— É claro que a maioria das pessoas são muito ateus que não acreditam em nada quando se trata de assuntos sobre reencarnação. Até mesmo eu tenho dificuldade em acreditar, embora eu seja um cristão convicto, mas sobre o mundo espiritual tenho dificuldade em entender se realmente existem vidas passadas?
Como psiquiatra, comecei a pesquisar a respeito desse assunto tão delicado e espinhoso, tenho que ter todos os cuidados possíveis para não iludir as pessoas carentes de afeto, e fé principalmente.
Antes de começar o meu trabalho como psiquiatra, me dediquei a ler muitos livros a respeito desse tema polêmico que causa muitas discussões em diversas questões. Sou um profissional sério e de caráter, que trabalha com fatos concretos e não fantasia a respeito do mundo espiritual.
Sou católico e levo a sério a minha doutrina cristã, embora eu sendo católico tenho uma profunda admiração e respeito pela religião espíritas, lendo livros de autores consagrados a respeito da espiritualidade e como fã de Chico Xavier e Zibia Gasparetto comecei a suspeitar de que havia alguma coisa a mais além dos problemas pessoais e psicológico, pacientes que reclamavam constantemente de dores físicas das quais os médicos nunca conseguiram descobrir as causas das dores misteriosas.
O fato que mais me intrigou foi quando recebi uma paciente que tinha problemas de dores nas costas, e que toda vez que sonhava com determinadas coisas ela sentia aquela dor insuportável da qual o médico nunca conseguia descobrir, e dar um prognóstico final.
E mesmo fazendo vários exames na paciente que então suspeitou que poderia ser algo espiritual.
Partindo desse princípio ligando a história dessa paciente e de outras, mergulhei a minha cabeça lendo livros e pesquisando diversos casos para não deixar dúvidas e muito menos comprometer meu trabalho e a ciência.
E por causa disso me despertou interesse em aprofundar mais nesse caso. É claro que eu tive que estudar bem as histórias de pacientes. Então comecei a frequentar as casas espíritas e conversar com muitos líderes religiosos espíritas e consultei alguns especialistas em causas de experiência sobre regressão a vidas passadas. Foram dois anos de estudos e pesquisas a respeito desse tema polêmico e controverso de diversas religiões.
Meu trabalho é sério, tenho um objetivo de ajudar as pessoas que precisam de uma orientação segura. Elas estão perdidas buscando por resposta certa para tantas perguntas.
Após ter concluído meus estudos e pesquisa a respeito, comecei a trabalhar intensamente nesse novo processo de poder ajudar as pessoas com problemas psicológicos. E para dar início reformei a minha sala de consultas, decorei de uma forma especial para que os pacientes se sentissem bem à vontade e sem medo de revelar seus dramas pessoais, e por incrível que pareça os pacientes estavam satisfeitos com minha nova forma de trabalhar.
Não só a saúde mental que estava sendo resolvido como a forma física, e elas estavam tendo uma nova visão sobre a vida. Estavam mais confiante, não que eu diga que tenha acontecido um milagre, mas que as coisas evoluíram, há isso com certeza.
Tudo estava pronto, sala decorada para receber os pacientes. E assim começava uma nova etapa na vida dos que já eram meus pacientes e mais novos que começaram a frequentar o meu consultório.
Particularmente eu estava gostando dessa nova empreitada.A primeira experiência foi com um senhor de 54 anos casado pela terceira vez. A primeira vez ele foi casado com uma linda jovem que tinha 21 anos quando a conheceu. Foram casados por quatro anos e foram muito felizes, após isso aconteceu uma tragédia que marcou muito a vida dele.
Em seguida, ele conheceu a segunda esposa, que não era como do primeiro casamento. Na verdade ele se casou mais por carência do que propriamente amor. E foi aí que ele descobriu o grande erro da sua vida, casando com alguém que ele não amava, e as brigas constantes entre os dois causaram muita dor e decepção da qual ele nunca mais quis se casar. E sendo assim após a separação traumática ele nunca mais quis saber de casamento, e seus envolvimentos eram todos passageiros e fugia de compromissos sérios que acabavam magoando as mulheres das quais ele seduzia e após isso largava delas sem remorso e sem culpa.
E isso fazia muito mal a ele. Após ficar 23 anos sozinho, aconteceu algo que ele não tinha como fugir. Eis que surgiu a sua cara metade. Então ele me contou a sua história de como tudo aconteceu. Quando ele entrou no meu consultório parecia estar perdido e nervoso sem saber como fazer para expressar a sua angústia.
— Posso ajudar em alguma coisa? Perguntei a ele. — Ele ficava olhando os detalhes da minha sala decorada antes de me dar a resposta que eu estava esperando.
— Doutor, eu preciso de resposta para as minhas dúvidas, vi falar que o doutor faz experiência sobre vidas passadas?
— Sim eu faço, é o senhor que quer fazer a experiência?
Encabulado sem saber se devia contar a sua vida íntima. Algo que ele não gostava de expor. Ainda mais para uma pessoa estranha.
