Lídia e Lidiane são irmãs gêmeas, e apesar da aparência ser idêntica, as personalidades são bem diferentes. A doçura de Lídia fazia contraste com a perversidade de Lidiane, que por sua vez, não fazia questão nenhuma de esconder o quanto era interesseira, e como só se importava consigo mesma.
As duas moravam com os pais, que eram bem simples. Lídia era quem ajudava a completar a renda da família trabalhando como gerente de uma empresa de comerciais para televisão. Seu salário era bom o suficiente para ajudar os pais e ainda fazer uma reserva. Já Lidiane, ninguém sabia ao certo com o que ela trabalhava, mas sabiam que não era algo muito certo. Afinal, ela nunca buscou muito estudo, e mesmo assim, ganhava o suficiente para ostentar uma vida de luxo.
Sua mãe e seu pai eram donos de uma pequena mercearia, mas o que vendia mal dava para pagar as contas, e a ajuda que Lídia dava, fazia muita diferença. A vida corria bem, na medida do possível. Mas, o que essa família não imaginava era que tudo viraria de cabeça para baixo...
Narrado por Lídia
Se eu pudesse voltar dois meses atrás, eu teria fugido para bem longe daqui. Como pude aceitar entrar num território de um leão, sem antes saber se teria condições emocionais de suportar tudo assim?! Só fico pensando em minha mãe... Tudo que estou fazendo é para o seu bem estar, pensando em sua condição agora. Ela precisa de mim, e eu nunca a deixaria desemparada. Mas, agora, Lidiane... Eu sempre soube o quanto ela era gananciosa, mas tramar tudo isso e me colocar no meio... Como ela pode ser tão suja? E meu pai? Sempre soube que sua personalidade era parecida com a de Lidiane, mas não imaginava que seria tanto...
Para entender tudo, preciso voltar naquele dia, há dois meses, quando tudo começou a desmoronar na minha vida...
Dois Meses Atrás ( Narrado por Lídia)
Ao chegar no trabalho pela manhã, percebo o caos instalado. Alguma coisa estranha estava acontecendo, e tenho a prova disso quando olho para minha amiga, Luana, e vejo a sua feição apavorada. Caminho em sua direção...
_ O que é tão ruim que está acontecendo assim tão cedo? - pergunto -
_ Lídia... Não surta, mas o roteiro do comercial foi cancelado há 1 hora.
Fico parada sem acreditar no que estou ouvindo.
_ Como assim, Luana? Trabalhamos dois meses nesse roteiro, e eu saí ontem da reunião com tudo certo. Eles tem um contrato com a gente, e depois de assinado, não podem simplesmente cancelar em cima da hora assim. - falo nervosa -
_ A chefe está uma fera.. - ela conclui -
Respiro fundo antes de ir para a sala da chefe. Eu sabia que ela ficava desnorteada com esse tipo de situação, mas, nessas horas, eu precisava esquecer o medo que eu sentia de tudo, para enfrentar a megera...
_ Com licença, Sra. Madison. - falo esperando seu aval -
Ela balança a cabeça positivamente e eu entro. Mas, antes que eu pudesse começar a falar alguma coisa, ela dispara palavras para cima de mim, como se fossem tiros
_ Você tem dois dias para mudar o cenário que nos encontramos agora, Lídia. Você é a gerente responsável por nossos acordos, como pode permitir que algo assim aconteça em cima da hora?
_ Mas... - tento responder -
_ Mas, nada! Eu quero que você resolva essa situação. E se eu fosse você, querida, começava a correr agora mesmo. Como eu disse, você tem dois dias para reverter esse cenário. Sua permanência neste emprego está dependendo disso!!! - ela conclui sem espaço para indagações -
Peço licença e saio de sua sala desesperada. Como eu iria reverter todo esse cenário em dois dias? Começo a respirar fundo, já que sinto minha respiração ficando curtinha, numa inicial crise de ansiedade.
_ Está tudo bem? - Diego encosta em meu ombro -
_ Oi, Diego.. Não! Madison está uma fera com esse cancelamento, e aparentemente, só tenho dois dias para resolver essa situação.
