— Terminei de guardar as coisas, já estou indo — aumentei um pouco minha voz para que fosse ouvida enquanto retirava meu avental.
— Certo rosa, eu vou fechar a loja para sair, tenha cuidado na volta — a gerente Jona apareceu na porta dos serviçais e acenou sorrindo.
— Eu terei! —Falei sorridente enquanto agarrava minha mochila e saia da lanchonete, havia passado do meu tempo de saída e perdido o metrô que costumava.
Droga! Espero que dê tempo pegar o metrô.
Corri desesperadamente pelas ruas escuras até chegar na estação.
felizmente cheguei a tempo.
Sentei em um dos poucos lugares vazios e coloquei um áudio book do meu livro favorito: Coração De Valentina, afinal no metrô era quando eu tinha um pouco de tempo para aproveitar os livros, passava o dia trabalhando duro e quando chegava em casa tinha que estudar, o pouco tempo que me restava era para dormir.
Coração De Valentina é um típico clichê normal do qual eu era apaixonada, o que me fez cativar nesse livro foi a personalidade da protagonista, Valentina, Ela é forte, destemida, corajosa e um pouco orgulhosa também.
Coração de Valentina contava a história da única filha de um conde que tinha um dos maiores poderes militar, por ele não conseguir ter outro filho ela praticou para ser a sua herdeira se tornando uma das melhores espadachins.
Ela teve muita dificuldade por ser uma mulher com cargo militar, então ela conheceu o segundo príncipe, que a apoiou totalmente, se apaixonaram e ele se tornou o rei e ela sua rainha.
Bem, tem muitos livros dessa categoria, mas cada um tem histórias e maneiras de se contar diferentes isso que faz ser cativante.
Depois de três sequências do livro, infelizmente está chegando ao fim.
Hoje foi lançado o último capítulo, os protagonistas devem está finalmente dando a morte merecida da maior vilã do livro.
Lilian depois de conhecer Valentina fez sua vida piorar mais ainda, já que ela apoiava o primeiro príncipe na linha do trono e era obcecada por ele, ao contrário de Valência.
Bocejei um pouco e acabei fechando os olhos me rendendo ao cansaço do dia.
···
— EU NÃO QUERO MORRER!! — os gritos estridentes de pedidos de socorro e ajuda de me fizeram acordar, o cheiro forte de fumaça invadia meu nariz.
o que está acontecendo?
Abri meus olhos lentamente, mas estava muito embaçado, era quase impossível visualizar algo com tanta fumaça, consegui ver uma luz forte avermelhada vindo do fundo do metrô.
fogo!?os metrores se chocaram?!
Tentei fazer força para sair daquele lugar o mais rápido possível, eu estava em desespero, parecia que eu tinha sido dopada pela fumaça, meu corpo estava pesado e mal consegui ficar de pé.
Antes de conseguir fazer qualquer coisa, eu senti minha visão escurecer rapidamente, senti meu corpo batendo contra o chão e os gritos ficando cada vez mais longe enquanto o fogo se aproximava, uma dor aguda atingiu minha cabeça e eu não consegui ver ou ouvir mais nada, essa seria a sensação da morte?
[Um dia antes]
— Rosa! Cadê meu dinheiro!? — Ouvi o berro da minha mãe da sala.
— Mãe, você tinha deixado no criado mudo — Engoli minha xícara de café para sair de casa.
— Não está aqui!! — ouço algo se quebrando enquanto ela gritava.
— Então você já deve ter gastado! Pare de quebrar as coisas, depois você vai precisar e não vai ter! — Suspirei me arrependo do que tinha acabado de dizer, isso iria irrita-la mais.
— CALA A BOCA ME RESPEITE! —coloquei rapidamente meus sapatos quando escutei ela saindo do seu quarto.
— Porcaria, merda!— deu um soco na parede enquanto resmungava, me levantei do sofá olhei para ela, era apenas 8 horas da manhã, mas ela já estava totalmente drogada, seu rosto era bonito se não fosse pela maquiagem forte borrada e os olhos de quem fumou por horas.
— É tudo culpa sua! Sua e do infeliz do seu pai por ter me abandonado!! Porque você se parece tanto com ele merda! — Ela agarrou o jarro de flores que estava em cima da mesa e tentou jogar na minha direção, mas não conseguiu acertar por estar terrivelmente dopada.
— Não desconte sua raiva alheia em mim, não tenho culpa das besteiras que você faz, estou indo para o trabalho, não traga nem um homem para cá! —sai de casa em direção ao metrô, não queria ter dito isso a ela, mas ela merecia ouvir.
Minha mãe não é assim de agora, na verdade antes mesmo de conhecer meu pai ela já era assim.
Ela mudou muito quando conheceu ele, mas depois do casamento, ela voltou a se drogar novamente, nada que meu pai tentasse fazer ajudava.