Mas estava aí em busca de resposta.
— Então em que eu posso ajudar? — Perguntei a ele que estava confuso e envergonhado, tive a sensação de que ele estava arrependido de ter chegado até aí, ele tirou o chapéu e coçou a cabeça indeciso ainda sem saber se seguia adiante ou voltava para casa.
— Quanto o doutor cobra por consulta?
— A primeira é grátis dependendo do problema, o paciente paga por tratamento, sendo assim terá que vir várias vezes uma vez por semana.
— Entendo, e como funciona? — Perguntou ele confuso ainda sem ter certeza se deveria seguir adiante.
— Na primeira vez, o senhor me conta o que realmente está acontecendo, após eu ouvir seus relatos aí podemos fazer uma experiência de regressar a outra vida.
— Na verdade, o problema não está comigo, e sim com a minha esposa!
— Como assim? Não é com o senhor e sim a sua esposa? — Perguntei a ele, chocado.
— Para dizer a verdade, eu estou numa dúvida cruel, que tem coisas que fica difícil explicar, e nem sei por onde começar!
— Que tal senhor relaxar e se acalmar! Pode falar tudo que o senhor quiser, e o que disser ficará entre nós, segredo absoluto, é como uma confissão ao padre no confessionário, é contra minha ética e meus princípios revelar segredos dos meus pacientes. E o segredo do meu sucesso é isso, ser o mais discreto possível. Então não se preocupe, diga o que está te afligindo, o que há de tão estranho com a sua esposa, se não é com o senhor?
— É o comportamento estranho da minha atual esposa?
— Como assim? Perguntei a ele.
— Ela é muito mais jovem do que eu!
— E o que isso tem haver?
— Não sei nem como começar, é um assunto doloroso e complicado para mim!
— Entendo, mas que tal me contar o que realmente está acontecendo com o senhor?
— Ele se chamava Samuel 54 anos e tinha dificuldade em relatar a sua vida e tudo o que estava acontecendo com ele.
Tive que ter muita paciência para obter respostas do que realmente ele precisava. Esperei ansiosamente para saber o que ele tinha de tão importante a me relatar.
— Conheci minha primeira esposa quando ela tinha 23 anos e na época eu tinha 25 anos. Foi amor à primeira vista desde que eu a conheci. Fomos morar juntos sem ter certeza se ia dar certo, mas na medida que o tempo foi passando, éramos mais apaixonados um pelo outro. Curtimos muito a vida a dois. Não tínhamos filhos por enquanto, porque achávamos que não era a hora. Então como casal jovens gostávamos de ir a parques, cinema, bailes e praias. Vivemos intensamente com toda paixão à flor da pele.
Fomos felizes por quatro anos até que um dia aconteceu uma tragédia! — Lágrimas começou a descer dos olhos dele, que perdeu até a respiração antes de prosseguir, eu dei um tempo para ele se recuperar do baque porque pelo que eu percebi estava sendo muito doloroso para ele relatar o que aconteceu. Após alguns minutos quando ele estava mais calmo, ele conseguiu relatar o fato ocorrido.
— Então está mais calmo? — Perguntei a ele com calma.
— Estou.
— Podemos continuar?
— Sim, Doutor.
— Afinal, o que aconteceu com a sua esposa?
— Uma tragédia! Nós estávamos numa praia curtindo o verão, fazendo um dia bonito e ensolarado. Ela saiu para nadar e de repente uma onda gigante veio rápido na direção dela. E ela foi engolida pela onda violenta e morreu afogada. Levou três dias para ser encontrado o corpo, pelo corpo de bombeiro. E esse dia nunca esqueço, nunca sai da minha cabeça, passei anos tentando esquecer essa tragédia. E hoje eu sou feliz, mas infelizmente ainda dói muito revelar o que aconteceu. E não desejo nem para pior inimigo. Porque éramos felizes, um casal apaixonado e dedicado um ao outro, quando tínhamos muitos pontos em comum. — Nunca vi um homem chorar tanto como estava vendo aquele homem chorar na minha frente. Ele respirou fundo, e conseguiu desabafar.
— Quer parar um pouco, senhor?
— Quero prosseguir, talvez eu precise desabafar e colocar para fora o que estou sentindo. Não importa se tiver que pagar, eu pagarei.
— Como eu disse, na primeira consulta o senhor não paga. Se continuar fazendo tratamento sendo o senhor ou a sua esposa, ai sim acertarmos. Mas continua relatando o que aconteceu com a sua esposa se tiver condições?
— Como eu estava dizendo, foi muito traumático para mim, passar esses anos todos sem a minha querida esposa. Eu fiquei uns três meses indo diariamente na mesma praia porque eu não conseguia acreditar que realmente isso aconteceu. Eu não aceitava o fato de uma mulher jovem, linda e saudável sem problemas de saúde morrer daquele jeito inesperadamente num dia maravilhoso quando de repente surge uma onda violenta é que ela saiu um pouco para refrescar os pés que estava muito calor, e de repente acontece essa tragédia! Já faz mais de 25 anos que atormenta a minha vida e não consigo esquecer.
