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Princípios De Um Vilão

Capítulo 1 - Lunático

...Livro novo ❤️ Espero que gostem....

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Mesmo na mais escura e sombria das celas, era possível escutar uma risada de alguém que se divertia, embora alguns pensem nisso como uma esperança, na verdade era apenas desesperador. Guardas apenas olhavam assustados para aquele prisioneiro tão estranho. Como uma pessoa podia estar rindo no dia de sua própria execução?

As correntes que lhe prendiam eram extremamente fortes, mas ele não se importava, pois não tinha um lugar que quisesse ir de todos os modos. Nas paredes podiam se notar muitas marcações, de alguém que havia passado mais de vinte anos aprisionado.

— Mas o quê é isso? O que está acontecendo? — O guarda responsável por ele pergunta.

O outro dá um suspiro.

— Eu não sei, isso faz uns dias, não para de contar piadas para si mesmo e ri logo em seguida, talvez tenha finalmente enlouquecido.

— Não posso acreditar, que desagradável, ele não poderia apenas morrer silenciosamente?

— Isso seria o melhor, se continuar assim os outros prisioneiros podem ficar irritados, soube que realizaram uma votação e tanto ele quando o príncipe foram os escolhidos, se isso for verdade, então eles não passam dessa noite.

O outro fica em silêncio por um momento observando a cela que há tantos dias havia estado sem som algum, ou apenas apenas repleta de gritos de dor, mas que agora tinha uma risada extremamente barulhenta.

— Ele não tem compaixão alguma pelo príncipe, é verdade que ambos são corruptos, mas enquanto um deles mantém um bom comportamento, ainda assim será castigado pela loucura do outro.

— Mesmo que nosso reino decidisse perdoar esse tipo de coisa, o povo não reagiria bem, e de qualquer forma, mesmo que se arrependa, ainda há a maldição — Ele faz uma pausa — Mas sendo sincero duvido que qualquer um dos dois esteja realmente arrependido.

— Ambos vão acabar queimando juntos no inferno.

— Talvez seja isso o que ele queira.

No interior da cela onde escutou toda a conversa, Allen apenas pensava que tudo isso era extremamente irônico.

Embora ele estivesse prestes a ser morto, ouviu notícias de que o reino de Waverly havia desfeito o acordo de paz e atacado Velard. Não podia acreditar que o reino em que cresceu seria realmente destruído.

Mas ambos estavam destinados a se destruir de todas as formas.

Sentia a maldição corroer cada parte do seu corpo.

Ele franze o cenho ao ouvir aquela risada cada vez mais alta que vinha da cela vizinha. Não suportava esse lunático.

Naquela mesma noite, quando todos apagaram as luzes, os prisioneiros se juntaram ao redor deles, e ele não conseguiu deixar de notar que a risada do outro se tornava cada vez mais alta.

— Finalmente pessoas com senso de humor, aposto que também acharam minhas piadas engraçadas, é bom saber que todos queimaremos no mesmo inferno. — Ele ouve o homem da cela ao lado dizer.

Allen, no entanto, não achava tanta graça assim, apenas os olhava feio, enquanto pensava no quão estranho aquele prisioneiro era.

Os homens se entreolharam, achando igualmente estranho, pois não estavam com sorriso algum. Apenas aquele prisioneiro enxergava diversos sorrisos se aproximando dele com olhares que lhe devoravam vivo.

Mas nem Allen, nem os guardas viam nada disso.

— A prisão está ficando pequena para todos nós, a alimentação está uma droga, e você é uma monstruosidade, continua nos matando um por um, então acordo é acordo.

Allen franze o cenho.

— O que querem dizer com acordo?

Os homens ficam em silêncio por um momento e logo um deles suspira.

— Vamos, não há por quê esconder isso de um homem morto, fizemos um acordo com a imperatriz, de que quando chegasse o momento não matariamos apenas ele, você iria junto.

Ele arregala os olhos.

— Por quê? — Allen balançou a cabeça negativamente.

Lágrimas brilhavam em seus olhos, e quando todos pensavam que choraria, uma expressão fria se formou no seu rosto. Os olhos violeta carregavam uma dor avassaladora. Ao contrário de seu colega que ansiava por diversão, ele apenas odiava todos alí.

Enquanto era espancado, ele não podia deixar de pensar no rumo que as coisas tomaram.

Quando os homens saíram, o deixando a beira da morte, Allen pôde observar uma pequena flor branca no canto da cela. Era um pouco irritante que uma flor conseguisse nascer em um lugar tão inóspito como esse. Acima de tudo Allen odiava flores.

No entanto usou suas forças restantes para se arrastar até ela. Tão pequena e frágil que queria a esmagar em suas mãos.

Mas assim que se aproximou, o máximo que pode fazer foi esticar sua mão até ela, sem realmente conseguir tocar.

Esse modo de morrer era patético.

— Nunca pensei que a morte seria tão solitária.— Allen sussurra.

— Isso é bem menos do que você merece. — O outro diz ao lado.

— Sua risada... — ele diz suavemente — se eu soubesse que só precisava te espancar para parar de rir, tinha feito antes deles.

O outro faz um som baixo.