Foi o limite para ele quando ela tentou agredir minha vó para pegar o colar dela, apenas para suprir a necessidade do seu vício.
Ele tentou me levar com ele quando tinha 5 anos, mas ela conseguiu conquistar um advogado naquela época, e venceu a batalha judicial, desde então nunca mais o vi.
Sempre tive a mania de responder ela na hora, e acabo me arrependendo em seguida, não só com ela, talvez devesse controlar mais minha língua.
—Ah.. — suspirei cansada.
— Eu tenho que conseguir terminar minha faculdade logo para sair dessa casa.
— Bom dia! — entrei pelas portas do fundo da lanchonete.
— Bom dia, rosa — me encontrei com o sorriso calmo de Erick que estava aquecendo a chapa.
— Cadê Jona? — pendurei minha mochila enquanto pegava meu avental.
— Estava conversando com o dono do imóvel, parece que ele quer aumentar o aluguel novamente — Suspirou triste enquanto virava um pedaço de hambúrguer, foi uma cena meio engraçada.
— De novo? Mas já é a quarta vez em menos de três meses — coloquei minha touca enquanto começava a preparar os pratos.
— Sinto que ele não quer mais a lanchonete aqui, ele deve está tentando deixar Jona encurralada — Ele deu um longo suspiro desanimado.
— Mas não vamos desanimar, certo? — abri um sorriso apoiando minha mão no ombro dele.
— Sim, você está certa — ele colocou o sorriso em seu rosto de novo se consolando.
— Inclusive amanhã volta suas aulas não é? Como você vai fazer rosa? — ele virou para mim com um olhar preocupado.
— Ah.. não sei, talvez mude para aula a distância, vou pensar sobre isso mais tarde — sorrir desconcertada.
Ele era o único que sabia mais ou menos da minha situação, trabalhava das 09:00 até às 19:00, como o metrô só voltava às 20:00 eu continuava na lanchonete, fazia faculdade a noite em seguida, e só chegava em casa as 03:00, normalmente me deparava com um cara aleatório dentro de casa com minha mãe.
— Entendo, espero que dê tudo certo — ele sorrio querendo me animar enquanto me entregava os hambúrguers — Posso te pedir um favor hoje se não for incomodar? — Ele virou para mim com uma cara de cachorrinho abandonado.
— Haha, diga — ele ficava especialmente lindo quando fazia essa cara, não que ele já não fosse.
— Você pode arrumar as coisas hoje na saída? Minha namorada vai conhecer meus pais hoje, aí eu não queria deixa-la sozinha, não quero que ela se sinta desconfortável — se apoiou sobre seu braço me olhando enquanto falava.
— Sem problemas, eu pego o segundo metrô, pode ir paparicar a Rebeca — Fiz uma careta para ele.
— Ei! Ela é meu bebê okay? — Damos risada.
— Vai logo trabalhar, vou colocar os lanches na vitrine — dei um empurrãozinho nele para voltar a se mexer.
Erick é tão apaixonado por sua namorada, as vezes dá até inveja quando ele resolve falar dela, não tem problema eu sacrificar uma hora do meu tempo para ajudá-los, nada demais acontece mesmo.
— Oh, Rosa, bom dia — Ergui o olhar e vi a Gerente Jona entrando na lanchonete.
— Bom dia gerente, como foi a reunião? — Sorrir, ela era uma senhora de 40 anos gentil de aparência elegante.
— Ah, vou comunicar ao chefe, mas muito provável vamos ter que fechar a lanchonete, não tem condições de continuarmos pagando — ela suspirou enquanto vinha para a pare do balcão.
Era triste de se ouvir aquilo, fazia 3 anos que eu trabalhava aqui, entrei junto quando comecei minha faculdade, e era o único local do qual eu me divertia e gostava das pessoas, vê-lo fechar era igual a dar adeus ao resto de minha vida social.
— Não se preocupe tanto minha jovem, quem sabe o chefe queira continuar com a loja em outro local? — ela pois a mão em meu ombro percebendo meu desânimo — agora de volta o trabalho! Abrimos em 5 minutos — entrou para a cozinha com seus passos apressados.
— Bem, é melhor eu começar o meu trabalho também, não sei quando eu vou deixar essa pequena lanchonete.
Sorrir comigo mesmo imaginando como séria quando minha vida melhorasse.
[Atualmente]
— Ela parece estar bem, só está inconsciente — Ouvi uma voz masculina perto.
— Tsk, nem isso ela faz direito — Uma voz feminina afirmou com um tom de decepção.
Abri meus olhos lentamente para me acostumar com a claridade, sentindo um dor aguda na minha cabeça.
— Eu estou no hospital?
— Ah! Ela acordou.
