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OUTRA VEZ AMOR

O Início de um sonho *Ano que se inicia a narrativa é 1983.

Eu sou Isabella Prado, tenho 20 anos. Sou brasileira e moro em Belo Horizonte, num bairro do subúrbio. Hoje é um dia muito especial para mim para a minha mãe e toda a família. É a minha formatura, onde sairei com o diploma de professora. Estou radiante, pois sempre quis seguir os passos da minha mãe. Ela batalhou muito para tornar o meu sonho possível. A minha mãe ficou viúva aos 39 anos em 1976, com sete filhos, sendo o mais novo com dois anos de idade. Moramos numa casa humilde, de aluguel e minha mãe é funcionária pública. O que recebe da pensão do meu pai, junto com o salário dela é motivo de muita preocupação. Os meus irmãos mais velhos ajudavam um pouco, mas logo se casaram e ela não pôde contar com essa ajuda. Mas ela sempre foi guerreira e dedicou a vida aos filhos. Por ser funcionária pública, ela conseguiu uma bolsa de estudos integral num colégio particular, pois ainda não havia Ensino Médio gratuito. Eu dei o melhor de mim para recompensar os esforços da minha mãe.

Para o meu grande dia, ela comprou um vestido simples, mas lindo. Simone, minha irmã mais velha, arrumou os neus cabelos e fez uma maquiagem leve. E ficamos esperando o jeu irmão Jonas, que era o único a ter carro para nos levar à missa de formatura e logo depois ao baile. Infelizmente não foi o que aconteceu. Ele não apareceu e estava chovendo forte. Não tinha como sair. Nós não tínhamos telefone e só coube a mim ir deitar chorando de frustração. No dia seguinte ele veio pedindo perdão, pois o seu carro estragou justamente por causa da chuva. Enfim, o que importava era comemorar e chamamos a família toda para um almoço. Para ficar um pouco mais alegre, usei o vestido.

APRESENTANDO A FAMÍLIA PRADO

(Marta Prado. Mãe de Isabella. 55 anos. Funcionária pública).

Minha mãe sempre foi o meu exemplo da pessoa que eu queria ser. Mulher forte, que sempre realizou um trabalho duplo, pois o meu pai era alcóolatra e infelizmente se tornava agressivo. Minha mãe casou-se com ele aos 15 anos e viveu ao lado dele, sofrendo surras até que ele envolveu-se numa briga bêbado e morreu. Ela sofreu e guardou luto por muito tempo. Mas nunca deixou faltar alimentos para os filhos. Foi rígida e nunca tolerou desobediência.

(Simone, 30 anos, professora. Irmã mais velha).

Simone é como se fosse a minha segunda mãe. Irmã amorosa, dedicada que cuidava dos seis irmãos para a mãe trabalhar. Muito trabalhadora, começou a trabalhar cedo para contribuir com as despesas. Infelizmente não teve sorte no amor. Aos 22 anos apaixonou-se por um canalha e ficou grávida. Foi muito julgada e condenada pela família hipócrita do meu pai, que morreu sem conhecer a neta. Ela vibrou muito com a minha conquista do diploma de professora, pois sabia que era o meu.

(Aurora, 11 anos, irmã . Irmã caçula das mulheres. futura pedagoga).

 Aurora é a caçulinha. Sempre foi muito agarrada com Simone. Seu sonho é cursar odontologia. Minha mãe discorda, já que as filhas são professoras, mas Aurora é autônoma e decide cursar dois cursos do Ensino Médio, que poderia ser professora ou trabalhar com computadores. No fim, ela decidiu cursar pedagogia. Ela casou-se com o seu segundo namorado e tem duas filhas.

(João, 39 anos, motorista, irmão mais velho. Jonas, 38 anos, motorista, irmão. José, motorista, 14 anos . Marco, 12 anos anos , caçula e também será motorista).

Os meus irmãos são homens de família e trabalhadores. João é o mais carinhoso comigo, foi o segundo a se casar e tem três filhos e três netos. já o Jones vive implicando comigo. A minha alegria foi vê-lo casar-se. Tem três filhas e dois netos. José é o irmão mais divertido, tem dois filhos e três netas. meu irmão caçula é o filho preferido da minha mãe. Ela diz que não, mas fingimos acreditar. Ele não foi feliz ao escolher a esposa e se divorciou. Tem uma filha. Mas a minha irmã Simone ganhou dele, pois casou-se três vezes e divorciou-se as três vezes, e de herança dos divórcios só um filho de cada casamento.