_ Ah... Você sabe como é a Madison, ela está fazendo drama... Mas, olha, você vai conseguir. Você é muito boa no que faz. - ele fala dado um beijo no canto de minha boca -
Olho em volta para verificar se alguém tinha visto e depois o repreendo cerrando os olhos em sua direção, e ele sai dando risada.
Diego era um amigo de infância. Tínhamos estudado na mesma escola, e também, tínhamos feito a mesma faculdade juntos. Não me surpreendi quando fomos aceitos no mesmo departamento. Ele tinha uma queda por mim, mas eu o tinha como amigo. Apesar de sempre deixar claro isso pra ele, sabia que ele guardava uma esperança.
Fico em meu escritório o dia inteiro fazendo ligações para empresa que havia contratado nossos serviços, tentando reverter toda àquela situação, mas, nada progredia. Levanto decidida e aviso somente a Luana
_ Irei pessoalmente conversar com o gerente responsável da Tay-Tech. Não consigo entender o que aconteceu para mudarem de ideia assim.
_ Tem certeza, Lídia? Sem nenhum agendamento... Você sabe que isso é antiprofissional, né?!
_ Luana, meu emprego depende disso! Eu vou e ponto.
Saio da empresa, e pego um ônibus até a Tay-Tech. Era uns 45 minutos de viagem e para mim, foi tempo suficiente para criar diversos diálogos e respostas para sair bem. E ao chegar lá, sou recebida por uma secretária do gerente
_ Olá, como posso ajudá-la?
_ Eu preciso falar com o Gerente responsável pelo fechamento de contrato do comercial para TV.
_ Ah... Ele falou que você poderia aparecer, e não! Não temos tempo para uma conversa, e pedimos que aceite o cancelamento.
_ O que?! - falo alto, mas me recomponho em seguida - Olha, Marta... (vejo seu nome em seu crachá), não posso simplesmente aceitar. A empresa assinou um contrato. Preciso falar com o gerente responsável, por favor.
Já estava desacreditada que fariam alguma coisa por mim. Até que um homem alto, másculo, branco, e loiro como a luz do sol, e de olhos verdes nos interrompe.
_ Posso saber o que está acontecendo aqui?!
Explico tudo para ele que me leva até sua sala. Quando vejo uma placa com seu nome na mesa, não podia acreditar que estava falando diretamente com o dono. Zac Mason. Ele ouvia tudo com muita atenção, e sua postura profissional não havia me preparado para o que ele falaria em seguida
_ Ah, gracinha... Sinto muito por isso! Eu até posso te ajudar, mas só, se você me ajudar também. - ele fala piscando o olho pra mim -
_ Não entendi, Sr. Mason.
_ Eu estou dizendo que eu posso sim ajudar você. Mas aí, você me recompensa bem gostoso depois.
Fico horrorizada com suas palavras. Como um homem considerado exemplo, que estava em todas as revistas e canais de televisão, tão rico e fino, estava falando algo tão sujo?! Minha raiva e desespero me consumiram naquele momento, e só por isso, o respondo
_ Pois então, pode enfiar esse contrato...
Viro as costas e saio andando.
O que eu fiz, meu Deus?! Como eu pude dizer uma coisa dessa para Zac Mason?! Se eu tinha alguma chance de consertar as coisas, agora, com certeza, eu não tenho mais nenhuma. O que você está fazendo, Lídia? Está parecendo mais a sua irmã. Preciso me acalmar, melhor ir pra casa.
Vou para casa descansar e orar o restante da noite para que alguma luz divida interceda pela minha situação profissional, ou melhor, pela minha vida.
Continua...
Chego em casa mais cedo que o habitual, e encontro minha mãe deitada dormindo na sala. Não era algo normal. Afinal, a mercearia fechava só a noite, e ela fazia questão de só vir pra casa quando o expediente finalmente acabasse.
Prefiro não acordá-la, sigo para a cozinha e encontro Lidiane comendo um pão e mexendo no celular encostada na bancada. Seu rosto demonstrava sua insatisfação por ter que está em nossa casa, que não era nada luxuosa, comendo um pão do dia anterior, somente com manteiga.
