza que parecia desafiar as leis da física, um sorriso dançando em seus lábios ao encontrar minha presença na sala.
— Tente não usar esse perfume horrível da próxima vez — acrescentei, minha voz tingida com uma ironia que mal conseguia esconder o leve tremor de excitação e tensão que sua chegada inesperada trouxera consigo.
— Gostou? Foi mamãe que me deu.
— Sua mãe tem um péssimo gosto, assim como Alex tem para decisões. Mas me diga, o que você está fazendo aqui?
— Ah, é justamente sobre o pai que gostaria de falar. Ele... Ele não está bem.
— Ah, não me diga!
— Sua atitude foi completamente desnecessária, Samira. Você não precisava machucar o pai daquele jeito — Will disse, sua voz carregada de reprovação enquanto fitava a irmã com uma expressão de desapontamento.
Eu ergui as sobrancelhas, um sorriso irônico brincando em seus lábios. — Você sabe tão bem quanto eu que faz parte do meu trabalho. Alex estava se metendo em algo muito perigoso. Ele tentou roubar um poderoso chefe mafioso. Se eu não tivesse intervindo, ele poderia ter sido morto em vez de apenas ferido.
Will balançou a cabeça, incapaz de aceitar a justificativa de Samira. — Isso não justifica você deixar o pai com esse ferimento no rosto. Ele já passou por muita coisa, não precisava disso também.
Dei de ombros, minha expressão permanecendo imperturbável. — Se Alex soubesse se manter longe de problemas, isso não teria acontecido. Ele sempre foi ganancioso.
— Ele sempre teve as melhores intenções, sempre fez o melhor que podia pela gente.
Me enrijeci, e olhou indignada para o irmão.
— Claro, William, colocar uma arma na mão de uma criança de dezesseis anos é realmente o melhor. Olhe, você não me estresse, porque já estou ficando irritada.
William franziu a testa, sentindo a raiva pulsar dentro de si enquanto eu proferia minhas palavras cortantes. Antes que pudesse conter sua fúria, ele explodiu:
— Você não tem o direito de falar assim do pai! Ele fez o que pôde para nos proteger, e você sabe disso. E o que você fez? Você atacou o próprio pai com uma faca! Como ousa julgar o pai quando você mesma é culpada por parte do caos em que estamos?
— Como ousa você falar assim comigo? Will, você não tem noção do pai que tem. Provavelmente porque sua mãe veio te buscar da Irlanda, quando descobriu que Alex ia começar a fazer você vender drogas. Merda, por que é tão cego?
Eu soltei um suspiro exasperado, impaciente com a ingenuidade de William.
— William, pare com essa ingenuidade! Você precisa acordar para a realidade. Nosso pai não é o herói que você acredita. Ele está mergulhado em sujeira e violência, e você continua defendendo-o cegamente. Abra os olhos de uma vez por todas!
— É você que precisa acordar para realidade e deixar de ser ingrata. Você só é quem é hoje por causa dele. Olhe, Samira, se você fizer isso de novo, você vai se ver comigo.
William sentiu a ira borbulhando dentro de si, seus punhos se cerrando com força.
— Pois não tenho medo de um ladrãozinho como você, que não disfarça nem como chega. Pois se precisar, eu faço isso de novo e de novo, até Alex aprender. E se você entrar no meio, vai sofrer junto com ele as consequências. Você não me conhece, Will. Enquanto estava na Irlanda com sua mamãe, eu comia rato. Então, não brinque comigo.
William sentiu uma onda de raiva crescer dentro dele diante das minhas palavras cruéis. Seus olhos faíscaram com intensidade enquanto ele retrucava com voz firme e carregada de indignação.
— Como você ousa falar assim comigo, Samira? Você pode estar a trabalho, mas isso não lhe dá o direito de ameaçar a própria família! Eu posso não conhecer todos os seus demônios, mas não vou permitir que você os projete em mim. Nós somos irmãos, deveríamos estar juntos nisso, não nos atacando. Entenda de uma vez por todas, se você cruzar essa linha novamente, não haverá mais piedade da minha parte.