— Não é divertido que você morra ao lado daquele que mais odeia?

Allen escuta uma dor silenciosa, como se lágrimas inaudíveis pudessem ser ouvidas. Não sabia se pelo tom da sua voz, mas tinha certeza de que o outro apenas disfarçava essa felicidade em estar a beira da morte.

— Se eu soubesse que seria assim, nunca teria te respondido, preferia nunca ter feito aquela maldita promessa. — Allen diz — Preferia apodrecer sozinho nessa cela.

— É o que você sempre faz, é o que você sempre diz, nunca muda, seu início, seu meio, e fim... devia mudar isso Allen. — Sua voz se tornava cada vez mais rouca e entristecida — Estou tão cansado de você.

— Se serve de consolo, também estou completamente exausto de você.

— Você é tão egoísta.

— Olha só quem fala, a pessoa que causou não apenas a própria morte, mas também a minha.

— Ao menos... se arrepende? Quero dizer, se arrepende de verdade por tudo o que fez?

Allen não sabia o que lhe responder, por quê nunca havia se arrependido tanto na vida quanto nesses últimos anos na prisão. Se pudesse voltaria no tempo.

— Você acreditaria se eu dissesse que sim?

— Não acredito em uma palavra do que você diz. — Helian responde.

O moreno dá um sorriso curto com sua resposta e balança a cabeça negativamente, sabia que o outro nunca acreditaria, não depois de tudo o que fez, mas no fundo tinha um pouco de esperança.

Allen tinha esperança de que ele não tivesse enlouquecido completamente.

— E você? Se arrepende? — Allen pergunta de volta.

— Você sabe que não.

— É... eu sei.

Seu corpo inteiro doía, a ponto de Allen não conseguia dizer mais nada, de todas as mortes possíveis, não pensou que seria espancado por prisioneiros.

Tanto esforço para suprimir a maldição para no fim não servir de nada.

Uma canção preenche o ambiente de repente, Allen não sabia se era sua imaginação, mas não se importava. Nunca tinha escutado um canto tão bonito, não sabia que a voz do outro podia ser tão bela.

De todos os desejos, o único de Allen era mudar o passado, mas era algo impossível.

A voz era suave e o seduzia de um modo, que o fez desejar ouvir para sempre. Seria esse o doce som da morte?

Em seus últimos momentos Allen derramou uma lágrima e pensou que talvez a morte fosse o melhor dos alívios.

A escuridão era libertadora.

Ele balança os braços irritado quando sente uma luz extremamente forte brilhar em seus olhos.

Allen reclama puxando a coberta para cobrir o próprio rosto, definitivamente odiava acordar cedo, a luz da manhã o atrapalhava tanto. Não entendia por quê sua irmã insistia em deixar as cortinas abertas.

O sono estava delicioso, mas Allen dá um salto da cama, ao perceber que havia algo de muito errado, para começar, não deveria estar na cama.

A essa altura, seu corpo devia estar exposto em praça pública, então não fazia ideia do por quê ainda estava vivo.

Rapidamente correu até o espelho e observou o próprio rosto. Ainda era ele mesmo, mas muito mais jovem. Talvez estivesse nos seus dezesseis? Seus cabelos ainda eram longos nessa época assim como estão agora.

— Como isso é possível?

Allen fica um longo tempo refletindo sozinho até aceitar que havia sido um sonho. Parte sua achava que poderia ser alguma vida passada, mas não se lembrava de nada além desses últimos momentos.

Fazia algum tempo que ele vinha tendo sonhos estranhos, mas esse foi extremamente realista.

Ele dá um suspiro cansado e volta a se deitar. Seu corpo inteiro doía.

— Posso entrar? — Merliah indaga.

Seu peito treme ao lembrar ao ouvir a voz da sua irmã. Ele se levanta um pouco relutante.

— Não é necessário, eu prefiro que ninguém entre. — Ele segura a porta para que Merliah não gire a maçaneta.

Um sorriso suave se forma em seu rosto e ele contém o impulso de abrir a porta para lhe abraçar. Precisava se recompor.

— Como está se sentindo?

Merliah havia lhe criado quando ele era mais novo, até que o imperador descobriu sua localização e pediu que fossem buscá-lo para ser criado como príncipe herdeiro.

No entanto ele sempre a veria como sendo parte de sua família. Ela lhe conhecia como a palma da mão e saberia facilmente que ele estava tendo um desses sonhos estranhos de novo.

— Não sei — Ele pigarreia ao sentir sua voz rouca — só cansado, acho que não quero ver ninguém.

O tom dela era preocupado.

— A febre deve ter piorado, pela sua voz você não parece bem, mas não diga esse tipo de coisas, o seu irmão logo virá visitá-lo.

A expressão de Allen mudou de modo instantâneo.

Como podia ter se esquecido?

A grande cerimônia, era a cerimônia que decidiria o futuro imperador do reino. Não podia estar nessas condições se quisesse enfrentar seu irmão.

— Quando ele vem?

— Eu não tenho certeza do momento exato, mas ele disse que viria por volta desse horário então logo deve estar aqui.

Allen dá um suspiro e pensa a respeito.

— Eu preciso realmente vê-lo?