Começo difícil

Assim que me formei, a expectativa era a minha pior aliada. Ao assumir uma turma vi diante de mim inúmeros desafios que me colocavam no limite, fazendo com que eu me fizesse muitos questionamentos se era realmente uma boa escolha. A realidade de uma escola pública, em um bairro onde se não todas, a grande maioria dos alunos, era carente de tudo. As crianças eram rebeldes, a maioria não tinha acompanhamento familiar e as condições precárias dos recursos didáticos fizeram com que muitas vezes eu pensasse em desistir. Mas o exemplo da minha mãe vivia em mim, e corri atrás de recursos que me deram um suporte. Aos poucos fui conquistando a confiança dos alunos e entendi que a prática é muito diferente da teoria, mas que podem ser aplicadas de forma coerente e eficaz.

(foto ilustrativa retirada da Internet)

A minha jornada não era fácil. Levantava às quatro horas da manhã para conseguir chegar a tempo na escola, já que esta ficava na grande região metropolitana de Belo Horizonte, exatamente em Ribeirão das Neves. Eu trabalhava o dia inteiro é a noite fazia o cursinho. Mas ao receber a notícia que tinha passado para a Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) eu me senti recompensada.

Apesar de uma rotina exaustiva, eu amava a tudo o que fazia. Eu fazia parte do grupo de jovens da Igreja Católica e o meu primeiro namorado apareceu. Era um rapaz incrível, mas ele queria assumir um compromisso sério porque recebeu uma proposta de emprego em Roraima. Eu disse que não estava pronta para casamento. Por um tempo fiquei triste, mas os meus amigos não permitiram que a minha tristeza durasse.

Eu trabalhava ainda e Ribeirão das Neves . Mesmo a distância sendo um entrave, eu era apaixonada pelos meus alunos. E era muito querida na escola. A diretora me encarregou de cuidar do suprimento de doces e guloseimas para vender na merenda. Sempre era um senhor velho, até divertido que atendia a nossa escola. Mas esse dia foi um homem jovem, muito bonito e com um sorriso cativante.

_ Bom dia, eu posso ajudar-lhe ?_pergunto gaguejando, vício adquirido quando fico nervosa.

_ Oi , eu sou o Paulo. Vim trazer trazer os doces.

_ Desculpe. Mas já temos o nosso fornecedor de doces.

_ Sim. Ele é o meu pai. A partir de hoje. eu atenderei a rota dele.

_ Aconteceu algo com o senhor Tomás?

_ Não. Ele vai abrir outra rota. Aí me deixou essa.

_ Ah sim. Bom, ele te deu uma prévia do que a gente compra?

_ Sim. Eu separei. Mas temos novidades e elas estão fazendo um sucesso.

_ Então me mostre, senhor Paulo.

_ Ah não. Só Paulo. E você não me disse o seu nome.

_ É mesmo. Deixe-me ver. se achar compensatório, talvez eu diga.

Ela acabou comprando três guloseimas a mais. Mas o seu tempo ali terminou. Ela se desculpou e saiu, indo direto para a sua turma. Paulo ficou frustado. Ele não perdia a chance com nenhuma mulher linda. E ela era linda. Mas ele voltaria.

O doceiro passava na escola quinzenalmente. Paulo chegou ansiosamente e quando a viu, foi melhor ainda. Ela tinha o corpo de uma deusa. a camiseta branca comportada. com uma saia jeans um pouco acima dos joelhos, mas que deixavam a imaginação voar.

_ Bom dia Paulo. Hoje estou com um pouco de pressa, como você já sabe o que peço, pode deixar aí na sala da diretoria e ela mesma irá acertar com você. Eu tenho que aplicar provas hoje.

_ Tudo bem. Espere_ correu e deu a ela um chocolate _ pra adoçar o seu dia.

Isabella agradeceu e Paulo ficou esperando a diretora. Emília chegou logo depois e acertou tudo com ela. Paulo queria saber detalhes da professora linda. Mas não queria dar bandeira. Fez inúmeros rodeios, e para a sua sorte, logo veio uma aluna entregar o diário de classe.

_ Obrigado Roberta. Diga à sua professora que ela deve guardar os doces.

_ Ela disse senhora, que o doceiro atrasou e nós temos provas. Ela não podia esperar.

_ Então diga a Isabella que eu a perdôo.

_ Então você se atrasou?

_ Desculpe Emília. O carro não colaborou. A professora se chama Izabella?

_ Sim. Ela é uma excelente professora.

_ É muito bonita também. Ela tem namorado?

_ Não. Mas não se empolgue. Ela é exigente. Você não faz o tipo dela.

_ Como você sabe?

_ Eu sou amiga dela. E você, apesar de bonito é problema.

_ Por que?

_ Idade. Você parece um playboy.

_ Mas eu não sou. Trabalho.

_ Mas é o que parece.

_ Já ouviu o ditado que as aparências enganam?

_ Sim. Também já ouvi que não se deve julgar o conteúdo de um livro pela capa. Enfim, só sei que você não é o tipo de homem que entra no radar dela.

_ Isso não impede que eu tente.