Os meus músculos tensionaram-se diante do desafio de William, mas ela não recuou. Sua voz soou gelada e cortante:
— Eu já disse que não tenho medo de você. Se quiser realmente problemas, diga ao SEU pai para se aprumar e parar de ficar tentando enganar os outros. Agora, saia do meu apartamento, e pare de ficar arrombando minha porta! Se não vou decepar sua mão!
Ergui o queixo com determinação, suas palavras cortando como lâminas afiadas.
— Saia do meu apartamento, Will. Você não tem mais nada para fazer aqui. Se não quiser enfrentar as consequências, é melhor ir embora agora mesmo.
William sentiu uma mistura de raiva e decepção, mas sabia que não havia como argumentar com a minha determinação. Com um último olhar cheio de ressentimento, ele virou as costas e saiu do apartamento, a porta batendo com força atrás dele.
Na manhã seguinte, meu chefe me chamou em seu escritório. Um chofer veio me buscar, em um carro simples, para não chamar atenção. Eu também me vestia de forma simples, prezando sempre pelo básico preto, das minhas botas até minha blusa de mangas compridas. Eu gostava desse tipo de vestimenta, porque me permitia guardar objetos pontudos embaixo das mangas. Bem, você nunca sabe.
O chofer me levou até um edifício comercial, algo parecido como uma empresa de comunicação de Nova York. Era apenas uma fachada. Mas por trás da fachada brilhante, residia uma teia de corrupção e crime, um centro de operações para os obscuros negócios da elite criminosa da cidade.
Ao adentrar o edifício, eu não sentia a tensão que a maioria sentiria. Eu era uma assassina, acostumada com esse tipo de ambiente. O ar impregnado com o peso do segredo e da ilegalidade era familiar para mim. Caminhando pelos corredores, os olhares desconfiados dos guarda-costas e capangas não me intimidavam. Eu sabia como lidar com eles, se necessário.
Chegando ao escritório do meu chefe, não havia atmosfera de tensão para mim. Sentei-me em uma cadeira confortável, enquanto ele me encarava com seus olhos frios e calculistas.
— Fiquei imensamente orgulhoso quando soube que você desempenhou tão bem sua missão, Samira — ele declarou, sua voz carregada de satisfação. — Nunca imaginei que você fosse capaz de colocar os laços da família de lado e cobrar seu próprio pai em nome da minha honra.
Enquanto ele falava, uma sensação de desdém percorria meu interior. "Não tive escolha", pensei. "Era isso ou enfrentar sua ira mortal. Estou presa a você desde o momento em que aceitei esse trabalho, e só a morte pode encerrar nosso acordo." Limpei a garganta, preparando-me para responder.
— Sim, Alex pode ser excessivamente ganancioso às vezes. Agradeço por poupar a vida dele. Muitos não hesitariam em executá-lo.
O homem à minha frente já era grisalho, com rugas marcando seu rosto cansado, e seus olhos azuis intensos contrastavam com a palidez de sua pele. Seu olhar penetrante parecia sondar minha alma enquanto aguardava minha resposta.
— Compreendo sua situação, Samira. E, devo admitir, sua lealdade e eficácia são admiráveis. Você se tornou uma peça valiosa em nosso jogo, uma peça que não podemos nos dar ao luxo de perder. No entanto, como você bem sabe, o mundo dos negócios obscuros é implacável e exige sacrifícios.
Ele pausou por um momento, observando minha reação com sua expressão inescrutável.
Ele pausou por um momento, observando minha reação com sua expressão inescrutável.
— Preciso ainda mais da sua ajuda nesse momento. Já percebi sua lealdade e te selecionei para uma missão única, a missão da sua vida. Você pode até ficar livre de mim quando tiver êxito, pois o dinheiro que vou te pagar excede qualquer contrato.
Senti um calafrio percorrer minha espinha. Tinha esperança de algum descanso, mas agora, tudo parecia incerto. Engoli em seco, tentando esconder minha apreensão.
O chefe continuou, sua voz séria e determinada:
— O inimigo que enfrentamos está empatando nossos negócios. Gostaria muito de simplesmente mandá-lo matar, mas não posso arriscar. Ele é alguém muito grande, tem um domínio muito grande nos negócios. No entanto, descobri algo que pode ser nossa vantagem. Meu espião descobriu que ele tem um filho, um ponto fraco que podemos explorar.