Olhei em direção a voz e vi um senhor com alguns fios brancos, pelo seus traços físicos deve está perto dos 50.
Ele está usando um paletó, roupas sociais bem arrumadas, pode ser comparado até a algum presidente.
— Ele parece ser alguém importante, porque está aqui? Ele será responsável em algo no acidente?
— Que cara de estúpida é essa ao olhar para seu tio? Não vá pensando que só porquê se machucou que vai fugir das suas responsabilidades, inútil — A voz da mulher foi ríspida, o desprezo na sua fala era visível.
— Meu tio? Como assim?
Olhei em direção a mulher que tinha falado, diferente do senhor que eu estava olhando, ela parecia bem mais nova, as jóias ao redor de seu rosto pareciam estremamente caras, seu vestido encostava no chão, e ela parecia está usando algo como crinolina em baixo dele.
— Vestido balão!? Eles vieram de uma festa para o hospital? Não, em que tipo de festa ainda utilizam isso?
— Ah... Eu tive algum tipo de lesão? —
Perguntei um pouco receosa.
— Não sei em que tipo de hospital fui encaminhada, mas é melhor ter certeza de como eu estou, essas pessoas são estranhas.
— Que tipo de pergunta é essa? Você pula da sacada do seu quarto e pergunta se teve alguma lesão?
Uma voz irritada falou do meu outro lado, um homem de terno cinza e uma maleta na mão estava visivelmente incomodado com minha pergunta.
— Pular da sacada...?
— Do que ele está falando? Eu estava dentro de um dos metrôres que bateram, é óbvio que vou perguntar sobre meu estado!
— Meu senhor! Tenta se matar e em vez da vida perde a inteligência!? — A mulher falou irritada.
— Eu não sei do que vocês estão falando! Afinal, quem são vocês!?
— Alterei a voz um pouco irritada, e senti uma dor na cabeça no mesmo momento.
— Esses desaforos e palavras sem sentidos estão me deixando irritada!
— Quem somos nós? — O senhor bem vestido perguntou dando um longo suspiro em seguida.
— Ha! Mas é o que faltava, ainda por cima perde a memória! — a mulher resmungou mais uma vez.
— Eu sou o médico da família Marechal, doutor Edmon, você se chama Lilian, única filha da senhora marquesa de D'Colines, esses são seus tios, senhor conde de Marechal, e senhora condessa de Marechal.
O doutor deu um longo suspiro antes de completar.
— Sua mãe, Marquesa de D'Colines, faleceu essa semana, e hoje de manhã você se jogou da sacada do seu quarto.
—O que? Marquesa? Que dia é hoje!?
— Dia 13 de novembro do ano 834 do calendário imperial.
— Calendário imperial? Que tipo de brincadeira é essa!?
— Bem, senhor conde de Marechal, senhora condessa de Marechal, como sua sobrinha está em perfeita saúde física, irei me retirar — O doutor fez uma referência a eles dois e saiu do quarto.
— Humph, sinceramente, séria melhor se você estivesse morrido, ninguém aguenta mais você aqui, pelo menos teríamos ficado com as terras — a condessa falou decepcionada.
O homem ao lado dela deu um longo suspiro e balançou a cabeça negativamente.
— Já que está viva, pelo menos faça suas responsabilidades, agora que é a dona da mansão, não temos tempo para ajudar alguém como você direto.
Ele estendeu o braço para a mulher, que segurou e se retiraram com olhares orgulhosos, me deixando totalmente sozinha.
— O que raios está acontecendo!?
Eu não estava prestando atenção antes, já que estava focada na conversa deles, mas o quarto que eu estou é enorme, as decorações estremamente detalhadas como de um museu, apesar de está cheio de poeira, e mal arrumado.
Olhei para minhas mãos e vi que estava com a pele mais clara, a roupa que eu usava era uma camisola longa com babados no final.
— Lilian D'Colines... Esse não é o nome de uma das personagens do livro que eu estava lendo? Impossível, devo está sonhando ainda.
Olhei ao redor do quarto mais uma vez procurando algo que eu podesse me ver.
Me levantei com cuidado e fui em direção a uma porta que parecia um guarda roupa gigante, abri cautelosamente e me deparei com inúmeros vestidos longos e bem decorados.
Vi um espelho no final desse "cômodo" e fui em direção a ele um pouco apressada, a visão que eu vi me fez entrar em estado de choque.
— N-não é possível — sorrir desconsertada duvidando de meus próprios olhos.
Os olhos rosa de uma cor única, um longo cabelo preto com tons roxeados, a pele pálida e um ponto de nascença ao lado de meus olhos.
Eu tinha certeza que essa não era a minha aparência normal, mas eu sei de uma pessoa que tem exatamente essas descrições.
— Eu me transformei na vilã de um livro!?
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