— Bem, ele também não queria vir, mas foram ordens da imperatriz.

Fazia pouco tempo que não via Adric, mas com o sonho pareciam anos, ele não sabia como se sentir a respeito.

— Entendo, está tudo bem, quando ele chegar, diga que estou esperando.

Merliah obviamente julgava silenciosa porém não disse nada, um leve suspiro escapou dela, e após perceber que ele não abriria, se retirou.

Assim que ficou sozinho, Allen correu para o canto do seu quarto para procurar o seu bem mais valioso, assim que abriu a pequena caixa percebeu que sua jóia ainda estava alí. Guardada e intocável, havia tido ela a vida inteira, e nesse ano quando completasse vinte e quatro devia presentear seu maior aliado.

Ele guarda e se afasta rapidamente quando ouve um som vindo da porta.

— Você dormiu por bastante tempo, mamãe está bastante preocupada com a sua condição.

Allen pisca algumas vezes antes de se recuperar da visão de rever Adric novamente.

— Ela está muito ocupada?

— O que? — Adric indaga.

— Sei que ela está ocupada por conta da grande cerimônia, mas pensei que teria tempo para me visitar, afinal eu quase morri.

Adric se mantém em completo silêncio.

— Sua condição está melhor? — Ele diz com um brilho preocupado nos olhos castanhos.

Esse olhar era a única coisa que não havia herdado do seu pai, o único traço que indicava que apesar de possuir o mesmo sangue, Adric não tinha direito ao trono. No fim das contas ele era o único herdeiro legítimo.

— Estou muito melhor agora que o meu irmão veio me visitar — Ele estende os braços para lhe abraçar.

Adric arregala os olhos enquanto o observa em silêncio.

— Qual é o problema?

— Ah, isso...

No entanto Allen sabia bem do que se tratava, ele próprio detestava abraços e sinceramente ainda tinha aversão, mas queria ver sua reação.

— Pensei que odiasse abraços.

Allen permanece com os braços abertos enquanto dava um sorriso suave ao seu irmão, os cabelos negros ameaçando se soltar do rabo de cavalo.

Os servos permaneceram em completo silêncio, era como se eles nem sequer estivessem presentes no quarto. O outro hesita mas envolve seu irmão em um abraço.

— Ah, você está apertando um pouco. — Adric diz com uma voz trêmula.

— A imperatriz... ela tinha aquele assunto no exterior relacionado aos cativos de Waverly, ela voltou de viagem?

Adric franze o cenho.

— Ela planejava ficar mais tempo por lá, mas teve um contratempo e voltou antes, chegou faz alguns dias na verdade.— Ele faz uma pausa, indicando um movimento para o servo — Eu trouxe algo para você.

O servo se aproximou com um pequeno copo de leite fumegante, tinha um cheiro adocicado.

— Isso é...

— Lembra que você amava quando mais novo? Eu costumava te dar quando estava doente, então pensei em repetir a tradição.

— Parece delicioso, mas deve ser difícil conseguir, achei que tinham deixado de produzir.

— E deixaram, mas achei que fosse um desperdício que a bebida favorita do meu irmão desapareça, então cuidei disso.

Um sentimento queimava dentro de si, era intenso e quente, a ansiedade lhe queimava, finalmente Allen entendeu o por quê desses sonhos continuarem voltando.

— É bom te ver de novo Adric, senti sua falta.

— O que você está dizendo? Fala como se fizesse muito tempo que não nos vemos. — Adric diz — Aliás, você costumava ser mais retraído, por quê está tão carinhoso?

— Me pergunto o mesmo, apesar de ter tanto o que dizer, não sei como ou quando começar a fazer isso. — Ele diz acariciando seus ombros.

O outro se encolheu um pouco com seu toque mas disfarçou rapidamente pelo olhar daqueles a sua volta.

Com os braços fortemente agarrados às suas costas, Allen deita o rosto no seu ombro, com os cabelos negros lhe cobrindo o rosto.

Pois somente com a face escondida os outros não poderiam ver o brilho cruel e maligno que se apossou daqueles olhos violetas. Ele sorri silencioso enquanto sussurra:

— Ao invés disso, percebi como venho sendo egoísta, você se esforça tanto em me preparar essa bebida, que me sinto culpado em tomar sozinho, por quê não bebe um pouco?

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Por enquanto conta apenas com alguns capítulos escritos, já tenho a história na cabeça, vou ir escrevendo conforme ter tempo sobrando da faculdade.

Minha primeira história de época e fantasia então espero que gostem🥰

Capítulo 2 - Farpas

...Boa leitura 🥰...

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A expressão do seu irmão era calma e preocupada, apesar dos diversos olhares sobre eles, Adric logo se afasta com um sorriso hesitante.

— Não há necessidade, pode não parecer mas essa bebida está repleta de ervas medicinais, que lhe farão muito bem.

Allen observa a bebida por um momento e volta a olhar para o seu irmão. Logo derrama o líquido deliberadamente sobre a cama.

— Ah... veja só, minhas mãos fraquejaram por um momento, peço mil perdões.

O olhar do outro não vacila, mas ele fica em silêncio por um momento.