_ Oi, Lidi.. - falo com ela -
Lidiane só olha em minha direção e balança a cabeça. Seu desprezo por mim, era enorme. Às vezes, sentia que se ela pudesse me tirar de circulação, ela tiraria. A ideia de ter outra pessoa idêntica a ela, acho que a perturbava. Ela queria ser única, e nossa aparência não deixava.
_ Mamãe já está em casa... Aconteceu alguma coisa?! - pergunto preocupada -
_ Parece que ela passou mal no trabalho. Zezinho a trouxe para casa, e ela está descansando desde então.
_ Não a levou ao médico ?
_ Lídia, você conhece ela. Insiste em fazer trabalhos que não tem mais condições dela fazer, ficou cansada. Tenho serviço agora e não posso me preocupar com isso. Tchau
Bufo de raiva, mas em seguida, respiro fundo. Não podia esperar muito de Lidiane... Vou até minha mãe, chamando-a delicadamente, pois não sabia se ainda estava passando mal. Ela acorda um pouco desnorteada
_ Filha?! O que aconteceu?
_ A senhora passou mal no trabalho, mamãe. O Zezinho trouxe você pra casa. Você quer ir ao médico?
Ela balança a cabeça negativamente, e se esforça para sentar no sofá. Quando se senta, percebo uma ânsia de vômito vindo em minha mãe. Não dá tempo de pegar um balde, seguro o seu rosto e então, ela vomita, me assustando ainda mais... Sangue! Minha mãe tinha acabado de vomitar sangue. Ela estava fraca, caindo aos meus braços. Grito por ajuda, mas Lidiane já tinha saído. Começo a gritar e chorar desesperada. E minha sorte, é que Zezinho entra para ver como minha mãe estava
_ O que houve? - ele olha bem para mim a fim de confirmar quem eu era -
_ Zezinho, pelo amor de Deus. Nos leve para o hospital agora, minha mãe está vomitando sangue.
Não preciso falar mais nada. Zezinho pega minha mãe no colo e a coloca em seu carro. Eu pego nossos documentos, e sento no banco de trás com ela. Ao chegar no hospital, ela é levada imediatamente para dentro, e eu e Zezinho ficamos na recepção, esperando.
_ Ela passou mal no trabalho. Ela tinha vomitado antes assim? - pergunto -
_ Não, Lídia. Ela tinha desmaiado, mas não tinha vomitado, muito menos vomitado sangue.
Começo a chorar e sou amparada por ele. Zezinho era um senhor muito querido por todos da minha família, até mesmo Lidiane que era difícil, por muitas vezes, o escutava... Passamos horas na recepção esperando alguma notícia, até que um médico sai em direção a recepção e apontam pra gente. Levantamos preparados para qualquer coisa
_ Vocês são parentes da Sra Mara?
_ Sim. Eu sou filha dela! Doutor, como está minha mãe?
Ele respira fundo antes de prosseguir
_ Bom... Agora ela está instável. Sua mãe está com cirrose hepática. O grau está avançado, fico surpreso por ela está apresentando sintomas só agora. Conseguimos parar os vômitos, mas o seu fígado está bem comprometido.
_ O que isso quer dizer?
Ele pergunta meu nome, e eu respondo. Ele continua
_ Bom, Lídia... Aqui neste hospital não tem estrutura suficiente para fazer os procedimentos necessários em sua mãe. Aconselhamos que procure um hospital particular avançado. E que seja o mais rápido possível. A vida da sua mãe depende disso. Com licença
Olho para Zezinho e volto a chorar desconsoladamente. Eu, com certeza, não teria condições de pagar por algo assim. Esses hospitais eram conhecidos por ser uma fortuna. Somente milionários frequentavam esse hospital, e eu, não fazia parte desse grupo.
_ Calma, Lídia. Vamos dar um jeito, você vai ver. - Zezinho fala tentando me acalmar -
_ Que jeito, Zezinho? Não tem jeito. Nem se eu juntar todas as minhas economias, vou conseguir.
Naquele dia, a visita tinha sido proibida. Eu tinha que voltar para casa de todo jeito. Ao chegar em casa, um pouco mais determinada em encontrar uma maneira de ajudar minha mãe, resolvo conversar com meu pai sobre a possibilidade de vender a mercearia, mas, sem sucesso. Ele tinha razão. A mercearia já estava cheia de dívidas, seria muito difícil encontrar alguém que quisesse comprá-la naquele estado.