Paulo sabia exatamente o que fazer. Esperou a aula terminar. Quando viu Izabella sair e encaminhar-se para o ponto de ônibus, deu a partida no carro para oferecer a ela uma carona. Para o seu azar, o carro não quis colaborar e Izabella entrou no ônibus.

Como não se apaixonar

Os dias foram passando. Eu estava planejando as festividades para a semana das crianças com a minha turma. De repente fui chamada à diretoria. Estranhei, pois nunca aconteceu isso. Deixei Roberta, a aluna que era a monitora do dia e desci apreensiva. Para minha surpresa, Emília não estava sozinha. Estava com o doceiro. Eu arrependi de ter obedecido.

(Paulo, 22 anos, vendedor.)

_ Bom dia Bella_ Emília adorava me chamar assim _ já conhecemos nosso fornecedor de doces.

_ Bom dia. Sim, eu conheço. Bom dia Paulo.

_ Bom dia Izabella.

_ Bella, o Paulo nos fez uma excelente proposta para a semana das crianças. Como você é a responsável pela compra de merenda, gostaria de ouvir a sua opinião.

_ Emília, eu tenho certeza que você pode resolver isso. Eu estou aplicando um exercício avaliativo.

Emília sorriu da esperteza de Bella. Realmente ela é quem decidiria. Mas queria promover um encontro dos dois.

_ Você não quer escolher os doces para a sua turma?

_ Nós já conversamos e decidimos que todas as professoras entregarão lembranças iguais. Posso subir agora?

_ Izabella, eu sei que você é uma professora dedicada e só agradeço a atenção. Quero dizer que darei um desconto especial para essa compra de doces.

_ Obrigada Paulo. Com licença.

Depois que ela saiu, Emília olhou sorrindo para ele.

_ Então, quem acha que irá vencer a aposta?

_ Pode apostar que serei eu. Mas darei o desconto assim mesmo. Será como uma contribuição minha para as crianças.

Eu não sei como consegui chegar até a minha sala. Respirei fundo. Sentia as batidas do meu coração aceleradas. Contei até dez e entrei. Não tive como ver a cena e me manter séria. Roberta usando os meus óculos e lendo uma página do livro escolhido por eles, para a hora do clube de leitura. Isso fez bem a minha mente alucinada pela beleza do vendedor que finalmente saiu da minha cabeça.

No fim da aula, dei uma bronca em Emília e nos encaminhamos para o ponto de ônibus.

_ Não sei por que está brava. Eu não fiz nada

_ Santa Emilia. Havia necessidade de me chamar?

_ Sim. Eu adoro ver você toda corada. Deixa de ser boba, Bella. Paulo está interessado em você. Ele é lindo e solteiro.

_ Eu não quero nem continuar essa conversa.

_ É bom mesmo porque veja quem está chegando aqui.

Eu vejo uma variante verde, bonita e para a minha angústia é Paulo que insiste em nos dar carona. Emília nem pergunta se eu quero, vai entrando e logo se senta no banco de trás. Eu não iria me comportar de forma infantil, então entrei e sentei no banco da frente.

_ Obrigada Paulo. Onde Emília descer eu desço.

_ Vocês moram perto?

_ Não. Mas eu pego um ônibus e continuo. De qualquer forma a sua carona vai me ajudar muito.

_ Eu faço questão de levá-la em casa.

_ Agradeço. Mas não precisa.

_Tem medo de mim? Pode confiar que a deixarei segura em casa.

_ Não é medo. Moro muito longe. E não é preciso se desviar tanto.

_ Você não sabe nem onde moro. Como sabe se vou desviar?

_ Eu sei onde mora. Esqueceu que fiz o seu cadastro como fornecedor?

_ Me pegou. Mas eu não me importo de desviar.

_ E eu não aceito carona de estranhos.

_ Mas eu não sou estranho. Sou fornecedor de doces, esqueceu?

_ Ele te pegou, Izabella. Deixa de ser chata. Ela vai aceitar sim. E eu vou descer aqui, Paulo. Muito obrigada.

_ Por nada. Amanhã levarei os doces para as crianças.

Eu olhei para Emília que apenas riu. Ela deu tchau e foi embora. Comecei a suar de nervosa. Paulo colocou uma música da banda Titãs.

_ Gosta?

_ Sim. Eu acredito que não há quem não goste.

_Será que você aceita tomar uma cerveja antes?

_ Não bebo cerveja. E eu não posso sair hoje. Tenho inúmeras provas para avaliar.

_ Vida difícil de professora.

_ Sim. Mas eu gosto.

_ Então onde você mora?

Dei a ele o meu endereço e por incrível que pareça ele sabia. A minha mãe ficou surpresa ao me ver chegar de carro. Tentando ser agradável o convidou para entrar, o que graças a Deus ele recusou educadamente. Agradeci a carona e entrei com a minha mãe me fazendo um verdadeiro interrogatório.

Aquela noite os meus sonhos foram povoados por olhos verdes da cor de folha seca

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