— Talvez seja melhor que descanse um pouco, estou realmente preocupado com a sua saúde, antes de cair da escada sua discussão com a nossa mãe foi pesada, as pessoas não deixam de falar sobre como a relação de vocês é conturbada.

Allen não sabia bem como reagir.

Passou toda sua vida desejando ter a atenção dessa mulher, e tudo para que? mas nunca sequer esteve em seu radar, afinal nunca seria o filho favorito.

— Conturbada não é bem a palavra, estamos apenas nos bicando, mas sempre fomos assim então qual a preocupação?

— Então não se importa com os rumores?

— Eu deveria?

— Não... certamente não.

Tinha muitas coisas a fazer agora que voltou, e Adric com certeza não era sua prioridade. Então solta um suspiro.

— Foi apenas uma discussão boba, sou o príncipe herdeiro, por quê devo pensar no que os outros dizem sobre mim? — Allen pergunta, apesar de obviamente ser obcecado pela opinião alheia — Então se criticarem meu cabelo, devo cortá-lo fora?

Adric não estava acostumado com esse tom.

— É claro que não, seu cabelo só diz respeito a você.

— É mesmo?

Ele pega em suas mãos uma das longas mechas escuras de Adric e acaricia suavemente.

— Seria necessário alguém muito experiente com lâminas se quisesse aparar essas pontas.

Seu irmão o observa em completo silêncio, seu olhar impossível de decifrar, os lábios franzidos.

— Isso... foi uma brincadeira?

De repente Allen percebe seu próprio tom e lhe concede um sorriso.

— Não leve tão a sério, apenas percebi que seu rosto parece tenso, então quis brincar um pouco. — Ele diz calmo — É bom saber que você estava preocupado a tal nível comigo, mas precisa cuidar de si mesmo, também me preocupo Adric, suas olheiras chegam a estar escuras.

Os servos deram um suspiro de alívio.

Adric ergue as sobrancelhas, mas finalmente lhe retribui o sorriso, embora o seu fosse bem mais contido, ele ainda tinha o semblante gentil.

— É evidente que sim, então pela minha preocupação espero que entenda que não posso te deixar sair dessa cama até completar o tratamento e ter certeza que está totalmente curado.

O sorriso de Allen diminuiu um pouco.

— Mas não posso ficar aqui enquanto a pessoa que tentou me matar anda livre por esse castelo irmão, temo que você seja o próximo de sua lista. — Allen diz agarrando as mãos de Adric.

— Pessoa que tentou te matar? — Adric indaga.

— Exatamente, ou vocês ainda não investigaram nada sobre isso? Se não fosse pelo envenenamento eu não teria caído daquela altura.

— Isso... talvez você esteja apenas confuso irmão, afinal, acabou de acordar, nós investigamos, não houve tentativa de assassinato.

— Adric, eu falo sério, isso não é algo trivial. — Ele suspira — Finalmente posso entender que não se pode brincar com a vida, muito menos com a morte, preciso me certificar que essa pessoa aprenda uma lição.

Todos alí na sala ficaram em repleto silêncio.

— Você estava desorientado nesse dia pela confusão então pode ter se confundido. Eu só não quero que o nosso pai se perturbe por um assunto como esse, você... pode acabar se ferindo de novo.

Allen ergue a mão e acaricia o rosto pálido de Adric, sua bochecha extremamente macia lhe dava uma aparência fofa.

Seu olhar se tornou instantaneamente frio, ele observou em silêncio Adric, os olhos violeta de Allen carregavam um toque avermelhado e sombrio. Era como se ele tivesse sugado toda a luz, e apenas a escuridão restara.

Podia se lembrar evidentemente da expressão de seu irmão em um dos seus sonhos.

Esse rosto tão inocente.

"Adric, eu tentei explicar, mas nosso pai não quer ouvir, foi tudo uma armação, eu nunca trairia vocês, nosso reino é o que tenho de mais valioso, nunca colocaria nosso povo em perigo, você acredita em mim não é?"

Na cena seus braços doíam pelas correntes e tudo o que podia fazer era estar prostrado de joelhos agarrando as grades enquanto obervava seu irmão com um olhar suplicante.

Ele lhe deu um suspiro profundo e se abaixou a sua altura. Seu rosto estava inexpressivo.

"Eles te prenderam muito forte, deve estar doendo."

Sua mão adentrou na cela indo até a sua bochecha e lhe dando uma carícia suave.

"Você poderia por favor falar com o nosso pai?"

"Só estava me certificando de que realmente é você, sua pele, sua carne e seus ossos, todos no mesmo lugar."

Allen não entendeu bem o seu tom. Seu irmão sempre falava com um tom dócil, mas agora soava tão estranho.

"Como é possível que seu cabelo continue tão brilhante e bonito mesmo preso nesse lugar nojento?" Ele dá um estalo com a língua "Isso não está certo"

Todo seu corpo doía e as palavras de Adric soavam confusas.

"Meu cabelo está bonito?"

"Não apenas seu cabelo, você inteiro, isso é um pouco irritante, mesmo com todo aquele veneno." Ele suspira "Eu vou cuidar disso."