Dias e noites intermináveis sem conseguir dormir e sem me alimentar, perdi peso e a razão de viver. Eu era um homem de fé em Deus, mas também perdi a fé nele, pedi para a morte me levar, mas até ela não quis me levar, tudo perdeu sentido.
Noites vagando pelas ruas da cidade buscando resposta para tanta dor, e tanta coisa que se passava pela minha cabeça, queria me atirar embaixo dos pneus dos carros que passavam em alta velocidade. Mas toda vez que eu tentava alguma coisa
me impedia, pedi demissão do emprego que já fazia 8 anos que trabalhava, não tinha cabeça pra nada quando tudo era uma merda, desculpa a palavra.
Comecei a beber para ver se eu morria. Levantava a noite e ficava perambulando pela casa tentando arrancar aquela dor no peito. A dor da revolta, a dor do inconformismo de não aceitar a morte cruel da minha esposa. Jovem linda saudável morrer por causa de uma maldita onda daquele maldito mar que levou a mulher que eu mais amei na vida.
Três meses indo todos os dias naquela maldita praia com a esperança de que ela ia sair do mar linda e sorrindo como ela entrou me abanando a mão pra mim, e feliz chutando areia para dentro do mar. Fiquei sentado na areia só observando a alegria de viver dela sorrindo e me chamando para eu entrar dentro d'água com ela, eu só queria ficar olhando e admirando a beleza dela tão jovem e feliz como nunca vi na minha vida.
E hoje me arrependo amargamente por não ter entrado junto com ela, talvez eu conseguisse salvar ela daquela tragédia, mas eu fui um covarde, devia ter acompanhado ela.
— E depois o que aconteceu? — Entre lágrimas ele continuou, mas eu percebi que ele não tinha condições de continuar, então pedi para dar um tempo até ele se recompor. Mais calmo relatou mais sobre seu sofrimento com a perda irreparável de sua esposa.
— O senhor consegue continuar? — Perguntei a ele.
— Sim, eu consigo.
— Então, prossiga!
— A dor era tanta que eu estava tendo alucinações!
— Como assim? — Perguntei espantado.
— Porque a minha falecida esposa era linda, alta e elegante, cabelos castanhos escuros compridos até o ombro, e olhos verdes, tinha um sorriso lindo sempre estava feliz de bem com a vida. Esses momentos foram marcantes para mim, em todos os lugares que eu ia e tinha sensação de que toda mulher que eu enxergava era ela que eu via, começava vendo ela sorrindo. E muitas vezes por causa disso, paguei até mico. Porque eu ficava encarando elas como se estivesse vendo a minha falecida esposa, e as pessoas ficavam constrangidas.
Eu achei que estava ficando louco, procurei ajuda com especialistas. E até uma psicóloga procurei, e foi umas duas vezes. Então ela me recomendou para que eu procurasse sair e me divertir, tentar encontrar uma outra pessoa para espairecer.
E como ela havia dito que com um novo amor se cura a dor da perda de um velho amor. E desesperado acreditando nessa possibilidade de sair em busca de um novo amor ia a bailes e dançava com as mulheres, mas era a mesma sensação de que todas as mulheres que eu via era a minha falecida esposa.
A noite deitado sobre a minha cama eu gritava, e chamava por ela porque eu não conseguia dormir, a dor da alma era insuportável, era um tormento na minha vida não me alimentava direito não dormia, tinha sonhos a com ela se afogando, a culpa pelo fato de não ter entrado junto com ela no mar quem sabe eu poderia ter salvado ela daquela tragédia maldita.
Até que um dia conheci uma pessoa especial que tornamos amigos e ela foi me dando força para aliviar a minha dor. Até que a gente acabou se envolvendo e mais um erro grave que eu cometi quando surgiu o primeiro beijo. A sensação era de que estava beijando a minha falecida esposa.
Os beijos tinham o mesmo sabor como se fosse minha falecida que estava me beijando. Muitas vezes chamei pelo nome dela, e isso magoava muito e não tinha como dar certo, porque só conseguia sentir prazer quando imaginava minha Juliana. Era esse o nome dela.
E brigas constantes aconteciam por causa dos ciúmes da minha ex mulher e separamos e cada um seguiu suas vidas. Ela se casou com outro, e está feliz. E eu fiquei 23 anos sozinho sem querer saber de mais ninguém.
— E depois o que aconteceu quando se separou de sua segunda esposa? — Perguntei a ele.
— Bom, como eu fugia de qualquer envolvimento seguia sozinho, todas as vezes que alguém se aproximava eu dava uma desculpa que não queria compromisso com ninguém, elas aceitavam de boa, até porque elas também não queriam nada comigo. Mas ao se envolver acabavam se apaixonando por mim, e quando isso acontecia eu terminava para elas não sofrerem. Mas aí num perfil de relacionamento conheci a minha atual esposa.
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