_ E se você pedisse um aumento? - ele questiona -
Meu Deus, meu emprego!! Naquela altura, eu provavelmente, não tinha mais emprego. Na mesma hora, bate o arrependimento de não ter segurado minhas emoções. Eu poderia, realmente, ganhar uma boa comissão pela assinatura daquele contrato, e havia jogado tudo por água abaixo com aquele comportamento com o Sr. Mason. Mas, sem querer preocupar mais ainda meu pai naquele momento, resolvo não falar que meu emprego está por um fio
Quando Lidiane chega em casa, contamos tudo a ela, que demonstra preocupação, mas nenhuma tristeza.
_ Eu não tenho dinheiro, Lídia. O que posso fazer?
_ Como assim? Você vive aí ostentando roupas caras, de marca. Lugares chiques e viagens e agora tá me dizendo que não pode contribuir com nenhum valor?
_ Você acabou de falar que os custos do hospital irão ultrapassar cem mil reais. O que eu posso fazer? Não tenho como ajudar, Lídia. Infelizmente!
_ Tá... Vamos encontrar outro jeito. Vou no banco tentar um empréstimo. A vida da mamãe depende disso
_ E você acha que não quero ajudá-la? - Lidiane pergunta nervosa -
_ Então, me prova isso. - concluo -
Lidiane sai de casa raivosa novamente, e eu tento não me preocupar com ela naquele momento. Não dava mais tempo de ir ao banco por conta do horário, mas eu tinha decidido ir assim que eu acordasse. Meu pai começa a perguntar sobre a janta, e eu resolvo preparar. Com a ausência de minha mãe, eu sabia que sobraria pra mim.
A frieza do meu pai me deixava desconcertada. Era como se ele não sentisse mais nada pela minha mãe, não conseguia entender. Quando era pequena, costumava a ver os dois tão felizes e juntos para tudo. Mas, quando entrei na adolescência, vi isso se perdendo aos poucos.
Preparo o jantar, e sento a mesa com meu pai. Jantamos em silêncio, era melhor assim. Quando termino de limpar tudo, vou para o meu quarto a fim de descansar do dia tão exaustivo que estava tendo, mas antes, tomo um banho.
Sento na cama e pego um álbum de fotos da família. Mamãe era tão saudável que chegava a ser estranho vê-la tão fraca e impossibilitada. Observo a semelhança entre mim e Lidiane. Sempre idênticas. Até a mesma roupa usávamos. As duas brancas feito neve, cabelos lisos escorridos, bem pretinho, olhos escuros igualmente os cabelos, e a boca avermelhada, como sangue. Tão iguais na aparência e tão diferentes nas atitudes.
Durmo segurando uma foto na minha mãe contra o peito, pois partia meu coração deixá-la no hospital sozinha.
No dia seguinte, acordo assustada com o toque do meu celular. Era a Sra. Madison. Meu coração acelera imediatamente, eu sabia que a notícia não era boa
Ligação On
_ Olá, Lídia. Eu não sei o que você conseguiu fazer para piorar a nossa situação, mas você fez!!! Esquece o seu emprego. Pode passar no RH e assinar a sua demissão, AGORAAA!
_ Mas, Sra Madison..
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Ligação off
Eu não podia acreditar que tudo estava desmoronando assim. Eu não merecia tudo isso que estava acontecendo, parecia até que eu tinha jogado pedras na cruz. Mas, eu não podia me deixar abalar, eu tinha que levantar e correr atrás do dinheiro que permitiria que minha mãe ficasse melhor.
Antes de sair, ligo para o hospital e peço notícias de minha mãe. Quando me respondem que ela permanecia estável, ganho forças para continuar. Levanto e me arrumo rapidamente e corro para o banco. Quando chega a minha vez, explico minha situação para a gerente.
_ Bom, Dona Lídia, o que nós podemos oferecer é um empréstimo de vinte mil reais.
_ Vinte mil? Mas isso não paga nem metade do tratamento da minha mãe!
_ Desculpe, mas é o que podemos fazer. Você pode pensar e voltar aqui para conversarmos. Afinal, você tem uma boa economia, juntando com o empréstimo fica quarenta mil reais. E você disse que foi demitida, ainda vai receber um bom dinheiro de indenização.