Então em apenas um movimento seu irmão agarrou seu cabelo e cortou fora o enorme rabo de cavalo com uma adaga.

Em Velard um cabelo longo e brilhante era sinal de longevidade, além de mostrar um pouco do prestígio que essa pessoa tinha na realeza.

Cortar seu cabelo era como dizer que ele não tinha qualquer laço com a realeza.

Logo em seguida um enorme corte se formou em seu rosto, lhe desfigurando, ele solta um gemido de dor, quando sente as gotas de sangue escorrerem, a sensação úmida e dolorosa.

"Por quê você?..."

No entanto ao invés de responder seu irmão apenas o observa inexpressivo antes de murmurar sozinho "Assim combina mais com você."

Agora que acordou Allen podia ver melhor o que não enxergava antes.

Todos os servos agora observavam Allen em silêncio, a pele morena contrastavam nas cores violetas e vermelhas do quarto, sua beleza era inegável, mas o que lhes mantinham tão concentrados era o olhar que ele proporcionava ao príncipe Adric.

— Alguém tentou me matar, e isso é um fato Irmão, se você discorda então vou ir por conta própria conversar com o imperador. — Ele diz sério.

Isso faz com que Adric lhe lance um olhar curioso e aqueles no quarto soltassem exclamações baixas.

— Você sabe bem o que acontece quando vai a sala do trono, nunca acaba bem.

Seus olhos normalmente gentis, agora davam ao castanho escuro um brilho preocupado. Eles se encararam por um tempo até Allen soltar um suspiro suave.

— Não me importo de ser castigado novamente, preciso conseguir uma audiência, sei que não é uma boa ideia mas preciso de respostas.

Adric empalideceu um pouco.

— Você pode se machucar, estou apenas dando um conselho, não faça isso.

— Eu agradeço a preocupação mas me decidi. — Após um tempo em silêncio ele decide mudar de assunto — E como anda o seu relacionamento?

Adric arregala os olhos. Era claro que ele não esperava que Allen tocasse nesse assunto.

Antes de ser envenenado e ter caído da escada, Allen se lembrava bem que havia surgido um rumor feroz, pois um dos servos havia flagrado, Lana, a noiva do seu irmão aos beijos com uma mulher. Não houve justificativas após isso, pois a própria Lana se negou a dizer se era verdade ou não.

Então Adric ficou conhecido como o homem que não consegue nem ao menos manter uma mulher.

— Nós terminamos...

Allen o olha em silêncio.

— Você está bem?

O outro fica em completo silêncio apenas o observando com a expressão calma, talvez se perguntava se Allen havia finalmente enlouquecido.

— Alguns relacionamentos não são para acontecer, desde o início, eu não devia ter insistindo em algo que não tinha a mínima chance de avançar.

— Se ela pedisse perdão, você a perdoaria? — Ele indaga calmamente.

— As vezes acho que meu irmão unicamente abre a boca para me provocar.

— Longe de mim, assim como você disse estou doente, como um doente pode fazer isso? Aliás, posso lhe recomendar alguns cremes para deixar seu cabelo mais brilhante, tenho certeza que Lana vai voltar imediatamente implorando para voltar depois de ver seu novo estilo.

— Você... não parece tão doente assim.

— Ah, é mesmo? — Ele indaga com um sorriso malicioso.

Adric dá um forte suspiro.

— Acho melhor eu voltar aos meus afazeres, estou muito ocupado hoje.

— Ora, mas não iria passar o dia inteiro comigo?

— Acabei de lembrar que tenho um assunto urgente que exige minha atenção — Ele gagueja um pouco — quer dizer, é algo de suma importância mas que eu havia esquecido.

Ele sabia que Adric havia estado ali todo esse tempo, pois esse era o último dia que Allen poderia pedir uma audiência particular na sala do trono. Havia uma data limite por conta da cerimônia sagrada.

— Pode aproveitar então e dizer ao imperador por mim que preciso de uma audiência ainda hoje — Ele faz uma pausa se lembrando de algo —, pode ser com a imperatriz também, eu não me importo.

Seu irmão arregala os olhos percebendo o erro que havia cometido, sua pele pálida se torna ainda mais branca.

— Você... não devia... bem, se é o que quer, que assim seja.

Ele morde os próprios lábios.

— Eu sabia que podia contar com você. — Allen diz.

— Certo.

— Não esqueça de dizer ao nossos pais o quanto estou recuperado e ótimo para ir a cerimônia.

— Mais alguma coisa?

— Seu cabelo parece mais curto do que dá última vez, me pergunto se tem caído muito, tem passado por algum estresse ou...

Essa parece ter sido a gota d'água pois ele imediatamente se vira revirando os olhos para ir embora sem responder nada.

Allen ri silencioso tentando conter a gargalhada, era ótimo lhe provocar, mas apenas pensar em ver a imperatriz o fazia querer voltar ao caixão.

Sua mãe provavelmente não esperava que ele fosse se recuperar tão rápido, estava nervoso para ver como a imperatriz reagiria ao lhe ver.

Sempre quis ter seu reconhecimento.

Mas no fim das contas ela por conta própria iria garantir a sua morte.

O que Adric tinha, que Allen não?