Ele se inclinou para frente, seus olhos azuis brilhando com malícia.
— Quero que você faça o trabalho completo, Samira. Não estou falando apenas de matar. Quero que você destrua completamente esse rapaz, ao ponto de ele desistir da vida. Use o que quiser: sua inteligência, seu corpo, sua lábia. Qualquer coisa, desde que o deixe completamente destruído. E no momento certo, quando ele estiver implorando pela morte, você golpeará. E então, mandará seu coração em uma caixa para o meu inimigo.
Meu estômago revirou-se com a crueldade da missão. Era mais do que eu esperava, mais do que eu estava disposta a fazer. Mas, diante do olhar determinado do meu chefe, sabia que não podia recusar. Estava presa a ele, até o fim.
Assenti, forçando um semblante controlado, enquanto tentava conter a revolta que borbulhava dentro de mim.
— Entendido, senhor. Mas gostaria de mais detalhes sobre esse rapaz... — minha voz saiu firme, apesar da inquietação que eu mal conseguia disfarçar. — Qual é o nome dele? O que ele faz da vida?
Meu chefe inclinou a cabeça, satisfeito com minha iniciativa em buscar mais informações.
— Ivan Rodríguez— ele respondeu, os lábios curvando-se em um sorriso cruel. — Ele é um peão no jogo do pai, um jovem ingênuo que acredita que sua empresa de jogos é o resultado de seu próprio talento. O que ele não sabe é que o principal investidor por trás dessa empresa é seu próprio pai, usando o dinheiro lavado para impulsionar o filho. Ah, e Ivan também está noivo. Deve ser casar daqui há alguns meses.
Engoli em seco, processando as revelações chocantes. Ivan, um jovem de 25 anos, estava noivo e completamente alheio às verdadeiras origens de sua empresa.
— E sua noiva? — perguntei, querendo entender melhor o cenário em que estava prestes a mergulhar.
— A noiva dele é apenas mais uma peça no jogo, uma fraqueza que podemos explorar se necessário. Mas nossa prioridade é Ivan. Ele é o alvo principal. Faça-o sofrer, Samira. Faça-o implorar pela morte.
Um frio percorreu minha espinha enquanto eu absorvia as ordens do meu chefe. A missão estava definida, e eu sabia que não haveria volta.
— Bem, já pensamos em como te inserir no meio dos Rodríguez, meu espião, James Stone, está inserido lá. Na hora certa, você irá até ele. O resto, Samira, ficará com você. Confio em sua habilidade para criar uma situação favorável.
Meu chefe esfregou as mãos com animosidade, um sorriso malicioso brincando em seus lábios.
— Estamos prestes a dar um grande golpe, Samira. E você será a peça-chave para o nosso sucesso. Não me decepcione.
O peso da missão pesava sobre meus ombros enquanto eu processava as palavras do meu chefe. Eu não tinha alternativa, a não ser aceitar. Eu traria inferno à vida de uma pessoa inocente, e no seu último suspiro, arrancaria seu coração. Era diferente do que já tinha sido paga para fazer, normalmente matar gente que realmente merecia morrer.
Mas agora era diferente. Eu deveria fazer Ivan Rodríguez sofrer e se arrepender de ter nascido. Ele iria pagar por um preço que não era seu. Aceitar essa tarefa significava mergulhar em um abismo de moralidade questionável, onde o certo e o errado se misturavam em uma dança macabra. Mas eu não tinha escolha. Era uma ferramenta nas mãos do meu chefe, uma arma afiada pronta para ser empunhada contra um alvo indefeso.
— Não se preocupe, chefe. Eu farei o que for preciso para garantir o sucesso dessa operação — respondi com determinação, embora uma parte de mim se sentisse revoltada com o papel que estava prestes a desempenhar.
Cada passo que eu dava nessa jornada me afastava um pouco mais da minha própria humanidade. Mas eu estava comprometida com o trabalho, e não havia espaço para hesitação. Ivan Rodríguez pagaria o preço pelos pecados do pai, mesmo que isso significasse queimar minha própria alma no processo.
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