_ Mesmo assim, acho que não vai ser o suficiente. Mas, eu retorno aqui sim.
Volto pra casa cabisbaixa, e explico tudo ao meu pai. Não adiantava mais esconder minha demissão, afinal, logo mais eles iriam ficar sabendo mesmo.
_ Com tudo que tenho, acho que consigo 65 mil reais. Se pelo ao menos alguém pudesse ajudar com mais dinheiro...
_ Lídia, acorda menina! Esse é o valor inicial do tratamento. Você tem noção do quanto vai precisar gastar com remédios, entre outras coisas? E qualquer complicação que acontecer, vai ser mais dinheiro. Você tem noção disso?
Fico com raiva por vê-lo criticar tudo que eu estava tentando fazer, sem dar nenhuma solução
_ E o que quer que eu faça, pai?! Que eu deixe a mamãe morrer no hospital? É isso? Eu acho que é, porque não vejo o senhor se importando muito com ela.
Nessa mesma hora, Lidiane entra em casa se intrometendo em nossa conversa
_ Eu tenho a solução para ajudar a mamãe. - ela diz -
Continua...
Eu tinha até medo de perguntar a Lidiane o que ela tinha pensado para salvar a vida da minha mãe. Eu sabia que ela tinha os trabalhos errados dela, onde ela conquistava bastante dinheiro para luxar, mas não sabia que era dinheiro suficiente para custear todas as necessidades da minha mãe como ela estava falando.
_ Não estou entendendo. Conhece alguém de alguns desses hospitais de luxo? É isso?! - continuo perguntando -
_ Não! Eu... Eu vou me casar!
A confusão estampada em minha cara dispensava qualquer palavra. Como assim casar? Lidiane nunca havia aparecido com nenhum namorado em casa, e nem muito menos comentado sobre algum. Não tinha coisa boa no que ela estava falando e por não confiar em sua índole, eu não podia simplesmente aceitar
_ Que loucura é essa, Lidiane?! - pergunto -
_ Não é loucura. Eu só vou me casar, e o cara tem dinheiro suficiente para bancar tudo que a Mara precisa.
_ Você está se ouvindo? Você nem nunca apareceu com algum namorado aqui e agora está falando que vai se casar com alguém para custear as necessidades da mamãe? Pelo amor de Deus, espere que eu acredite nisso? Você nem ao menos consegue chamá-la de mãe!
_ Não fale assim com sua irmã, Lídia. Você está perdendo a cabeça!
_ E vocês estão calmos demais. Lidiane, eu não sei o que você está tramando, mas não quero envolver a mamãe em nenhum jogo sujo seu. Esqueça!
Pela primeira vez, percebo a feição de Lidiane mudar para tristeza. Era como se as palavras que eu havia dito, tinha a machucado. Não... Ela não era a menina boazinha e eu a menina má!
_ Você vive dizendo que eu não faço nada pra ajudar, que eu não gosto de ninguém da família. Mas, quando eu resolvo sacrificar minha vida me casando com alguém que eu não amo para ajudar a mamãe, você faz isso?! Que saco, Lídia. - ela fala e sai em direção ao seu quarto -
Naquele momento, me bate arrependimento das palavras que usei. Afinal, cada pessoa tinha sua maneira de se expressar e eu não podia culpar Lidiane pelo seu jeito. Ela era fechada, mas eu não podia ter ideia do que ela estava sentindo, e com certeza, ela estava sofrendo. Querendo ou não, era a mãe dela que estava passando por essa situação também, e eu não podia esquecer disso.
Vou até o quarto de Lidiane e bato na porta antes de abrir e entrar
_ Sai daqui, Lídia. Eu já ouvi demais por hoje. Você não acha?
_ Lidiane... Minha irmã - falo me aproximando - Me desculpa. Eu estou tão preocupada com a mamãe, que não enxerguei que você também está sofrendo com tudo isso. Eu... Eu só não quero que você faça algo que pode se arrepender depois.