Em toda sua vida, nunca chegou um dia em que ela não favorecesse Adric.

Se tivesse que ser sincero, amava Velard, amava o seu reino de todo coração, e nunca deixou de lhe ser leal.

No entanto seu próprio povo, um dia lhe acusaria de traição sem sequer ouvir sua explicação, sabia que havia alguém do reino de Waverly que iria pessoalmente, plantar sementes de discórdia, lhe atraindo tanto ódio a ponto de destruir sua reputação.

Waverly, aquele maldito reino teria seu eterno rancor. Acima de tudo sabia que nunca devia ter compaixão alguma por eles.

Ou por ele.

Não conseguia deixar de pensar na voz daquela canção, certamente era alguém de Velard mas não se lembrava do seu rosto.

Apesar disso, faria as coisas diferentes, sua mãe entenderia que não podia lhe substimar e seu irmão provaria do próprio veneno.

Sozinho em seu quarto Allen dá uma expressão solene.

— Senti falta de todos vocês.

Ele pensa entretanto que se fosse para morrer, de todas as formas, então iria garantir que não houvessem arrependimentos.

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Allen 😍 meu mais novo amor/estresse, sinto pena na mesma quantidade que odeio/amo, pretendo terminar até agosto, mas vamos ver o que a vida nos reserva kkkk afinal eles que mandam em mim e não o contrário.

Ele tem personalidade ruim mas é gostoso, não tenho culpa se gosto dos badboys.

Capítulo 3 - Cativo

...Boa leitura 🥰...

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Fazia uma hora que Allen estava em pé em frente a sala do trono esperando a permissão para entrar. Era irritante que mesmo após ser chamado os guardas lhe impedissem a passagem.

— Vossa majestade está ocupado e pede que volte outro dia.

Ele olha para o outro guarda mas o mesmo também o observava com uma expressão hesitante.

— Meu irmão pediu essa audiência por mim.

— Sim, mas nesse momento o imperador está realmente ocupado. — O guarda responde.

Allen cemicerra os olhos.

— E a imperatriz?

— O que?

— Perguntei se minha mãe está ocupada.

— Ah, bem... isso... — Eles se entreolharam.

Se nenhum dos dois lhe permitisse entrar então teria que dar o seu próprio jeito, sejam quais fossem as consequências.

Em um movimento ele empurra um dos guardas e abre rapidamente a porta, com ou sem permissão. Não importava.

Mas assim que entra, se arrepende.

A enorme sala do trono estava como antes, reluzente e vasta. Enormes pilares de gesso esculpidos com figuras de todos os imperadores anteriores sustentavam o lugar. No fim da sala um trono esplendoroso revestido de veludo e ouro podia ser visto sem ninguém sentado sobre ele.

Allen suspira em desconforto, por saber que o imperador nem sequer havia ido até a sala do trono.

Mas o que mais lhe estremeceu foi a cena a sua frente.

Havia um pequeno jovem de joelhos no chão. Ele estava bem abaixo de um brilhante lustre que lançava luzes tremeluzentes em todo o ambiente. Seus olhos estavam fortemente amarrados com uma faixa branca e longos cabelos prateados se estendiam até o chão. Seus pulsos também pareciam estar presos em suas costas.

— Eu te deixei dizer qualquer coisa seu pirralho maldito? — Uma voz soou seguido por um baque.

Rapidamente o rosto pálido do jovem se avermelhou pelo tapa que a mulher lhe atingiu. Ele cai um pouco para trás sem dizer uma palavra.

— Não me importa o que lhe disseram, você é um escravo, não deveria dirigir a palavra a mim.

Ela faz um sinal para o seu servo trazer um pano e limpa rapidamente as mãos ali, como se sentisse muito nojo do jovem de joelhos.

Em volta do garoto tinham diversos corpos ensanguentados em uma fileira, eles tinham as mesmas características do garoto, cabelos brancos e roupas da mesma cor. Era como se houvesse acabado de acontecer um massacre macabro.

— Você sequer sabe quem eu sou? — Ela lhe acerta um chute — Sou a imperatriz desse reino, uma mulher, em uma posição de prestígio que deve ser respeitada e adorada, naturalmente alguém como você jamais iria se equiparar a mim, entendeu?

O menino fica em silêncio.

— Então vou perguntar uma última vez, dessa vez te dou permissão de responder, quem é a pessoa mais bela desse reino?

Allen dá um suspiro profundo, certamente o garoto cederia, seria o melhor para ele.

O jovem ergue a cabeça embora provavelmente não conseguisse enxergar através da faixa.

Era um pouco estranho que ela pedisse para alguém de olhos vendados avaliar sua beleza.

— Desculpa, mas não vejo beleza alguma em sua alma. — Ele responde com a voz baixa e suave — Não há desejos puros, apenas uma casca repleta de fragmentos de outras almas que emanam angústia e desespero, e isso é o suficiente para mostrar o quão podre você é por dentro.

Ela rapidamente acerta outro tapa em seu rosto.

— Seu escravo arrogante.

Seus tapas se tornam cada vez mais fortes, a tal ponto que a faixa do garoto quase escapou dos seus olhos, e em uma de suas quedas até o chão seu rosto acaba se virando até Allen. O rosto enfaixado fica virado em sua direção, como se enxergassem através do pano.

Um escravo de Waverly.

Suas mãos tremem um pouco quando lhe observa.

Agora se lembrava claramente da pessoa que morreu com ele em seu sonho.

Helian.

Os nativos de Waverly possuem a capacidade de ler almas, eles são extremamente bons em definir o caráter de uma pessoa, isso tem lhes ajudado por anos em transações.

Esse povo possuía certa fama, por ser extremamente cruel com todos que não fossem de sua linhagem, nunca hesitariam em assassinar brutalmente quem considerassem indignos.

Após a derrota, seu povo foi escravizado e condenado a passar anos servindo Velard.

Acontece que um dos principais defeitos desse povo era o fato de serem incapazes de mentir, seus olhos em si revelavam tudo o que estavam pensando.

Além de serem extremamente letais quando fiéis a alguém, podem cometer atrocidades por essa pessoa. Poderia se dizer que eram intensos e sentimentais demais.

Allen não tinha certeza se de um modo bom.

O maior problema de tudo, era que Allen odiava esse sistema de escravidão, mas nunca teve o poder ou a influência para fazer nada a respeito. E de todos os modos sabia que Waverlyanos eram difíceis de controlar.

Tentou lhes fazer revogar sobre isso uma vez para viverem em harmonia, e isso, é claro, destruiu completamente sua vida social.

Então além de deixar de insistir, Allen nunca realmente tomou qualquer atitude mais brutal para defender o mesmo.

Mas para acabarem daquele modo, provavelmente o grande estopim de sua queda foi esse garoto.

Primeiro de tudo, precisava fazer algo a respeito dele.

Quando o garoto continua o olhando, Asteria, a imperatriz, se irrita ao notar que não era seu foco príncipal e volta seu olhar para Allen.

— O que faz aqui?

— Vossa majestade — Allen saúda a imperatriz mas a mesma apenas o observa fixamente enquanto agarra sua bochecha.

— Você está mais magro, aquela queda deve ter sido mesmo horrível, não deveria sequer estar de pé.

Allen observa o garoto em silêncio, era um pouco estranho pois o Helian ainda tinha a cabeça virada em sua direção.

Ele pisca algumas vezes se sentindo nervoso com sua atenção insistente e desvia primeiro o rosto observando a expressão preocupada de Asteria. Sua mãe se aproximou dele com o nariz torcido.

— Te fiz uma pergunta Allen, sabe que odeio quando demoram para me responder. — ela leva a mão ao próprio queixo pálido — Você tem alguma noção de onde seu irmão possa estar? Preciso ter uma conversa com ele.

Uma coroa reluzente pousava sobre sua cabeça prendendo os longos cabelos negros, sua pele branca era bela e delicada, não combinava com sua personalidade.

— Eu... não sei sobre Adric.

— Eu imaginei, ele pede uma audiência e depois desaparece, ainda deve estar triste pelo o que aconteceu com Lana, aquela depravada.

— Fui eu quem pedi pela audiência.

— Você?

Ele acena.

— E o que teria para dizer em uma audiência?

— Isso...— Ele começa, mas para quando ouve um pequeno gemido de dor. — Esse garoto — Ele lança um breve olhar — é o primeiro cativo a chegar?

Ela se aproxima dando um murro forte em seu ombro.

— Ousa ignorar minha pergunta? Acho que se esquece que além de mãe, sou a imperatriz desse reino e sua soberana.

Allen morde os próprios lábios.

— Me senti melhor essa manhã então decidi vir aqui mãe.

— Filho, o imperador está ocupado, você não sabe? Ele tem problemas maiores para resolver, acha mesmo que nós por sermos monarcas somos mais importante do que as questões do império?

Ele aperta firme os punhos.

— Então se tenho um atentado contra a minha vida não posso fazer nada?

Ela arregala os olhos.

— Não seja imaturo Allen, e não diga esse tipo de coisa em voz alta, se um rumor como o que de que houve um atentado contra a sua vida se espalha, imagine só, Waverly pode se aproveitar dessa brecha.

— Eles não estão derrotados o suficiente?

Ele observa o pequeno garoto, as vestes brancas demais coberta do líquido vermelho. O rosto marcado em tons de vermelho e roxo.

De repente a imperatriz agarra o queixo do moreno, virando o seu rosto em sua direção enquanto o fitava desconfiada.

— Acha que eles merecem misericórdia?

Seus olhos tinham um brilho tão cruel que as vezes sentia um pouco de medo. Então fica um pouco paralisado com suas palavras. Ela acerta um tapa no seu rosto.

— Não ouse sentir compaixão por esses miseráveis, tem noção do que eles fazem? De quantos de nós mataram? Estou sendo misericordiosa por não queimá-los vivos, e então você quer salvar esse garoto? Sentiu pena por ele? — Ela indaga enojada.

— Não foi o que eu disse mãe.

— Eu espero que não.

— Eu só estou surpreso — Ele diz cauteloso — Por quê ele está nesse estado?

— Eu estava lhe ensinando uma lição, esse miserável estava ofendendo o nosso reino de formas inimagináveis.