_ Não tem outro jeito, Lídia. Mamãe precisa o quanto antes desse tratamento. E esse cara sempre me fazia propostas para casar com ele, ele gosta de mim ... Quando eu falei da situação que estávamos passando, ele se prontificou imediatamente em me ajudar. Não posso deixar isso passar! - ela conclui emotiva -
Era estranho ver Lidiane tão emotiva assim. Não era de seu costume, pois mesmo quando ficava triste, não demonstrava fraqueza, não chorava. Mas, eu também estava emocionalmente abalada, e não poderia imaginar que poderia ter alguma das suas perversidades por trás disso.
Narração da Autora
Mais cedo naquele dia, Lidiane havia saído para encontrar um de seus clientes assíduos. Acontece que ela, frequentava casas noturnas de alto escalão como acompanhante de luxo, e isso explicava seu dinheiro. Homens ricos, milionários, estavam dispostos a pagar muito por sua companhia, ou por uma noite quente de sexo.
Mas, especificamente este cliente, ela tinha um certo envolvimento. Eles se encontravam fora das casas noturnas também, e neste caso, ela estava indo encontrá-lo num motel. Ao chegar e ir direto para o quarto que ele havia encontrado, ele a surpreende de cueca
_ Já está assim ? - Lidiane fala -
_ Ué?! Não viemos aqui pra isso?
_ Não estou num clima muito bom. Minha mãe está doente, entre a vida e a morte no hospital e isso me fez pensar...
_ Na minha proposta?! - ele fala se levantando rápido - Qual é, Lidi... Seria o momento perfeito. Eu preciso me casar, você precisa de dinheiro. O que poderia ser melhor que isso?
_ Você me dar o dinheiro sem essa ideia louca de querer casar. Que tal? - ela fala ironicamente -
_ Sem essa, gatinha. Você sabe que aqui tem que ser uma via de mão dupla. Vai, Lidiane. Posso te oferecer 300 mil para casar comigo e qualquer coisa que sua mãe precisar, não desconto desse dinheiro. Você sabe que preciso me casar, é importante.
_ Mas, você ainda não explicou porque precisa casar tão as pressas assim. Me conta uma boa história, vai que eu aceito sua proposta. - ela joga com ele -
Acontece que a partir do momento que ele havia dito que daria a ela trezentos mil reais fora o tratamento de sua mãe, ela já tinha aceitado. Ela só queria saber ao certo no que estava se metendo. E se aquele dinheiro valeria a pena.
Relutante, o cara com quem ela estava, conta sua versão
_ Tenho uma fortuna para receber, contanto que eu me case. Meu pai tem poucos meses de vida, e ele quer que eu me case. Mas... Por trás disso, eu quero me casar com uma mulher que seja totalmente o oposto do que ele deseja. Até porque, ele só quer que eu me case, não disse com quem devo me casar
Lidiane sorri com a ideia de fazer o inferno na vida de alguém. E aquela revelação só foi a cereja do bolo para que ela aceitasse sua proposta. Naquele quarto de motel, eles selam o contrato com um sexo selvagem. Logo depois, ela sai em um carro de aplicativo. Mas, o caminho de Lidiane ainda não é a sua casa, antes ela para em outro lugar
_ Oii - ela diz contente -
_ Nossa.. Demorou hein, Lidiane. Que saudade... - ele fala abraçando ela -
_ Calma, Lucas.. Eu tenho uma novidade para te contar.
Lucas era um cara que Lidiane havia conhecido nessa vida noturna e tinha se apaixonado. Acontece que ele era um golpista feito ela, por isso haviam dado tão certo. Tinha pouco mais de dois meses que eles estavam juntos, apesar da vida que ela levava. Ele aceitava porque gostava do dinheiro tanto quanto ela.
Lidiane conta tudo a Lucas, que apesar de se deslumbrar com a quantia em dinheiro que o tal homem misterioso tinha oferecido, não estava gostando nadinha da ideia de perder a sua amada.
_ É realmente um valor bem alto, Lidiane. Mas você enlouqueceu? Como que fica nós dois nessa história? Pensei que o trato era que esses caras não conseguissem interferir no nosso relacionamento. Se você casar, você sabe que provavelmente ele deve botar uns seguranças na sua cola.
_ Aí é que tá, meu amor. Eu não vou casar com ele. Quem vai casar, é a Lídia.
Continua...
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