Allen imediatamente olha para o garoto de cabelos prateados mas o mesmo apenas continuava imóvel.

— Isso é verdade?

Quando o jovem não responde ele pergunta novamente:

— Estou falando com você, não poderia ao menos responder?

O mesmo inclina a cabeça com um pouco de dificuldade.

Apesar de incomodado com o seu estado, Allen apenas engole em seco, tentando não sentir pena do mesmo. Ao contrário dele que parecia incomodado, a mulher se aproximou do jovem ajoelhado e lhe deu um chute nas costas.

— Esse pequeno lixo, você não vê que estão falando com você, por acaso só abre essa boca para despejar merda? Quando eu cortar a sua língua será a última coisa que irá dizer. — Asteria diz fazendo um sinal para que seu servo lhe dê o chicote.

Antes que Allen pudesse dizer qualquer coisa, a mulher acerta o menino de cabelos prateados com força uma e outra vez. O mesmo continua sem responder apenas morde com força os lábios contendo os gemidos de dor.

Allen fecha os punhos e dá um suspiro cansado e enquanto observa o cativo atentamente, mas logo desvia o olhar.

Não fazer nada era o melhor.

Ela para um pouco de lhe bater e se volta para Allen.

— Estou de bom mal humor hoje, então termine o que veio dizer e se retire Allen.

O príncipe engole em seco por um momento, pensando seriamente em mudar o motivo de ter ido até ali.

— Eu gostaria de fazer uma investigação da minha tentativa de assassinato vossa majestade.

— Tentativa de assassinato? — Ela indaga erguendo as sobrancelhas — De novo com isso? Allen foi apenas um acidente, não seja sentimental.

A imperatriz observa Allen com uma careta.

— É exatamente como foi, todos estavam lá quando aconteceu, não tinha ninguém para lhe empurrar da escada então não havia como ser uma tentativa de assassinato. — Ela dá um estalo com a língua dando um último chute no garoto — Então como é possível que surjam novas evidências depois de todos terem visto?

— Eu lembro claramente de ter sido envenenado.

— Não estava em sã consciência, a nossa discussão tinha sido muito recente, você não se lembra?

Para ser sincero Allen não se lembrava nenhum pouco o motivo da discussão, na verdade todos os motivos de suas desavenças sempre eram por conta de Adric.

"Pode deixar de ir ao baile essa noite? Não quero que ofusque seu irmão, essa devia ser a noite dele"

"Você é tão imaturo, sei que não foi você quem agrediu aquela mulher, mas não pode assumir a culpa dessa vez? Seu irmão estava apenas irritado"

"Adric me disse que você lhe agrediu, isso é verdade? Bem não importa, Adric não mentiria, fique de joelhos por três dias em frente ao palácio"

— Lembro apenas que não haviamos terminado em um acordo.

Ela acariciava seu longo vestido negro enquanto torcia o nariz com desdém.

— É claro que não, nunca estamos em acordo, você sempre ousa me desafiar, sempre repete essa merda, nem parece que é meu filho, eu originalmente queria entregar esse escravo a você, mas como insiste, eu cuidarei disso.

Isso o lembrava que, sua mãe queria que ele fosse o responsável por puni-los, mas antes não queria se envolver, então abdicou disso. Pensou que ela simplesmente os deixaria onde estavam, mas não imaginou que mataria um por um.

Alguns diziam que era cruel, mas Asteria sempre foi assim, era uma forma de ensinar, que se não estão com ela, então estavam contra, e pequenas decisões podem decidir um destino inteiro.

Em uma tentativa fracassada e idiota de tentar fazer com que ela pare com esse pensamento, Allen furiosamente brigou com a imperatriz mas acabou da pior forma.

Ele olha para o jovem e se pergunta o que poderia fazer para o separar da imperatriz.

Ao ver sua expressão, Asteria sorri.

— Não tem que se preocupar, vou cuidar bem dele, será meu bichinho de estimação favorito.

Allen morde os lábios tentando conter sua reação.

— Vossa majestade não pode libertá-lo?

— Ora, não seja tão ingênuo, tem noção de quantos guardas morreram para capturar esse garoto? Ele não é um cativo qualquer, possui sangue real, o que torna tudo ainda mais divertido. — Ela lhe dá um sorriso cruel — E pode me chamar de mãe, eu lhe disse várias vezes.

O coração de Allen acelera.

— Sendo um príncipe... ele não é perigoso?

— As vezes me pergunto se é mesmo meu filho, você fala sério? Esse escravo perigoso... — Ela pisa nas costas do menino — E qual é o problema se for? Temos capacidade suficiente para lhe domesticar, afinal, o que é um rei sem um povo para governar? O mesmo acontece com um nobre sem riquezas, é descartável. Mas por que está falando tanto? Você não vai lhe querer de todas as formas.

Ele engole em seco.

A mulher olha para ambos entediada antes de ir em direção ao jovem com seu chicote.

— Está na hora de você ir, ele e eu temos um longo caminho pela frente, o deixaria ficar, mas temo que os gritos lhe assustem, esse garoto enfrentará uma dor que nunca vivenciou na vida.

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